Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S 2 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S 3 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Gildenor Silva Fonseca PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S 6 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Milena Barbosa de Melo 7 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S A partir da necessidade de se buscar segurança jurídica nas rela- ções sociais, observa-se o surgimento do instituto do notariado e registro, visto ter o objetivo eminentemente de se estabelecer proteção e, ainda, de resguardar determinados direitos os atos realizados no âmbito do notariado devem se tornar públicos. E, portanto, ao passo que o sistema notarial traz segurança jurídica no âmbito das atividades desenvolvidas pela sociedade como um todo existem vários requisitos exigíveis que são prognosticados dentre as normas de direito notarial e registral no tocante às instituições jurídicas que podem ser identificadas no âmbito do sistema jurídico brasilei- ro. A presente unidade explora os temais gerais que devem ser estudados sobre o direito notarial e registral, suas especificidades e, por fim, as suas atribuições, as competências, bem como compreender elementos porme- norizados da Lei de Registros Púbicos (LRP), que é principal norma a dis- ciplinar o sistema registral brasileiro, distribuída em seis títulos. Tratar-se-á da legislação pertinente que acrescentou novas competências ao direito registral, tal como a Lei 11.441/2007. Finalizando com análise acerca do instituto da Averbação Premonitória, previsto no art. 828 do CPC. Direito notarial e registral. Lei de Registros Públicos. Registro Civil. 9 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS REGISTRAL E NOTARIAL Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 18Dos Serviços Notariais e do Registro ____________________________ Competência dos Registradores _________________________________ Competência dos Notários _____________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 22 24 27 CAPÍTULO 02 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS Disposições Gerais _____________________________________________ Escrituração e Ordem de Serviço _______________________________ Nascimento ___________________________________________________ Casamento ____________________________________________________ Do reconhecimento da União Estável ___________________________ Óbitos _________________________________________________________ Atos sujeitos a Registros Especiais ______________________________ Das Averbações e Anotações ___________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 34 35 38 41 43 44 47 51 54 10 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS Registro Geral _________________________________________________ Registro Especial ______________________________________________ Do Procedimento de Registro das Pessoas Jurídicas ____________ Registro de Títulos e Documentos ______________________________ Registro de Imóveis ____________________________________________ Lei nº 11.441 de 2007 – Inventário e Divórcio por Escritura Pública Averbação Premonitória _______________________________________ Recapitulando ________________________________________________ Fechando a Unidade __________________________________________ Considerações Finais __________________________________________ Referências ___________________________________________________ 59 61 62 63 66 75 76 78 83 86 87 11 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S O texto normativo que se refere à LRP é reconhecidamente bastante complexo em virtude sua extensão e amplitude. Portanto, a Lei 6.015/1973 foi dividida em vários títulos, no sentido de se tentar facilitar o processo de compreensão de seu conteúdo. No decorrer do processo de leitura da LRP torna-se perceptível a estrutura sistematizada prática que carrega temas importantes no âm- bito do direito, nomeadamenteem Direito Civil, já que pode ser observa- da na vida de toda a sociedade, a presença de atos formais, como é o caso do processo de registro de nascimento e, ainda, o de casamento. Dessa maneira, reconhecer que o Direito Civil acompanha a vida do indivíduo em todos os momentos no processo de desenvolvimento de sua personalidade faz parte do processo de valorização deste ramo do direito privado. É importante destacar o entendimento de que maioria dos conceitos que serão trabalhados neste estudo são oriundos da Lei 6.015/1973, em virtude de serem termos técnicos que surgem com o advento da referida lei onde, portanto, haverá sempre, quando neces- sária, a menção das normas próprias de cada matéria a ser abordada. Ao analisar primariamente a estrutura da lei 6015/1973, ob- serva-se que ela se encontra fragmentada em seções diversas, nomea- damente “Disposições Gerais no âmbito das atribuições, disposições gerais no âmbito da publicidade, registro de títulos e documentos, escri- turação, transcrição e averbação, da ordem do serviço, cancelamento, registro civil das pessoas naturais e pessoas jurídicas, imóveis e, por fim, as disposições finais e transitórias”. No que se refere ao registro civil das pessoas naturais que se encontra previsto na LRP observa-se que o objetivo é analisar todos os elementos que giram em torno do estado da pessoa civil, para que seja possível formalizar um meio de prova admitido em direito. Ademais, deve ser destacado que um dos objetivos primordiais da referida norma é dar publicidade aos jurídicos que são devidamente formalizados e, conseguem, portanto, ter efeito erga omnes. É justa- mente por isso que se identifica no instrumento normativo nomeada- mente, artigo 221º do CC a informação que os referidos documentos após a devida transcrição terão seus efeitos para terceiros. Como o documento devidamente registrado vincula o patrimô- nio do devedor, torna-se de substancial importância que as pessoas tomem conhecimento de sua existência. Observa-se, portanto, que tal circunstância deve alcançar publicidade para conhecimento, tanto da coletividade, como de terceiros que estão interessados na demanda, mas que possuam interesse nas garantias, além de assegurar a conser- 12 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S vação de documentos por tempo indeterminado. Por isso, para que seja possível a continuidade da realização das atividades que são atribuídas pelo Estado e fazer frente aos novos desafios de uma sociedade sempre cambiante – os referidos servidores notariais devem estar sempre dispostos a desenvolver um atendimento célere e eficiente para as demandas dos usuários de seus serviços. Portanto, é crucial o acompanhamento da evolução do Direito, aliando o conhecimento científico ao progresso técnico exigível para a prestação de serviços valorizados e úteis para as pessoas, à sociedade e o Estado. O presente estudo dispõe elementos conceituais sobre o de- senvolvimento das atividades que giram em torno do registro e, ainda, dos notariais, onde serão tratados no capítulo 1 uma Introdução aos Direitos Registral e Notarial, bem como os conceitos e Diferenças dos Direitos Registral e Notarial; já no capítulo 2, serão abordadas questões importantes da LRP, iniciando com o Registro Civil das Pessoas Natu- rais e as suas peculiaridades e, no capítulo 3, será explanado sobre os demais tipos de registros, dentre eles o Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o Registro de Títulos e Documentos, os Registros de Imóveis, todos contemplados na LRP. O encerramento da unidade abordará a legislação extravagante no que tange à Lei 11.441/2007 e, por fim, uma breve explanação sobre em que consiste a Averbação Premonitória. 13 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Cabe-nos orientar que no intuito de disponibilizar conceitos que venham disciplinar o direito registral, nomeadamente, as matérias relativas aos tabelionados de notas e protesto de títulos, torna-se im- prescindível analisar a legislação que trata as regras estatutárias dos notários e registrados que pode ser observado na Lei n. 8.935/1994, onde se dará de forma detalhada elementos sobre as normas e prin- cípios que disciplinam o direito registral e notarial, instituindo elemen- tos centrais à correta interpretação dos preceitos de que abordam esse sistema normativo e, por fim, o conceito de seus institutos imbuídos na referida legislação. Convém destacar ainda que existe uma diferença marcante entre esses dois institutos do direito, enquanto um trata de um direito processual restaurador ou reparador que especifica o sistema de ser aplicar determinadas regras no âmbito de um caso concreto de direito substantivo, o outro tem como pressuposto essencial evitar que deter- minadas questões jurídicas venham a ser suscitadas e, portanto, o do- cumento firmado pelos serviços em análise serviria como meio de prova CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS REGISTRAL E NOTARIAL SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S 14 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S em caso de questionamento do direito. De acordo com Loureiro (2017), o direito notarial tem sido en- tendido como um complexo normativo que se destina às atividades de- senvolvidas pelo indivíduo e, por isso, possui conteúdo específico, sen- do por tal motivo, considerado um ramo do direito autônomo que tem um fundamento principiológico que visa a publicidade dos atos. A natureza do direito notarial é de direito adjetivo, já que é for- mado por um conjunto de elementos (regras e princípios) cujo intuito é estruturar os ramos do direito e, de maneira mais especial, o direito empresarial e, ainda, o civil. Sendo assim, compreende-se a área do di- reito registral como a que se destina a compreender as formas notariais como essenciais para sedimentação desta área do direito e, portanto, perceber que as formas notariais são instrumentos essenciais para se cumprir o que está especificado na norma. (Loureiro, 2017 p. 9) Nessa conjuntura, a Lei n. 8.935, de 1994, mais especifica- mente em seu artigo 6º, I e II confere ao notário ou tabelião a aptidão de formalizar juridicamente a pretensão das partes e interferir nas ações e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma le- gal ou autenticidade. Dessa maneira, evidencia-se o caráter formal e instrumental do exercício notarial, formalizada no denominado direito Notarial. O complexo de normas que se destina ao processo de estru- turação dos serviços notariais e registrais de modo que seja possível garantir uma eficiente prestação de serviços notariais conforme estabe- lecido no artigo 1º da LNR. E, portanto, torna-se necessário que tenham de acordo com o artigo 3º da mesma norma amplo conhecimento do direito privado e também de aspectos do direito público. E, para que as atividades sejam definidas de acordo com o especificado na lei anterior, os servidores deverão seguir estritamente o disposto no artigo 30º da LNR onde observa a necessidade de se manter atualizado sobre os regulamentos administrativos que se referem à sua atividade. Implica dizer que, através do desempenho das atividades dos notariais, ocorrerá tendo por fundamento o sistema legal, e em conso- nância ao especificado pelo sistema normativo pátrio, a relação jurídi- ca que antes era apenas material, se converterá numa relação jurídica distinta, que segundo Loureiro (2017) deve ser empregada em função da necessidade em validar determinados negócios jurídicos do sistema notarial, bem como conferir autenticidade, legitimidade e permanência dos fatos jurídicos, tendo como objetivo garantir maior segurança a cir- culação de bens, dos direitos pessoais e, por fim, dos direitos patrimo- niais dos indivíduos. A compreensão do que seria direitoregistral e notarial tem 15 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S como pressuposto essencial perceber o desenvolvimento regular e sadio das relações jurídicas, através de um sistema fundamental que pretende impedir a concretização de situações irregulares, anormais e duvidosas, que desencadeariam as partes a conflitos e no que pertine à defesa das pretensões resultantes das respectivas relações. Por fim, torna-se adequado perceber que, o ramo do direito em análise não possui como objetivo solucionar o litigio, mas apenas em se adiantar ao litígio, pois deseja, na verdade, impedir que determinados conflitos venham a aparecer. Dessa maneira, a definição estabelecida por Loureiro (2017) compreende o direito notarial como sendo um: “conjunto de normas e princípios que regulam a função do notário, a orga- nização do notariado e os documentos ou instrumentos redigidos por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma função pública por delegação do Estado”. (LOUREIRO, 2017 pg.10) E, observa-se, nesse momento, uma grande semelhança no que tange à definição de direito registral apresentada pelo mesmo autor. “conjunto de normas e princípios que regulam a atividade do registrador, o órgão do Registro, os procedimentos registrais e os efeitos da publicidade registral, bem como o estatuto jurídico aplicável a este profissional do direito”. (LOUREIRO, 2017 pg.10) E muito embora exista semelhança conceitual nesse processo, a única similaridade se dá especificamente em seu objetivo, onde o ins- tituto legal aplicável aos agentes e profissionais do direito, consiste em determinar as formas de acesso às atividades específicas, os direitos, as obrigações, seus impedimentos e as respectivas responsabilidades. No que pertine às competências, modos de atuação, e suas atribuições, existem diferenças importantes nas normas que compõem os direitos registral e notarial. Segundo Loureiro (2017 p.8) O notário é aquele profissional/jurista do habitual da pessoa comum, responsável pela sua aplicação e aprimoramento das relações que surgem na área do direito privado. Portanto, considera-se como uma pessoa que vem auxiliar as partes de maneira imparcial para o cumprimento dos atos e negócios jurídicos mais significativos das esferas pessoal e patrimonial da vida dos indivíduos envolvidos. Dessa forma, o notário é aquele profissional que estará na realização dos negócios jurídicos, que atua no sentido de orientar as partes antes da concretização dos negócios, escuta as respectivas pretensões, inteira-se dos bens da vida por pretendidos pelas partes, 16 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S recomenda sobre os riscos, benefícios, sobre os aspectos tributáveis/ fiscais e as implicações jurídicas do ato almejado e, por fim, estrutura a formalização do negócio jurídico solene para respaldar, portanto, seus efeitos na sociedade. Trata-se, prontamente, de um operador do direito de intimidade dos envolvidos, de livre escolha dos mesmos, com a ob- servância das limitações territoriais estabelecidas pelas normas. Por outro lado, o Registrador é compreendido como sendo um funcionário relacionado a um órgão ou organização criada para se rea- lizar divulgação a todos os membros população, determinadas circuns- tâncias jurídicas de particular relevância. Quer seja por repercutirem nos âmbitos jurídicos de todos ou por serem essenciais no cumprimento às exigências para a transição do conteúdo jurídico e econômico, estas situações subjetivas devem estar acessíveis a informação de todos os cidadãos. Segundo Loureiro (2017 p. 12) pela referida norma, criou-se al- gumas espécies de registros, que permitem assim, garantir a publicida- de das diversas situações jurídicas, e para isso, existem vários tipos de registradores que possuem especialidades e funções distintas. Devido a grande variedade de registros e registradores, em virtude da dificuldade no processo de unificação do direito registral, de maneira que a própria doutrina trata de diversos direitos registrais existentes, como exemplo o direito das pessoas jurídicas, naturais, mobiliários, de notas etc. Dessa maneira, o processo se aperfeiçoa em nossa legislação quando se percebe que as normas são comuns para ambos os insti- tutos e podem ser observadas no que tange ao ingresso na atividade entre os artigo 14 a 19, no caso do exercício privado entre os artigo 20º e 21º, no caso da responsabilidade entre os artigos 22º e 24º, a incom- patibilidade de impedimentos entre os artigo 25º e 27º , no caso dos direitos e deveres estão previstos entre os artigos 28º a 30º , a questão relacionada com os atos de responsabilidade disciplinar entre os artigo 31º a 36º, a fiscalização da atividade entre os artigo 37º a 38º e, por fim, os elementos relacionados com a extinção da delegação no artigo 39º. Segundo Loureiro (2017 p.12) a natureza jurídica e finalidade das funções de ambos são bastante parecidas, como previsto entre os artigos 1º a 3º da Lei. No que se refere às diferenças dos profissionais do direito que exercem a função notarial devem ser observados os ca- pítulos II e III, do Título I. No caso das funções atinentes aos notários observa-se em es- pecial o art. 6, que observa: a) formalizar a vontade das partes; b) inter- vir nos atos e negócios jurídicos onde as partes desejem ou necessitem dar forma legal ou autêntica aos respectivos negócios; c) autenticar os fatos do mundo jurídico. 17 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S No que pertine acerca dos profissionais registradores, a lei de 8.935, em seu art. 12, conceitua-os apenas como: “Oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas compete à prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros públicos, de que são incumbidos”. (BRASIL, 1994) Assim sendo, as atribuições e competências dos registradores por serem diferentes das do notário, estão mais devidamente funda- mentadas pela Lei 6.015/1973. Ademais, em grande parte dos países latinos, que considera e operador do direito como o responsável por intervir nos negócios e atos jurídicos que surgem entre os indivíduos, com o objetivo de favorecer a proteção preventiva dos direitos destes particulares. Tal modelo está consagrado na Constituição brasileira de 1988, em especial no art. 236 e, ainda, nos dispositivos correlatos que tratam dessas questões, nomeadamente, a Lei 8.935/1994. Destaca-se ainda que, por mais que seja um ramo do direito de certa forma autônomo, não se pode pensar neste ramo em específico. Como se sabe, o Direito deve ser pensado de maneira integra, ou seja, não se deve permitir a sua fragmentação. Dessa forma, o direito notarial deve estar relacionado com os demais ramos do direito: tais como sua íntima relação com o direito civil, o direito empresarial, como também com o direito administrativo. O conceito de um ramo de Direito Autônomo, não implica sua total independência do direito notarial com relação o sistema normativo integral. Dessa maneira, ao indicar a autonomia do direito registral, des- taca-se que as atividades que são desenvolvidas no âmbito desta área possuem um sistema jurídico que não depende dos demais. E caso se apliquem determinados instrumentos de outra área especifica do direito, no ramo notarial, poderá haver prejuízo substancial no funcionamento desta área. Entretanto, a aplicação de elementos principiológicos valo- rizam a espécie do direito em análise, pois, visa tão somente o cumpri- mento de direitos essenciais à integridade humana. De tal modo, pode ser compreendido que os instrumentos ju- rídicos em análise (direito registral e notarial) são uma área específica que é estuda pela ciência do direito e, por isso, estãosusceptíveis ao processo de mudança e aperfeiçoamento que as demais áreas. Essa questão pode ser observada especificamente no aperfeiçoamento da jurisprudência e doutrinas especializadas, bem como o surgimento de novos institutos jurídicos, instituições de ensino em que estudam o direi- to notarial no país, confirmam a realidade acima apontada. 18 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DO REGISTRO Ao analisar alguns elementos observados na Lei n. 8.935/94, mais especificamente os artigos 1º e 3º, observa-se que os profissionais objetos do tópico devem ser reconhecidos como aqueles que possuem as atribuições de garantir a validade dos atos e negócios jurídicos para que, em sequência, se observe a eficácia. Sendo assim, os atos reali- zados pelo notário e registrador visam à validade e publicidade jurídica para que, a partir de então, os particulares envolvidos nesse processo tenham segurança e, portanto, consigam obter eficácia na realização dos atos que estão envolvidos. Conforme os arts. 1 e 3 da Lei 8.935/94 definem-se o notário e o registrador como profissionais do direito, que possuem fé pública, cuja atribuição vem a resguardar a segurança, eficácia, validade e pu- blicidade dos negócios e atos jurídicos. Em suma, são agentes públicos especializados no ramo do direito privado, incumbidos de garantir a se- gurança preventiva dos atos e negócios jurídicos. Estes serventuários do Direito possuem como mister, constituir e transferir direitos, tornando-os eficazes diante da comunidade com objetivo de impedir determinados vícios que venham a prejudicar as relações jurídicas como um todo, pois, se sabe que, em casos de erro identificado nos atos, não haverá segurança no trânsito das informa- ções. Em virtude de atribuições outorgadas pelo Estado, os notários e registradores possuem fé pública, caracterizada por aspecto duplo: no âmbito dos fatos, tem presunção de veracidade pelos atos praticados; no âmbito do direito, possuem autenticidade e legitimidade dos negó- cios e atos documentados levados para dar publicidade do registro. Segundo Loureiro (2017 p.15) os profissionais que estão sob a égide desse estudo podem exercer tanto a função que é delegada pelo Estado, como se viu anteriormente, como podem desenvolver as atribuições de maneira privada, e por tal motivo são qualificados no con- ceito de praticarem o exercício privado da atividade pública, tal situa- ção ocorre quando exercem a função certificadora/autenticadora, onde concede validade dos atos que podem ocorrer em sua presença. No entanto, possuem características de profissional liberal. Portanto, a partir das informações que foram apresentadas an- teriormente, observa-se que não se pode considerar as pessoas que exercem a função de notário e registrador não revestem o caráter, de profissional liberal e, ainda de funcionário público e, diante disso, obser- va-se que reveste um caráter duplo, nomeadamente, o direito adminis- 19 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S trativo e o direito privado, onde o primeiro se preocupa com as relações eminentemente que ocorrem entre os agentes públicos, como é o caso do exercício da função pública, delegações e outorga de poderes, res- ponsabilidade administrativa e funcional, e subordinação à fiscalização do poder Judiciário. No campo do direito privado, aplica-se a relação e vínculo instituído pelas partes. Quando se trata de responsabilidades contratual e extracontra- tual quanto aos danos causados, observa-se nas palavras de Loureiro (2017 p.15) que vários países, compreendem que os notários e regis- tradores podem ser responsabilizados apenas pelos atos que forem caracterizados como culposos (responsabilidade subjetiva). Verificando essa incidência também em nosso ordenamento jurídico, por se tratar de uma relação jurídica de direito privado. Serviços Na Lei 8395/94 não existe uma especificação expressa sobre a definição própria das atividades que são oferecidas tanto pelos notários, como também pelos registradores, mas apresenta uma noção que pode ser concluída pelas normas desta lei. Pelo que se compreende dessa norma, a definição dos serviços em análise nesse estudo, tanto pode significar segundo artigo 5º LNR informa que pode ser uma atividade, conforme se depreende do art. 4º, em que dispõe “como sendo serviços notariais e de registros que devam ser prestados; um local ou sede da função (ambiente que seja de acesso fácil público e que oferecendo se- gurança para o devido arquivamento dos livros e documentos notariais e registrais) e; um conjunto de competências ou atribuições”. Os sentidos de sede e feixe de atribuições também são utiliza- dos no art. 26, parágrafo único, da LNR, que dispõe “a possibilidade de instalar mais de um dos serviços de notas e de registros públicos nas cidades que comportarem tal medida em razão de seu porte demográ- fico e econômico”. Os notários e os oficiais cartorários devem exercer seu mister conforme especificado no artigo 4º da referida lei ao indicar que deverá ser no: “território do Município no qual recebeu os poderes por meio de delegação, em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquiva- mento/armazenamento, devendo atender o público, por cerca de 6 horas diá- rias, em dias e horários fixados nas normas da Corregedoria Geral da justiça estadual ou em normas editadas pela autoridade judiciária local/municipal responsável pela fiscalização da atividade notarial”. 20 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Deve ser lembrando ainda que, conforme art. 43, “cada serviço notarial e registral deverá funcionar em uma só edilidade, sendo vedada a possibilidade de criação de sucursal cartorária”. No meio social e jurídico, o termo cartório é algo bastante utili- zado e, portanto, observa-se que independente da questão, os serviços, cartórios ou serventias extrajudiciais constituem, segundo a doutrina e a jurisprudência, um conjunto de institutos técnicos e administrativos específicos, seja em razão de sua função (serviços de notas, serviço de registro de imóveis, etc.), quer seja pela jurisdição onde são exercidos os atos para os quais a lei lhes conferiu competências. Apesar de constituir um centro ou feixe de competências ou atribuições, a unidade de serviço que funciona extrajudicialmente, e, consequentemente, o responsável pelo funcionamento, não compõe a estrutura da Administração Pública. De maneira diferente da que é apresentada pelos órgãos car- torários que funcionam fora do ambiente judicial, não possuem crité- rios de hierarquia no âmbito da administração, visto que as atribuições concedidas se referem tão somente à pessoa física e, não, à pessoa jurídica de direito público (CENEVIVA, 2010 p.30) Ademais, no que tange à localização e remuneração dos servi- dores que se encontram desenvolvendo serviços nos cartórios extraju- diciais, não existe dependência do setor público, por isso, a autonomia é absolutamente completa na prestação de serviços e, ainda, não pode ser considerada como extensão do serviço público no âmbito da enti- dade privada. Dessa maneira, observa-se que tanto a figura do oficial, como a do tabelião estão inseridos no contexto da iniciativa privada e sua remuneração depende, tão somente, com os valores auferidos a partir dos emolumentos que são pagos pelos que se utilizaram do ser- viço cartorário. Nesse sentido CENEVIVA (2010, p. 39) apresenta de maneira evidente as questões relacionadas ao funcionamento dos cartórios. “Os notários e os oficiais cartorários devem exercer seu mister no território do Município no qual recebeu os poderes por meio de delegação, em local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento/arma- zenamento, devendo atender o público, por cerca de6 horas diárias, em dias e horários fixados nas normas da Corregedoria Geral da justiça estadual ou em normas editadas pela autoridade judiciária local/municipal” (CENEVIVA, 2010 p.39) Dessa maneira, fica perceptível a exata distinção entre serviço e atividade delegada. Nesse caso a pessoa do registrador que também é definido de tabelião e, portanto, se torna o responsável no exercício 21 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S do papel público delegado pelo próprio Estado (art. 236 da CF) e, como visto, segundo Loureiro (2017 p.67) deve prestá-la em um determinado local físico, onde concentrará o pessoal e os meios e instrumentos ade- quados para o cumprimento de suas atribuições legais e conservação dos documentos originais que lavra (os livros de notas), dentre outros papéis e documentos. É neste ambiente que o notário deverá ser en- contrado diuturnamente a fim de prestar os serviços que lhes foram atribuídos e, portanto, o cartório passa a ser reconhecidamente como o seu domicilio de cunho profissional. Entretanto, destaca-se ainda o disposto na Lei 8.935/1994 no que se refere a interrupção da concessão feita pelo Poder público que, muito embora haja a extinção da prestação de serviços, não incorrerá, contudo, na extinção da serventia. E, nesse caso, a lei permite que no prazo de seis meses, seja aberto um concurso para que provimento do cargo. A norma em comento evidencia, portanto, a diferença primor- dial entre elementos que fazem o cartório funcionar, nomeadamente, profissionais e as atribuições que lhes são concedidas. E, nesse con- texto, o tabelião reveste a competência de realizar os atos de ofício, nas esferas civil, administrativa e penal. Tanto o serviço cartorário quando o próprio cartório não possui personalidade jurídica e, por conseguinte, não é sujeito de direito e não assume deveres: é apenas um domicílio profissional do agente público (do notário e registrador). Criação das delegações Não é possível identificar, na legislação brasileira, a especi- ficação da quantidade de notários e, ainda, como deve ser disposta pela autoridade responsável no processo de organização do sistema notarial. Contudo, a especificação da quantidade de notários vem a corresponder exatamente às serventias notariais, já que esta é o centro onde o tabelião passa a realizar as atribuições que lhes foram designa- das pelo Estado. Nesse contexto, o Supremo Tribunal Federal decidiu que cabe aos Estados, através de lei que deve ser proposta por iniciativa do po- der judiciário, suprimir e, ainda, criar cartórios, o que equivale a dizer, fixar e modificar o número de notários para cada município daquela en- tidade da federação. De fato, na ADI 4.140/GO, nossa Corte suprema arrimou o entendimento quanto à matéria relativa à criação e ordenação das serventias extrajudiciais e dos serviços por elas desempenhados, inseridas no campo da organização judiciária, para a qual se estabelece a criação de lei que seja de iniciativa dos tribunais de justiça, conforme 22 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S dispõem os arts. 96, inciso II, alínea d, e art. 125, parágrafo primeiro, da Constituição. As sedes em que serão exercidas as atividades de registro e notariais deverão ser criadas por lei. E de acordo com o artigo 39º § 2º da LNR informa-se que “as atividades especificas que lhes foram delegadas, serão exercidas pelos aprovados em concurso público de provas e títulos. Convém observar que as serventias precedem a viabilidade de delegação, bem como também, sobre- viverão em caso de sua extinção”. Segundo a norma vigente, não se pode cumular atribuições relacionadas com os serviços registrais e notariais, contudo, cabendo exceção em municípios que não suportam mais de um destes servi- ços, em razão do volume de serviços ou da receita. A competência de registros de imóveis não concilia com a função notarial, visto que não se admite que o registrador venha a qualificar e redigir, ao mesmo tem- po, o título notarial. Do contrário, estariam abalados princípios registrais básicos, como o da segurança jurídica e o da legalidade, uma vez que o registrador deve atuar como “fiscal” dos atos notariais, verificando a observância dos requisitos extrínsecos e a acessibilidade do título ao fólio real. (LOUREIRO, 2017 p.40) Não se permite ainda a divisão de apenas uma única serventia extrajudicial em filiais, em virtude do disposto no art. 43 da Lei 8.935/94 e, ainda no artigo 236º da CF, que apresentam a obrigatoriedade de o serviço notarial e registral funcionarem em apenas um único local. COMPETÊNCIA DOS REGISTRADORES Tendo como pressuposto essencial da atividade notarial ser necessariamente a publicidade e, portanto, seria uma atividade dirigida a tornar conhecido um acontecimento, uma circunstância ou uma rela- ção jurídica de modo que produzam determinados efeitos em relação a terceiros. Este é um conceito amplo, que se refere à publicidade em todo o campo do direito, mas que pode apresentar contornos singula- res ou excepcionais, dependendo do fato ou do direito que se pretende tornar notório. Em princípio, qualquer que constitua o serviço registral, dentre aqueles enumerados no art. 5 da NNR, a publicidade produz efeitos jurídicos materiais de prova plena e oponibilidade erga omnes (eficácia) dos fatos e situações jurídicas publicadas ou mesmo requisito prévio para a constituição de direitos e outras situações jurídicas. Sendo as- 23 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S sim, no ordenamento jurídico brasileiro a existência da publicidade é de extrema importância, pois, concede segurança na ação dos atos reali- zados no âmbito notarial. A publicidade no âmbito registral para toda a sociedade civil é estabelecida por razões de ordem pública, no sentido de garantir o normal exercício dos direitos subjetivos, em execução de uma série de valores ou interesses superiores (igualdade, estabilidade dos direitos, crédito territorial, livre circulação, liberdade civil e de formas) que obri- gam o seu tratamento especial (legislação registral) e uniforme (unidade jurídica e econômica). De acordo com Loreiro (2017), “não pode haver, pois, disparidade de efeitos substantivos em base a distintas publicida- des registrais. Apenas há uma forma, que que não seja o direito formal, e sim um direito material, afiançado processualmente, já que é impos- sível ir mais além da própria essência dos direitos na articulação de sistemas de proteção’.” A publicidade registral aparece, assim, como um requisito de ordem distinta, segundo a natureza do direito ou do ato, visto ser, a pu- blicidade, um requisito de exercício de direitos, muito embora o ampa- ro judicial destes registros garanta não apenas a legitimidade do pleito que decorre de uma situação jurídica, mas também mantém estável a titularidade, facilitando, portanto, a prova judicial e extrajudicial de sua existência (publicidade formal). Não obstante a lição da doutrina su- pracitada, no nosso direito os efeitos materiais variam conforme qual espécie de publicidade jurídica, ou seja, do Registro. O Registro Civil das Pessoas Naturais possui o objetivo de pro- var fatos e atos jurídicos que pertinem a regulamentação da identidade civil, estado civil dos indivíduos. Se as qualidades pessoais não preci- sam ser obrigatoriamente objeto de inscrição para existir, tais registros podem ser indispensáveis para a prova de situações que facilitem a pro- teção e o exercício de direitos da personalidade (nome, imagem, etc.), bem como a oponibilidade destes direitos ou situações (v.g. capacida- de, idade, parentesco, etc.). Conforme dispõe o art. 13 da Lei 8.935/94, oficial de registros civis de pessoas naturais tem como competência a formalização de atos registrais (em acepção ampla), nos termos do art. 129 daLei 6.015/73, além da expedição das certidões respectivas e outros atos previstos em lei. O oficial do registro civil das pessoas jurídicas tem por atribui- ção desempenhar as funções que surgem no âmbito dos atos notariais e registrais, mas que não desempenhem a empreendimento/empresa e averbamentos respectivos, além de matrículas de jornais e empresas de imprensa (arts. 114 e 122 da LRP). O assentamento dos atos de criação dos institutos como as sociedades simples, a EIRELI, as associações 24 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S (inclusive as sindicais), as fundações, as organizações religiosas e par- tidos políticos é essencial para a constituição da personalidade jurídica. Por meio da publicidade permitida por este órgão, é possível conhecer quem são as pessoas que compõem tais coletividades (sócios ou asso- ciados), os respectivos capitais, finalidades, órgãos de administração e representação, dentre outras informações relevantes para a segurança das relações jurídicas. No que tange ao Registro de Títulos e Documentos, a publicida- de favorece a segurança dinâmica, ao fornecer dados sobre o conteúdo de contratos, títulos de maneira de possibilitar a conservação de todas as provas emitidas. Deste formato, os sujeitos podem obter dados es- senciais para a concretização de negócios e contratos, o que possibilita- rá que as relações jurídicas fiquem estáveis. E entre os artigos 127 e 129 da LRP observa-se que o registro é competente para registrar e averbar documentos relativos a certos contratos para que produzam efeitos em relação a indivíduos que estejam envolvidos na relação jurídica. E segundo o artigo 167º que “ao agente público responsável pelo registro de bens imóveis a lei confere a autoridade da realização de atos de inscrição da propriedade e outros direitos reais imobiliários e, ainda, de determinados direitos pessoais que a lei atribui àquele servi- ço”. Tal atividade será dirigida a tornar cognoscível uma situação jurídi- ca real, e que persegue como finalidade primordial a proteção do crédito e a seguridade do tráfico jurídico. Quanto à competência do oficial de registro de distribuição, é estipulada no art. 14 da LNR “provir à repartição justa para os serviços de semelhante natureza (quando previamente exigida), anotar as co- municações auferidas dos órgãos e serviços competentes, além das averbações respectivas”. COMPETÊNCIA DOS NOTÁRIOS A competência notarial pode ser conceituada como as aptidões do oficial público em garantir formalmente e juridicamente o interesse das partes envolvidas no negócio jurídico, quando intervém nos atos e negócios jurídicos que precisam dar a devida formalidade legal, bem como a de certificar ou autenticar fatos. (Loureiro, 2017 pg.45) Sendo assim, de acordo com o que se estabelece a partir da Lei n. 8.935/94 no que tange às funções do notário identifica-se: “1 – formalização das vontades de forma juridicamente possível das par- tes envolvidas; 2 – Intervenção em negócios jurídicos e atos dos as partes necessitem ou desejem formalizar legalmente, conferindo-lhe autenticidade, 25 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S permitindo sua redação ou ainda em redigir as ferramentas adequadas, man- tendo os originais e emitindo cópias autênticas de seu conteúdo; e 3- auten- ticação dos fatos”. (BRASIL, 1994) Portanto, de acordo com a própria lei em comento indica que “a competência do tabelião de notas, de forma exclusiva, é o processo de lavratura de escrituras e procurações públicas, bem como de testamen- tos públicos e aprovação dos cerrados; a lavratura de atas notariais; bem como realizar atos de reconhecimento e, ainda, de autenticação de firmas, que vem a ser a garantia da certificação da assinatura do usuário”. Destaca-se que os tabeliães, no âmbito das suas atribuições, poderão desenvolver sem nenhuma restrição as funções de gestão bem como, possíveis situações que podem ser consideradas imprescindí- veis, demandando o que lhe incumbir, sem restrições maiores do que os emolumentos previstos para aquele ato. Conforme se vê, as atribuições do notário são bastante amplas e podem ser classificadas em duas espécies de atividades: a legitima- dora e a certificadora. A primeira atividade, como o próprio nome indica, consiste em legitimar, com sua intervenção, os atos e negócios jurídi- cos solenes celebrados pelas partes. E segundo Loureiro (2017 p.45), observe que a função certificadora consiste em dar autenticidade, vera- cidade e certeza aos atos e fatos jurídicos que forem apresentados ao notário para verificação. Portanto, as atribuições que integram a função do notário são as seguintes: a) formalização da vontade das partes de forma jurídica e; b) a intervenção nos atos e negócios jurídicos dos quais as partes queiram e pleiteiem dar formato legal e de autenticidade, permitindo a redação ou até mesmo em redigir os instrumentos apropriados. A fun- ção certificadora resta clara na autenticação de fatos e expedição de certidões. De acordo com o especificado no art. 7 da LRP, determinados documentos possuem competência exclusiva do oficial tabelião de no- tas e, portanto, são atribuições exclusivas do oficial notário, de forma que não podem ser realizadas por qualquer outro profissional do direito, quer exerça função pública ou privada. A única exceção legal, integrante do direito interno por força de tratados internacionais na área da diplo- macia, é o funcionário de órgão consular, quando pode exercer ativida- de notarial em consulados brasileiros. No que se refere às sentenças judiciais, observa-se que pos- suem o mesmo valor existente em uma escritura pública e, portanto, de- vem ser inscritas no Registro de Imóveis, e como exemplo, observa-se 26 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S o caso da sentença homologatória de divórcio ou separação em que um dos cônjuges faz doação de imóvel ao outro ou aos filhos. Conforme se percebe no dispositivo legal, apenas algumas matérias, mas de amplíssimo alcance, podem constituir objeto dos ins- trumentos notariais: o interesse jurídico privado das partes, de conteú- do patrimonial ou não, em atos entre vivos ou mortis causa. Por isso alguns doutrinadores, ao se referirem às competências notariais, falam em competência exclusiva e competência concorrencial. De maneira exemplificativa, no que tange à competência exclu- siva, identifica-se o caso da intervenção que está prevista no art. 108 do CC “como compra, venda e a doação de imóvel com valor superior a trinta salários mínimos, salvo as exceções legais (v.g. contratos de aquisição de imóveis financiados por instituição financeira), os pactos antenupciais, a superfície, as atas notariais, etc. São exemplos de com- petência concorrencial os testamentos (admitem-se testamentos parti- culares e especiais), separação e divórcio; inventário e partilha e, por fim; as cartas de sentença”. De acordo com a jurisprudência, o processo de modificação de pactos antenupciais pode ser feito pelo notário, desde que possua autorização prévia do juiz de direito, ou determinada pelo próprio magis- trado. Além dos atos e instrumentos notariais, o tabelião tem competên- cia para assessorar as partes, atuando como um profissional imparcial e independente, ou seja, como uma espécie de mediador para que as partes possam realizar as transações preliminares estando em igualda- de em celebrar o negócio jurídico que lhe permita obter os bens da vida desejados. Cabe-lhe, ainda, realizar as diligências necessárias para o cumprimento de seu mister, quais sejam: solicitar certidões sobre o imóvel, certidões de ações judiciais reais e pessoais, pagamento de tributos, dentro outros atos necessários para o aperfeiçoamento do do- cumento notarial. 27 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G ISTR A IS - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2019 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento A respeito do tratamento Constitucional conferido aos serviços notariais e de registro, avalie as assertivas a seguir. I. Lei federal estabelecerá normas especiais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. II. O Estado responde, apenas subsidiariamente, pelos atos dos ta- beliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbida- de administrativa. III. Caberá ao Poder Judiciário fiscalizar os atos dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, sem prejuízo da fiscaliza- ção exercida pelo Ministério Público e pelos órgãos fazendários. IV. Apresentam-se como atividades jurídicas que são próprias do Estado, porém, exercidas por particulares, sempre pessoas natu- rais, mediante delegação ou concessão do Poder Público. Assinale a alternativa correta. A) As assertivas III e IV são falsas. B) As assertivas I, II e IV são falsas. C) As assertivas I, II e III são verdadeiras. D) Apenas as assertivas II e IV são verdadeiras. QUESTÃO 2 Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: TJ-SC Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento Sobre a atividade notarial e registral, marque a alternativa correta: I. Os notários e oficiais de registro gozam de independência no exercício de suas atribuições, têm direito à percepção dos emolu- mentos integrais pelos atos praticados na serventia e só perderão a delegação nas hipóteses previstas em lei. II. São direitos do notário e do registrador exercer opção, nos ca- sos de desmembramento ou desdobramento de sua serventia e or- ganizar associações ou sindicatos de classe e deles participarem. III. Os agentes fazendários têm o dever de fiscalizar o recolhimento dos impostos, não recaindo tal obrigação aos notários, referente aos tributos incidentes sobre os atos que devem praticar, sendo tal 28 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S dever exclusivo dos registradores. IV. Manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua ser- ventia, guardando-os em locais seguros e atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza, são alguns dos deveres dos no- tários e dos oficiais de registro. A sequência correta é: A) Apenas a assertiva I está correta. B) Apenas as assertivas I, II e IV estão incorretas. C) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas. D) Apenas a assertiva III está incorreta. QUESTÃO 3 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Salvador - BA Pro- va: Procurador do Município – 2ª Classe A respeito do direito registral imobiliário, assinale a opção correta. A) De acordo com o princípio da instância, uma vez verificada uma in- correção em registro cartorário, qualquer pessoa poderá requerer sua retificação ao oficial registrador. B) Até que ocorra eventual cancelamento, será válido o ato de registro que apresente vício ou irregularidade intrínseca. C) O ato de registro não é considerado ato administrativo, pois é prati- cado por particular e não por servidor público. D) No caso de pedido de retificação do registro por omissão ou erro, o oficial, ao verificar que a situação é complexa por envolver vários títulos, poderá deixar de decidir e remeter o pedido à via judicial. E) No sistema de registro imobiliário vigente, o ato de registro documen- ta um negócio jurídico de compra e venda. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CRM-PR Prova: Profissional de Suporte Administrativo No que se refere aos conceitos e às características das operações com cartórios, julgue o item seguinte. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter priva- do, por delegação do Poder Público. ( ) Certo ( ) Errado QUESTÃO 5 Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: TJ-RO Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento Assinale a alternativa correta: 29 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S A) Especificamente em relação aos notários e oficiais de registro, a res- ponsabilidade civil só será discutida se comprovada a responsabilidade criminal, com sentença penal condenatória transitada em julgado. B) De acordo com o disposto na Lei n. 8.935/1994, a responsabilidade criminal dos notários e oficiais de registro será individualizada, como ocorre quando da aplicação do Direito Penal aos demais agentes pú- blicos, aplicando-se na integralidade a legislação relativa aos crimes contra a administração pública, por se tratar de atividade delegada. C) É livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio. D) De acordo com o disposto na Lei n. 8.935/1994, a responsabilidade civil dos notários e oficiais de registro é subsidiária, não respondendo eles direta ou pessoalmente pelos prejuízos que causarem a terceiros, exceto nos casos de dolo direito. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Os serviços notariais e registrais são regidos, principalmente, pelo dis- posto na Lei nº 8.935/94, levando ainda em consideração os disposi- tivos presentes na Constituição Federal da República de 1988. Assim é correto afirmar que direito registral e direito notarial são sinônimos? Caso a resposta seja não, diferencie os dois ramos do Direito. TREINO INÉDITO Assunto: Conceito de Serviços Os serviços podem ser compreendidos como algo que é produzido ao mesmo tempo em que é consumido, sendo que a sua aquisição nem sempre significa a posse de algum bem por parte do cliente. Nesse sentido, assinale a única alternativa que não contém uma característica fundamental formadora da definição dos serviços notarias ou registrais: A) Atividade da qual depreende-se os serviços notariais e de registro devem ser prestados. B) Local ou sede da função. C) Um feixe de competências e/ou atribuições. D) Tangibilidade é uma das características desse serviço. E) Todas as alternativas se referem aos serviços notariais ou registrais. NA MÍDIA A COMPETÊNCIA LIMITADA DOS REGISTRADORES DE IMÓVEIS QUANTO AO ITCMD 30 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Não são raras as vezes, que nos deparamos com notas devolutivas, onde os registradores de imóveis diante do seu compreensível zelo, agem como verdadeiros ficais fazendários. Assim, mesmo que o inventário judicial tenha sido devidamente homolo- gado (partilha), o ITCMD correspondente devidamente recolhido e antes ter passado no “crivo” da respectiva fazenda estadual, nos deparamos com exigências quanto à forma e inclusive valor recolhido. Fonte: JusBrasil Data: 17 de agosto de 2019 Leia a notícia na íntegra: https://leandroaugusto.jusbrasil.com. br/artigos/735235206/a-competencia-limitada-dos-registradores- -de-imoveis-quanto-ao-itcmd?ref=feed NA PRÁTICA Abaixo é possível observar uma peça jurídica de suma importância no âmbito do serviço notaria e registral. Peça essa que faz parte do dia a dia na prática desse profissional. Trata-se da procuração pública. Veja- mos na íntegra abaixo: PROCURAÇÃO PÚBLICA (VENDA DE IMÓVEL) Procurador: JOSÉ SANTOS Mandante: JOSÉ SILVA Finalidade: Venda de Imóvel Válida até XX/XX/XXXX S A I B A M todos os que virem esta escritura pública de mandato que aos XX dias do mês de XX do ano de dois mil e XX (XX/XX/XXXX), na cidade de XXXXXX, Estado de XXXXXXXX, República Federativa do Brasil, neste Tabelionato de Notas, perante mim, escrevente autorizado pelo tabelião, compareceu como mandante JOSÉ SILVA, nacionalida- de, profissão, estado civil, capaz, portador da cédula de identidade RG nº XXXXXX-SSP/XX, inscrito no CPF-MF sob nº XXX.XXX.XXX-XX, do- miciliado e residente na cidade de XXXXXX, Estadode XXXXXXXX, na Rua YYYYYYYY, nº YYYY, bairro YYYYYYY, CEP AAAAA-AAA. Reco- nheço a identidade do presente e sua capacidade para o ato, do que dou fé. E por ele me foi dito que por esta escritura pública de manda- to, nos termos de direito, nomeia e constitui seu bastante procurador, JOSÉ SANTOS, nacionalidade, profissão, estado civil, portador(a) da cédula de identidade RG nº XXXXXXSSP/XX, inscrito no CPF-MF sob 31 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S nº XXX.XXX.XXX-XX, domiciliado e residente na cidade de XXXXXX, Estado de XXXXXXXX, na Rua YYYYYYYY, nº YYYY, bairro YYYYYYY, CEP AAAAA-AAA. Confere a este procurador amplos e gerais poderes para vender, compromissar a venda, ceder e transferir direitos ou obri- gações, anuir ou de qualquer outra forma alienar, a quem convier, pelo preço e condições que convencionar, o seguinte imóvel: DESCRICAO DO IMOVEL, CEP AAAAAAAA, no XXº Subdistrito - BAIRRO ou SUB- DISTRITO, no Distrito, Município, Comarca e XXº Oficial de Registro de Imóveis da comarca de NNNNNNNNNNNNNNNNN, perfeitamente descrito e caracterizado na matrícula nº YYYYYYYY, podendo para tan- to, dito procurador, assinar e outorgar as escrituras que forem necessá- rias, públicas ou particulares, provisórias ou definitivas, receber, passar recibos e dar quitações, estipular cláusulas e condições, estabelecer preços, forma e local de pagamento, assinar recibos de sinal e princípio de pagamento, transmitir posse, domínio, direitos e ações, dar caracte- rísticos, metragens e confrontações, autorizar registros e averbações; retificar, ratificar, rescindir, responder pela evicção legal, representá-lo perante quaisquer repartições públicas federais, estaduais ou munici- pais, autarquias, prefeituras, serviços notariais e registrais, e onde mais for preciso, tudo assinando, promovendo ou requerendo, juntar e de- sentranhar documentos, assinar formulários e requerimentos, prestar informações e esclarecimentos, acompanhar os processos administra- tivos, pagar os tributos e emolumentos devidos, aceitar recibos e quita- ções; enfim, praticar todos os atos necessários ao fiel cumprimento do presente mandato, inclusive substabelecer. Assim diz, pede e lavro a presente que, lida em voz alta, acha em tudo conforme, aceita, outorga e assina. Escrita pelo escrevente NNNNNNNNNNNNN e assinada pelo tabelião NNNNNNNNNNNNNNNN. Dou fé. Emolumentos: R$ XXXX, Ao Estado: R$ XXXX, IPESP: R$ XXXX, Registro Civil: R$ XXXX, Tribu- nal de Justiça: R$ XXXX, Santa Casa: R$ XXXX, Total: R$ XXXX. Fonte: https://www.26notas.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/ Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf PARA SABER MAIS Acesse os links: ANTUNES, Luciana Rodrigues. Introdução ao Direito Notarial e Re- gistral. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 10, n. 691, 27 maio 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6765. Acesso em: 8 maio 2020. 32 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S FRANZOI, Francielli Schmoller; FRANZOI, Fabrisia. Sem data. Disponí- vel em: https://www.anoreg.org.br/site/2018/07/04/artigo-a-importancia- -da-atividade-notarial-e-registral-por-francielli-schmoller-e-fabrisia-fran- zoi/. Acesso em 28 de Abril de 2020. http://lms.ead1.com.br/upload/biblioteca/modulo_1270/VGGL2V4U0I. pdf REZENDE, Alexsandro. As atividades notariais e registrais sob o en- foque social. Disponível em: <http://www.notariado.org.br/index.php?p- G=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=NTYyNQ==> Acesso em: 10 Abril. 2020. 33 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S Registrar um indivíduo é, de fato, de substancial importância para o funcionamento integral da sociedade, pois, esta questão gira em torno do exercício da cidadania. Dessa maneira, observa-se que ou- tras entidades passam a considerar como sujeitos de direito os agentes numa relação jurídica, que são sujeitos de direito subjetivo obedecendo a um dever jurídico. A personalidade pode ser entendida como a ca- pacidade para ser sujeito das relações jurídicas. Assim, “pessoa; em seu sentido jurídico, entende-se como o indivíduo capaz de gozar de direitos e adquirir obrigações”. Equivale, ao alcunhado sujeito de direito, em conformidade ao previsto no artigo 1º do CC que institui quando especifica os direitos e deveres para as pessoas capazes no âmbito da ordem civil. Sendo assim, observa-se duas espécies de sujeitos de direito, nomeadamente, física e jurídica. Segundo o código civil, entende-se pessoa natural, aquele indivíduo que possui autonomia absoluta e que ainda, possui livre-arbítrio e capaz de se integrar ao mundo, bem como modificá-lo para que possa atingir seus próprios fins. REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S 34 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S De forma diferente ao que se encontra especificado sobre o es- tudo da pessoa natural, não é possível perceber que na pessoa jurídica não se estabelece de maneira prévia, uma situação que tenha cunho social, cujo direito se limita a identificar e reconhecer, mas sim a entes que progridem coletivamente os interesses humanos. Além disso, tam- bém atuam na vida social, da mesma forma que as pessoas naturais, cujo objetivo seria atender determinadas necessidades e finalidades para essas. Portanto, o Direito segue o especificado por esses intérpretes como centros de atribuição das situações jurídicas, cabendo ao Esta- do através de regras jurídicas, garantir a identidade dos sujeitos, res- guardar a pessoa humana e tutelar seus interesses legítimos. Afinal, o Estado atua como um terceiro agente que o poder-dever de garantir a identidade civil dos indivíduos e, em consequência, obtém-se determi- nadas obrigações que vêm a compor a personalidade jurídica. O Direito nos dias atuais pode ser compreendido por todos os indivíduos que possuem personalidade e, assim, desde o nascimento com vida, devem ser tratados livremente onde deverá respeitar as escolhas e atitudes (no âmbito privado) do indivíduo. DISPOSIÇÕES GERAIS Pelos elementos estatais, permitem-se identificar, no que tan- ge à situação da pessoa e se considerar individualmente essas infor- mações, compreende-se na produção de efeitos jurídicos, já a soma destas circunstâncias jurídicas vinculadas a estes dados, poderá surtir efeitos no que tange à pessoa em relação à lei. E. no que se refere ao estado da pessoa, compreende-se como conjunto de características dos indivíduos que a norma considera para assim estabelecer seus efei- tos jurídicos. Na mesma concepção, entende-se que o estado é uma situa- ção subjetiva autônoma que deriva do ordenamento jurídico, o qual atri- bui à pessoa um conjunto homogêneo de direitos, obrigações, poderes, deveres, etc., de acordo com a posição concreta de uma pessoa em relação a um dado grupo social. (LOUREIRO, 2017 pg. 70) Trata-se de um interesse juridicamente relevante, que possui um conteúdo próprio e, por isso, é tutelado pelo Direito. Conforme uma concepção mais antiga e estrita, o estado é a posição que uma pessoa ocupa em um grupo político: a nação ou a família. Para a doutrina atual, na estipulação da concepção de estado, deve-se ter em vista a sua fun- ção instrumental como uma técnica idônea para assegurar a igualdade 35 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S substancial dos indivíduos. (LOUREIRO, 2017 pg. 70) O status, portanto, não deve ser considerado um conceito neu- tro e abstrato, mas sim um instrumento a possibilitar o tratamento desi- gual das pessoas, conforme as suas desigualdades, estabelecendo os respectivos estatutos singulares. (LOUREIRO, 2017 pg. 70) Assim, estado é a posição jurídica de uma dada pessoana sociedade à qual pertence, estabelecida por suas qualidades, atributos e até mesmo pelo papel que exerce no grupo social em dado momento. Esta posição produz efeitos jurídicos relevantes e se apresenta como um conjunto unitário e complexo de direitos, deveres, poderes, faculda- des, múnus, etc. (LOUREIRO, 2017 pg. 71) Dessa maneira, a condição auferida não exprime uma relação jurídica no que se refere ao processo de subordinação jurídica para com a sociedade e até mesmo com a família, nem tampouco a outro ser na sociedade em que vive. De acordo com o preceito legal da igualdade formal, mais es- pecificamente no caput do artigo 5º, todos os indivíduos são iguais e, portanto, a compreensão inclui a situação da pessoa, que seria a situa- ção civil em sentido estrito. As leis relativas ao estado das pessoas têm um caráter público, uma vez que o estado é a reunião de diversos atributos que constituem a personalidade do indivíduo, qualidade de pai, de filho, de cônjuge, de nacional, etc. As leis de ordem pública revestem um caráter imperativo e, por isso, são normas que, ao contrário das supletivas, não podem ser derrogadas pela vontade das partes. Destarte, as regras legais que tratam do estado civil são nor- mas imperativas, uma vez que a ordem pública exige para cada pessoa uma situação específica, bem como os direitos e os deveres que daí decorrem, sejam fixados de forma clara e uniforme. Entretanto, a situa- ção não pode ser replicada no que se refere à capacidade, visto que as normas relacionas a esse tema estão relacionadas diretamente com a proteção. Esta razão de ordem pública justifica também a instituição de um mecanismo estatal de tutela da pessoa humana, como o ponto prin- cipal do sistema jurídico, que é originada a partir da constatação e, con- sequentemente, da publicidade do estado civil. ESCRITURAÇÃO E ORDEM DE SERVIÇO Escriturar um documento é um ato considerado de grande re- levância quando se observa as questões relacionadas com o registro 36 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S civil das pessoas. Todos esses livros devem ter 300 páginas e cada um deles se refere a situações específicas. Segundo o artigo 33º da LRP: A - Registro de nascimento B - Registro de casamento B Auxiliar - Registro de casamento religioso para efeitos civis C - Registro de óbitos C Auxiliar - Registro de natimortos D - Registro de proclamas E - Registro Residual (BRASIL, 1973) O Livro “E” somente existirá em cartórios do 1º Ofício ou da 1ª Subdivisão Judiciária, de cada comarca (leia-se jurisdição da comarca que pode ser composta de mais de um município). E, segundo Loureiro (2017) no que se refere ao formato que pode ser observado dos docu- mentos, tem-se que: “Ele possui apenas 150 folhas e serve para o registro de diferentes atos con- cernentes ao estado civil. Pode o juiz competente, nas comarcas de grande movimento, autorizar o desdobramento desse livro, pela natureza dos atos que nele devam ser registrados, em livros especiais. É o que ocorre, por exemplo, no 1º Ofício do Distrito Federal. Assim, em regra, as Serventias do Registro Civil das Pessoas Naturais têm 6 livros, sendo que apenas o 1º Ofício de cada Comarca contará com um livro extra, o Livro E, para o regis- tro dos demais atos relativos ao estado civis não contemplados nos demais registros”. (LOUREIRO, 2017 pg. 80) Conforme dispõe a LRP em comento, para facilitar no momento da procura pelos documentos arquivados, a recomendação da norma é: “inserir, em cada um dos livros, índice alfabético dos assentos lavrados pelos nomes das pessoas a quem se referirem. O índice alfabético pode, conforme entendimento do oficial, ser organizado pelo sistema de fichas, desde que preencham estas os requisitos de segurança, comodidade e pronta busca”. (BRASIL, 1973). Ao observar as disposições legais do texto legal de 1973, o mesmo pode ser feito por meios eletrônicos, que facilitam e agilizam as buscas e, portanto, no que se refere ao processo de escrituração, o ato pode ser feito da seguinte maneira: “Essa escrituração deve ser feita seguidamente, em ordem cronológica de declarações, sem abreviaturas, nem algarismos. Ao final de cada assento e antes da subscrição e das assinaturas, serão ressalvadas as emendas, entrelinhas ou outras circunstâncias que puderem ocasionar dúvidas. Entre 37 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S um assento e outro, será traçada uma linha de intervalo, tendo cada um o seu número de ordem”. (LOUREIRO, 2017 pg. 80). A Lei de Registros Públicos informa que todos os livros de re- gistros devem ser divididos em três partes. Cada uma dessas colunas tem uma função, assim subdividida, como pode ser observado na tabela abaixo: Tabela 1 – Subdivisão dos livros ESQUERDA CENTRAL DIREITA Número de ordem Assento Notas, averbações e retificações Fonte: Elaborado pela autora (2019) Todas as vezes em que um ato jurídico for realizado, todos os indivíduos que se encontram envolvidos na relação jurídica devem apor sua assinatura (ato de anuência) no documento. Se for o caso, devem inserir nos assentos qualquer tipo de documento que apresenta uma declaração de vontade, desde que esteja em acordo com a norma ou, contudo, que seja especificado por sentença. No caso da procuração, não se pode esquecer de arquivá-la, ressaltando, contudo, as particulares do documento, nomeadamen- te, data, livro, folha e o ofício em que foram lavradas. Caso qualquer dessas pessoas (declarantes e testemunhas) não puder assinar, por quaisquer circunstâncias (analfabeto ou com doença que os impede de escrever, por exemplo), o serventuário vai declarar essa situação no as- sento. Assina, então, a rogo outra pessoa e toma-se a impressão digital da pessoa que não assinar o documento. Sempre que realizado um assento, as partes ou seus procura- dores e as testemunhas devem assiná-lo. Se for o caso, devem inserir nos assentos as consignações perpetradas conforme a lei ou classifi- cadas por sentença. Os instrumentos procuratórios terão que ser ar- quivados, apontando-se em seu termo a sua data de realização, qual seja o livro, a folha e o ofício em que foram lavradas, fazendo parte do instrumento público. Antes da assinatura do assento, o documento deve ser lido na íntegra para que as partes e as testemunhas tomem ciência e, no caso de existir algum elemento em desacordo com os fatos originalmente estabelecidos, deverá haver comunicação na hora da assinatura do ato, para que se proceda com a realização das modificações, se for neces- sário. Caso se constate alguma lacuna que inviabilize a continuidade do documento e, sendo necessária adição ou emenda de algum termo, 38 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S devem ser realizadas antes da assinatura ou ainda em seguida, contu- do, que ocorra antes de outro assento, devendo todos os responsáveis assinarem novamente. Nesse caso, portanto, a retificação pode ser feita no próprio ato, sem maiores formalidades. Do contrário, prevê o art. 40, que retifi- cações posteriores só poderão ser efetuadas segundo o procedimento próprio, previsto nos arts. 109 a 112, como veremos adiante. Isso por- que segundo Loureiro (2017 p.50) se reputam inexistentes e, portanto, ineficazes, qualquer emenda e alteração ulteriores, não devidamente ressalvadas ou não lançadas na forma indicada anteriormente. Atenção porque o art. 41 trata dessas emendas irregulares como inexistentes, não nulas ou anuláveis, mas inexistentes. Todos os envolvidos no assentos de registro devem atender às condições estabelecidas pela lei civil. No entanto, a lei pode admitir como testemunha algum parente, em qualquer grau, do registrado, di- ferentemente da regra civil e processual civil. A partir daí a LRP trata de cada um dos registros, específica e pormenorizadamente.NASCIMENTO O primeiro registro a ser tratado neste estudo será o de nasci- mento. Inicialmente, é de observar pelo art. 50 da Lei Registros Públi- cos, estabelece que “qualquer nascimento que acontecer na jurisdição nacional seja registrado no lugar em que o parto tiver acontecido ou ainda”, na residência dos pais. E, no que tange ao período para ocorrên- cia do registro de nascimento, observa-se o indicado na tabela abaixo. Tabela 2 – Prazo para registro REGRA GERAL 15 DIAS LUGARES DISTANTES MAIS DE 30 KM DA SEDE DO CARTÓRIO ATÉ 3 MESES Fonte: Elaborada pela autora (2019) No caso dos pais possuírem domicílios distintos, os termos es- pecificados no art. 52, 1º e 2º, respectivamente. Aqui reside uma curio- sidade histórica e um tanto relevadora da predileção masculina do legis- lador, mesmo que já em 1973. Essa é a redação atual do art. 52: Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 1º- o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto no 39 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S §2º do art. 54; 2º- no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1o, outro indicado, que terá o prazo para declaração prorrogado por 45 (quarenta e cinco) dias; (BRASIL, 2015) A redação original do artigo, antes da modificação operada pela Lei 13.112/2015 é a seguinte: Art. 53. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 1 - o pai; 2 - em falta ou impedimento do pai, a mãe, sendo neste caso o prazo para declaração prorrogado por quarenta e cinco (45) dias; (BRASIL, 1973) Nesse caso, o que pode ser observado é que não existe uma lógica específica no que tange à indicação do local de registro do re- cém-nascido. Sendo assim, observa-se a residência do pai, em franca preferência patrilinear. Em seguida, apenas se o pai não se encontrar presente, poderia a criança ser registrada no Ofício do local de residên- cia da mãe. Agora, com a mudança operada pela Lei 13.112/2015, Lou- reiro (2017 p.80) observa que não há mais uma preferência pelo registro ser feito pelo pai, podendo ser feito pela mãe mesmo que na presença do genitor masculino. Por isso, a regra do art. 50, §1º perdeu razão de ser, pois, quando os pais tiverem residência em local diferente, poderá a criança ser registrada em qualquer dos locais, independentemente de ordem explícita. Outra norma que se tornou evasiva foi a presente no art. 50, §3º, ocorre que, a LRP entrou em vigor ainda na altura da vigência do Código Civil de 1916. Sendo assim, até o ano de 2002, a capacidade civil plena somente seria atingida aos 21 anos; eram, segundo o revoga- do art. 6º, inc. I, relativamente incapazes as pessoas com mais de 16 e menos de 21 anos. Por isso, a previsão do art. 50, §3º, estabelecia que os menores de 21 anos e maiores de 18 anos poderiam, pessoalmen- te e livres de multa, requer o registro de seu nascimento. Tratava-se, portanto, de requisição de registro feita por relativamente incapaz. Já, porém, se limitava o mínimo há 18 anos, meio que predizendo a altera- ção legislativa a ser operada décadas depois pelo CC/2002. (Loureiro 2017 p. 80) O art. 50, §3º, ainda vigora na LRP sem alteração no que se re- fere à mudança da capacidade civil relativa. Por isso, aquele que contar com 18 anos, mas menos de 21 anos, não sofre sanção pela ausência 40 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S de registro. Igualmente é facultativo aos nascidos antes da obrigatorie- dade do registro civil solicitar a inscrição de seu nascimento, destaca-se ainda que, nesse caso, as partes poderão não ser punidas com pena de multa. Quanto aos indígenas, há norma específica e, nesse sentido, enquanto não estiverem integrados na sociedade, não precisarão rea- lizar nenhum tipo de ato de inscrição do ato do nascimento. Sendo as- sim, o indígena poderá ter o registro realizado em livro próprio da FUNAI (órgão federal que dá apoio ao índio). Mas, como saber se ele é ou não integrado? A resposta está no art. 4º da Lei 6.001/1973, o Estatuto do Índio: Art. 4º Os índios são considerados: I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência co- muns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento; III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura. (BRASIL, 1973) Relativamente àqueles que nascem fora do território nacional, há regra específica também. Quanto aos brasileiros nascidos no exte- rior, aplicam-se as mesmas regras, ressaltadas as determinações legais relativas aos consulados. Quanto aos nascidos a bordo de embarcação, há quatro possibilidades. • Registro em navio brasileiro mercante ou de guerra. • Registro pelo comandante da embarcação. • Registro posterior pelos pais. • Registro residual. A LRP, ao tratar de militares, possui uma norma específica, no- meadamente em seu artigo 67º quando especifica que a criança pode ser registrada da maneira ordinária e ainda, em livro criado pela ad- ministração militar mediante declaração feita pelo interessado. Caso o militar esteja em campanha, pode o assento ser remetido pelo coman- dante da unidade. Observa-se ainda no artigo em estudo que em qualquer das duas situações, o assento será publicado em boletim da unidade e, logo 41 SE R V IÇ O S N O TA R IA IS E R E G IS TR A IS - G R U P O P R O M IN A S que possível, transladado por cópia autenticada de ofício ou a requeri- mento do interessado para o cartório de registro civil a que competir ou para o do 1º Ofício do Distrito Federal quando não puder ser conhecida a residência do pai.(Loureiro, 2017 p.89) De acordo com o estabelecido pelo artigo 67º, parágrafo único, essa mesma providência é extensível ao assento de nascimento de filho de civil quando, em consequência de operações de guerra, não funcio- narem os cartórios locais. Ou seja, se em caso de guerra as serventias registrais estiverem fora de funcionamento, qualquer pessoa pode ser registrada no livro da administração militar ou pelo comandante da uni- dade. Falamos no interessado no registro, que nos parece o próprio re- cém-nascido. Porém, é óbvio que não será ele a fazer o próprio registro. CASAMENTO A lei de registro público também especifica determinadas ques- tões no que tange ao tratamento de situações de grande relevância no plano pessoal, qual seja: o casamento. O casamento tem elementos contratuais bastante acentuados, em que pese haver divergência na doutrina quanto a sua natureza jurídica. (LOUREIRO, 2018 p.90) O procedimento jurídico para que se formalize o casamento remonta ao sistema romano, em virtude da sua índole formal, ou seja, o rito peculiar do ato. Em regra, ao analisar o Direito de Família, essa questão não é tão evidente. No entanto, quando entramos nas minúcias da LRP, é possível compreender porque muitos o reputam soleníssimo. Inicialmente, a “contratação” do matrimônio não funciona como um contrato comum, que não exige qualquer tipo de solenidade espe- cial, em regra (exceto quanto aos contratos administrativos, que devem passar, normalmente, pelas solenidades licitatórias). O casamento, ao contrário, exige uma “fase pré-contratual” bastante extensa e minucio- sa; trata-se da habilitação. Segundo o art. 68 da LRP: “na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei, requerem ao oficial do registro do dis- trito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão
Compartilhar