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A medicina moderna científica dividiu opiniões sobre o campo social, que nasceu em fins do século XVIII entre Morgani e Bichat, com o aparecimento da anatomia patológica. As discussões sobre essa ciência foram fundamentadas em suas práticas, individuais ou coletivas. O autor procurou mostrar que a medicina moderna, é sim, uma medicina social que tem uma certa tecnologia do corpo social, e que teve apenas um aspecto individualista, a medicina medieval que as dimensões coletivas da atividade médica eram extraordinariamente discretas e limitadas. O capitalismo socializou o corpo enquanto força de produção e força de trabalho, investimento no biológico, no somático e no corporal. O corpo é uma realidade biopolítica e a medicina uma estratégia da mesma. A socialização do corpo foi característica da evolução da medicina social, porém o corpo que trabalha, ou seja, do proletariado foi o último ser visto como problema da saúde e do nível da força produtiva desses indivíduos. A medicina social é constituída por três importantes etapas em sua formação: medicina de estado, medicina urbana e medicina da força de trabalho. I – A medicina de estado, foi desenvolvida na Alemanha com o nome de ciência do estado. Onde o estado é o objeto de conhecimento, de modo que o funcionamento geral do seu aparelho politico é o instrumento de formação de algo que se desenvolveu mais rápido e concentrado. O estado moderno nasceu longe da potência política ou do desenvolvimento da economia, França e Inglaterra respectivamente. Desse modo o estado moderno surgiu em um país da Europa mais pobre, como a Prússia. Na França começou a se estabelecer estatísticas de natalidade e mortalidade e, assim como, as grandes contabilidades de população por parte da Inglaterra, porém nenhuma ação efetiva e organizada foi feita para elevar o nível de saúde da população. Na Alemanha, ao contrário, foram adotadas medidas centradas na melhoria do nível da saúde da população. Rau, Frank e Daniel se propuseram a criar programas efetivos da melhoria da saúde da população, o que foi chamado de politica medica de um estado. Que consiste em sistema muito mais completo sobre a tabela de nascimento e morte, a formação dos médicos, o controle da atividade dos médicos e nomeações pelo governo com base no seu saber por determinada região. A medicina de estado surgiu antes mesmo da formação da medicina cientifica, que não tem uma força de trabalho adaptada às necessidades das indústrias que se desenvolviam nesse momento. É a força, não de trabalho, mas estatal que deve ser aperfeiçoada e desenvolvida. II – A medicina urbana, ocorreu no fim do século XVIII, na França. O desenvolvimento das estruturas urbanas permitiu o nascimento da medicina social. A cidade francesa no final do século supracitado não era uma unidade territorial, e sim, como múltiplos territórios e ainda os poderes rivais. Mas houve a necessidade da junção do poder urbano com um único poder regulamentado. Por razões econômicas, pois a cidade por ser um lugar de mercado torna as relações comerciais, até em medidas internacionais unificadas. E por razões políticas, onde as diversas revoltas oriundas da desigualdade social mostraram a necessidade de um poder político. Com o crescimento urbano, aumentou o amontoamento populacional, aumento de esgotos, epidemias urbanas, falta de higiene geral, entre outros, surge o medo e a inquietação da população e principalmente político. Para amenizar a situação, o método usado foi o modelo médico e político da quarentena com um regulamento de urgência, que foi usado após o aparecimento de pestes ou doenças epidêmicas. O regulamento usado previa e ajudava no isolamento das pessoas em suas casas, vigilância generalizada, registro centralizado, uma revista dos vivos e dos mortos, onde as pessoas doentes que apresentavam alguma enfermidade eram levadas para outras cidades em busca de melhorias em enfermarias disponíveis, porém, para a lepra a organização médica era diferente, como um mecanismo era de exílio para o leproso e purificação da cidade (medicina de exclusão). Assim, então, podemos dizer que a medicina urbana provém do modelo de quarentena, consistindo em objetivos na qual era canalizar os lugares de acúmulo e amontoamento de tudo que, no espaço urbano, pode provocar doença, o controle da circulação da água e do ar, com a organização de corredores de ar e de água e a organização das fontes e dos esgotos. III – a medicina da força de trabalho foi o ultimo alvo da medicina social, que teve como seu elemento principal os pobres, a plebe, que viviam no interior longe da urbanização das cidades, portanto, a medicina social demorou a chegar a essas pessoas. Os pobres que moravam nas cidades eram úteis para incumbências, pequenas atividades que eram fundamentais para a instrumentalização da vida urbana, como levar cartas para as pessoas e até mesmo transporte de água e eliminação de dejetos. Dessa forma os pobres não eram vistos com uma questão de perigo para a saúde, e sim, úteis para a funcionabilidade das cidades. Somente no segundo terço do século XIX, que o pobre apareceu como perigo, por razão das revoltas e revoluções na época das revoluções da França e Inglaterra, onde os pobres puderam mostrar a força que eles tinham. Outro ponto foi a divisão dos bairros ricos e pobres que foi motivada pela cólera em 1832, que ocorreu diversos problemas sanitários que colocaram os pobres em situação de risco. A lei dos pobres tornou-se a garantia dos pobres para ter acesso a saúde, porém sua pobreza não permitindo que o façam por si mesmos, assim sendo assegurado pela classe rica, e por conseguinte, garantia proteção dos ricos. Assim surgiu um cordão sanitário que os pobres tinham tratamento gratuito proporcionado pelos ricos, em contrapartida, os ricos ficavam longe de doenças vinda dos pobres. Na Inglaterra, Jonh simon completou a lei dos pobres com a organização de um sistema autoritário, não de cuidados médico, mas de controle médico da população, o chamado health officers e health service. O health officers é um sistema que assegura esse controle, que obrigaram a todos se vacinarem e organizam os registros de doenças perigosas e lugares insalubres. O health service que tinha como objetivo principal a igualdade de toda a população e medidas de prevenção a serem tomadas para manter o controle dos pobres. Por essa razão teve uma resistência por parte da população, que deu uma resposta violenta a medicina organizada de controle. Diferente da medicina urbana e da medicina de estado, essa é a única que essencialmente tem um controle da saúde e do corpo dos mais pobres para torna-las aptas ao trabalho e menos perigos para os ricos. Dessa forma esse sistema inglês foi o único que teve futuro, pois possibilitou a organização de uma medicina com faces e formas de poder diferentes que permitiram a existência de um esquadrinhamento médico bastante complexo.
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