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GRAMATICA GERATIVA

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GRAMÁTICA GERATIVA 
 Em 1957, Noam Chomsky publica um livro chamado Estruturas 
sintáticas, o que revoluciona o modo como a linguagem é analisada, 
pois surge a gramática gerativa, que se centra em uma crítica ao 
behavorismo de Skinner. 
 Chomsky ressalta o componente criativo da linguagem humana e 
relaciona a natureza dela com a estrutura biológica humana. A teoria 
passa a explicar um órgão mental, que é ativado através do estímulo 
externo e, a partir desse estímulo, que é a experiência do indivíduo, o 
cérebro ativa uma gramática, que respeitando os princípios básicos, 
gera frases com propriedades formais e semânticas, na língua da 
comunidade que o falante está em contato. 
 Nessa nova perspectiva, a linguagem passa a ser vista como um 
conjunto de princípios inatos e universais referentes à estrutura das 
línguas. 
 Logo, línguas aparentemente muito diferentes, como o português e o 
japonês, apresentam semelhanças em suas essências, pois refletem os 
mesmos princípios que regem o funcionamento gramatical das línguas. 
 A concepção gerativa de gramática é regida, basicamente, por dois 
princípios teóricos: 
1) O princípio do inatismo: Existe uma estrutura inata, a Gramática 
Universal (GU), que é constituída de um conjunto de princípios gerais 
que impõem limites na variação entre as línguas e que se 
manifestam como dados universais – presentes em todas as línguas 
do mundo. A GU transmite princípios gramaticais básicos para 
diferentes línguas, isso quer dizer que línguas como o português, 
chinês e árabe, por exemplo, apresentam não só um conjunto de 
fatores em comum, mas diferenças que estão previstas nas opções 
da GU e que são ativadas de acordo com a experiência do falante. 
2) O princípio da modularidade da mente: Nossa mente é modular, ou 
seja, é constituída de partes que trabalham separadamente, existe 
um módulo para cada coisa, como se fossem caixinhas, uma 
responsável pela memória, outra pela coordenação motora e existe 
uma somente para a faculdade da linguagem. Elas trabalham 
sozinhas e só tem contato com o resultado final uma das outras. 
 Essa noção de modularidade é manifestada através de uma proposta 
chamada localista, que parte do princípio que as atividades mentais, 
incluindo a linguagem, podem ser localizadas em partes específicas do 
cérebro. E esse raciocínio se estende para os diferentes níveis da 
gramática, ou seja, o funcionamento do módulo relativo à sintaxe 
independe das operações relacionadas à fonologia, por exemplo. 
 Outro aspecto das características da gramática gerativa está no 
distinção, feita por Chomsky, entre desempenho e competência: 
competência é a capacidade (parcialmente inata e parcialmente 
adquirida) que o falante possui de formular e entender frases em uma 
língua; e desempenho é a utilização completa dessa capacidade. 
Apenas no conhecimento encontra o “módulo da linguagem”, já que no 
desempenho pode-se observar vários módulos (memória, emoção, 
concentração etc.). 
 Chomsky sustenta que o objeto de estudo da linguística deve ser a 
competência e não o desempenho (aqui se iguala a Saussure). 
Deixando o sujeito, como usuário real da língua e as suas habilidades 
sociointerativas fora dos estudos linguísticos gerativos. 
 Nos primeiros momentos dos estudos gerativos, a postura de priorizar a 
competência era maior. Com a teoria minimalista proposta por Chomsky 
em 1955 houve uma aproximação entre as teorias de uso (desempenho) 
e do conhecimento linguístico (competência). Mas a distinção entre 
competência e desempenho ainda é utilizada conceitualmente para os 
gerativistas, como forma de diferenciar aquilo que as pessoas sabem 
daquilo que elas efetivamente fazem. 
 Costuma-se relacionar o movimento gerativista com a corrente filosófica 
do racionalismo, que pode ser identificada por três características 
básicas: 
1) A razão é a fonte do conhecimento: existem ideias inatas – os 
racionalistas acreditam numa estrutura mental inata que é 
responsável pelo conhecimento, ou seja, esse é baseado na razão e 
não em suas experiências. O gerativismo privilegiaram em sua 
análise os aspectos linguísticos universais e deixaram um pouco de 
lado as questões sociais e interativas do uso da linguagem, a função 
experiência fica restrita à estimulação da GU. 
2) Utiliza o método dedutivo – os racionalistas, em suas análises, 
partem de hipóteses estabelecidas e vão aos dados confirmar ou não 
essas hipóteses. O método dedutivo parte de uma verdade universal 
para chegar a uma menos universal, como o autor dá o exemplo: 
Todos os humanos são mortais (verdade mais geral) 
Os gregos são humanos 
Logo, os gregos são mortais (verdade menos geral) 
Chomsky usa um raciocínio desse tipo, partindo das seguintes 
premissas: 
A estrutura física do corpo humano é geneticamente 
determinada, e os sistemas motor e perceptivo são 
modulares; 
Os órgãos mentais podem ser estudados nas mesmas 
bases em que se estudam os órgãos físicos e os sistemas 
motor e perceptivo; 
Logo, as teses do inatismo e da modularidade, adotadas 
para os estudos das estruturas do corpo, podem ser 
estendidas ao estudo dos órgãos mentais e da linguagem. 
 
3) Apresenta um caráter explicativo e universalista – o racionalismo não 
fica somente no nível da descrição, eles formulam hipóteses teóricas 
a partir dos dados analisados, de modo que se pode predizer dados 
novos e não apenas avaliar os já analisados. A noção de GU dá aos 
gerativistas a possibilidade de observar o que há de universal na 
língua, ferramenta que os estruturalistas não tinham. Isso possibilita 
a criação de uma expectativa do que se espera encontrar em dados 
que ainda não foram analisados em uma determinada língua, por 
exemplo. 
 Resumidamente, a escola gerativista: i) deixou para trás uma ideia 
empirista de linguagem, que não conseguia dar conta da aquisição e do 
uso das línguas; ii) demonstrou que os humanos não decoram por 
estímulo externo as frases que utilizam, ressaltando a criatividade 
humana, no sentido de que somos capazes de criar um número infinito 
de frases a partir de princípios básicos finitos. Com isso, a linguística 
deu um passo na direção de uma teoria capaz de prever dados novos, 
uma teoria não só descritiva, mas explicativa. 
 Por outro lado, quando os gerativistas dão mais foco à competência em 
relação ao desempenho, deixam de lado os aspectos de ordem 
sociointerativa associados à linguagem, mantém-se a noção de 
linguagem como um sistema autônomo, independente dos interesses do 
sujeito que fala e seu ambiente social. A noção de que somos capazes 
de criar um número infinito de frases não leva em conta a perspectiva de 
quem fala e nem de sua criatividade ao adaptar a fala aos diferentes 
contextos comunicativos. Dessa forma, a teoria não abrange aspectos 
como variação e mudança.

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