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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Projeto de Produto CONTEUDISTA: Magda Lauri Gomes Leite AULA 1 – Modelos Referenciais de PDP(Processo de Desenvolvimento de Produto) META Apresentar conceitos inicias de Produto e suas Classificações e analisar os principais Modelos Referenciais de Desenvolvimento de produtos OBJETIVOS: Ao terminar o estudo desta aula, você deverá estar preparado para: Diferenciar as Principais Metodologias do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP). Relacionar as principais habilidades e tarefas desenvolvidas no PDP. Estabelecer as fases do Ciclo de vida de Um Produto. PRÉ-REQUISITOS Conhecimentos de Gestão de Projetos. 1.INTRODUÇÃO A competência em desenvolver Produtos desempenha papel fundamental no ambiente empresarial dos dias de hoje, pois e através de novos produtos e serviços que estas empresas se diferenciam dos concorrentes e agregam valor para os clientes, de forma a se manterem competitivas e vivas no atual mercado globalizado e altamente dinâmico. A Engenharia de Produto e á área da Engenharia de Produção que cuida da parte de desenvolvimento de Produtos. O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), nada mais é do que um conjunto disciplinado e bem definido de tarefas, passos e fases que descrevem os meios usuais pelo qual uma empresa repetidamente converte ideias embrionárias em produtos e serviços vendáveis. Estudos indicam que a adoção de um PDP formal está fortemente correlacionada com um desempenho superior nos negócios.[ COOPER,2007, GRIFFIN1997] O processo de desenvolvimento de produtos é amplamente considerando como sendo uma atividade arriscada, carregada de incertezas e de difícil controle e mensuração de resultados. De fato, trata-se de uma tarefa complexa, multidisciplinar, que envolve o processamento de uma grande quantidade de dados, tanto internos quanto externos à organização, além da gestão e a efetiva aplicação de uma enorme quantidade de conhecimento, tanto explicito quanto tácito. Devido à sua abrangência, e a variedade de áreas que engloba, abundam classificações e definições acerca do processo de desenvolvimento de novos produtos: suas fases em geral são subdivididas em diferentes graus de detalhamento e sob várias nomenclaturas. Mesmo com a existência de uma variada gama de definições, as atividades envolvidas no processo de desenvolvimento de um produto são em geral semelhantes, quando comparamos diferentes empresas , sendo assim é possível definir uma metodologia básica que sirva como um modelo genérico aplicável a uma vasta gama de projetos de produtos independentemente do tipo de organização em que o projeto ocorra, ou de outras variáveis, como grau de inovação e orçamento, além do tamanho e área de atuação. Nesta aula iremos conhecer as diferentes metodologias encontradas na Literatura apresentando os principais teóricos da área de Engenharia de Produto. Antes serão apresentados alguns conceitos introdutórios como Produto e ciclo de vida do produto. Na maioria das empresas hoje, a "prática" da inovação pode ser comparada à de acasalamento dos pandas: infreqüentes, desajeitado, e muitas vezes ineficaz.” Ulysses Hempel Ferreira Gomes, Fonte: https://pixabay.com/pt/panda-panda-gigante-urso-branco-655491/ http://www.administradores.com.br/u/hempel/ 2. PRODUTO Do latim productus, chama-se produto àquilo que tenha sido fabricado ou produzido. Esta definição do termo é bastante abrangente e permite que objetos muito diversos se englobem dentro do conceito genérico de produto. Sendo assim uma agenda, uma xícara, uma caneta, um computador e um celular, por exemplo, são considerados produtos. Para o marketing, um produto é um objeto que é disponibilizado num mercado com a intenção de satisfazer a necessidade de um consumidor por meio das funções que ele realiza. Mas o produto também supera a sua própria condição física e inclui a percepção sentida pelo consumidor, podemos dizer que os produtos possuem três dimensões distintas de atendimento á necessidade do consumidor: uma dimensão estética, uma psicológica e uma funcional. A Dimensão Estética consiste na relação que se dá entre um produto e seu usuário, em termos de processos sensoriais (julgamento dado pelo sujeito com base nas informações das sensações, ou seja, a interpretação por parte do indivíduo do que foi captado pelos sentidos). Criar função estética para os produtos é uma das principais tarefas dos designers na atualidade, que precisam adequar os objetos às condições perceptivas do homem. Em certos casos, a Fonte: https://pixabay.com/pt/escrit%C3%B3rio-em-casa-336378/ escolha do consumidor entre produtos concorrentes é baseada em aspectos estéticos, principalmente nas situações em que as funções práticas dos produtos são parecidas. Outro bom exemplo é o ventilador de Teto SPIRIT desenvolvido pelo designer Guto Índio da Costa que se baseou nas hélices da aeronave para fazer com que o SPIRIT ventasse 30% mais que os outros. O SPIRIT é ventilador de teto mais premiado do mercado, sendo coroado 3 vezes campeão do prêmio IF Design Award, o “Oscar” mundial do Design. Quem diria que uma simples lixeira de escritório poderia ganhar prêmios e até mesmo ter um espaço reservado em um museu? As lixeiras Garbino conseguiram essa façanha. O designer egípcio e criado no canadá, Karim Rashid idealizou as lixeiras de baixo custo e com inúmeras vantagens. A Lixeira ganhou inúmeros prêmios e já vendeu mais de 4 milhões de unidades no mundo todo, no Brasil elas são comercializadas pela ToK e Stok Fonte: https://studioeureka.wordpress.com/2013/03/11/a- lixeira-mais-famosa-do-mundo/ Autor: Francis Weslen Fonte: https://www.myspirit.com.br/ventilador-de-teto-spirit-303-pop- e-abstrato-bocas-r2-lustre-flat/p Autor: Desconhecido Os executivos estudaram cuidadosamente o vínculo emocional entre os motoqueiros das Harleys e o produto, e respeitam os parâmetros rígidos em todos os aspectos do design, da fabricação, e do marketing das motocicletas para acentuar a mística e fortalecer ainda mais o vínculo. A Dimensão Psicológica dos produtos está relacionada com a expectativa de satisfação que o produto pode gerar no seu consumidor e está relacionada com as associações que o consumidor faz entre o produto e suas experiências passadas. Essa função somente será efetiva se for baseada na aparência percebida sensorialmente e na capacidade humana de associação de idéias. Um forte exemplo de produto que exercem uma grande expectativa de satisfação, são os carros da marca Ferrari e as motos da Marca Harley-Davidson. A Dimensão Funcional está ligada à utilidade basicamente prevista para um produto. Na compra de uma cadeira para o escritório, por exemplo, a superfície do assento deve suportar o peso do corpo do usuário; o arredondamento da borda frontal do assento deve evitar deficiências de circulação nas pernas; o encosto deve servir de apoio á coluna vertebral e relaxar os músculos das costas; a largura e a profundidade do assento devem permitir liberdade de movimentos e mudanças de posição. Estes atributos que garantem a funcionalidade dos produtos não se apresentam segmentados, mas formam um conjunto. Falaremos mais sobre as funções do produto na Aula Projeto Conceitual. FONTE:https://pixabay.com/pt/harley-harley-davidson-fatbob-carro-3154546/ 2.1 CLASSIFICACÃO DOS PRODUTOS. Uma das classificações diz respeito à durabilidade e tangibilidade dos produtos, que podem ser distribuídos em três grupos. CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO EXEMPLO Bensnão duráveis Tangível, normalmente são consumidos rapidamente ou usados poucas vezes. Geralmente são produtos baratos, que o cliente compra com frequência. Bebidas, Produtos de Limpeza Bens duráveis Tangível, usados normalmente durante um período de tempo mais longo e de preço mais alto. Vestuário e Eletrodomésticos Serviços Intangível, porque não podemos tocá-los, só sabemos o que realmente recebemos depois que aconteceu sua execução. Serviços de beleza e Assessoria jurídica Quadro 1- Tipos de classificação de produtos quanto a durabilidade e tangibilidade Uma outra classificação utilizada em produtos definida por Churchill (2000) é entre os bens de consumo (aqueles destinados aos consumidores finais) e os bens industriais (aqueles destinados a organizações). Consumo Começando pelos bens de consumo, ou varejistas, aqueles que são comercializados diretamente para os consumidores finais, podemos classificar os produtos em quatro tipos diferentes, conforme o Quadro 2. TIPO DESCRIÇÃO EXEMPLO Conveniência Produtos comprados com alta freqüência, e que demandam também um mínimo esforço para serem adquiridos. São produtos geralmente com baixo preço, Alimentos Meias Lavagem de Roupa Compra Comparada Produtos são comprados após algum esforço por parte dos clientes, que buscam comparar os produtos em questão com diferentes alternativas. Normalmente os produtos de compra comparada possuem preços mais altos que os de conveniência, mas não muito altos, Equipamentos Eletronicos; Serviços de Creche Especialidade Produtos são, comprados com uma menor freqüência, e por conseqüência são também mais caros. Nesta situação, o cliente está mais disposto a se esforçar um pouco mais para obter o produto, com as caracteristicas mais proximas ao seu desejo. Casa; Faculdade; automoveis. Não Procurados Produtos que os consumidores normalmente não irão procurar, ou muitas vezes produtos os quais estes consumidores não possuam nem conhecimento. seguro de vida ; os exames de rotina para câncer de próstata Quadro2- Tipos de produtos de consumo (fonte Churchill 2000) Industriais Após analisarmos os bens de consumo, no Quadro 2 serão apresentados os diferentes tipos tipos de produtos industriais. Tipo Descrição Exemplo Instalações Os produtos não-portáteis, são comprados, instalados e utilizados na produção de outros produtos e serviços. fornalhas e linhas de montagem Acessórios Os produtos acessorios são equipamentos e ferramentas portáteis, utilizados no processo produtivo da empresa, mas que não acabam integrados ao produto final comercializado pela empresa Empilhadeiras ou chaves de fenda. Matéria- Prima São os produtos compostos dos itens não-processados que são transformados em partes dos produtos acabados trigo, cobre e algodão Serviços São os serviços, que dão suporte às atividades da organização. pesquisas de marketing, contabilidade, limpeza Quadro 3 – Tipos de produtos industriais( Churchill 2000). Além de classificarmos os produtos os quais a empresa trabalha, também existe uma classificação para os novos produtos a serem lançados, Churchill (2000) afirma que existem várias maneiras de se categorizar novos produtos. o Quadro 4 apresenta os principais tipos de novos produtos . ATIVIDADE 1 Classifique os produtos abaixo Diferenciando cada um dos tipos de classificação apresentados: a)Pneus para a montadora b)Radio para seu carro c)Placa de metal para Montadora d)Carro da Marca Audi “muitas pessoas acham que um produto é uma oferta tangível, mas ele pode ser muito mais do que isso. Um produto é tudo que possa ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo”. Kotler e Keller (2006) ATIVIDADE 2 1. O que caracteriza um produto? 2. Os benefícios oferecidos por um plano de saúde podem ser considerados produtos? Por quê? Tipo Descrição Exemplo Produtos Novos para o mundo São produtos que não existiam anteriormente. Em geral fruto do desenvolvimento de uma nova tecnologia. Televisores, computadores, equipamentos medicos a laser. Novas categorias da marca São produtos novos para uma empresa em questão mas nao são novas invençoes. Linha de produtos de peru da Sadia Adições à linha de produtos São extensões da linha de produtos já trabalhadas pela empresa Sabão Omo para Máquina Melhoria em produtos São produtos novos pois apresentam em geral novas funcionalidades, ou seja são versões alteradas de produtos já existentes. Shampoo e Condicionador juntos em uma unico produto Reposicionamento São produtos que passam a ser vendidos em novos mercados, ou ainda novos usos em um mesmo mercado As lâminas de barbear Gillete Sensor para mulheres Quadro4 -Tipos de Novos Produtos (Churchill 200) ATIVIDADE 3 a) De exemplo de dois produtos para dois tipos diferentes da classificação apresentada no Quadro 4- Tipos de produtos novos. 2.2 Tipos de Projetos de Desenvolvimento de Produto. Além das classificações já vista, uma outra classificação diz respeito ao tipo de projeto de desenvolvimento de produto. Sendo que a classificação mais comum e útil é baseada no grau de mudanças que o projeto representa em relação a projetos anteriores já desenvolvidos pela empresa. Essa classificação depende das especificidades do setor. Por exemplo, existem significativas diferenças na classificação adotada no setor automobilístico em relação ao setor alimentício. A classificação de projetos de desenvolvimento apresentada no Quadro 5 é usual nos setores de bens de capital e de bens de consumo duráveis. Tipo Descrição Exemplo Projetos Radicais São projetos que envolvem significativas modificaçoes no projeto do produto. Como, neste tipo de projeto, são incorporadas novas tecnologias e materiais, eles normalmente requerem um processo de manufatura também inovador. Os tablets, especificamente o iPad- primeiro modelo lançado Projetos plataformas ou próxima geração Representam alterações significativas no projeto do produto e/ou do processo, sem a introdução de novas tecnologias ou materiais, mas representando um novo sistema de soluções para o cliente. Esse novo sistema de soluções pode representar uma próxima geração de um produto ou de uma família de produtos anteriormente existentes. Também pode representar o projeto de uma estrutura básica do produto que seria comum entre os diversos modelos que compõem uma família de produtos. Para funcionar como plataforma um projeto deve suportar toda uma geração de produto (ou de processo) e ter ligação com as gerações anteriores e posteriores do produto As várias versões de processadores da Intel. Projetos incrementais ou derivados Projetos que criam produtos que são derivados, híbridos ou com pequenas modificações em relação aos projetos já existentes. Esses projetos incluem versões de redução de custo de um produto e projetos com inovações incrementais nos produtos e processos. Escova de dentes ergonômica. Quadro5 - Tipos de Projetos de Desenvolvimento de Produto (Rozenfeld 2006). Para países em desenvolvimento como o Brasil têm-se os chamados projetos follow-source (seguir a fonte), que são projetos que chegam da matriz ou de outras unidades do grupo ou de clientes, e que não requerem alterações significativas que irá adequar o projeto e produzir o produto. Nessas unidades, geralmente, são realizadas atividades de desenvolvimento como adaptações à realidade local, validação do processo e de equipamentos e ferramentas, a produção do lotepiloto e o início da produção. 3- CICLO DE VIDA DO PRODUTO. A maioria dos produtos lançados no mercado está sujeita a estágios temporais que traduzem o seu desempenho mercadológico. Uma classificação comumente encontrada na literatura é o Ciclo de Vida dos Produtos (CVP). O ciclo de vida de um produto pode ser entendido como a história completa do produto através de suas fases de vendas: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Segundo Kotler (1998), esse ciclo é utilizado para interpretar as dinâmicas do produto e do mercado. Figura 1- Formato clássico do gráfico ciclo de vida do produto. As quatro fases do ciclo de vida do produto são: Introdução: é a fase inicial da vida do produto ou o período em que o produto é lançado no mercado, esta fase tem como característica: caracterizada pelo baixo nível de vendas, altos custos , baixa concorrência e baixo volume de produção. Crescimento: Este estágio é marcado por uma rápida expansão nas vendas. Segundo Kotler (1998), nessa fase, novos concorrentes estão ingressando no mercado, além disso, são introduzidas novas características nos produtos, e expandidos os canais de distribuição. Nesse estágio surgem os concorrentes. Maturidade: período de baixo crescimento nas vendas. Os níveis de lucro tornam- se estáveis ou diminuem, em função dos gastos que a empresa tem para defender o produto da concorrência. Quando o produto atinge a saturação às características de competição se tornam mais acirradas. Essa fase pode passar rapidamente, como no caso de moda , ou persistir por gerações, sem que exista um declínio. Declínio: o produto passa a perder participação no mercado, ou seja, é quando as vendas e os lucros começam a cair. No declinio, as vendas podem ser reduzidas tanto de forma lenta quanto rápida. Muitas vezes, os consumidores se voltam para produtos ou serviços substitutos. Estes substitutos possuem características superiores, custos menores, maiores conveniências, ou trabalham com uma tecnologia superior. O conceito de obsolescência planejada, ou seja, os produtos já nascem com data prevista para serem retirados do mercado, no entanto o ciclo de vida dos produtos pode ser encurtado devido a diversos fatores, como: • Descarte antecipado e imprevisto. • Presença de produtos fora de uso em posse dos clientes. • Uso, por longo período, de produtos velhos e ineficientes, que já deveriam estar descartados. • Manutenções frequentes. • Devolução inesperada. 4- Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP) De acordo com Clark & Fujimoto (1991), o PDP “é o processo a partir do qual informações sobre o mercado são transformadas nas informações e bens necessários para a produção de um produto com fins comerciais". ATIVIDADE4 1- Quais são as fases do ciclo de vida dos produtos? Cite dois fatores que podem afetar o ciclo de vida do Produto. Modelos são representações simplificadas da realidade No início dos anos 90, já se podiam identificar empresas com efetiva capacidade para desenvolver produtos enquanto outras se defrontavam com a demora no lançamento, fraco desempenho, problemas de qualidade ou mesmo com a falta de mercado para o produto desenvolvido (CLARK e FUJIMOTO,1991). De acordo com esses autores, um processo eficiente de desenvolvimento de produtos é algo difícil de se realizar, e sem ele as empresas estão provavelmente fadadas ao fracasso. Assim, eles afirmam ainda que o que define o sucesso é o padrão de consistência presente em todo o sistema de desenvolvimento de produtos, incluindo a estrutura organizacional, as habilidades técnicas, os processos para solução de problemas, a cultura e a estratégia. Dentro de um mercado altamente competitivo como o que se apresenta hoje a nível mundial, o pronto desenvolvimento e lançamento de produtos que venham a atender as necessidades e os anseios dos consumidores tem se mostrado imprescindível ao crescimento e à própria sobrevivência das empresas, que lutam por formas de responder o mais rápido possível às tendências verificadas entre os compradores, usuários de seus produtos. São grandes os riscos de fracasso no lançamento de novos produtos, e existem inúmeros exemplos desse tipo, mas ainda assim as empresas são levadas a gastar milhões (de dólares) em pesquisa e desenvolvimento, pois diante destes riscos existe um ainda maior, o da perda dos mercados (e dos lucros). O estado-da-arte da engenharia de produto preconiza que para obter bons resultados, as empresas devem ter um Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) estruturado, formal e adaptado à realidade da empresa e de cada projeto específico de desenvolvimento. Este PDP deve ser estruturado em um modelo de referência que mapeie e integre as atividades, recursos, informações e melhores prática. Além disso, o PDP é visto como um processo de negócio, ou seja, o seu foco é resultar em produtos que tenham valor para os clientes da empresa. Existem diversos modelos para o desenvolvimento de produtos, propostos na literatura, compostas de diversas etapas ou Engenharia de Produto: Área de Engenharia de Produção que estuda o desenvolvimento de Produtos fases. Todos os modelos distinguem certas fases, estágios, componentes, ou atividades principais. Todos os modelos começam com alguma forma de geração de idéias ou procurando ideias para novos produtos, após a geração de ideias a maioria dos autores cita a redução das opções, tomando uma decisão e selecionando que projetos que devem ser desenvolvidos. Essa seleção deve basear-se tanto na estratégia organizacional quanto sobre a carteira existente de projetos para que assim possa se amenizar os riscos. O que se julga na seleção é se o desenvolvimento de um determinado produto vai ser potencialmente lucrativo o suficiente e se vai aumentar o valor do negócio o suficiente. Sabe-se que, 80% dos custos de um produto são comprometidos nas atividades iniciais do projeto, sendo que o projeto compromete 70% dos custos do produto final. Esses valores reforçam a importância de se adotar práticas adequadas para o desenvolvimento do produto 5 Modelos de referência de PDP Não é possível pensar em desenvolvimento de produto como um processo isolado, as atividades desenvolvidas dependem de diversos departamentos, de diversas pessoas com formações diferentes, com visões diferentes e de informações provenientes de diversas áreas da organização.Na literatura ele vem sendo abordado por diferentes áreas da administração e da engenharia. Alguns modelos referenciais são oferecidos por áreas que têm como objeto de estudo o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP). Desenvolvimento Integrado de produto=Engenharia simultânea: Abordagem que procura fazer com que as pessoas envolvidas no desenvolvimento considerem, desde o início, todos os elementos do ciclo de vida do produto, da concepção ao descarte, Modelo de referência proposto por Back (1983). De acordo com o modelo proposto por Back em 1983, o projeto de um produto depois de iniciado se desdobra em uma seqüência de atividades que seguem em ordem cronológica. O modelo proposto é constituído por fases estruturadas para a criação de projeto de produtos, sendo uma de pré-desenvolvimento (estudo de viabilidade), três de desenvolvimento (projetos preliminar e detalhado, revisão e testes e planejamento para produção, mercado e consumo) e uma de pós- desenvolvimento (planejamento da obsolescência). Neste modelo o desenvolvimento do produto compreende os aspectos de planejamento e projeto ao longo de todas as atividades do processo, desde a pesquisa de mercado até seu descarte. Além disso, o desenvolvimento integrado de produto considera todo o processo de transformação e geração de informações necessárias na identificaçãoda demanda, na produção e no uso do produto. Para o sucesso desse procedimento é necessário que haja trabalho em equipe multidisciplinar desde o planejamento, e que os requisitos e restrições do produto sejam considerados ou pensados simultaneamente. Modelo de Pugh (1991) O modelo de Pugh está centrado diretamente no produto, pois sem ele, os negócios não existiriam. Assim o Modelo inicia com a identificação da necessidade do mercado ou do cliente indo até a venda de um produto que compreenda a lacuna do mercado em relação a essa necessidade. O Método fornece uma maneira de medir a capacidade de cada conceito de atender as necessidades dos clientes. A essência deste método consiste na comparação entre concepções em forma de uma matriz, relacionando-as com as necessidades dos clientes e o valor do consumidor. Figura2 .Matriz de Pugh (Rozenfeld 2006) Processo de Stage-Gate de Cooper (1993) . O modelo seria uma proposta para conduzir o PDP ao sucesso através de avaliações em vários estágios de desenvolvimento, o número de estágios pode variar de quatro a seis. Após a execução das atividades de cada estágio há um portão (gate) que controla a qualidade do projeto. Os gates são sessões pontuais onde os resultados dos processos antes executados são avaliados e então ocorre a decisão dos responsáveis sobre seguir em frente ou não com o produto em questão. Na figura 3 está representado este processo resumidamente. Figura 3 - O processo Stage-Gate genérico Fonte: Adaptado de Cooper (1993) Como pode ser visto na Figura 3, o modelo compreende os seguintes estágios: 1- 1-investigação preliminar; 2-Construção do Plano de negócios; 3-desenvolvimento; teste e 4-validação e teste, e 5- produção e lançamento, separados pelos gates que dividem o processo de desenvolvimento em estágios discretos e identificáveis.. Em cada gate a continuidade do processo é decidida, geralmente, por um gerente. Essa decisão é baseada em informações disponíveis de acordo com o contexto histórico de cada época, por exemplo, o estado da economia, riscos de investimentos, entre outros fatores. É considerado um bom sistema de proteção a falhas e transtornos durante a fabricação de produtos, em virtude de sua estratégia de desenvolvimento de processos que incorporam variadas ferramentas em seu desenvolvimento, além de iniciativas para o desenvolvimento de novas mercadorias. Modelo Unificado de Referência (MUR). O modelo unificado proposto por Rozenfeld et al. (2006), divide o PDP em três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento. Nesse modelo, se subdividem em fases as macro-fases descritas, conforme ilustrado na figura 4. Figura 4- Macro-fases de desenvolvimento de Produtos. Fonte Rozenfeld 2006. Neste modelo de referência, a macro-fase de Pré-desenvolvimento aborda a fase de Planejamento Estratégico de Produtos (PEP), que, com base em análises preliminares de tecnologia e mercado, traduz o portfólio de produtos da empresa e o seu alinhamento com os objetivos estratégicos da organização. Esta macro-fase também envolve o planejamento de cada projeto de produto individual, que, de acordo com as abordagens de gerenciamento de projetos, aborda a definição do escopo, estimativas de tempo, custos, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições do projeto. Na macro-fase de Desenvolvimento são realizadas efetivamente as atividades de projeto, envolvendo as fases de Projeto Informacional (PI), Projeto Conceitual (PC), Projeto Detalhado (PD), Preparação da Produção (PP) e Lançamento do Produto (LP). É importante citar que, embora aqui elas tenham sido descritas seqüencialmente, muitas das fases citadas acontecem de maneira sobreposta, de acordo com a filosofia de engenharia simultânea. O objetivo do PI é estabelecer, a partir de um levantamento detalhado e minucioso de informações, as especificações-meta do produto, um conjunto de requisitos mensuráveis com valores-alvo e informações qualitativas adicionais que refletem como as necessidades dos clientes serão atendidas de uma forma ideal. Esta fase é marcada pela preocupação constante em registrar de forma eficaz “a voz do cliente”. Na fase de PC as especificações-meta são transformadas na concepção do produto, que traduz de forma mais concreta as funcionalidades e características do produto. A fase envolve a modelagem funcional do produto, a elaboração de suas alternativas de solução, arquitetura e alternativas de modelos de concepção, que ao final da fase deverão ser avaliadas até que se chegue à melhor concepção para o produto (que envolve também uma previsão de como este será produzido). Em seguida, a fase do PD engloba a concretização final do produto, onde são detalhadas as suas funcionalidades, características técnicas finais e o detalhamento das operações produtivas. As saídas típicas desta fase são as especificações detalhadas do produto – BOM (Bill of Material ou lista de material ou estrutura do produto), especificações dos Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSC), desenhos finais com tolerâncias, plano de processo detalhado – e um protótipo funcional. Na fase de PP são concretizados os recursos de produção previstos nas fases anteriores, envolvendo o refinamento do processo, a obtenção dos recursos e infraestrutura produtivos necessários, planejamento e produção de um primeiro lote e homologação do processo. O principal resultado desta fase é um lote piloto do produto, que deve atender às especificações técnicas detalhadas na fase anterior. A macro-fase de Desenvolvimento é finalizada com a fase LP, que viabiliza o produto comercialmente para os clientes. Esta etapa engloba o desenvolvimento dos processos de suporte à comercialização do produto (vendas, distribuição, atendimento ao cliente e assistência técnica) e as atividades de marketing e evento de lançamento propriamente dito. A saída principal desta fase é o produto no mercado, sendo utilizado pelos clientes aos quais se destina. A macro-fase de Pós-Desenvolvimento abrange as fases de Acompanhamento do Produto e Processo e Descontinuação do Produto no Mercado. A fase de Acompanhamento do Produto e Processo envolve basicamente a monitoração do desempenho do produto desenvolvido, que resulta em relatórios que possuem o objetivo de melhorar continuamente a qualidade com que os clientes da empresa estão sendo atendidos. Já a fase de Descontinuação do Produto no Mercado engloba a retirada do produto de circulação e o encerramento efetivo do seu ciclo de vida, acompanhado do fechamento formal do projeto e realimentação do processo. Durante todo o desenvolvimento, o modelo ainda prevê a realização de processos de apoio. O gerenciamento de mudanças de engenharia é realizado para registrar as lições aprendidas durante o desenvolvimento que possam impactar positivamente no produto e processo, em um ciclo de melhoria contínua. De forma análoga, o processo de melhorias do PDP engloba as atividades de aprimoramento são coordenadas de modo a viabilizar a evolução contínua do processo. Todavia, é importante ressaltar que o MUR não representa um modelo específico de PDP para ser aplicado diretamente à projetos de P&D dentro de uma empresa. O MUR é um modelo de referência genérico, ou seja, ele representa a idealidade do processo de inovação de produtos segundo as melhores práticas do campo de conhecimento, devendo ser adaptado para realidades específicas como, por exemplo, um setor da economia, uma empresa específica ou mesmo tipos diferentes de projeto dentro de uma mesma organização. Neste curso usaremos este como nosso modelo de referência abordando cada uma das Macro-fases previstas no modelo. Estas Macro-fases são desdobradas em fases e para cada uma delas analisaremos as principais ferramentas utilizadas assim como principaisresultados obtidos. ATIVIDADE 5 1-Quais as características principais dos Modelos Apresentados a) Qual a importância do modelo de Referência? 2- Acesse o site para conhecer melhor o Modelo que usaremos no curso http://www.pdp.org.br/ModeloLivroWeb/modelo/primeira.htm REFERENCIAS CHURCHILL, Gilbert A. Jr.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. CLARK, K.B.; FUJIMOTO, T. Product Development Performance: Strategy, Organization and Management in the World Auto Industry. Boston Mass.: Harvard Business School Press, 1991. COOPER, R. G. Winning at New Products: accelerating the process from idea to launch. 2 ed. Reading: Addison-Wesley Publishing, 1993, COOPER, R. G.; KLEINSCHMIDT, E. J. Winning businesses in product development: the critical success factors: a formal new product process isn't enough--you need a highquality process, a clear and visible strategy, enough people and money, and a respectable R&D budget. How does your program rate on these 10 metrics? Research-Technology Management, v. 50, n. 3, p 52-66, 2007. GRIFFIN, A. PDMA Research on New Product Development Practices: Updating Trends and Benchmarking Best Practices. Journal of product Innovation Management, New York, v. 14, p.429-458, 1997. KOTLER, Philip. Marketing de A a Z. Rio de Janeiro: Campus,1992. PUGH, S. (1991). Total design: integrated methods for successful product engineering. Addison Wesley.. ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
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