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Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 1 Trio Help Med – Virgínia Pereira AO COMPLETAR 6 MESES: o Leite materno por livre demanda; o Papa de fruta; o Papa salgada- Para garantir o aporte de nutrientes, a papa salgada deve conter um alimento de cada grupo desde a primeira oferta, principalmente carne, para prevenir a anemia. O profissional deve levar em consideração a diversidade cultural das famílias atendidas. Deve respeitar e promover a identidade alimentar e cultural das diferentes regiões brasileiras pelo resgate e pela valorização dos alimentos regionais, como frutas, verduras e legumes produzidos nas respectivas regiões; o A partir dos 8 meses de idade do bebê, alguns alimentos da família já podem ser oferecidos à criança (arroz, feijão, carne cozida, legumes) se estiverem amassados ou desfiados e desde que não tenham sido preparados com excesso de temperos (condimentos). AO COMPLETAR 12 MESES: o Leite materno por livre demanda; o Fruta; o Refeição básica da família; o Fruta ou pão simples ou tubérculo ou cereal. o A introdução deve ser lenta e gradual, respeitando-se a aceitação da criança. Para garantir o aporte de nutrientes, a papa salgada deve conter um alimento de cada grupo desde a primeira oferta, principalmente carne, para prevenir a anemia. O profissional deve levar em consideração a diversidade cultural das famílias atendidas. Deve respeitar e promover a identidade alimentar e cultural das diferentes regiões brasileiras pelo resgate e pela valorização dos alimentos regionais, como frutas, verduras e legumes produzidos nas respectivas regiões. o Cereais e tubérculos: arroz, mandioca/aipim/macaxeira, macarrão, batata, cará, inhame. o Hortaliças e frutas: folhas verdes, laranja, abóbora, banana, beterraba, abacate, quiabo, mamão, cenoura, melancia, tomate, manga. o Carnes e ovos: frango, codorna, peixes, pato, boi, vísceras, miúdos e ovos. o Grãos: feijões, lentilha, ervilha, soja e grão de bico. o ○ Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. o Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar. o A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na (o) a complementar seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora. o Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada. o A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. o Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável. o A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. o Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional. o Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. Alimentação até 1 ano e Distúrbios Alimentares Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 2 Trio Help Med – Virgínia Pereira o Conversar sobre a estimulação dos sentidos, enfocando que a alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e sua família. o Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois, aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e típicos da estação. o Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre alimentação saudável. o Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e conservação adequados. o Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. o Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança doente ao serviço de saúde. DEZ PASSOS: PASSO 1: o “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento”. o Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar. PASSO 2: o “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais”. o Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora. PASSO 3: o “Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada”. o Dica ao profissional e à equipe: Sugerir receitas de papas, tentando dar a ideia de proporcionalidade, de forma prática e com linguagem simples. PASSO 4: o “A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança”. o Dica ao profissional e à equipe: Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável. PASSO 5: o “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família”. o Dica ao profissional e à equipe: Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional. PASSO 6: o “Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida”. o Dica ao profissional e à equipe: Conversar sobre a estimulação dos sentidos, enfocando que a alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e sua família. PASSO 7: o “Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições”. o Dica ao profissional e à equipe: Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois, aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e típicos da estação. PASSO 8: Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 3 Trio Help Med – Virgínia Pereira o “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”. o Dica ao profissional e à equipe: Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre alimentação saudável. PASSO 9: o “Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e conservaçãoadequados”. o Dica ao profissional e à equipe: Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças sobre cuidados de higiene geral, alimentar e bucal. PASSO 10: o “Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação”. o Dica ao profissional e à equipe: Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança. INTERFERÊNCIA DOS DISTURBIOS ALIMENTARES NO CRESCIMENTO DA CRIANÇA: o A infância é um dos estágios de vida biologicamente mais vulneráveis, sendo a nutrição adequada fundamental para garantir crescimento e desenvolvimento normais e a manutenção de sua saúde; o ○ A inadequação de nutrientes interfere no processo de desenvolvimento e crescimento da criança e é fator determinante no aparecimento de carências nutricionais, que ainda acometem 40% da população humana; o O comportamento alimentar da criança é determinado principalmente pela interação da criança com os pais ou com a pessoa responsável pela sua alimentação, pois eles desenvolvem o papel dos primeiros educadores nutricionais. Além disso, o comportamento alimentar também é influenciado pela interação da criança com o alimento, pelo seu desenvolvimento anátomo-fisiológico e por fatores emocionais psicológicos, socioeconômicos e culturais; o Os fatores culturais e psicossociais influenciam as experiências alimentares da criança desde o momento do nascimento, por meio do processo de aprendizagem; o O contexto social exerce papel preponderante, sobretudo nas estratégias que os pais utilizam para alimentar a criança ou para estimulá-la a comer alimentos específicos; o Um ambiente positivo e favorável tem a função de facilitador do desenvolvimento normal da criança e tem como fator determinante a relação com a mãe durante os primeiros meses de vida, principalmente durante a amamentação, pois o leite materno, além de atender de forma completa todas as necessidades fisiológicas do metabolismo dos bebês, favorece o contato físico entre mãe e filho e a transferência de carinho e afeto; o A nutrição e as práticas alimentares são, além de atos biológicos, práticas sociais, não podendo ser abordadas por uma única perspectiva disciplinar. Ainda, segundo os mesmos autores, as práticas alimentares são oriundas de conhecimentos, vivências e experiências, construídas a partir das condições socioculturais e do saber científico de cada época; o Entre esses diversos fatores que influenciam nas práticas alimentares, destaca-se o vínculo e relação com a mãe, visto que esta constitui o elemento fundamental nos cuidados com a criança; o A primeira infância é o período compreendido desde a concepção até o sexto ano de vida, e nessa época as perturbações alimentares são situações clínicas muito frequentes que, em geral, provocam nos pais grande preocupação que repercute quase sempre na relação com a criança; o Vão desde flutuações do apetite, transitórias e relacionadas a acontecimentos tênues, como alterações no cotidiano ou no ambiente, entrada na creche, nascimento de irmãos, até situações de recusa alimentar graves que põem em risco a própria vida da criança. Estes comportamentos podem ser acompanhados ou não do aparecimento de comportamentos anômalos e bizarros; o A alimentação é um dos cuidados essenciais que se tem com o bebê, e as experiências alimentares iniciais serão organizadoras e estruturantes da personalidade deste sujeito em formação. Com isso, a alimentação torna-se uma questão de relação da mãe com o filho, em que se põe em prática a relação de amor entre dois seres humanos. Sendo assim, a alimentação pode ser considerada como a principal via de troca e Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 4 Trio Help Med – Virgínia Pereira comunicação entre a criança e seus cuidadores, e as dificuldades existentes na relação mãe-bebê facilmente desenvolvem sintomas ligados à esfera alimentar. Ou seja: quando as operações materna e paterna funcionarem de maneira estruturante para o bebê, o esperado será que as trocas alimentares e todos os demais processos de troca se deem de uma forma que não gerem fixações patológicas; o A ansiedade e a frustração dos pais e, sobretudo da mãe, causada pela recusa alimentar da criança, e a associação que estabelecem entre a recusa alimentar dos filhos e os seus sentimentos de insuficiência maternal, provocam uma baixa da autoestima e levam a que tenham atitudes que agravam as dificuldades da criança; o É através da família que as transmissões das regras e hábitos culturais encontram espaço para coabitarem com vínculos afetivos construídos pela interação entre seus membros e suas histórias. A alimentação torna- se a via pela qual essas regras e vínculos podem ser transmitidos pelas gerações; o Transtornos da alimentação, ou feeding disorder, geralmente é usado para dar destaque à natureza dual ou diádica dos problemas alimentares em bebês ou crianças pequenas. Neste caso, há uma perturbação no ato de dar de comer, enquanto os transtornos alimentares, ou eating disorders, se referem a perturbações no ato de comer; o Os transtornos alimentares e os transtornos da alimentação são caracterizados por uma perturbação persistente de comer, ou estão relacionados ao comportamento de comer, que resulta na alteração do consumo ou da absorção de alimentos, e que prejudica seriamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial; o Os critérios diagnósticos para o transtorno de ruminação, transtorno de ingestão de alimentos esquiva / restritiva, anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno como resultado da compulsão alimentar periódica estão organizados em um esquema de classificação que é mutuamente exclusiva, de modo que durante um único episódio, apenas um desses diagnósticos pode ser atribuído. Apesar de uma série de características psicológicas e comportamentais comuns, os distúrbios diferem substancialmente em necessidades, curso, evolução e tratamento clínico. O diagnóstico de pica, no entanto, poderá ser aplicado, na presença de qualquer outra alimentação e distúrbios alimentares; o Considera como transtorno do comportamento alimentar a criança que tem dificuldade em estabelecer padrões regulares de alimentação, quando essa não consegue regular sua alimentação de acordo com sensações fisiológicas de fome ou de plenitude; o Há seis subcategorias de transtornos que são: 1) Estado regulatório; 2) Reciprocidade entre cuidador e bebê; 3) Anorexia infantil; 4) Aversão sensória a comida; 5) Transtorno da alimentação associado com uma condição médica atual 6) Transtorno da alimentação associada com trato gastrintestinal; o Chatoor (2002) desenvolveu uma classificação diagnóstica que é a seguinte: a) Transtorno da alimentação do estado regulatório (ocorre durante o período de recém-nascido); b) Transtorno da alimentação de reciprocidade (ocorre entre dois e seis meses de idade); c) Anorexia infantil (ocorre durante a transição de alimentação dada por outra pessoa à criança se alimentando sozinha); d) Aversão sensorial alimentar (ocorre durante a introdução da alimentação de bebê ou alimentação da família); e) Transtorno da alimentação associado com condições médicas atuais; f) Transtorno alimentar pós-trauma; o As duas últimas classificações podem ocorrer em qualquer idade; o As dificuldades alimentares e de sono são comuns em pediatria e essas podem fazer parte das fases do desenvolvimento normal da criança rumo à sua independência; o Condições médicas como doenças gastrointestinais, alergias e intolerâncias alimentares e neoplasias ocultas, comorbidades subjacentes podem interferir na alimentação e no comer; o Somente aos quatro anos é que a criança talvez esteja prontapara comer de tudo. Até chegar nessa etapa, a dieta e ingestão dos alimentos sofrerá variações; o O sistema digestório em crianças menores de 6 meses não é capaz de fazer a digestão de alimentos complexos, apenas de alimentos líquidos por isso a Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 5 Trio Help Med – Virgínia Pereira introdução alimentar deve ser gradual. A partir de 6 meses após a introdução alimentar o sistema digestório já está mais madura e preparado para receber os alimentos. o O Sistema imunológico do Recém-nascido (RN) desenvolve-se de forma extraordinária durante o 1º semestre de vida. Dependendo totalmente da imunidade materna durante a vida fetal o RN torna-se imuno competente através das interações do aleitamento materno e da instalação da microbiota com o Sistema imune associado ao tecido Linfóide (Gut Associated Limphoyd Tissue- GALT) o que permitirá o combate a microrganismos patológicos e a tolerância a antígenos alimentares modulando as reações de hipersensibilidade. o A janela crítica de desenvolvimento imunológico compreende o período entre o final de gestação e o desmame, na qual anticorpos naturais e passivos fornecem proteção para o recém-nascido e quando a microbiota intestinal impulsiona o desenvolvimento da imunidade adaptativa, incluindo a tolerância oral. A linha pontilhada indica o período em que os anticorpos naturais são considerados importantes. No momento da introdução da alimentação complementar (weaning) em torno dos 6 meses de vida os eventos durante este período condicionam um estado de homeostase imune intestinal adequado à proteção da criança no momento do desmame. o Portanto, podemos afirmar que durante o 1º semestre de vida há uma maturação do sistema imune intestinal desde diminuição da sua permeabilidade às bactérias e demais antígenos. A proteção imunológica está relacionada ao desenvolvimento e modulação do GALT que depende da alimentação (leite materno) e do estabelecimento de uma microbiota saudável. Estudos demonstram que no período de introdução da alimentação complementar (após o 6º mês de vida) infecções por E. sakazakii (Cronobacter spp.) são extremamente raras. o O sistema imunológico intestinal conhecido por sua sigla em inglês GALT (Gut Associated Linphoyd Tissue- tecido linfoide associado ao intestino) tem importantes funções imunomoduladoras. A imunologia da mucosa gastrointestinal do sistema imunológico humano inclui a imunidade inata, que tem uma resposta padronizada para todos os agentes nocivos, e a imunidade adaptativa, que reconhecem especificamente cada microrganismo e ter uma resposta específica e memória. Com relação a recém- nascidos, temos também de mencionar a imunidade passivamente adquirida pelo transporte transplacentário da imunoglobulina G no útero e do anticorpo de IgA secretora leite humano após o nascimento. Desde a mucosa intestinal constantemente exposta à estimulação antigênica, a função protetora do intestino requer diferentes fatores para estimular a resposta imune inata e adaptativa ou, em uma rede complexa e bem regulada, dos mecanismos de indução de tolerância que residem no GALT o mais extenso sistema linfóide do corpo humano. o Durante e após o nascimento o recém-nascido (RN), coloniza-se com bactérias aeróbias e anaeróbias provenientes do canal de parto, da pele da mãe e do meio ambiente. O leite materno (LM) não é estéril e contém diversos tipos de bactérias como Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Enterococcus sp e diversas espécies de lactobacilos e bifidobactérias. o Nas primeiras semanas de vida, a microbiota modifica-se conforme a alimentação (fórmula ou LM) e quando ocorre a introdução da alimentação complementar. Crianças amamentadas ao seio têm quantidades maiores de lactobacilos e bifidobactérias nas fezes. o Assim, com o passar do tempo e o equilíbrio da microbiota, o lactente vai adquirindo melhor performance imunológica gastrintestinal. o Os maiores de 6 meses são mais maduros e desenvolvidos com maiores defesas também. Os menores de seis meses recebem alimentação exclusivamente láctea, e os alimentos sólidos somente serão introduzidos após o sexto mês devido a imaturidade existentes no TGI de menores de 6 meses. o Os processos digestório e absortivo são de fundamental importância para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde. O trato gastrintestinal (TGI) começa a ser formado em torno da 10ª semana de gestação e sua maturação ocorre pela infância. Durante o período crítico de desenvolvimento, o TGI sofre influências ambientais capazes de modificar sua trajetória normal de crescimento e maturação, com reflexos em curto e longo prazo. Dessa maneira, variações na dieta materna ou na alimentação complementar podem Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 6 Trio Help Med – Virgínia Pereira influenciar a ontogenia do intestino. Até a metade do período gestacional, o feto recebe nutrientes da mãe através da placenta e, após esse período, recebe os nutrientes por ingestão de líquido amniótico. o A partir da sexta semana de gestação, o estômago primitivo já pode ser identificado, mas as pregas epiteliais são identificadas somente a partir da 14ª semana, quando ocorre o início da maturação da estrutura glandular. Os primeiros sinais de secreção ácida aparecem com 16 semanas de gestação, entretanto as células parietais surgem apenas 11 semanas após o nascimento. Portanto, neonatos não apresentam capacidade de produzir ácido gástrico e fator intrínseco de maneira eficiente. o A atividade luminal da enteroquinase, enzima que promove a ativação do tripsonogênio em tripsina para a ativação de diversas proteases, é detectável por volta de 24 semanas de gestação. Entretanto, o nível de atividade da enteroquinase é baixo, atingindo 25% ao nascimento. Essa baixa atividade de enteroquinase pode ser uma etapa limitante do processo de digestão de proteínas, e talvez torne o feto/neonato, mais suscetível a infecções intestinais. Isso ocorre porque essa imaturidade enzimática do intestino delgado neonatal faz com que exista uma fração de proteínas que serão utilizadas como substrato para a microbiota colônica. Esse processo aumenta a concentração fecal de metabólitos bacterianos provenientes da putrefação, os quais parecem ter efeitos deletérios para o epitélio intestinal. o A captação de macromoléculas, incluindo imunoglobulinas, fatores de crescimento (IGF e EGF), hormônios (insulina, cortisol, tiroxina) e antígenos, ocorre através da membrana de borda em escova, que permanece até o nascimento, e então diminui dias após o nascimento. Essa alta permeabilidade que ocorre nos primeiros dias de vida é extremamente importante para garantir a absorção de anticorpos através do colostro, auxiliando na imunidade do neonato. No período do nascimento, o trato gastrintestinal deve ser capaz de lidar com a mudança da nutrição parenteral (via placenta), para a nutrição enteral (proveniente do colostro e do leite). Na preparação para esse evento, o trato gastrintestinal cresce e amadurece rapidamente em apenas semanas antes do nascimento. O epitélio intestinal é renovado por meio de uma série de transições programadas de desenvolvimento no formato e na função. o O leite materno contém nutrientes funcionais e protetores que auxiliam a criar o ambiente para o desenvolvimento e maturação do intestino. Fatores ambientais são capazes de modificar a composição de componentes do leite materno, como o estado nutricional e dieta materna. A exposição precoce a uma dieta desequilibrada, proveniente da alimentação materna, pode refletir em alterações na absorção dos nutrientes. A dieta materna, portanto, é fundamental para a ontogenia do intestino, pois a maior parte das alteraçõesno transporte e absorção de nutrientes é irreversível. Além disso, a responsividade aos desafios dietéticos do intestino depende de experiências prévias nos estágios iniciais da vida, enfatizando, mais uma vez, a importância da exposição nutricional precoce no desenvolvimento e adaptabilidade tardia do transporte intestinal de nutrientes. o Dessa maneira conclui-se que a maior diferença está em crianças menores de seis meses, com poucos dias de vida (neonatos), pois nesse período ocorrem as principais adaptações do sistema digestório. Após esse período, as diferenças no sistema digestório de crianças maiores de 6 meses e menores que seis meses não são significativas. o Os sistemas digestório e imunológico dos lactentes maiores de 6 meses é mais resistente a infecções por E.sakazakii, pois: o O sistema imunológico do recém nascido (RN) desenvolve-se de forma extraordinária durante o 1º semestre de vida. Dependendo totalmente da imunidade materna durante a vida fetal o RN torna-se imuno competente através das interações do aleitamento materno e da instalação da microbiota com o sistema imune associado ao tecido linfóide (Gut Associeted Limphoyd Tissue - GALT) o que permitirá o combate a microrganismos patológicos e a tolerância a antígenos alimentares modulando as reações de hipersensibilidade. o A janela crítica de desenvolvimento imunológico compreende o período entre o final de gestação e o desmame, na qual anticorpos naturais e passivos fornecem proteção para o recém nascido e quando a microbiota intestinal impulsiona o desenvolvimento da imunidade adaptativa, incluindo a tolerância oral. No momento da introdução da alimentação complementar (weaning) em torno dos 6 meses de vida os eventos durante este período condicionam um Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 7 Trio Help Med – Virgínia Pereira estado de homeostase imune intestinal adequado à proteção da criança no momento do desmame; o Portanto, podemos afirmar que durante o 1º semestre de vida há uma maturação do sistema imune intestinal desde diminuição da sua permeabilidade às bactérias e demais antígenos. A proteção imunológica está relacionada ao desenvolvimento e modulação do GALT que depende da alimentação (leite materno) e do estabelecimento de uma microbiota saudável. Estudos demonstram que no período de introdução da alimentação complementar (após o 6º mês de vida) infecções por E.sakazakii são extremamentes raras.
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