Desenvolvimento Infantil até 1 ano

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Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
1 Trio Help Med – Virgínia Pereira 
 
 
○ Os avanços dos exames de imagem nos permitem 
entender as correlações fisiológicas e anatômicas do 
crescimento físico, maturação, aquisição de 
competências e reorganização psicológica que 
caracterizam a infância e mudam radicalmente o 
comportamento e o relacionamento social do 
lactente; 
○ Algumas atividades que antes eram consideradas 
“primitivas” ou “reflexas” resultam de sistemas 
complexos; 
○ O ato de engolir, mais que um simples reflexo, é um 
processo altamente coordenado que envolve vários 
níveis de controle neural, distribuídos entre vários 
sistemas fisiológicos, cuja natureza e inter-relações 
amadurecem no primeiro ano de vida; 
○ Parte substancial do aprendizado sobre ferramentas 
básicas de linguagem (fonação, segmentação de 
palavras) ocorre durante a infância; 
○ Os estudos com imagens revelam que o cérebro do 
lactente possui uma organização estrutural e 
funcional semelhante à dos adultos, o que nos leva a 
crer que o processamento neurológico estrutural da 
fala pode direcionar os lactentes para a descoberta 
das propriedades de sua língua nativa; 
○ A mielinização do córtex começa aos 8 meses de 
gestação e encontra-se quase completa aos 2 anos de 
vida, sendo que grande parte desse processo ocorre 
durante a infância. Considerando a importância do 
ferro e outros nutrientes na mielinização, ter estoques 
adequados durante a infância é fundamental; 
○ Ingestão alimentar inadequada, interações 
insuficientes com os cuidadores ou ambos podem 
alterar os processos dependentes de experiências, 
que são críticos para o desenvolvimento da estrutura 
cerebral e seu funcionamento durante a infância. 
Embora alguns desses processos possam ser 
atrasados, como os períodos 
de plasticidade se encerram durante as rápidas 
alterações de desenvolvimento na infância, os déficits 
ocasionados podem ser mais permanentes; 
○ O lactente adquire novas competências em todos os 
domínios do desenvolvimento; 
○ O conceito de linhas de desenvolvimento esclarece 
como as habilidades mais complexas se constroem a 
partir das mais simples; também é importante 
verificar como o desenvolvimento de cada domínio 
afeta o funcionamento de todos os outros; 
○ O que se espera em termos de peso e comprimento 
de um lactente saudável ao completar 1 ano de vida? 
○ Espera-se que o lactente cresça cerca de 25 cm no 
primeiro ano de vida e que tenha o triplo do seu peso 
de nascimento ao completar 1 ano. 
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO: 
ANTROPOMETRIA 
○ Deve-se iniciá-la com anamnese e exame físico 
completo e detalhado, principalmente das condições 
de gestação, parto e nascimento da criança, como 
complicações neonatais, histórico alimentar etc. 
Podem-se utilizar outros métodos, como radiológicos 
e bioquímicos, mas o mais comum é o 
antropométrico. 
○ Até 2006, eram utilizadas 2 curvas de percentis para 
avaliar crescimento linear e peso: a de Marcondes e a 
do National Centerfor Health Statistics (NCHS, divisão 
do Centers for Disease Control and Prevention – CDC), 
esta recomendada pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) e adotada pelo Ministério da Saúde. As 
curvas do NCHS/CDC apresentavam 7 percentis: 5, 10, 
25, 50, 75, 90 e 95. Em 2006, foram lançadas pela 
OMS as novas curvas para avaliação do crescimento 
da criança de 0 a 5 anos. A recomendação para a 
elaboração de novas curvas foi aprovada pela 
Assembleia Mundial de Saúde da OMS, em 1994. 
Assim, o Programa de Nutrição da OMS coordenou 
um estudo mundial que se iniciou em 1996, com a 
participação de países representativos das 6 principais 
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regiões geográficas do mundo, que foram o Brasil 
(Pelotas) – representando a América Latina –, Gana 
(Acra), Índia (Nova Déli), Noruega (Oslo), Omã 
(Mascate) e Estados Unidos (Davis). 
○ A proposta dos autores foi construir uma curva-
padrão, isto é, definiu-se que as crianças participantes 
da construção da curva tivessem as condições ideais 
para seu crescimento e desenvolvimento, como pré-
natal adequado, aleitamento materno exclusivo até o 
sexto mês e imunização. 
○ Esses gráficos apresentam 5 percentis: 3, 15, 50, 85 
e 97. As novas curvas de crescimento constituem 
importante instrumento técnico para medir, 
monitorizar e avaliar o crescimento de todas as 
crianças de 0 a 5 anos, independentemente da origem 
étnica, da situação socioeconômica ou do tipo de 
alimentação – são as curvas adotadas atualmente no 
Brasil, endossadas pelo Ministério da Saúde e pela 
Sociedade Brasileira de Pediatria. Ressalte-se que, 
para a avaliação global do crescimento, devem ser 
considerados os demais dados da anamnese, exame 
físico e exames subsidiários, quando necessários. 
○ As principais medidas utilizadas na antropometria 
são peso, estatura (altura e comprimento) e 
Perímetro Cefálico (PC), medidoaté 36 meses. 
○ Nas crianças até os 2 anos ou com até 15 kg, deve-
se pesar, na posição de decúbito dorsal, em balança 
de recém-nascido (Figura 15.1); já as maiores de 2 
anos devem ser pesadas na balança vertical (Figura 
15.2), na posição ortostática 
○ Assim, podem-se obter os principais índices 
antropométricos utilizados na avaliação do 
crescimento e principais alterações: 
1. Peso/Idade (P/I): avalia a situação global da criança; 
2. Estatura/Idade (E/I): está afetado nos processos 
crônicos; 
3. Peso/altura: está comprometido nos casos agudos; 
4. PC/idade: reflete crescimento neural, 
principalmente nos 6 primeiros meses; 
5. Velocidade de crescimento: retardo do 
crescimento. 
Os 3 primeiros índices podem ser úteis quando não se 
dispõe de outros dados de seguimento pondero 
estatural. Entretanto, deve-se ter o cuidado de avaliar 
o crescimento sempre em 2 ou mais consultas, pois 
somente com 1 consulta são obtidos os dados 
daquele momento da criança, ficando sem as demais 
informações da evolução pondero estatural. Por 
exemplo, não se pode inferir, apenas com 1 consulta, 
que uma criança com estatura abaixo do percentil 3, 
obrigatoriamente, esteja com problema no 
crescimento; outras medidas são necessárias para 
verificar a tendência na curva. 
0-2 MESES DE IDADE 
○ A mielinização começa antes do nascimento, por 
volta da 30ª semana gestacional. No recém-nascido a 
termo, está presente já no momento do nascimento, 
no tronco cerebral dorsal, pedúnculos cerebelares e 
membro posterior da cápsula interna; 
○ A substância branca do cerebelo adquire mielina no 
primeiro mês de idade e encontra-se bem mielinizada 
aos 3 meses; 
o A substância branca subcortical do córtex parietal, 
frontal posterior, temporal e calcarino encontra-se 
parcialmente mielinizada aos 3 meses. Nesse período, 
lactente vivencia um crescimento extraordinário; 
○ As alterações fisiológicas permitem o 
estabelecimento de rotinas alimentares eficazes e um 
ciclo sono-vigília previsível; 
○ As interações sociais que ocorrem à medida que os 
pais e os filhos desempenham essas tarefas, formam 
os alicerces do desenvolvimento cognitivo e 
emocional. 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
○ Durante a primeira semana, o peso do recém-
nascido pode diminuir em até 10% do peso de 
nascimento como resultado da eliminação do excesso 
de líquido extravascular e da ingestão nutricional 
limitada; 
○ A nutrição melhora à medida que o colostro é 
substituído pelo leite maduro, rico em gorduras, à 
medida que o lactente aprende a abocanhar e sugar 
 
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mais eficientemente o mamilo, e as mães ficam mais 
confortáveis com as técnicas de amamentação; 
○ Os lactentes recuperam ou excedem o peso de 
nascimento com 2 semanas de idade e devem 
aumentar aproximadamente 30 g por diadurante o 
primeiro mês. Esse é o período de crescimento mais 
rápido após o nascimento; 
○ Os movimentos dos membros consistem, em grande 
parte, em contrações descontroladas e um abrir e 
fechar de mãos aparentemente sem propósito; 
○ O sorriso manifesta-se involuntariamente. Por outro 
lado, a fixação do olhar, o voltar da cabeça e a sucção 
estão sob melhor controle e por isso podem ser 
usados para avaliar a cognição e a percepção do 
lactente; 
○ O fato de o lactente voltar a cabeça 
preferencialmente na direção da voz de sua mãe é 
uma evidência da memória de reconhecimento; 
○ São descritos seis estados de comportamento. 
○ Inicialmente, o sono e a vigília são distribuídos 
igualmente pelas 24 horas; 
○ A maturação neurológica responde pela 
consolidação dos períodos de sono em blocos de 5-6 
horas à noite, com breves períodos de despertar para 
amamentação; 
○ O aprendizado também ocorre; lactentes com pais 
que interagem e estimulam mais o bebê durante o dia 
aprendem a concentrar seu sono durante a noite. 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: 
○ Os lactentes conseguem diferenciar padrões, cores 
e consoantes; 
○ Eles podem reconhecer expressões faciais (sorrisos) 
como semelhantes, mesmo quando surgem em rostos 
diferentes. Podem também distinguir propriedades 
abstratas de estímulos, como contorno, intensidade 
ou padrões temporais, entre as modalidades 
sensoriais; 
○ Aos 2 meses de idade, os lactentes conseguem 
distinguir os padrões rítmicos da linguagem nativa, ao 
contrário de outras linguagens. Eles parecem buscar 
ativamente por estímulos, como se estivessem 
satisfazendo uma necessidade íntima de compreender 
o mundo. Esses fenômenos apontam para uma 
integração dos estímulos sensoriais no sistema 
nervoso central; 
○ Os cuidados com o bebê proporcionam estímulos 
visuais, auditivos, táteis e olfativos; todos eles dão 
suporte ao desenvolvimento da cognição; 
○ Os lactentes habituam-se ao que é familiar, 
respondem cada vez menos a estímulos repetidos e 
aumentam sua atenção quando o estímulo muda. 
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL: 
○ O lactente depende do ambiente para satisfazer 
suas necessidades; 
○ A disponibilidade constante de um adulto confiável 
para satisfazer as necessidades urgentes do lactente 
cria condições para vinculações seguras; 
○ A contraposição básica, confiança versus 
desconfiança, o primeiro dos estágios psicossociais de 
Erikson, depende do vínculo e da ligação recíproca 
com a mãe; 
○ O choro ocorre em resposta a estímulos que podem 
ser óbvios (fralda suja), mas que frequentemente são 
obscuros; 
○ Os lactentes consistentemente levados ao colo e 
confortados, todas as vezes que manifestam 
desconforto, choram menos quando completam 1 ano 
e apresentam comportamento menos agressivo aos 2 
anos; 
○ Estudos sobre contrastes culturais mostram que nas 
sociedades em que os lactentes são carregados 
colados à mãe, os bebês choram menos que nas 
sociedades nas quais os bebês são carregados apenas 
periodicamente. O período de choro costuma atingir 
um pico de duração na sexta semana, quando os 
lactentes sadios choram até 3 horas por dia, a seguir 
diminui para 1 hora ou menos, por volta dos 3 meses 
de vida; 
○ O significado emocional de qualquer experiência 
depende do temperamento individual da criança, bem 
como das respostas dos pais; horários de alimentação 
 
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diferentes produzem reações diferentes; 
○ A fome gera uma tensão crescente; conforme a 
urgência atinge o pico, a criança chora, a mãe oferece 
o seio ou um dos pais oferece a mamadeira, e a 
tensão se dissipa; 
○ O lactente que é alimentado “sob demanda” 
experimenta consistentemente essa ligação entre seu 
desconforto, a chegada da mãe ou do pai e o alívio da 
fome; 
○ A maioria dos lactentes alimentados em horários 
fixos adapta rapidamente seu ciclo de fome a esse 
horário. Aqueles que não se adaptam porque seu 
temperamento favorece um ritmo biológico irregular 
experimentam períodos de fome não aliviada, assim 
como recebem alimentação não desejada quando já 
estão satisfeitos. De modo semelhante, os lactentes 
alimentados de acordo com a conveniência de seus 
pais, sem que haja atenção às manifestações de fome 
nem horários fixos, podem não relacionar 
consistentemente a alimentação com a redução 
prazerosa de sua tensão. Esses lactentes apresentam, 
muitas vezes, maior irritabilidade e instabilidade 
fisiológica (salivação, diarreia, ganho de peso 
deficiente), bem como problemas comportamentais 
no futuro. 
2-6 MESES DE IDADE: 
○ Com cerca de 2 meses, a emergência do sorriso 
voluntário (social) e o contato pelo olhar cada vez 
maior marcam uma mudança no relacionamento pais-
filho, aumentando nos pais a sensação de também 
serem amados. Durante os meses seguintes, a 
capacidade de controle motor e social e as aquisições 
cognitivas aumentam drasticamente. A regulação 
mútua toma a forma de intercâmbios sociais 
complexos, resultando em forte ligação e prazer 
mútuos. Os pais ficam menos fatigados. 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO: 
○ Entre 3 e 4 meses de idade, o ganho de peso diminui 
para aproximadamente 20 g/dia; 
○ Em torno do quarto mês, o peso de nascimento é 
duplicado; 
○ Os reflexos arcaicos, que limitavam os movimentos 
voluntários, regridem; 
○ O desaparecimento do reflexo tônico cervical 
assimétrico significa que o lactente pode começar a 
examinar os objetos na linhamédia e manipulá-los 
com ambas as mãos; 
○ O desaparecimento do reflexo primitivo de 
preensão permite ao lactente não só segurar os 
objetos como também soltá-los voluntariamente. Um 
objeto novo pode despertar o propósito, embora 
ineficiente, de alcançá-lo; 
○ A qualidade dos movimentos espontâneos também 
muda, passando de mais amplos e desordenados para 
menores e circulares, descritos como “nervosos”; 
○ A ausência de movimentos nervosos ou a presença 
de contrações anormais pode constituir fator de risco 
para anormalidades neurológicas no futuro; 
○ O aumento do controle da flexão do tronco torna 
possível rolar o corpo intencionalmente; 
○ A partir do momento em que o lactente consegue 
manter a cabeça ereta enquanto está sentado, ele 
pode manter o olhar firme sobre as coisas, em vez de 
meramente passar os olhos sobre elas e começar a 
pegar sua comida com uma colher. Ao mesmo tempo, 
o amadurecimento do sistema visual permite maior 
percepção de profundidade; 
○ Nesse período, os lactentes adquirem um estado de 
regulação estávele ciclos sono-vigília regulares; 
○ As necessidades totais de sono são de 14-16 h/dia 
com cerca de 9-10 horas concentradas durante a noite 
e 2 horas de soneca durante o dia. Cerca de 70% dos 
lactentes dormem 6-8 horas de uma vez com a idade 
de 6 meses; 
○ Aos 4-6 meses, o eletroencefalograma do sono 
mostra um padrão maduro, com o estágio de 
movimentos rápidos dos olhos (REM) e quatro 
estágios de sono não REM bem demarcados; 
○ Os ciclos de sono permanecem mais curtos que nos 
adultos (50-60 minutos versus aproximadamente 90 
minutos). Como resultado, os lactentes migram para 
um sono mais leve ou acordam frequentemente 
 
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durante a noite, estabelecendo uma situação propícia 
aos distúrbios comportamentais do sono. 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: 
○ O efeito geral do desenvolvimento cognitivo é uma 
mudança qualitativa; 
○ Aos 4 meses de idade, os lactentes são descritos 
socialmente como “saindo da casca do ovo”, iniciando 
o interesse por um mundo maior; 
○ Durante as refeições, deixam de se concentrar 
exclusivamente na mãe, mas se tornam distraídos. 
Quando está nos braços da mãe,o lactente 
literalmente inspeciona tudo em volta, preferindo 
olhar para fora; 
○ Os lactentes dessa idade também exploram seu 
próprio corpo, admirandointencionalmente suas 
mãos, vocalizando, soprando bolhas de saliva e 
tocando suas orelhas, bochechas e genitais. Essas 
explorações representam o estágio inicial do 
aprendizado de causa e efeito, à medida que os 
lactentes aprendem que movimentos musculares 
voluntários geram sensações táteis e visuais 
previsíveis. Elas também têm um papel na emergência 
do senso de self, separado da mãe. Esse é o primeiro 
estágio do desenvolvimento da personalidade; 
○ Os lactentes passam a associar certas sensações 
através de repetições frequentes; 
○ A sensação proprioceptiva de manter as mãos para 
cima e agitar os dedos sempre acompanha a 
visualização dos movimentos dos dedos. Essas 
sensações do self estão consistentemente interligadas 
e são reprodutíveis à vontade. Por outro lado, as 
sensações que são associadas a “outros” ocorrem com 
menos regularidade e em várias combinações; 
○ O som, o cheiro e a sensação da presença da mãe 
algumas vezes surgem de imediato em resposta ao 
choro, mas em outras vezes isso não acontece. A 
satisfação oferecida pela mãe ou por outro adulto 
querido dá continuidade ao processo de vinculação. 
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E 
COMUNICAÇÃO: 
○ Os bebês interagem cada vez mais e com 
sofisticação cada vez maior; 
○ As sensações primárias de irritação, alegria, 
interesse, medo, desgosto e surpresa se manifestam 
com expressões faciais distintas, dentro do contexto 
apropriado; 
○ Quando estão face a face, um bebê e um adulto de 
confiança compartilham expressões afetivas (sorriso 
ou surpresa) em cerca de 30% do tempo; 
○ O início dos “jogos” (imitação facial, cantar, 
brincadeiras com as mãos) aumenta o 
desenvolvimento social. Esse comportamentoface a 
face revela a capacidade do lactente para 
compartilhar estados emocionais, que é a primeira 
etapa do desenvolvimento da comunicação; 
○ O lactente de pais deprimidos mostra atitude 
diferente, despendendo menos tempo com 
movimentos coordenados com os pais e fazendo 
menos esforços para reiniciá-los. Se os pais continuam 
indisponíveis, mais do que raiva, o lactente manifesta 
tristeza e perda de energia; 
IMPLICAÇÕES PARA PAIS E PEDIATRAS 
○ O amadurecimento motor e sensorial dos lactentes 
aos 3-6 meses os torna excitados e interativos. Alguns 
pais interpretam os novos interesses de seu bebê de 4 
meses como rejeição e temem secretamente que seu 
filho não os ame mais. Entretanto, para a maioria dos 
pais, esse é um período feliz; 
○ A maioria dos pais relata efusivamente que pode 
manter “conversações” com o seu bebê, 
estabelecendo turnos de vocalização e de escuta. Os 
pediatras compartilham dessa alegria, à medida que a 
criança arrulha, faz contato visual e se movimenta 
ritmicamente; 
○ Se a consulta não parecer alegre e relaxada, deve-se 
considerar a possibilidade de estresse social, 
disfunção familiar, doença mental dos pais ou 
problemas no relacionamento pais-filho como causa; 
○ Deve-se reassegurar aos pais que atender às 
necessidades emocionais do bebê não vai “estragá-
lo”; 
○ Aplicar vacinas e coletar sangue com a criança 
sentada no colo da mãe ou do pai, ou mamando no 
seio, melhora a tolerância à dor. 
 
Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
6 Trio Help Med – Virgínia Pereira 
6-12 MESES DE IDADE: 
○ Com a aquisição da capacidade de sentar, de uma 
mobilidade cada vez maior e novas habilidades para 
explorar o mundo à sua volta, os lactentes com 6-12 
meses de vida progridem no entendimento cognitivo 
e na competência de comunicação, e há novas 
tensões em torno dos temas vinculação e separação; 
○ Os lactentes manifestam vontades e intenções, 
características que muitos pais consideram bem-
vindas, mas continuam encontrando desafios para 
administrar. 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO: 
○ O crescimento desacelera ainda mais; 
○ Por volta do primeiro aniversário, o peso já triplicou, 
o comprimento aumentou em 50% e a circunferência 
cefálica aumentou 10 cm; 
○ A capacidade de sentar-se sem apoio (6-7 meses) e 
de girar sentado (aos 9-10 meses) proporciona 
oportunidades cada vez maiores para manipular 
diversos objetos de uma vez e experimentar novas 
combinações de objetos. Essas explorações são 
auxiliadas pela emergência do movimento de 
preensão com o polegar e o indicador (8-9 meses) e o 
movimento mais fino de preensão em pinça aos 12 
meses; 
○ Muitos lactentes começam a engatinhar e fazer 
força para ficar em pé por volta dos 8 meses, trocando 
passos em seguida. Alguns andam por volta de 1 ano; 
○ As conquistas motoras estão relacionadas ao 
aumento da mielinização e ao crescimento do 
cerebelo. Essas habilidades motoras grosseiras 
expandem a capacidade de exploração do lactente e 
criam novas situações de perigo físico, assim como 
novas oportunidades de aprendizado; 
○ Ocorre a erupção dos dentes, que geralmente se 
inicia com os incisivos centrais inferiores; 
○ O desenvolvimento dos dentes também reflete a 
maturação esquelética e a idade óssea, embora haja 
ampla variação individual. 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: 
O lactente com 6 meses de idade já descobriu suas 
mãos e logo aprenderá a manipular objetos. A 
princípio, tudo vai para a boca. Com o tempo, os 
novos objetos 
são tocados, inspecionados, passados de uma mão 
para a outra, batidos, jogados elevados à boca; 
○ 
○ Cada ação representa uma ideia não verbal sobre o 
que as coisas são para ele (em termos piagetianos); 
○ A complexidade do brincar do lactente, quantos 
esquemas diferentes são criados para sustentá-lo, é 
um indicador útil do desenvolvimento cognitivo nessa 
idade; 
○ O prazer, a persistência e a energia com que esses 
lactentes atacam os desafios sugerem a existência de 
um impulso intrínseco ou controle da motivação; 
○ O comportamento de controlar ocorre quando o 
lactente se sente seguro; os que têm vínculos menos 
seguros mostram-se mais limitados para experimentar 
e menos competentes; 
○ O marco principal do desenvolvimento é a 
aquisição, por volta dos 9 meses, da permanência do 
objeto (constância), a compreensão de que o objeto 
continua existindo mesmo quando não é visto; 
○ Aos 4-7 meses, os lactentes olham para baixo à 
procura de uma bola de lã que caiu, mas erguem 
rapidamente o olhar se não a veem. Com a constância 
do objeto, eles continuam a procurar. Encontram 
objetos escondidos embaixo de um pano ou atrás das 
costas do examinador; 
○ A brincadeira de esconde-esconde oferece um 
prazer ilimitado quando a criança magicamente acha 
de volta o companheiro; 
○ Os eventos parecem ocorrer em função de suas 
próprias atividades. 
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL: 
○ O advento da constância do objeto tem 
correspondência com alterações qualitativas no 
desenvolvimento social e na comunicação; 
 
Mód. VIII – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento 
7 Trio Help Med – Virgínia Pereira 
○ Os lactentes olham de um lado para outro entre um 
estranho que se aproxima e um dos pais, como que 
para contrastar o conhecido com o desconhecido, 
podendo agarrar-se à mãe (ou pai) ou chorar 
ansiosamente, demonstrando ansiedade com 
estranhos; 
○ As separações tornam-se cada vez mais difíceis; 
○ Os lactentes dormem a noite toda por meses, 
começam a acordar regularmente e chorar, como se 
lembrassem que os pais estão no quarto ao lado; 
○ Uma nova demanda por autonomia também 
emerge. Com frequência, o ganho de peso pobre 
nessa idade reflete uma luta entre a independência 
emergente do lactente e o controle dos pais nas 
refeições; 
○ O uso de duas colheres (uma para a criança e uma 
para a mãe ou pai), comer com as mãos e o uso de 
cadeirão com mesinha do tipo bandeja podem 
reverter os potenciais problemas. As crises de birra 
aparecem à medida que o direcionamento da criança 
para a autonomia e o controle entra em conflito com 
o controle dos pais e suas habilidades ainda limitadas. 
COMUNICAÇÃO: 
○ Os lactentes de 7 meses sãoadeptos da 
comunicação não verbal, expressando gama de 
emoções e respondendo aos tons da voz e expressões 
faciais; 
○ Com cerca de 9 meses percebem que as emoções 
podem ser divididas com as pessoas; eles mostram 
seus brinquedos como forma de dividir seus 
sentimentos de felicidade com os pais; 
○ Entre 8 e 10 meses, o balbuciar adquire nova 
complexidade, com muitas sílabas (“ba-da-ma”) e 
inflexões que lembram a linguagem dos índios; 
○ Os lactentes agora perdem a capacidade de 
distinguir os sons vocais indiferenciados da sua 
linguagem nativa; 
○ A interação social (adultos atentos, vocalizando 
alternadamente com a criança) influencia 
profundamente a aquisição e a produção de novos 
sons; 
○ A primeira palavra real (isto é, um som usado 
consistentemente para se referir a um objeto ou 
pessoa específicos) aparece em função da descoberta 
da constância do objeto pela criança. As figuras de 
livros agora oferecem o contexto ideal para a 
aquisição da linguagem verbal. 
IMPLICAÇÕES PARA PAIS E PEDIATRAS: 
○ Com a reorganização do desenvolvimento por volta 
dos 9 meses, reaparecem problemas de alimentação e 
de sono já resolvidos antes; 
○ Na consulta dos 6 meses, os pediatras devem 
preparar os pais de tal modo que esses problemas 
possam ser entendidos como resultado de progresso 
e não de regressão do desenvolvimento; 
○ Os pais devem ser incentivados a planejar 
antecipadamente as separações necessárias e 
inevitáveis (p. ex., deixar com babá, creche); 
○ As preparações rotineiras podem tornar essas 
separações mais fáceis; 
○ A introdução de um “objeto de transição” pode 
permitir ao lactente confortar-se na ausência dos pais. 
O objeto não pode ter qualquer potencial para asfixia 
ou estrangulamento; 
○ A cautela dos lactentes com estranhos 
frequentemente torna o exame dos 9 meses difícil, 
em particular se o lactente tiver temperamento 
propenso a reações negativas às situações não 
familiares; 
○ No início, o pediatra deve evitar olhar diretamente 
para o bebê. O tempo despendido com a mãe ou o pai 
e oferecer um brinquedo lavável à criança será 
recompensado com mais cooperação; 
○ O exame pode ser continuado com o bebê no colo 
do pai ou da mãe, quando possível.