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Achados da Literatura do Crescimento Econômico

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Achados da Literatura do Crescimento Econômico
Wendell Magalhães1
O artigo de Paul Romer Increasing Returns and Long Run Growth (1986) é
considerado por Sala-i-Martin (2002) um marco do ressurgimento da pesquisa a respeito
da temática do Crescimento Econômico, posto que, desde a teoria das expectativas
racionais de Lucas, Barro, Prescott e Sargent, até o início da nova literatura versando
sobre o crescimento econômico com Romer, Barro e Lucas, na que se inclui o artigo
mencionado acima, os macroeconomistas não dedicaram-se a questões de longo prazo,
restringindo-se ao trato da teoria do ciclo de negócios.
Por sua vez, o ressurgimento da temática do Crescimento Econômico por meio
de nova literatura contribuiu (e segue contribuindo) com a formação de nossa
compreensão da ciência econômica, o que Sala-i-Martin (2002) se encarrega de mostrar
apontando para alguns fatos presentes no desenvolvimento dessa ciência. O primeiro
deles, e um dos mais flagrantes, foi o trato da questão empírica de forma mais séria e
acurada que dá margem para a construção de novos conjuntos de dados. Summers e
Heston (1988, 1991) aparecem como principais exemplos desse fato com seus
respectivos trabalhos, em que construíram dados de contas nacionais para diferentes
países ao longo de um substantivo período de tempo, com a maioria dos países tendo
dados a partir dos anos de 1960 e alguns, somente, apresentando dados a partir dos anos
de 1950. 
Como esse conjunto de dados ajustava-se pelo poder de compra dos diferentes
países, permitindo uma melhor comparação entre os diferentes níveis de PIB de cada
país em um determinado ponto no tempo, a utilidade de tais trabalhos, por mais que se
questionem sua qualidade, resume-se na possibilidade do confronto de forma mais
rigorosa das ideias desenvolvidas em âmbito predominantemente formal e teórico contra
dados que lhe confiram, ou não, empiricidade. Tal coisa não era possível anteriormente,
quando a pesquisa em torno do crescimento econômico se encontrava em voga, pela
última vez, nos anos de 1960.
No entanto, por mais que o conjunto de dados Summer-Heston se revelem como
a principal referência no trato da questão empírica do crescimento econômico, ele não é
o único. Sala-i-Martin (2002) nos remete ao trabalho de Barro e Lee (1993) que
1 Bacharel e Mestre em Economia pela Universidade Federal do Pará – UFPA.
construiu um grande número de variáveis que estão relacionadas, principalmente, à
educação e ao capital humano, o que se faz significativamente útil dado o fato de que a
primeira geração de teorias do crescimento endógeno tem o capital humano como
elemento fundamental em suas explicações para o crescimento econômico. 
Esse é o caso dos trabalhos de Paul Romer e Robert Lucas que, no fim dos anos
de 1980, na Universidade de Chicago, incorporam a ideia do capital humano
diretamente como um fator do modelo de crescimento. Romer (1986, 1990) explica o
crescimento econômico dos países postulando que ao retorno decrescente do
investimento em capital físico sobrepõe-se o retorno positivo desse investimento em
capital humano. Isso é derivado do fato de o conhecimento desenvolvido pela atividade
de pesquisa ter características peculiares, como o fato dele poder ser usado ao mesmo
tempo por diferentes pessoas, com custos de compartilhamento baixos, diferentemente
da maioria dos bens materiais, em que o uso por uma pessoa exclui a possibilidade de
seu uso por outra, ao mesmo tempo; assim como o conhecimento não excluir terceiros
de seu uso, por meio de uma apropriação por completo dele, estabelecendo um preço
para quem tiver acesso (IOSCHPE, 2016).
Lucas (1988) postula, igualmente, que a diferença fundamental do investimento
em capital humano em relação ao capital físico é que aquele tem retornos externos, ou
seja, quanto mais capital humano há em uma sociedade, mais produtiva será cada nova
unidade de capital humano inserida na economia, o que implica que a presença de
alguém com alto capital humano torna todos ao seu redor mais produtivos. Além do
mais, o capital humano afeta o capital físico no modelo de Lucas, fazendo com que a
taxa de capital físico varie de acordo com o crescimento do capital humano, formando
uma complementaridade. Nesse sentido, quanto mais educada a mão de obra, mais
rentável será o investimento em capital físico, fazendo com que economias com altos
estoques de capital humano não sofram com rendimentos decrescentes, haja vista o
emprego de novo capital físico tornar-se cada vez mais rentável a medida que o capital
humano cresce com ele. O capital humano, portanto, contrabalança, com rendimentos
positivos, os rendimentos negativos do capital físico. O resultado disso tudo são ciclos
virtuosos de crescimento nos países com estoques de capital alto, e ciclos viciosos nos
que, em contrapartida, apresentam estoques de capital baixos (IOSCHPE, 2016).
O modelo apresentado por esses dois autores contrastam flagrantemente com o
desenvolvido por Robert Solow em papers de 1956 e 1957, e que tinha na figura de um
suposto “estado estacionário” da economia seu ponto central. Nesse estado, o
crescimento econômico era apenas grande o suficiente para acompanhar o crescimento
demográfico e a depreciação de ativos, de forma que o crescimento per capita
permaneceria estável. Variáveis como capital, poupança e investimento sempre estariam
variando em torno do nível necessário para que a economia, portanto, atingisse sempre
esse estado estacionário. Se qualquer uma dessas variáveis fossem empregadas para
além ou aquém do nível necessário para atingir esse estado, seja lá por que causas
fossem, o tempo se encarregaria de ajustá-las. O único fator nesse modelo capaz de
gerar o crescimento de produtividade seria o desenvolvimento tecnológico, entretanto
não há explicação para a origem deste, já que é pressuposto que ele se dá de forma
exógena.
Romer e Lucas, por sua vez, explicam o avanço tecnológico pela necessidade
dos capitais em concorrência obterem taxas de lucro maiores que seus concorrentes,
mesmo que por um breve período de tempo em que sua produtividade era maior que a
dos demais. Assim explicado o avanço tecnológico como produto do crescimento de
capital humano no modelo de Romer e Lucas, se estabelecia uma relação direta entre
capital humano e crescimento ou desenvolvimento econômico, não prevista por Solow,
e que, agora, tratava-se de verificar-se empiricamente.
Ioschpe (2016) destaca características desse modelo a serem problematizadas,
primeiro no que tange ao crescimento econômico, em que o estado estacionário é a
norma e os movimentos recessivos e expansionistas da economia são meros ajustes;
segundo, que, partindo de diferentes níveis de capital, poupança e investimento, todos
os países deveriam por fim alcançar o mesmo estado estacionário e, assim, ter os
mesmos níveis de renda per capita. O contraste brutal dessas previsões com uma
realidade marcada por uma profunda desigualdade entre países que só se agrava devido
aos países desenvolvidos não se encontrarem num estado estacionário, mas elevarem
progressivamente seus níveis de renda, destacaria os grandes problemas desse modelo e
o faria insuficiente para descrever a realidade, fazendo, por isso mesmo, surgir trabalhos
como o de Romer (1986, 1990) e Lucas (1988).
Já em uma linha de pesquisa que enfatize as instituições como preponderante no
crescimento econômico, incluindo, portanto, em suas explicações, variáveis políticas e
sociais, os conjuntos de dados produzidos por Knack e Keefer (1995), Deining e Squire
(1996), dentre outros, se mostram com especial relevância no trato empírico do
crescimento econômico, constituindo-se como nova contribuição no trato dessa
temática, segundo Sala-i-Martin (2002).
Como já foi assinalada,o ressurgimento da pesquisa a respeito do crescimento
econômico significou um melhor confronto dos dados com as teorias formuladas,
anteriormente, em torno dessa temática. Isso, por sua vez, significa uma maior precisão
e um maior rigor na análise e comprovação do que havia sido formulado formal e
teoricamente, dada a maior disponibilidade de dados encontrados, organizados e
padronizados, dentre outras, pelas pesquisas mencionadas acima. 
Especificando melhor, Sala-i-Martin (2002) nos diz que, enquanto a teoria
neoclássica da década de 1960 ligou a teoria às evidências simplesmente mencionando
fatos estilizados como comprovadores da teoria em questão, mesmo que tais “fatos” não
tivessem sofrido uma análise empírica cuidadosa, agora, com o ressurgimento da
pesquisa sobre o crescimento econômico munida de um conjunto de dados melhor
trabalhado e com um ferramental estatístico melhor desenvolvido, tratava-se de
especificar da forma mais precisa possível relações econométricas que encontrem sua
comprovação nas amplas bases de dados disponibilizadas. 
Na realização dessa empreitada especificada acima, Sala-i-Martin (2002) cita
como melhor exemplo a chamada literatura de convergência. Inclui-se nesta os
trabalhos de Barro e Sala-i-Martin (1992), que usando o modelo de crescimento
Ramsey-Cass-Koopmans (Ramsey (1928), Cass (1975) e Koopmans (1965)), derivam
uma equação econométrica que relaciona o crescimento do PIB per capita com o nível
inicial do PIB. Mankiw, Romer e Weil (1992) derivam uma equação semelhante do
modelo de Solow-Swan (Solow (1956) e Swan (1956)), que pode ser descrita como:
 γi,t,t+T = β0 – β . ln yit + β . ln yi* + ϵit (1)
Em que γi,t,t+T é a taxa de crescimento do PIB per capita para o país i entre o
tempo t e o tempo t + T; yit é o PIB per capita para o país i no tempo t; yi* é o valor
estacionário do PIB per capita para o país i; e ϵit é o termo de erro. O coeficiente é
positivo se a função de produção é neoclássica, e é zero se a função de produção é linear
no capital, o que geralmente era o caso na primeira geração de modelos de crescimento
endógeno de um setor, também conhecidos como modelos “AK”. Este modelo está
explicitado no artigo de Paul Romer (1986), assim como em Rebelo (1987), Jones e
Manuelli (1990) e Barro (1990). 
Mais especificamente, de acordo com esse modelo, se a função de produção for
Cobb-Douglas com uma parcela do capital dada por α, então, o parâmetro β (também
conhecido como a velocidade da convergência) é dado por β = (1 – α)(δ + η), sendo δ a
taxa de depreciação e η a taxa exógena de crescimento populacional. Vale pontuar que a
derivação da equação correspondente a β assume taxas de poupança constantes segundo
o modelo Solow-Swan e quando α é igual a 1 nessa equação, eis que o modelo passa a
corresponder ao modelo AK, em que a velocidade de convergência é igual a β = 0. 
Sala-i-Martin (2002) tem como ponto principal da sua análise a respeito do
desenvolvimento das teorias de crescimento econômico o fato de que a equação 1,
disposta anteriormente, foi tomada pela literatura moderna como uma previsão séria da
teoria e usada para testar os novos modelos de crescimento endógeno (como os AK, que
pressupõem β = 0) em contraste aos modelos neoclássicos antigos, cujo β > 0. Para ele,
diferente do concluído por alguns autores, no entanto, a equação 1 não demonstrava que
a teoria neoclássica previa a convergência absoluta, ou seja, não provava que se
assumíssemos β > 0, os países pobres deveriam crescer mais rápido que os demais.
As conclusões contrárias a isso, no entanto, segundo o autor, provém de testes de
regressão do tipo:
Em que se testava se o coeficiente b̂ era positivo. Com isso se confirmando, se
concluiria que os países pobres crescem mais rapidamente que os ricos, de modo que o
modelo passaria a apontar para a existência de convergência entre os países. De modo
contrário, com b̂ = 0, a conclusão era de que o nível de renda e a taxa de crescimento
dos países não estão relacionadas, o que indicava a necessidade de rejeitar o modelo
neoclássico tradicional e de se adotar o modelo AK de crescimento endógeno. Como os
resultados empíricos baseados nessa regressão era o de que b̂ não era significativamente
diferente de zero, a segunda conclusão, em favor do modelo AK de crescimento
endógeno, foi a privilegiada. 
No entanto, Sala-i-Martin (2002) aponta que o erro das regressões baseadas
nesse modelo estava no fato de que, conforme a equação 2, elas assumem
implicitamente que todos os países se aproximam do mesmo estado estacionário, ou, no
mínimo, de que o estado estacionário não correlaciona-se com o nível de renda. Dessa
forma, se tomamos yi* = y*, logo este termo é absorvido pela constante b̂0 na equação 2 e
desaparece da regressão. Nesse sentido, se se assume que os países convergem para o
mesmo estado estacionário, logo a equação 2 torna-se mal especificada e o termo de
erros torna-se ωit = ϵit + ln yi*. 
Com o estado estacionário correlacionado com o nível inicial de renda, o termo
de erros passa a estar correlacionado com a variável explicativa, o que faz do
coeficiente estimado tendencioso para zero. Ou seja, quando se apontou que não havia
associação positiva entre o crescimento econômico e o nível inicial de renda, ignorou-se
que isso poderia ser um artefato estatístico resultante da especificação incorreta com que
se fez a equação 2.
Para a solução desse problema, dentre as variadas soluções que se propuseram,
destaca-se a utilização de dados em que o nível inicial de renda não estava
correlacionado com o nível de renda estacionário, o que explica o largo uso, por parte
de muitos pesquisadores, de conjuntos de dados regionais, como pode-se ver em Barro e
Sala-i-Martin (1992, 1998).
Outra solução foi a estimação de uma regressão multivariada, no lugar de uma
regressão univariada como a da equação 2, para diferentes países, em que, além do nível
inicial de renda, se mantenha proxies constantes para o estado estacionário, o que vem a
compor a hipótese da convergência condicional. Conferindo maior rigor, portanto, à
especificação do modelo que retratasse a teoria, chegou-se à conclusão empírica oposta
à anterior: o modelo neoclássico não foi rejeitado pelos dados, mas sim o modelo AK.
Segundo Sala-i-Martin, o que importa destacar aqui, não são simplesmente os
conceitos de convergência ou convergência condicional, mas sim o fato de que os
economistas do crescimento econômico passam a encarar com maior seriedade a teoria
econômica do crescimento a partir do momento que passam a levar em conta os dados
que passam a ser disponibilizados com o desenvolver e o ressurgir da pesquisa em torno
desse tema.
No entanto, apesar do descarte do modelo AK com a forte regularidade empírica
apresentada pelo modelo de convergência condicional, modelos mais sofisticados de
crescimento endógeno que exibem dinâmicas de transição também passam a apresentar
consistência com a evidência de convergência, como é o caso dos modelos de dois
setores endógenos de Uzawa (1965) e Lucas (1988), assim como os modelos AK de
difusão tecnológica, todos eles apresentando previsões similares.
Para além dos conceitos de convergência absoluta e condicional, destaca-se o de
convergência σ, que analisa o nível de desigualdade entre os países, medido, por sua
vez, como a variância do log do PIB per capita, e verifica se esse nível aumenta ao
longo do tempo, o que se constitui em seu principal objetivo.
As críticas que sobrevieram a essa análise provém de duas frentes. A primeira,
conhecida como literatura “Twin-Peaks”, liderada por Danny Quah (1996, 1997), está
interessada na evolução de como a distribuição de renda se distribui no mundoao longo
do tempo, sendo a variação apenas um aspecto desta distribuição. Tentanto prever o
comportamento futuro desta distribuição, sua conclusão foi a de que, a longo-prazo, a
distribuição permanecerá bi-modal, tal qual havia se tornado a partir da década de 1990,
embora o modo inferior inclua menos países que o modo superior. Em contrapartida, no
entanto, a esses estudos, Jones (1997) e Kremer, Onatski e Stock (2001) mostraram que
esses resultados dependem em muito se o conjunto de dados inclui os produtores de
petróleo, haja vista a exclusão destes tenderem a transformar uma distribuição que seria
bi-modal em uni-modal.
A segunda linha de crítica à medida da convergência σ provém daqueles que
afirmam que a unidade de análise não deve ser um país, posto que, no que tange à
medida da velocidade de melhora do padrão de vida de pessoas pobres ou ricas, uma
“pessoa” pode ser mais significativa do que um país. Logo, a evolução da renda per
capita na China é mais importante do que a evolução de Lesoto, haja vista que a China
tem muito mais pessoas. A proposta aqui é que uma melhor medida da evolução da
desigualdade pessoal seria dada pela variância do log da renda per capita ponderada
pela população (em oposição à variância simples do logarítmico do rendimento per
capita, que dá o mesmo peso a todos os países, independentemente da população).
O resultado é que a variância ponderada não aumenta monotonicamente ao
longo do tempo, pois, como mostra Schultz (1998) e Dowrick e Akmal (2001), a
variância ponderada aumenta na maioria dos anos 60 e 70, chegando ao pico em 1978.
Depois disso, a variância ponderada declina, pautada no fato de que a China, com 20%
da população mundial, experimentou grandes aumentos na renda per capita.
Outra linha importante de pesquisa na literatura empírica segue Barro (1991) ao
usar regressões entre países para encontrar os determinantes empíricos da taxa de
crescimento de uma economia. A dimensão dessa literatura apresenta-se em um grande
número de artigos que alega ter encontrado uma ou mais variáveis que estão
parcialmente correlacionadas com a taxa de crescimento, sejam essas variáveis o capital
humano, o investimento em P & D, variáveis políticas como a inflação ou o déficit
fiscal, o grau de abertura, variáveis financeiras ou medidas de instabilidade política. A
questão aí é saber, dado o grande número de variáveis, qual dessas são realmente
robustas e significativas.
A partir disso, Sala-i-Martin (2002) enumera o que podemos tomar como
conclusões gerais acerca da pesquisa em torno do crescimento econômico segundo essa
última literatura, sintetizando suas lições importantes nas seguintes sentenças: 
(i) Não existe um determinante simples do crescimento;
(ii) O nível inicial de renda é a variável mais importante e robusta (logo, a
convergência condicional é o fato empírico mais robusto nos dados);
(iii) O tamanho do governo não parece importar muito. O que é importante é a
"qualidade do governo" (governos que produzem hiperinflações, distorções nos
mercados de câmbio, déficits extremos, burocracias ineficientes, etc. são
governos prejudiciais para uma economia);
(iv) A relação entre a maioria das medidas de capital humano e crescimento é
fraca. Algumas medidas de saúde, no entanto, como é o caso da expectativa de
vida) estão fortemente correlacionadas com o crescimento;
(v) As instituições, como os mercados livres, os direitos de propriedade e o
estado de direito) são importantes para o crescimento;
(vi) economias mais abertas tendem a crescer mais rapidamente.
No entanto, se um conjunto importante de contribuições da literatura de
crescimento econômico é empírico, um outro conjunto é teórico e é representado na
figura da endogeneização do progresso tecnológico. Sendo a principal característica
física da tecnologia o fato de ela ser um bem "não rival", isso significa que a mesma
fórmula ou o mesmo modelo pode ser usado por várias pessoas, simultaneamente. Este
conceito deve ser distinguido do de "não-exclusão", posto que um bem só é excluível se
a sua utilização puder ser evitada. No caso da tecnologia, para além de sua característica
física de ser não-rival, ela pode ser não-excluível. Como diz Ioschpe (2016, p. 98), 
Por um lado, o criador do conhecimento pode instituir patentes e copyrights
para lucrar com sua invenção, mas, por outro, pelo menos uma parte do
conhecimento originário da pesquisa será apropriada por terceiros – através
de técnicas de engenharia reversa, lendo a patente, contando o conteúdo do
livro a um amigo etc. 
Esses fatos, por sua vez, acabam por ser impulsionadores do crescimento
econômico. 
Para além disso, a antiga literatura neoclássica já apontou que a taxa de
crescimento de longo prazo da economia é determinada pela taxa de crescimento da
tecnologia. O problema, entretanto, é que era impossível modelar o progresso
tecnológico dentro de um quadro neoclássico em que as empresas tomadoras de preços
em mercados perfeitamente competitivos tivessem acesso a funções de produção com
constantes retornos de escala no capital e no trabalho. Nesse sentido, uma vez que a
tecnologia não é rival, uma empresa deve poder duplicar seu tamanho simplesmente
replicando-se, ou seja, criando uma nova planta com exatamente os mesmos insumos.
Para isso, a empresa precisaria dobrar capital e mão-de-obra, mas poderia usar a mesma
tecnologia em ambos os lugares, o que significa que o conceito de retornos constantes
de escala deve se aplicar somente ao capital e ao trabalho. 
Dado, no entanto, que as empresas neoclássicas perfeitamente competitivas
pagam preços de aluguel em consonância com os produtos marginais de seus insumos,
da feita que estes se encontram pagos, a produção total está esgotada e a empresa não
pode dedicar recursos para melhorar a tecnologia. Segue-se que, dada a existência do
progresso tecnológico, ele deve ser exógeno ao modelo, na medida em que P&D não
pode ser "induzida e financiada" pelas empresas neoclássicas. 
Da feita, no entanto, que a tecnologia não é rival, há a necessidade de se produza
ela uma só vez, pois, a partir de então, passa-se a fazer uso dela indefinidamente. Isso
indica, porém, que há um grande custo fixo em sua produção (o custo de P & D), o que
nos dá a noção de retornos crescentes, em que o custo médio da produção de tecnologia
é sempre maior do que o seu custo marginal. Assim, sob uma concorrência de preços
perfeita (em que uma competição leva à igualdade de preços com custos marginais), os
produtores de tecnologia que pagam os custos fixos de P & D sempre perderão dinheiro.
Logo, em um ambiente perfeitamente competitivo, nenhuma empresa tem o incentivo
necessário para se engajar em pesquisa. Desta feita, se queremos modelar o progresso
tecnológico de forma endógena, precisamos abandonar o mundo perfeitamente
competitivo-pareto-otimizado que é o alicerce da teoria neoclássica para que se permita
a concorrência imperfeita. Eis outra contribuição da literatura a respeito do crescimento
econômico: Em contrapartida aos pesquisadores neoclássicos da década de 1960, os
economistas de hoje lidam com modelos que não são considerados ótimos de Pareto.
Esses novos conceitos são introduzidos por Romer (1990) em um modelo Dixit e
Stiglitz (1977), cuja a inovação assume a forma de novas variedades de produtos.
Aghion e Howitt (1992, 1998), por sua vez, estenderam a teoria a uma estrutura
schumpeteriana na qual as empresas dedicam recursos de P & D na intenção de
melhorar a qualidade dos seus produtos. A estrutura de escada de qualidade difere da
estrutura da variedade de produtos, na medida em que a melhoria da qualidade de um
produto torna a geração anterior de produtos obsoleta, o que nos leva à noção
schumpeterianade "destruição criativa", em que as empresas criam novas ideias no
intuito de destruir os lucros das empresas que apresentavam produtos baseados em
ideias antigas (Schumpeter, 1942).
Diante dos novos modelos de crescimento tecnológico, esclarece-se algumas
questões a respeito das políticas de P&D, em que destaca-se o fato de que, apesar das
falhas de mercado, não é de todo certo se o governo deve intervir, como deve ser essa
intervenção potencial e, em particular, se deve introduzir subsídios de P & D, posto que
a única distorção que é comum em todos os modelos é a decorrente da concorrência
imperfeita em que os preços tendem a estar acima do custo marginal e a quantidade de
ideias geradas tende a ficar abaixo do ideal. A melhor política para compensar esta
distorção, no entanto, não é um subsídio a P&D, mas um subsídio às compras dos bens
superfaturados.
Uma segunda distorção pode advir das externalidades dentro do quadro de
custos de P&D. Dado que a invenção de um novo produto afeta o custo da invenção da
nova geração de produtos, então tem-se um papel para a intervenção no mercado. O
problema é que não está claro se uma nova invenção aumenta ou diminui o custo das
invenções futuras. 
A abordagem Schumpeteriana, em contrapartida, traz algumas distorções
adicionais, dado que as pesquisas atuais tendem a exercer um efeito negativo sobre as
pesquisas passadas através do processo de destruição criativa. Esses efeitos tendem a
exigir impostos sobre P & D (em vez de subsídios de P & D), pois os pesquisadores
atuais tendem a realizar muito, não muito pouco, a P & D. Finalmente, deve-se salientar
que a intervenção do governo não é necessária desde que a empresa que esteja fazendo
as pesquisas atuais seja a líder tecnológica.
Outra contribuição importante da nova literatura de crescimento econômico é
sua influência sobre outras literaturas econômicas e a maneira como se beneficiou delas,
em contrapartida. Veja, por exemplo, sua interação com a literatura do desenvolvimento
que, tradicionalmente, era institucional e centrada em torno do planejamento
econômico. Os economistas de crescimento, por outro lado, que costumavam confiar
nos modelos neoclássicos com ótimos de pareto e em mercados com concorrência
perfeita, agora abandonam sistematicamente seus paradigmas tradicionais e passam a
discutir o papel das instituições, igualmente. Da mesma forma que os economistas do
desenvolvimento aprendem e passam a considerar valioso incorporar o equilíbrio geral e
as características macroeconômicas aos seus modelos tradicionais.
Referências
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Econometrica, 1992, LX 323-51.
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