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RESENHA CRÍTICA Documentário Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim

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RESENHA CRÍTICA OEB 1
Filme Documentário Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim
Texto: O que é educação, Carlos Rodrigues Brandão
O filme apresenta a realidade de uma escola do interior e suas condições de infraestrutura
precárias, devido ao baixo investimento governamental e sugere taxas desproporcionais de
contribuição, restando pouco para aplicar em melhorias. Segundo relato de uma estudante,
alguns alunos têm comportamento de desrespeito com o ambiente e até mesmo com a
merenda que lhes é fornecida. Os professores dizem que os alunos não têm interesse na aula e
os alunos não veem motivo para frequentar as aulas.
Na cidade não há turmas para ensino médio, dessa forma dependem de transporte fornecido
pela prefeitura para estudarem em outra cidade. Este, também é precário e não garante o
direito da frequência dos alunos às aulas. A naturalização da violência e do crime afasta os
alunos dos estudos devido aos diversos conflitos gerados.
Em conselho de classe as professoras questionam quanto a aprovação de um aluno. Buscando
entender qual a melhor conduta, retenção ou dependência, apostando e confiando no
comprometimento do aluno tem demonstrado. Ainda assim, uma professora reconhece a
importância da atividade musical fornecida pela escola que vem incentivado a disposição do
mesmo aluno para o estudo. Os espaços criados para produção e interação artística e cultural
pela escola são muitas vezes os únicos espaços de troca e convívio social que os alunos têm.
O mesmo, em relato para a produção do filme, demonstra ter perspectiva profissional como
militar de carreira. Em outro momento o adolescente tenta explicar como funciona a imagem
da falta de perspectiva na vida escolar, citando o desejo aguçado em perceber que os
traficantes da sua comunidade possuem bens materiais e aparentam um bom desempenho em
relação a flertes. Neste ponte pode ser feita uma ponte com o texto, onde Brandão (1981) diz
“Esparramadas pelos cantos do cotidiano, todas as situações
entre pessoas, e entre pessoas e a natureza — situações sempre
mediadas pelas regras, símbolos e valores da cultura do grupo
— têm, em menor ou maior escala a sua dimensão pedagógica.
Ali, todos os que convivem aprendem, aprendem, da sabedoria
do grupo social saber que torna todos e cada um pessoalmente
aptos e socialmente reconhecidos e legitimados para a
convivência social, o trabalho, as artes da guerra e os ofícios,
do amor”.
Em um segundo colégio, uma funcionária refere que as propostas culturais são limitadas pela
condição financeira do grupo. Que o local da escola é visto com certo carinho pela
comunidade, inclusive pelos alunos. Indica ainda que a escola foi bem no enem e alguns
alunos tiveram a oportunidade de cursar uma graduação pelo PROUNI, o que supostamente
seria motivo de incentivo aos outros alunos que logo terão essa oportunidade.
Em contrapartida, um aluno faz uma reflexão acerca do assunto, questiona então a
necessidade de cotas e do programa PROUNI se o ensino público é de qualidade. Utiliza
como exemplo as aulas de inglês que não conseguem avançar no conteúdo da matéria e ainda
assim os alunos não entendem o conteúdo e que as aulas são canceladas frequentemente. O
que é frequentemente relatado por outros alunos ao longo do vídeo. Como é referido no texto
de apoio a educação é essencial para a adaptação de pessoas, as mudanças que
ocorrem no mundo todo e com isso foi trazido ideais novos de políticos sobre a educação,
assim surgindo a escola pública, oferecida pelo governo. Podemos inferir também sobre a
democracia através da educação, mas que na prática vê-se que torna a sociedade desigual
A diretora então aborda a questão de um outro ponto de vista. Considerando a partir do
respaldo legal ao número de faltas a existência de um suposto quadro de docentes que daria
conta dessas lacunas. Os professores por sua vez, relatam a alta demanda emocional, física e
psicológica em lidar com um corpo de alunos que não os respeita e, muito menos, os enxerga
como profissionais. Uma visão frustrada do exercício profissional, sem perspectiva de futuro
melhor para ambos lados.
Uma professora diz que os moldes da escola atual não atende mais às necessidades dos
alunos, quando o mundo exterior a ela se torna mais interessante. Não sendo uma falta de
preparo do profissional para acompanhar a mudança necessária através da sua formação, mas
sim de habilidade em lidar com as situações de falta de respeito e violência, o que desmotiva
e piora a qualidade de sua aula. No colégio particular, os alunos têm a possibilidade de
enxergar o colégio como um ambiente de aprimoramento em consequência das cobranças que
são feitas, “querendo o melhor dos alunos” como diz uma das entrevistadas. Para Brandão
(1981), a educação sempre estará presente de diversas formas, tendo em vista que ela se
reinventa a cada momento, podendo servir para igualdade entre os homens, porque
também atribui funções aos cidadãos, deixando um compromisso com a sociedade de
cumprir seu papel.
Aparentemente, as alunas da escola particular reconhecem o privilégio econômico e,
consequentemente, social que tem. Demonstram interesse em sair de dentro da “bolha”
buscando enxergar as pessoas que encontram na rua. Inferem ainda que se ambos os
indivíduos conversassem perceberiam que são iguais. Apesar de uma das meninas relatar que
fazer trabalho voluntário não é uma das suas prioridades porque deveria abrir mão de alguma
atividade, como a natação.
Os alunos dessa escola particular têm a possibilidade de ter apoio extra com professores
particulares, enxergando que é necessário esse esforço além do que já é dado em sala de aula
para que consigam ir bem nas provas. Sugerem que talvez exista essa pressão da escola para
os preparem para uma universidade. Existe também uma pressão interna pela excelência,
associada a episódios de estados de depressão. Os professores conseguem assumir nesse caso
um papel de apoio emocional por escolha dos alunos.
Alunos demonstraram distanciamento familiar, emocional e físico em ambas as
circunstâncias, com causas diferentes. Enquanto os jovens da escola particular sentem a perda
por tempo excessivo dedicado ao trabalho, nas escolas da periferia os relatos são de
abandono. Abrindo espaço para uma cobrança de estar estudando demais, abrindo mão da
vida social. Deixando a reflexão quanto ao papel de ensino que a família vem abrindo mão
em vista a garantia de um acúmulo maior de capital, que supostamente traria maior conforto
para a família.

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