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PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE - DOSIMETRIA

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Penal 
Resumo Pena Privativa de Liberdade e Dosimetria da Pena 
 
a) Fixação: O CP, em seu artigo 68, adotou o sistema trifásico para o cálculo da pena privativa de liberdade, que pode ser 
resumido no seguinte quadro: 
 
SISTEMA TRIFÁSICO 
PRECEITO SECUNDÁRIO / PRECEITO SECUNDÁRIO QUALIFICADO 
1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE 
Fixar a pena-base atentando-se para 
as circunstâncias judiciais. 
 
Art. 59, CP. 
Fixar a pena intermediária, 
considerando as agravantes e as 
atenuantes. 
 
Arts. 61, 62 e 65, 66, todos do CP. 
Fixar a pena definitiva, aplicando as 
causas de aumento e diminuição de 
pena. 
 
Previstas na parte especial e geral do 
CP. 
• Fixada a pena definitiva, deve o Juiz anunciar o regime para seu inicial cumprimento; 
 
• Por fim, deve verificar os requisitos que permitem a substituição da pena privativa de liberdade por sanção alternativa; 
ou a suspensão condicional do processo (sursis). 
 
Com relação ao quadro acima, vale ressaltar que as qualificadoras não integram as etapas de fixação da pena, visto que 
integram o preceito secundário do tipo penal, sendo consideradas como ponto de partida para dosimetria da pena. 
 
Art. 68, CP: A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as 
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 
b) Primeira etapa de aplicação da pena: Tem por finalidade a aplicação da pena-base, partindo do preceito secundário 
simples/qualificado previsto no tipo penal incriminador, sobre o qual incidirão as circunstâncias judiciais previstas no caput 
do art. 59 do CP, não podendo ser superior ou inferior à pena abstratamente prevista no preceito secundário do crime. 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário 
e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (…). 
 
1. Ocorrência de mais de uma qualificadora: Na hipótese de haver mais de uma qualificadora, apenas uma deve ser aplicada 
como ponto de partida. A outra qualificadora fica relegada: 
 
• À segunda fase de aplicação da pena, caso encontre previsão legal em uma das circunstâncias agravantes dos artigos 61 ou 
62 do CP; 
 
• À análise em sede de circunstâncias judiciais, ainda na primeira fase. Conforme entendimento do STJ, é “indiferente” qual 
será usada como qualificadora e qual será relegada à primeira fase, conforme STJ, HC 191.039, Rel. Min. Laurita Vaz. 
 
2. Quantum de aumento/diminuição: O CP não fixou o quantum de aumento para as circunstâncias judiciais, ficando a 
critério do Juiz em decisão fundamentada. Todavia, a doutrina sugere 1/8, enquanto a jurisprudência, 1/6. 
 
 
 
 
 
3. Circunstâncias judiciais em espécie: 
 
Culpabilidade 
Não se confunde com o 3º substrato do crime. Trata-se do maior ou menor grau de reprovabilidade da 
conduta do agente. 
Antecedentes 
do agente 
Representa a vida pregressa do agente, isto é, sua vida antes do crime. 
 
Considera-se maus antecedentes: Condenações definitivas, inclusive no curso do processo, que não 
caracterizam reincidência. 
 
Súmula 444, STJ: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a 
pena-base. 
 
Do mesmo modo, atos infracionais e eventuais passagens pela Vara da Infância e Juventude também 
não são consideradas para fins de antecedentes criminais, podendo, contudo, serem utilizadas no 
estudo da personalidade. 
Conduta social 
do agente 
Trata-se do comportamento do réu no seu ambiente familiar, de trabalho e na convivência com os 
outros. 
Personalidade 
do agente 
Trata-se do retrato psíquico do agente. 
 
Conforme entendimento do STJ no REsp 513.641, Rel. Min. Felix Fischer, a circunstância não pode ser 
valorada de forma imprecisa ou objetivamente desamparada porquanto, através de considerações 
vagas e insuscetíveis de controle, a sua utilização acarretaria a ampla e inadequada incidência do Direito 
Penal do Autor. 
Motivos do 
Crime 
É o porquê da prática do crime. 
 
Somente será analisada quando não integrar a própria tipificação da conduta ou não caracterizar 
qualificadora ou agravante. 
Circunstâncias 
do crime 
Análise da maior ou menor gravidade do modus operandi do agente. 
 
Tempo e local do crime, a relação do agente com a vítima, os instrumentos utilizados. 
Consequências 
do crime 
São os efeitos decorrentes do ilícito penal, seus resultados, particularmente para a vítima. 
Comportamento 
da vítima 
No direito penal, não existe compensação de culpas. 
 
Todavia, a culpa concorrente da vítima, embora não elida a responsabilidade penal doa gente, pode 
atenuá-la. 
 
O STJ vem decidindo que essa circunstância tem efeito favorável ou neutro, não podendo ser 
considerada desfavoravelmente ao réu. 
 
c) Segunda fase da aplicação da pena: Tem como finalidade encontrar a pena intermediária, a partir da pena-base, aplicando 
sobre ela as circunstâncias agravantes – arts. 61 e 62 do CP – e atenuantes – arts. 65 e 66 do CP. 
 
Em regra, as circunstâncias agravantes/atenuantes são encontradas na parte geral do CP, sendo chamada de circunstâncias 
genéricas. Todavia, nada impede que leis penai extravagantes, ao regrar seus crimes crie circunstâncias específicas. 
 
1. Conceito: As circunstâncias genéricas são definidas como circunstâncias objetivas ou subjetivas que não integram a 
estrutura do tipo penal, mas se vinculam ao crime, devendo ser consideradas pelo Juiz no momento da aplicação da pena. 
 
2. Respeito ao mínimo/máximo do preceito secundário: Embora o CP seja omisso, a doutrina e a jurisprudências entendem 
que o juiz está vinculado aos limites mínimo e máximo abstratamente previstos no preceito secundário, não podendo 
suplantá-los. 
 
Nesse sentido é a Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do 
mínimo legal. 
 
Sanches traz importante crítica ao entendimento. Não permitir ao Juiz reduzir a pena intermediária além do mínimo quando 
diante de uma atenuante, significa impedi-lo de individualizar a reprimenda, culminando, não raras vezes, por tratar 
sentenciados com condições distintas, com penas iguais, afrontando a isonomia1. 
 
3. Concurso entre atenuantes e agravantes: Aplica-se o artigo 67, do CP: “No concurso de agravantes e atenuantes, a pena 
deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos 
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência”. 
 
Ordem de preponderância – entendimento jurisprudencial: 
1º Atenuante de menoridade e senilidade 
2º Agravante da reincidência 
3º Atenuante e agravantes subjetivas 
4º Atenuantes e agravantes objetivas. 
 
4. Das agravantes: As agravantes genéricas, arts. 61 e 62 do CP, constituem um rol taxativo, não admitindo analogia para 
ampliar as hipóteses legais. 
 
• Hipóteses em que as agravantes não serão aplicadas: 
 
✓ Para evitar dupla valoração em prejuízo do réu. Assim, não é possível aplicar a agravante se ela for elementar/qualificadora do crime; 
 
✓ A pena intermediária não pode ultrapassar o máximo cominado no preceito secundário. Assim, se a pena base-foi fixada no máximo 
legal, o Juiz deverá desprezar a agravante; 
 
✓ Constatado concurso entre atenuante/agravante, ao se aplicar ao art. 67 do CP, na eventualidade da atenuante for preponderante, 
restará afastada a agravante. 
 
• Aplicação: Em regra, somente são aplicáveis aos crimes dolosos, devendo ficar demonstrado que o agente tinha 
conhecimento de sua existência. A exceção é a agravante de reincidência, que pode ser aplicada nos crimes culposos2. 
 
• Reconhecimento de ofício: A agravante não articulada na denúncia/queixa pode ser reconhecida de ofício peloJuiz, 
conforme art. 385 do CPP. 
 
Entretanto, o STJ possui precedentes divergentes a favor (REsp 857.066/RJ, Rel. Min. Hamilton Carvalhido) e contra (HC 
94.472, Rel. Min. Jorge Mussi) sob a justificativa de violação aos princípios do contraditório, ampla defesa e da correlação 
entre imputação e condenação3. 
 
1 Além disso, tenho a impressão de que o entendimento fere o princípio da individualização da pena, haja vista que agentes em situações 
distintas, serão penalizados da mesma forma, além de violar o direito do acusado de ter sua pena legitimamente atenuada. Além disso, 
diante da ausência de proibição legal, não cabe ao judiciário criar vedação não prevista em lei, sob pena de usurpar competência do 
legislador. 
2 STJ, REsp 1.254.749/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. 
3 No processo penal, o acusado se defende dos fatos que lhe são imputados. Logo, entendo não há violação aos princípios do contraditório 
e ampla defesa, eis que oportunizada a defesa dos fatos. Quanto ao princípio da correção, parece-se aplicável o instituto da ementatio 
libeli, desde que o Juiz oportunize que o réu se manifeste especificamente sobre as agravantes e, no caso do MP, das atenuantes. Ademais, 
DAS AGRAVANTES 
 
• Reincidência: art. 61, I, CP: 
 
✓ Conceito: O conceito de reincidência é retirado do art. 63 do CP c/c art. 7º, da Lei de Contravenções Penais: 
 
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete 
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, 
no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime 
anterior. 
 
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica 
uma contravenção depois de passar em julgado a sentença 
que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por 
qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. 
 
Verifica-se que, para efeito de reincidência, não se aplica a ordem “contravenção penal → crime”. 
 
Ademais, a pena imposta é irrelevante para a configuração da reincidência. 
 
✓ Natureza jurídica: Trata-se de circunstância agravante genérica de caráter subjetivo ou pessoal, não sendo comunicável 
aos demais concorrentes do crime, na forma do art. 30 do CP. 
 
✓ Espécies de reincidência: 
 
REAL 
Ocorre quando o agente comete novo crime após ter efetivamente cumprido a totalidade da pena pelo 
crime anterior e antes do prazo de cinco anos do período depurador. 
FICTA 
O agente comente novo crime após ter sido condenado definitivamente, mas antes de ter cumprido a 
totalidade da pena do crime anterior. 
GENÉRICA Ocorre quando os crimes praticados são de espécies distintas. 
ESPECÍFICA 
Os crimes praticados pelo condenado são da mesma espécie. Nesse caso, em regra, os efeitos são 
análogos. 
 
No entanto, em algumas situações específicas, a reincidência específica pode obstar a concessão de 
alguns benefícios, como na vedação do livramento condicional nos crimes hediondos/equiparados, 
quando o condenado é reincidente específico em crimes dessa natureza. 
 
✓ Prova da reincidência: Feita mediante certidão cartorária. O STJ vem admitindo a comprovação através da FAC 
(HC354.750/SP). 
 
✓ Multiplicidade de reincidências: 
 
Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como 
circunstância judicial. 
 
Não obstante a súmula acima, o STF vem entendendo no sentido de que, havendo múltiplas condenações consideráveis 
para fins de reincidência, uma delas pode ser utilizada para a agravante, enquanto as demais para fins de maus 
antecedentes na primeira fase da fixação da pena, conforme RHC 110.727, Rel. Min. Dias Toffoli. 
 
✓ Extinção da punibilidade e reincidência: É preciso analisar o momento em que ocorreu a extinção da punibilidade e a 
espécie da causa que a extinguiu: 
 
 
por isonomia, negar a aplicação de agravante não suscitada, importaria em negativa de aplicação de atenuante eventualmente não 
suscitada pela defesa. 
Antes do trânsito em julgado 
NÃO GERA REINCIDÊNCIA 
Depois do trânsito em julgado 
GERA REINCIDÊNCIA 
Se a causa extintiva é anterior ao trânsito em julgado, não gera 
reincidência, já que impede a formação do seu primeiro 
requisito (condenação definitiva) 
Se a causa é posterior ao trânsito em julgado, em regra, 
gera reincidência. 
Exemplo: Prescrição da pretensão punitiva 
Exemplo: Prescrição da pretensão executória 
Exceções: Abolitio criminis; anistia*; perdão judicial: por 
previsão do art. 120, CP**. 
*Essas causas apagam os efeitos penais da condenação, não havendo reincidência ou maus antecedentes. 
 
**A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. 
 
✓ Período depurador: O Brasil adota o sistema da temporariedade da reincidência. Assim: 
 
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do 
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver 
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, 
computado o período de prova da suspensão ou do 
livramento condicional, se não ocorrer revogação; 
 
Alguns crimes, em razão de sua natureza, também 
impedem a reincidência: 
 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
 
• Motivo Fútil ou torpe: art. 61, II, “a”. 
 
✓ Conceito: Considera-se fútil o motivo insignificante e torpe, quando a razão do delito for vil, repugnante. 
 
• Crime cometido para facilitar ou assegurar a execução ou ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime: art. 
61, II, “b”: 
 
CLASSIFICAÇÃO 
TELEOLÓGICA CONSEQUENCIAL 
Crime praticado para assegurar a execução de outro, futuro. Crime praticado visando assegurar a ocultação, impunidade 
ou vantagem de outro, passado. 
 
Além disso, o “outro crime” a que se refere a agravante pode ser de autoria do agente ou de pessoa diversa. 
 
Não é aplicada na contravenção penal. 
 
• Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa 
do ofendido: Art. 61, II, “c”: 
 
Admite interpretação analógica. 
 
• Crime praticado com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa 
resultar perigo comum: Art. 61, II, “d”. 
 
✓ Veneno: qualquer substância capaz de perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano. 
 
✓ Fogo ou explosivo: Qualquer objeto capaz de causar explosão. 
 
• Crime praticado contra descendente, ascendente, irmão ou cônjuge: Art. 61, II, “e”. 
 
Não se aplica aos parentes por afinidade, bem como à união estável, visto que vedada analogia in malam partem. 
 
✓ Incidência: Conforme Cléber Masson o sujeito deve efetivamente aproveitar-se das facilidades que o 
parentesco/matrimônio lhe concedem, pois, do contrário, não terá incidência a agravante em comento. 
 
✓ Prova: Exige-se prova documental do parentesco/matrimônio, na forma do art. 155 parágrafo único, do CPP. 
 
• Crime praticado com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade ou com violência contra a mulher, na forma da lei específica: Art. 61, II, “f”. 
 
O abuso de autoridade aqui não tem relação com o funcionário público. Além disso, não estão abarcados os casos de exercício 
de cargo, ofício, ministério ou profissão. Ambos são previstos na próxima agravante. 
 
A expressão está relacionada ao excesso nas relações privadas, nas quais o agente exerce uma “superioridade” sobre o 
ofendido como, por exemplo, no caso do tutor x tutelado. 
 
• Crime praticado com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão: 
art. 61, II, ‘’g” 
 
✓ Abuso de poder inerente ao cargo: Diz respeito ao servidor público. 
 
✓ Violação de dever inerente a ofício, ministério ou profissão: Trata-se de atividades de natureza privada. 
 
• Crime praticado contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida: Art. 61, II, “h”:As Circunstâncias aqui previstas deve ser de conhecimento do autor do crime, sob pena de responsabilidade penal objetiva.4 
 
CONCEITOS 
CRIANÇA Pessoa até doze anos de idade incompletos. 
MAIOR DE 60 
ANOS 
Idoso é toda pessoa com idade igual ou maior de 60 anos, conforme art. 1º do Estatuto do Idoso. 
 
Para incidir a agravante, não basta que o crime tenha sido praticado contra um idoso. Além disso, essa condição 
precisa ter relação com o crime praticado como, por exemplo, aproveitando-se da fragilidade do ofendido. 
MULHER 
GRÁVIDA 
Qualquer estágio da gestação, sendo necessário apenas o nexo entre essa condição da vítima e o crime praticado. 
ENFERMO 
É o doente, abrangendo qualquer distúrbio, permanente ou não, das funções de um órgão, da psique ou do 
organismo como um todo. 
 
Luiz Flávio Gomes e Antonio Molina entendem que o deficiente, pessoa com incapacidade para certas atividades, 
deve ser equiparado ao enfermo, fazendo uma interpretação extensiva que não chega a ser analógica. 
 
A circunstância deve ter relação com o crime praticado. 
 
• Crime praticado quando o ofendido estava sob imediata proteção da autoridade: Art. 61, II, “i”: 
 
Uma frase que resume a agravante em estudo: 
 
4 No entanto, no HC 403.574/AC, o STJ firmou entendimento no sentido de que a agravante relativa ao crime cometido contra maior de 
sessenta anos incide independentemente do conhecimento do agente acerca da idade da vítima, pois trata-se de circunstância 
objetiva. Além disso, a vulnerabilidade do idoso é presumida. 
 
“Enquadra-se nessa agravante o resgate de preso para ser morto por facção rival, nas não o crime cometido contra a vítima 
que se encontrava ao lado de um policial”. 
 
Na primeira situação, há relação de guarda, dependência e/ou sujeição, necessárias para a incidência da agravante. Na 
segunda, não. 
 
• Crime praticado em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública ou desgraça particular 
do ofendido: Art. 61, II, “j”: 
 
• Crime praticado em estado de embriaguez preordenada: Art. 61, II, “l”: 
 
Trata-se da situação em que o agente se embriaga propositalmente, encorajando-se à prática do crime. 
 
✓ Embriaguez: Alcança toda intoxicação aguda provada não só pelo álcool como também por substância de efeitos análogos. 
 
A punição do agente é baseada na teoria do actio libera in causa. 
 
Vale, ainda, lembrar a questão da culpabilidade na embriaguez: 
 
EMBRIAGUEZ 
ACIDENTAL 
Caso Fortuito 
O agente ignora o efeito 
inebriante da substância 
Completa: Isenta o agente de pena. 
Força Maior 
O agente é obrigado a 
ingerir a substância 
Incompleta: Diminui a pena na forma do art. 
28, §2º, do CP. 
Somente a embriaguez acidental é a que isenta o agente de pena. 
EMBRIAGUEZ 
NÃO 
ACIDENTAL 
Voluntária 
O agente quer se 
embriagar 
Completa 
Culposa Negligência Incompleta 
JAMAIS IRÁ EXCLUIR A IMPUTABILIDADE. 
EMBRIAGUEZ 
PATOLÓGICA 
Doentia5 
Pode configurar anomalia 
psíquica 
Será tratado como doente mental, aplicando-
se o art. 26 do CP. 
EMBRIAGUEZ 
PREORDENADA 
Embriaguez voluntária + 
Finalidade de praticar o 
crime 
É o meio que o agente se 
vale para praticar o delito 
É considerada uma agravante, consoante art. 
61, II, “i”, do CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Para gerar a inimputabilidade do ébrio, pressupõem: causal (Proveniente de caso fortuito ou força maior), quantitativo (completa), 
cronológico (ao tempo da ação/omissão) e consequencial (interna incapacidade intelectiva ou volitiva). 
QUADRO EXEMPLO 
Situação fática: 
 
João, saindo de uma festa, completamente bêbado, dirige seu veículo, acabando por atropelar e matar um pedestre. 
 
O Estado de ebriez não significa, automaticamente, a punição por dolo (ainda que eventual). Assim, constrói-se o seguinte 
quadro: 
ATO ANTECEDENTE ENQUANTO LIVRE NA VONTADE ATO TRANSITÓRIO REVESTIDO DE INCONSCIÊNCIA 
Tem previsão do resultado + quer o resultado + imputável = 
Homicídio doloso, com dolo direto. 
Não existe capacidade de entendimento ou 
autodeterminação. 
 
Segundo a teoria do actio libera in causa, a análise da 
imputabilidade deve ser feita no momento anterior. 
Previsão do resultado + assumiu o risco + imputável = Homicídio 
doloso, com dolo eventual. 
Previsão do resultado + acreditou poder evitar o resultado + 
imputável = Homicídio culposo do CTB, com culpa consciente. 
Não previu o resultado + resultado previsível + imputável = 
homicídio culposo, com culpa inconsciente. 
Resultado imprevisível = fato atípico (pois aplicar a teoria do 
actio libera in causa pode significar na responsabilidade penal 
objetiva). 
 
DAS AGRAVANTES NO CONCURSO DE PESSOAS6 
 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou 
qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
 
5. Das atenuantes: São previstas nos arts. 65 e 66 do CP. 
 
• Hipóteses de não incidência das atenuantes: Em regra, as atenuantes sempre atenuam a pena, conforme determina o art. 
65, caput, do CP. Todavia, a doutrina traz aas seguintes exceções: 
 
✓ Não incide a atenuante quando a circunstância já constitui ou privilegia o crime7. 
 
✓ A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Súmula 231: STJ8. 
 
6 Sanches entende que houve erro do legislador, devendo ser chamados de “Agravantes que … por duas ou mais pessoa”. Fundamenta 
citando Cleber Masson, que afirma que: “concurso de pessoas, em termos técnicos, é a colaboração de dois ou mais agentes culpáveis 
para a prática de uma infração penal. Assim, a expressão na rubrica é imprópria, visto que os incisos II e II do artigo 62 tratam de hipóteses 
de autoria mediata. 
7 Sanches critica esse entendimento, visto o entendimento é similar ao adotado na redação do art. 61¸caput, do CP, para as agravantes. 
No entanto, lá é aplicado para evitar bis in idem, o que não se justifica na aplicação da atenuante. Assim, essa exceção ofende o princípio 
da legalidade, configurando analogia in malam partem. 
8 A súmula, sem amparo legal, merece diversas críticas por ofensa aos princípios da legalidade, isonomia e da individualização da pena. 
 
✓ Concurso entre agravantes e atenuantes. Na hipótese da agravante ser preponderante, aplica-se a agravante em 
detrimento da atenuante. 
 
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes 
 
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias 
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente 
e da reincidência. 
 
DAS ATENUANTES: 
 
• Menoridade: Art. 65, I, 1º parte: 
 
A pena deve ser atenuada quando o agente, à época do fato, era menor de 21 anos de idade, considerando-se a premissa de 
que a pessoa, antes dos 21 anos de idade, é imatura, apresentando personalidade em desenvolvimento. 
 
Súmula 74, STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. Entende-
se como certidão de nascimento ou RG. 
 
Além disso, a circunstância atenuante da menoridade é preponderante, compensando-se com a reincidência9. 
 
• Senilidade: Art. 65, I, 2º parte: 
 
Aplica-se quando o agente foi maior de setenta anos de idade na data da sentença. 
 
Como sentença, entende-se o provimento de primeiro grau. Se a completude dos 70 anos for após a interposição de recurso, 
não restará configurada a atenuante. 
 
• Desconhecimento da lei: Art. 65, II:Embora inescusável, funcionada como atenuante genérica. Todavia, vale fazer a seguinte distinção: 
 
IGNORÂNCIA DA LEI ERRO DE PROIBIÇÃO 
Nem sempre o agente que ignora a lei desconhece a 
ilicitude do seu comportamento. 
Nem sempre que o agente desconhece a ilicitude do seu 
comportamento, ignora a lei. 
João, apesar de ignorar que o desrespeito ao hino nacional 
é contravenção penal, passa a achincalhar a letra, sabendo 
que seu comportamento é reprovado socialmente. 
João, mesmo sabendo que homicídio é crime, acredita que 
o tipo não alcança a eutanásia 
Serve como atenuante da pena 
Se inevitável, isenta o agente de pena; Se evitável, reduz a 
sanção penal. 
 
• Motivo de relevante valor moral ou social: Art. 65, III, “a”: 
 
✓ Relevante valor moral: entende-se aquele ligado aos motivos de interesses individuais, particulares do agente. 
 
✓ Relevante valor social: São os interesses de toda coletividade. 
 
 
9 STJ, HC 381.012/SP. 
• Ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as 
consequências, ou ter, antes do julgamento reparado o dano: Art. 65, III, “b”: 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 
Em caso de crime sem violência ou grave ameaça à pessoa, a reparação do dano ou restituição da coisa até o recebimento 
da denúncia ou queixa serve como causa de diminuição de pena, prevista no art. 16 do CP – arrependimento posterior. 
 
Esse é verificado apenas para voluntariedade, não sendo exigida a espontaneidade como na atenuante. 
No estelionato na modalidade de emissão de cheques sem fundos, a reparação do dano antes do recebimento da inicial 
obsta a instauração da ação penal (Súmula 554 do STF a contrário sensu), não se aplicando o instituto do arrependimento 
posterior ou a atenuante em estudo. 
Em caso de peculato culposo, a reparação do dano ou restituição da coisa, se precede a sentença irrecorrível, é causa 
especial extintiva da punibilidade. Se for posterior, é causa de redução de metade da pena. 
Nos crimes contra a ordem tributária, extingue a punibilidade o pagamento integral do débito tributário. 
Nos crimes de menor potencial ofensivo, segundo procedimento da Lei 9.099/95, permite-se às partes a composição civil 
dos danos, hipótese na qual ocorrerá a extinção da punibilidade. 
 
• Ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, 
ou sob a influência de violenta emoção, provocada por injusto da vítima: Art. 65, III, “c”: 
 
• Ter o agente confessado espontaneamente perante a autoridade, a autoria do crime: Art. 65, III, “d”: 
 
✓ Espontaneidade: Espontânea é a assunção, livre de interferência subjetiva externa, dos fatos imputados. A decisão de 
confessar deve partir do próprio agente. Se decorrente de interferência externa, pode configurar a atenuante prevista no 
art. 66. 
 
HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL. RETRATADA EM JUÍZO. 
UTILIZADA PARA FORMAÇÃO DO CONVENCIMENTO ACERCA DA AUTORIA. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE. SÚMULA 545/STJ. 
REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO INTEGRAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. I – (…) II - A 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que deve ser aplicada a atenuante da confissão 
espontânea realizada perante a autoridade policial, ainda que retratada em juízo, desde que ela tenha sido utilizada para 
convencimento acerca da autoria, determinando a condenação. III - Consoante dispõe o enunciado n. 545/STJ: "Quando a confissão 
for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, 'd', do Código Penal." IV 
- Reconhecida a atenuante, deve ser integralmente compensada com a agravante da reincidência, nos termos do entendimento 
firmado por ocasião do julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.341.370/MT, verbis: "é possível, na segunda fase da dosimetria 
da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência". Habeas corpus não conhecido. 
Ordem concedida de ofício para reconhecer a atenuante da confissão e compensá-la com a agravante da reincidência. (HC 456.452/RJ, 
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2018, DJe 20/08/2018) 
 
• Ter o agente cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou: Art. 65, III, “e”: 
 
CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTES INOMINADAS – ART. 66 
 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não 
prevista expressamente em lei 
 
Trata-se da atenuante de clemência. 
 
d) Terceira fase de aplicação da pena: Tem como objetivo a fixação definitiva da pena. Leva-se como base a pena 
intermediária fixada na fase anterior, fazendo incidir sobre ela as causas de aumento e diminuição de pena (ou majorantes 
e minorantes). 
 
As majorantes e as minorantes podem levar a pena para além ou aquém do máximo/mínimo cominado. 
 
1. Concurso homogêneo de causas de aumento: 
 
• Causas de aumento prevista na Parte Geral: O Juiz deve aplicar as duas, observando o princípio da incidência isolada, isto 
é, o segundo aumento recai sobre a pena fixada na 2 fase, não sobre a pena já aumentada. 
 
Exemplo: Pena intermediária de 6 anos. O Juízo verificou que incidem duas majorantes, sendo 1/3 e 1/2. 
 
06 anos + 1/3 = 08 anos + 1/2 = 12 anos. 
 
6 anos + 1/3 + 1/2 = 11 anos. 
 
• Causas de aumento prevista na Parte Especial: O Juiz, visando aos fins da pena, escolhe aplicar as duas (princípio da 
incidência isolada) ou apenas uma10, escolhendo nesse caso, a que mais aumenta. 
 
Art. 68, Parágrafo único: No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-
se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
 
• Causas de aumento, uma na Parte Geral e outra na Parte Especial: O Juiz deverá aplicar as duas, observando-se o princípio 
da incidência isolada. 
 
2. Concurso homogêneo de causas de diminuição: 
 
• Causas de diminuição previstas na Parte Geral: O Juiz, sem escolha, deve aplicar as duas, observando o princípio da 
incidência cumulativa, isto é, a segunda diminuição recai sobre a pena já diminuída. 
 
A diferença na aplicação dos princípios da incidência cumulativa x isolada se justificada porque é mais benéfico para o réu. 
Cumulativamente, máxima a minoração da pena. Isoladamente, atenua a majoração da pena. 
 
• Causas de diminuição previstas na parte geral: Aplica-se a mesma coisa da majorante, observando-se, contudo, o princípio 
da incidência cumulativa. 
 
• Causas de diminuição, uma na parte geral e outra da parte especial: Aplica-se as duas, observando-se o princípio da 
incidência cumulativa. 
 
3. Concurso Heterogêneo de causas de aumento e diminuição: Aplica-se as duas, observando-se o princípio da incidência 
cumulativa. 
 
➔ Dispositivos Legais importantes: 
 
CAPÍTULO III 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
 
Fixação da pena 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às 
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao 
 
10 Nesse caso, a outra majorante pode ser deslocada para outro momento da aplicação da pena, como na análise das circunstâncias 
judiciais. 
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário 
e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por 
outra espécie de pena, se cabível. 
 
Critérios especiais da pena de multa 
 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, 
principalmente, àsituação econômica do réu. 
 
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar 
que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora 
aplicada no máximo. 
 
Multa substitutiva 
 
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) 
meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios 
dos incisos II e III do art. 44 deste Código. 
 
Circunstâncias agravantes 
 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando 
não constituem ou qualificam o crime: 
 
I - a reincidência; 
 
II - ter o agente cometido o crime: 
 
a) por motivo fútil ou torpe; 
 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a 
impunidade ou vantagem de outro crime; 
 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; 
 
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência 
contra a mulher na forma da lei específica; 
 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, 
ofício, ministério ou profissão; 
 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher 
grávida; 
 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da 
autoridade; 
 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer 
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; 
 
l) em estado de embriaguez preordenada. 
 
Agravantes no caso de concurso de pessoas 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a 
atividade dos demais agentes; 
 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua 
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade 
pessoal; 
 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa 
de recompensa. 
 
Reincidência 
 
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo 
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou 
no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
 
Art. 64 - Para efeito de reincidência: 
 
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do 
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver 
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado 
o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se 
não ocorrer revogação; 
 
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. 
 
Circunstâncias atenuantes 
 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior 
de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
 
II - o desconhecimento da lei; 
 
III - ter o agente: 
 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
 b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo 
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, 
antes do julgamento, reparado o dano; 
 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência 
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria 
do crime; 
 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se 
não o provocou. 
 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de 
circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora 
não prevista expressamente em lei. 
 
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes 
 
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve 
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias 
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos 
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da 
reincidência. 
 
Cálculo da pena 
 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 
59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias 
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de 
aumento. 
 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de 
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um 
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a 
causa que mais aumente ou diminua. 
 
Concurso material 
 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja 
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e 
de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido 
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos 
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o 
art. 44 deste Código. 
 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o 
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis 
entre si e sucessivamente as demais. 
 
Concurso formal 
 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais 
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade 
(Concurso formal próprio). As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes 
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o 
disposto no artigo anterior (concurso formal impróprio). 
 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível 
pela regra do art. 69 deste Código. 
 
Crime continuado 
 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas 
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, 
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, 
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
a personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, 
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do 
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
 
Limite das penas 
 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de 
liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) 
anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de 
liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas 
ser unificadas para atender ao limite máximo deste 
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do 
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, 
para esse fim, o período de pena já cumprido. 
 
SEÇÃO I 
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
 
Reclusão e detenção 
 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, 
semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou 
aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
 
§ 1º - Considera-se: 
 
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de 
segurança máxima ou média; 
 
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar; 
 
c) regime abertoa execução da pena em casa de albergado ou 
estabelecimento adequado. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em 
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os 
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a 
regime mais rigoroso: 
 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a 
cumpri-la em regime fechado; 
 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, 
cumpri-la em regime semi-aberto; 
 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 
4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime 
aberto. 
 
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena 
far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste 
Código 
 
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a 
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à 
reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
 
Regras do regime fechado 
 
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento 
da pena, a exame criminológico de classificação para 
individualização da execução. 
 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a 
isolamento durante o repouso noturno. 
 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na 
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do 
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. 
 
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em 
serviços ou obras públicas. 
 
Regras do regime semi-aberto 
 
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao 
condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-
aberto. 
 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o 
período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento 
similar. 
 
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a 
cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau 
ou superior. 
 
Regras do regime aberto 
 
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado. 
 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem 
vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade 
autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e 
nos dias de folga. 
 
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar 
fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou 
se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. 
 
Regime especial 
 
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, 
observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição 
pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. 
 
Direitos do preso 
 
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela 
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito 
à sua integridade física e moral. 
 
Trabalho do preso 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe 
garantidos os benefícios da Previdência Social. 
 
Legislação especial 
 
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 
38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos 
do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes 
e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes 
sanções. 
 
Superveniência de doença mental 
 
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser 
recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à 
falta, a outro estabelecimento adequado. 
 
Detração 
 
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida 
de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no 
estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em 
qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.

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