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Anemias Hereditárias Introdução ▪ DEFICIÊNCIAS ENZIMÁTICAS: G6PD; piruvato- quinase, glicose-fosfato isomerase, 5’ nucleotidase ▪ HEMOGLOBINOPATIAS: Anemia falciforme, talassemias, hemoglobinas instáveis ▪ DEFEITOS DE MEMBRANA: Esferocitose hereditária, eliptocitose hereditária, estomatocitose hereditária. TIPOS DE HEMOGLOBINA 1. NORMAIS ▪ Hemoglobina A: Represemte 95% a 98% da hemoglobina encontrada em adultos; contém 2 cadeias proteicas α e 2 cadeias proteicas β ▪ Hemoglobina A2: Cerca de 2 a 3% da hemoglobina total em adultos; tem 2 cadeias proteicas α e 2 cadeias proteicas delta ▪ Hemoglobina F: Até 2% da hemoglobina total em adultos; tem 2 cadeias proteicas α e 2 cadeias proteicas gama. Principal hemoglobina produzida pelo feto, sua produção diminui após o nascimento. 2. VARIANTES COMUNS ▪ Hemoglobina S: Principal hemoglobina na anemia falciforme. Quem possui a doença a tem 2 genes beta anormais (βS) e 2 genes alfa normais. Uma cópia isolada do gene βS não causa sintomas, a não ser quando combinada com outra variante da hemoglobina. ▪ Hemoglobina C: Cerca de 2% a 3% da descendência de pessoas da África ocidental são heterozigotas para esta hemoglobina (têm uma cópia do gene βC ). Homozigotos, que possuem 2 cópias do gene βC , são raros e têm uma doença relativamente branda. Apresentam graus variáveis de anemia hemolítica e aumento pequeno ou moderado do baço. ▪ Hemoglobina E: Uma das variantes da cadeia beta da hemoglobina mias comuns no mundo. Frequente no sudeste asiático. Homozigotos para hemoglobina E (com 2 cópias do gene βE ) apresentam anemia hemolítica branda, microcitose e aumento discreto do baço. Uma cópia única do gene não causa sintomas, a não ser quando associada a outra mutação, como o traço talassêmico beta. 3. VARIANTES INCOMUNS ▪ Hemoglobina F: Principal tipo de hemoglobina produzido pelo feto, diminui ao nascimento e atinge os níveis de adultos em um ano. Pode estar aumentada na talassemia beta e, frequentemente, elevada na anemia falciforme ou na combinação de anemia falciforme e aumento da hemoglobina F podem ter uma doença mais branda porque esse tipo de hemoglobina F podem ter uma doença mais branda porque esse tipo de hemoglobina inibe o afoiçamento das hemácias. Os níveis de hemoglobina F também permanecem aumentados na persistência da hemoglobina fetal, distúrbio hereditário assintomático. Também pode se apresentar elevada em distúrbios mieloproliferativos. ▪ Hemoglobina H: É composta de 4 cadeias beta e ocorre quando há falta de síntese de cadeias alfa, como em alguns casos de talassemia alfa. Embora as cadeias beta sejam normais, afunção do tetrâmero não é normal. A molécula de hemoglobina resultante tem grande afinidade pelo oxigênio, o que diminui a liberação desse gás para as células. ▪ Hemoglobina de Bart: Ocorre em alguns fetos com alfa talassemia. É formada por 4 cadeias gama. Como tem afinidade muito grande pelo oxigênio, com frequência causa morte fetal ou nos primeiros meses de vida. Anemia Falciforme ▪ Também conhecida como Drepanocitose ou anemia drepanocítica (Drépane = Foice) ▪ Caracteriza-se pela produção anormal de hemoglobinas, sendo a mais comum a forma HbS (Sickle = Foice) ▪ Anemia tanto por defeito de estrutura/síntese de hemoglobina, quanto por hemólise. Epidemiologia ▪ Mais frequente na África subsaariana ocidental, Arábia Saudita e Índia, e nos descendentes de povos originários destes locais. ▪ Portadores de Drepanocitose são mais resistentes à malária, pois o Plasmodium não consegue se reproduzirem em hemácias falciformes. Definições ▪ O termo DOENÇA FALCIFORME engloba todas as anemias genéticas com predomínio de Hemoglobina S, tanto anemia falciforme (Hb SS) quanto associações de HbS com outras variantes de hemoglobina. ▪ Heterogeneidade mutacional, associada a demais características genéticas e fatores ambientais e sociais são responsáveis por um amplo espectro clínico. Genética ANEMIA FALCIFORME ▪ Autossômica recessiva por par genético mutante no cromossomo 11 => Homozigótico (HbSS) HETEROZIGÓTICO SIMPLES ▪ Traço falciforme, aproximadamente 4% da população brasileira (HbAS). ▪ Assintomático, sem anemia. HETEROZIGÓTICO COMPOSTO/ DOENÇA FALCIFORME: ▪ HbS e outro defeito na Hb ▪ Homozigóticos + heterozigóticos compostos: Cerca de 35000 pessoas no Brasil. Fisiopatologia ▪ A hemoglobina S consegue transportar O2, mas em condições de desoxigenação, suas moléculas se aglutinam, levando a hemácia a assumir a forma de foice, o que pode ser revertido com a oxigenação, caso a membrana não esteja totalmente alterada. ▪ Os drepanócitos são prematuramente destruídos pelo sistema monocítico fagocitário, ocasionando anemia hemolítica. ▪ A hemólise ocorre tato intra quanto extravascular. A hemólise intravascular desencadeia vasculopatia proliferativa, alterações endoteliais que geram estado inflamatório crônico, que por sua vez expõem o fator tecidual que desencadeia a cascata de coagulação. ▪ Vasoclusão: Eritrofalciformação + Maior interação entre endotélio, leucócitos e plaquetas + Vasculopatia proliferativa + Estado inflamatório crônico + Hipercoagulabilidade ▪ Isquemia e infarto tecidual resultam em lesão orgânica crônica e crises dolorosas agudas, que são as manifestações típicas da AF. Diagnóstico ▪ Teste do pezinho: triagem ▪ Eletroforese de proteínas normal: -Neonatos: Hb fetal (α2γ2): 90 a 100%; HbA (α2β2): 0 a 10%; HbA2 (α2δ2): 0 a 1% -Após 1 ano: Hb A (α2β2): 96-98%; HbA2 (α2δ2): 2,5 a 3,4%; HbF (α2γ2): 0-2% Exames Complementares HEMOGRAMA ▪ Anemia hemolítica crônica com episódios de piora aguda. ▪ Hb entre 8 a 10g/dL ▪ Ht entre 10 a 30% ▪ Policromasia reticulocitose (3 a 15%) ▪ Leve leucocitose ▪ Normocrômica e normocítica. Em caso de deficiência de ferro ou talassemia associadas, pode haver microcitose e hipocromia. ▪ Hemólise pode manter o ferro sérico normal, ferritina baixa (<25 ng/Ml) e transferrina sérica alta indicam deficiência de ferro. Clínica ▪ Vaso-oclusão ▪ Necrose avascular da medula óssea (crises álgicas/síndrome mão-pé/necrose da cabeça do fêmur) ▪ Filtração esplênica alterada (aumento do risco de infecções por germes encapsulados) ▪ Fibrose esplênica progressiva ▪ Osteomielite ▪ Síndrome torácica aguda ▪ Vasculopatia cutânea (úlceras crônicas) ▪ Priapismo ▪ Retinopatias proliferativas ▪ Acidente vascular encefálico ▪ Acometimento renal (tubulopatia/insuficiência renal crônica) ▪ Sequestro de glóbulos vermelhos (agudo ou crônico) ▪ Crescimento e desenvolvimento puberal atrasados ▪ Hemólise ▪ Anemia (Hb entre 6 e 9 g/100Ml) ▪ Hiperbilirrubinemia, icterícia e pigmento biliar ▪ Expansão da medula óssea ▪ Crise de aplasia Complicações 1. SEQUESTRO ESPLÊNICO ▪ Mais comum entre 5 meses e 2 anos de idade sendo a causa frequente de óbito nessa população, por choque hipovolêmico. ▪ Etiologia desconhecida ▪ Diminuição rápida da hemoglobina (<5g/Dl) com resposta medular compensatória (reticulocitose) e aumento rápido do baço. ▪ Clínica: Palidez, mal estar, dor abdominal, hipotensão, taquicardia, eplenomegalia. ▪ Tratamento: Transfusão de hemácias, estabilização clínica se > 5 anos, considerar esplenectomia. Em menores, transfusão crônica para manter HbS < 30% e orientar palpação de baço. 2. CRISE APLÁSICA ▪ Parada transitória da eritropoiese, causando queda abrupta da hemoglobina e redução dos reticulócitos no sangue periférico (<1%/10000 por microL) ▪ Geralmente causada por infecção (Crianças: Parvovírus B19, Streptococcus pneumoniae, Salmonella, Epstein-Barr vírus) ▪ Clínica: Anemia aguda sem esplenomegalia, hipovolemia ▪ Tratamento: Sintomático, CH ▪ Curso autolimitado, duração de cerca de 1 semana,recorrência rara. 3. CRISES DE DOR ▪ Complicações mais frequentes da doença falciforme, causadas por isquemia. ▪ Duram cerca de 5 dias. ▪ Precipitadas por hipóxia, infecção, febre, acidose, desidratação e hipotermia. ▪ Clínica: Dores nas extremidades, abdome e dorso. Pode haver aumento de volume, calor e eritema locais, assim como febre. ▪ DD: Osteomielite, artrite séptica, sinovite, febre reumática, abdome agudo, pneumonias ▪ Tratamento: Tratar fatores precipitantes, repouso, hidratação e analgesia. ▪ SINAIS DE ALERTA: Febre (>38°C), desidratação, letargia, cefaleia intensa, palidez, vômitos, aumento do volume articular, dor abdominal, sintomas/sinais respiratórios, sintomas neurológicos, priapismo, resistência à analgesia, dor lombar com suspeita de pielonefrite. - Se sinais pedir exames complementares: HMG, PCR, VHS, US e TC de abdome, RX de tórax, TC de crânio, US de articulações, TGO e TGP, ureia e creatinina, hemocultura, etc. 4. FEBRE ▪ Alto risco de infecção. Os sítios mais envolvidos são sangue, pulmões, ossos, meninges e trato urinário. ▪ Asplenia funcional: Isquemias repetidas – imunodepressão, máxima aos 5 anos de idade. Susceptibilidade maior a bactérias encapsuladas Pneumococo e Hemófilo. ▪ E. coli, S. aureus e Salmonella também são frequentes. ▪ Predisposição a infecções também pela hipoperfusão tecidual e hipoventilação. ▪ Em todo paciente, é indicada, se possível, a avaliação bacteriológica antes do antimicrobiano empírico. ▪ O antibiótico deve ser começado IMEDIATAMENTE em caso de toxemia (letargia, má perfusão, cianose, taquicardia ou bradicardia, hipoventilação ou hiperventilação e instabilidade hemodinâmica) e/ou suspeita de meningite. ▪ Antibioticoterapia empírica: Deve ser iniciada em TODOS os pacientes, pelo risco de septicemia. ✓ Ceftriaxona 1g a 2g EV 12-12h ou 50 a 100mg/kg EV de 12-12h (exceto neonatos, usar cefotaxima pelo risco de hiperbilirrubinemia). Se alergia, clindamicina. ▪ Critérios de internação: 1. Criança < 3 anos 2. TAX > 38°C 3. Leucócitos >30000/microL ou <5000/microL 4. Queda de Hb ≥ 2g/dL em relação ao basal ou ≤ 5g/dL 5. História de bacteremia prévia 6. Toxemia, instabilidade hemodinâmica, suspeita de meningite 7. Síndrome torácica aguda, crise dolorosa, crise aplásica, sequestro esplênico 5. FÍGADO E VIAS BILIARES ▪ LITÍASE BILIAR: Frequência aumenta com a idade. Pode causar colecistite, obstrução biliar e pancreatite. ▪ CRISES VASO-OCLUSIVAS NO FÍGADO: Hepatomegalia e icterícia + Queda de Hb ▪ Transfusões crônicas -> Hemossiderose -> Hepatomegalia ▪ ICTERÍCIA: consequência da hemólise (BI). Sua exacerbação requer pesquisa de infecção. 6. AVC ▪ Manifesta-se por déficit focal agudo. É frequente a recorrência. ▪ Em caso de cefaleia, febre, crise epiléptica e alteração da consciência, afastar infecção do SNC, principalmente em crianças pequenas. ▪ Tratamento: Exsanguineotransfusão de urgência + transfusões programadas para manter a concentração de HbS abaixo de 40% e Hb em torno de 10g/dL ▪ Doppler transcraniano: Detecta risco de AVCI em crianças e adolescentes (2 aos 17 anos), que corresponde à velocidade do fluxo nos principais troncos arteriais. Profilaxia com hipertransfusão. 7. SÍNDROME TORÁCICA AGUDA ▪ Clínica: dor torácica, tosse, dispneia, taquipneia, hipoxemia, febre (comum em crianças, hipercapnia. ▪ Causas: Infecção (principalmente em crianças), embolia de medula óssea necrótica, isquemia e sequestro pulmonar. ▪ DD: Patologias cardíacas. -Exame de imagem pulmonar: Infiltrado pulmonar novo Tratamento: ▪ Oxigenioterapia, fisioterapia respiratória. ▪ Evitar hidratação excessiva. ▪ Antimicrobiano: As causas mais comuns de infecção são bactérias atípicas (Chlamydia, Mycoplasma), Pneumococo e Hemófilo. CEFALOSPORINA DE 3ª GERAÇÃO + MACROLÍDEO OU QUINOLONA DE 4ª GERAÇÃO. Ex: Ceftriaxona 1g EV 12/12hr + Azitromicina 500mg EV 24/24hrs ou Moxifloxacino VO 400mg 24/24h. Em neonatos, preferir Cefotaxima. ▪ Transfusões simples ou exsanguíneo transfusão: IC descompensada, PNM progressiva, taquidispneia intensa, PaO2 <70mmHg ou queda de 25% nos níveis basais da PaO2 8. ÚLCERAS DE MMII ▪ Mais comuns em adolescentes e adultos jovens, na região do tornozelo. Podem ser traumáticas ou espontâneas. ▪ Osteonecrose: Extremidades proximais do fêmur ou úmero. 9. PRIAPISMO ▪ Risco de disfunção sexual ▪ Tratamento: Analgesia, caminhada leve, banho morno e hidratação precocemente. Se não melhorar, hemotransfusão. 10. GESTAÇÃO ▪ Risco de aborto espontâneo, gravidez de risco. ▪ Pesquisa de tipagem sanguínea e anticorpos irregulares (aloimunização) para evitar DHPN. ▪ Monitorar crescimento fetal. ▪ Administrar ácido fólico. ▪ Transfusão apenas se queda maior de 30% da Hb basal. Transfusão Sanguínea INDICAÇÕES: ▪ Crise aplástica ▪ Crise hiper hemolítica ▪ Crise de sequestração esplênica ▪ AVC ▪ Priapismo ▪ Síndrome Torácica Aguda ▪ Pré-Operatório ▪ Doença pulmonar hipóxica progressiva ▪ IC RISCOS: Hiperviscosidade, sobrecarga de volume, reações hemolíticas, reações febris não-hemolíticas, reações alérgicas, reações hemolíticas retardadas, sobrecarga de ferro, hepatite B e C, HIV. - Níveis de hemoglobina de até 5g/dL podem ser bem tolerados OBJETIVOS: Elevar o Ht a 30%, a Hb a 10g/sL e Hb < 30% CONTRAINDICAÇÕES: Anemia crônica assintomática; Crises dolorosas não complicadas; Infecções leves a moderadas. TIPOS DE TRANSFUSÃO: 1. Transfusões simples: Preferir concentrado de hemácias filtradas ou lavadas, caso não esteja disponível o filtro de leucócitos para reduzir as reações transfusionais não hemolíticas. Sempre que possível, usar hemácias fenotipadas. Podem promover o aumento da viscosidade e oclusão vascular, impedindo o aumento da liberação do O2 para os tecidos. 2. Exsanguineotransfusão: AVC isquêmico, pneumonia grave, hipoxemia aguda, pré-operatório de cirurgias com anestesia geral e priapismo agudo. PROFILAXIA ANTIMICROBIANA ▪ Previne 80% das septicemias por S. pneumoniae ▪ Penicilina benzatina ou Penicilina V oral dos 3 meses até 5 anos de idade, conforme o seguinte esquema: 1. Penicilina V oral: ▪ 3m-2a: 125mg 2x/dia ▪ 2-5a: 250mg 2x/dia 2. Penicilina benzatina: ▪ 3m-2a: 300.000 UI 28/28 dias ▪ 2-5a: 600.000 UI 28/28 dias 3. Nas crianças alérgicas a penicilina: ▪ Eritromicina: 20mg/kg/dia (máx 2g/dia), 12/12h, VO HIDROXIUREIA ▪ Aumenta síntese de HbF ▪ Reduz neutrófilos e moléculas de adesão dos eritrócitos ▪ Reduz os fenômenos inflamatórios de vaso-oclusão ▪ Critérios de exclusão para uso de Hidroxiureia (HU): Contagem de neutrófilos abaixo de 2000/mm3, Hb abaixo de 4,5 g/dL, reticulócitos abaixo de 80000/mm3 (quando Hb menor que 8g/dL), contagem de plaquetas abaixo de 80000/mm3 ou gestação. ▪ Critérios de exclusão para transplante alogênico aparentado mieloblatico de céls-tronco hematopoiéticas (sangue de cordão umbilical, sangue periférico ou medula óssea): Presença de vasculopatia cerebral do tipo moya-moya ou outra comorbidade que comprometa o resultado do transplante Talassemias ▪ Thalassa (mar) e haema (sangue) -> Referência ao mar mediterrâneo (Itália, Turquia, Líbano e Grécia) ▪ Percentagens relevantes de portadores de talassemias são registrados no Canadá, nos EUA, no Brasil, na Argentina, na Índia e Austrália. ▪ Brasil: Cerca de 1000 pessoas com formas graves de talassemias. ▪ Hemoglobinopatias hereditárias, decorrentes de mutações nos genes das globinas, que promovem redução ou ausência de síntese de uma ou mais das cadeias formadoras da hemoglobina, com consequente eritropoiese ineficaz. ▪ Há grande variedade de manifestações clínicas e laboratoriais, de acordo com a cadeia afetada e com o grau de desequilíbrio na produçãoquantitativa. ▪ Alfa e beta: Mais comuns ▪ Delta-beta, delta e gama-delta-beta: Muito raros ▪ As cadeias produzidas em excesso formam precipitados na hemácia, lesam sua membrana e provocam destruição prematura. A quantidade e o tipo desses precipitados determinam a gravidade da talassemia. ▪ A medula óssea produz hemácias menores e com menos hemoglobina, causando anemia hemolítica e hipocromia. Genética 1. BETA ▪ Mutação no cromossomo 11, nos genes da globina β que levam à redução ou ausência de síntese das cadeias β da Hb. ▪ Alelos β0 (ausência de expressão) e β+ (expressão reduzida) é bastante variável. ▪ Menor: Heterozigose das formas β0 ou β+ ▪ Intermediária: Homozigose β+ β+ ou dupla heterozigose β0 β+ ▪ Maior: Homozigose β0 β0 ou dupla heterozigose β0 β+ 2. ALFA ▪ Mutação do cromossomo 16 Traço talassêmico α (deleção de um ou dois genes α): ▪ Traço talassêmico α+ heterozigoto (-α/ αα): Portador silencioso ▪ Traço talassêmico α+ homozigoto (-α /-α) e traço talassêmico α0 heterozigoto (--/αα): Correspondem à perda de 2 genes alfa. Doença da Hb H (3 genes α afetados) ▪ Formas α0 e α+ (--/-α) ▪ Síndrome da hidropsia fetal (4 genes α afetados) ▪ Homozigose da talassemia α0 (--/--) Talassemia Beta ▪ Talassemia beta menor/traço talassêmico beta: Anemia leve ▪ Talassemia beta intermediária: Anemia leve a grave, podendo necessitar transfusões de sangue ▪ Talassemia beta maior: Anemia grave, necessitando transfusões de sangue a cada 2-4 semanas ▪ Mutações genéticas são oriundas dos países do Mediterrâneo, Oriente Médio, índia, Ásia central, sul da China, Extremo Oriente, norte da África. Talassemia Alfa ▪ Portador silencioso ▪ Traço talassêmico alfa: Anemia leve ▪ Doença da hemoglobina H: Anemia moderada a grave ▪ Síndrome da hidropsia fetal da hemoglobina Bart’s: Anemia muito grave e incompatível com a vida. ▪ Mutações genéticas para talassemia alfa podem ser encontradas em originários dos países do mar mediterrâneo, sudeste da Ásia, África e Índia. Exames Complementares 1. HEMOGRAMA ▪ Anemia microcítica hipocrômica nas formas maior e intermediária, com alterações morfológicas nas hemácias (poiquilocitose): células em alvo, em gota, fragmentos. ▪ Hb até 3g/dL nas formas graves ▪ Há aumento do número de hemácias com baixo número de reticulócitos. ▪ Hemólise não imune: LDH alto, aumento de bilirrubina indireta, COOMBs negativo. 2. CINÉTICA DO FERRO ▪ Ferro sérico elevado ▪ ISAT elevado ▪ Ferritina elevada Diagnóstico ▪ Teste do pezinho ampliado ▪ Teste genético ▪ Eletroforese de hemoglobinas ▪ Cromatografia líquida de ultra performance Sintomas e Complicações ▪ Talassemia beta maior: Morte na infância caso não haja transfusões ▪ Doença da hemoglobina H: Fenótipo intermediário ▪ Anemia: Palidez, fraqueza, fadiga. ▪ Icterícia: Cálculos de bilirrubina pela hemólise ▪ Atraso no crescimento: Anemia, estado hipermetabólico/deficiência nutricional, hipogonadismo hipogonadotrófico (hipófise) ▪ Cardíacas: Anemia + Hemossiderose – IC, arritmias ▪ Baço: Esplenomegalia (eritropoiese extramedular) -> sequestro esplênico -> imunossupressão pela esplenectomia necessária ▪ Ossos: Hiperplasia de medula óssea e deformidades, osteoporose ▪ Acúmulo de ferro/Hemossiderose: Combinação de eritropoiese inficaz com aumento da absorção de Fe intestinal e transfusões. ▪ Glândulas: Acúmulo de Fe no pâncreas (DM), tireóide (hipotireoidismo), hipófise (hipogonadismo) ▪ Fígado: Hepatomegalia (eritropoiese extramedular, depósito de ferro), fibrose e cirrose. ▪ Úlceras de MMII: Hipofluxo e trombose, mais comuns na forma intermediária ▪ Pulmões: TEP, hipertensão pulmonar ▪ Rins: IR por excesso de ácido úrico resultante da hiperatividade da medula óssea. ▪ Eritropoiese extramedular: Massas no tórax e região dorsal. Mais comum na forma intermediária. ▪ Trombose: Estado hipercoagulável. Tratamento ▪ Transfusão de hemácias fenotipadas e filtradas. ▪ Quelação do ferro (P/ Evitar Hemossiderose): Desferroxamina SC, Deferiprona VO e Deferasirox VO ▪ Transplante de MO (de céls tronco hematopoiéticas): Pode ser autólogo, alogênico ou de cordão umbilical. *O transplante aparentado haploidêntico é regulamentado no Brasil, indicando o transplante para talassemia maior nos pacientes menores de 15 anos com tamanho do fígaddo até dois centímetros, sem fibrose hepática e tratados adequadamente com quelante de ferro.
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