Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
As coisas se deslocam ao longo de um sistema chamado de Economia de Materiais: Da Extração, Produção, Distribuição, Consumo até o Tratamento de lixo. Vamos falar da Extração, que é uma palavra bonita para ”exploração de recursos naturais“, que é uma forma mais bonita para ”destruir o planeta“. Aqui enfrentamos o nosso primeiro limite. Estamos ficando sem recursos naturais. Continuando nesse ritmo, precisaremos de cinco planetas. Depois, as matérias primas seguem para a Produção, aonde utilizamos energia para misturar químicos tóxicos com recursos naturais. Esses recursos passam para a distribuição, o que significa vender todo o material contaminado com toxinas o mais rápido possível. Aqui, o objetivo é manter os preços baixos, com as pessoas comprando os produtos em constante movimento. Como eles mantêm isso? Tudo se resume em exteriorizar os custos. O verdadeiro custo de produção não se reflete no preço. Em outras palavras, não pagamos aquilo que compramos. E isso leva-nos até à seta dourada do Consumo. É tão importante proteger esta seta, que quase se tornou prioridade do governo e das corporações. 99% das coisas que nós cultivamos, processamos, transformamos, são lixo em menos de 6 meses. Como é que podemos gerir um planeta com este nível de rendimento? Todo o lixo produzido, ou é despejado em um aterro, que é um grande buraco no chão, ou ainda pior, primeiro é incinerado e depois despejado num aterro. As duas formas poluem o ar, o solo, a água, sem esquecer que alteram o clima. Lembra daqueles tóxicos da fase da produção? Queimar o lixo libera esses tóxicos no ar. Pior ainda, produz super-tóxicos novos, como a dioxina. Mas é um sistema em crise, pois se trata de um sistema linear e nós vivemos num planeta finito, o mundo real. E não se pode gerir um sistema linear num planeta finito. Em todas as suas etapas, este sistema interage com sociedades, culturas, economias, o ambiente, e durante as etapas a vida vai se chocando contra os seus limites. Limites que aqui não vemos porque o diagrama está incompleto. Hoje, o consumidor médio consome o dobro de há 50 anos. Mas como é que isto aconteceu? Bem, não aconteceu simplesmente. Foi planejado. Duas das estratégias mais bem sucedidas usadas são: A obsolescência planejada e a obsolescência perceptiva. Obsolescência planejada é uma outra forma de dizer "criado para ir para o lixo". A mídia e o governo nos bombardeiam diariamente com 3.000 anúncios dizendo que tudo que temos e somos está errado, mas isso se resolve se formos às compras. Porém pesquisas mostram nossa felicidade declinando. Temos mais coisas, porém menos tempo para o que realmente nos faz felizes: amigos, família, tempo livre. Estamos trabalhando mais do que nunca. E sabem quais são as duas atividades que mais fazemos no pouco tempo livre que temos? Ver televisão e fazer compras! Vamos trabalhar talvez em dois empregos, e quando chegamos em casa exaustos e sentamos no sofá novo para ver televisão, os anúncios dizem que não prestamos, então vamos às compras para nos sentirmos melhor. Depois trabalhamos mais para pagar o que compramos, e chegamos em casa mais cansados, vemos mais televisão, que nos diz para fazermos compras outra vez, e estamos neste ciclo de "trabalhar-ver-comprar". Neste ritmo de consumo, não cabe tudo em casa, apesar do tamanho médio das casas ter duplicado neste país desde os anos 70. Vai tudo para o lixo. Então, e a reciclagem? A reciclagem ajuda? Sim, a reciclagem ajuda. A reciclagem reduz o lixo nesta parte, e depois reduz a pressão para minerar e colher mais durante a extração. Mas isso não é suficiente. Reciclar nunca será suficiente, por duas razões: Primeiro, o lixo que vem de nossas casas é apenas a ponta do iceberg. Para cada saco de lixo que deixamos na esquina, 70 sacos de lixo são criados anteriormente só para fazer o lixo desse saco que deixamos na esquina. Assim, mesmo que pudéssemos reciclar 100% do lixo das nossas casas, não se chegaria ao coração do problema. Além disso, grande parte do lixo ou possui demasiados tóxicos, ou é criado de início para não ser reciclável. Como se pode vê, é um sistema em crise. Por todo o percurso, estamos batendo em limites. Quando as pessoas ao longo do sistema se unirem, podemos reivindicar e transformar este sistema linear em algo novo, um sistema que não desperdice recursos ou pessoas. Porque aquilo de que precisamos nos livrar é da antiga mentalidade de usar e jogar fora. Há uma nova escola de pensamento neste assunto, e é baseada em sustentabilidade, equidade, Química verde, zero resíduos, produção em ciclo fechado e energia renovável. Lembrem-se que a velha forma não aconteceu por acaso. Não é como a gravidade, com que temos que conviver. As pessoas as criaram, e nós também somos pessoas, por isso vamos criar algo novo.
Compartilhar