Buscar

Hipófise e hipotálamo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
Endócrino: Hipófise e hipotálamo 
HIPÓFISE E HIPOTÁLAMO 
HIPÓFISE 
A hipófise é um pequeno órgão ovoide, loca-
lizado na cavidade do osso esfenoide (sela 
túrcica). Liga-se ao hipotálamo por um pedí-
culo. Revestindo a glândula, está uma cáp-
sula de tecido conjuntivo. Ela é coberta su-
periormente pelo diafragma da sela, que 
apresenta um furo central para a passagem 
do infundíbulo. Esse furo separa a face supe-
rior da hipófise do quiasma óptico. 
Cânceres de hipófise têm apenas um cami-
nho para se expandir, crescendo para o inte-
rior do cérebro e contra os nervos ópticos. 
Por isso, qualquer aumento de tamanho 
está associado a problemas visuais e/ou ton-
turas. A abordagem cirúrgica mais comum é 
a cirurgia transesfenoidal. Nela, o neuroci-
rurgião faz uma pequena incisão ao longo do 
septo nasal e não há cicatriz visível. Ainda, 
nenhuma parte do cérebro é tocada, o que 
reduz muito a possibilidade de dano. Porém, 
para tumores maiores, utiliza-se a cranioto-
mia, uma cirurgia mais invasiva. Nesse caso, 
a abertura é feita na parte frontal e lateral 
do crânio. 
A hipófise possui dupla origem embriológica. 
A parte epitelial é denominada adeno-hipó-
fise e está localizada na porção anterior da 
glândula (lobo anterior). É composta de 3 
partes: pars distalis (90%), pars tuberalis (cir-
cunda a haste infundibular) e a pars interme-
dia. A parte neural é a neuro-hipófise, cuja 
porção inferior é a pars-nervosa (lobo poste-
rior). Nessa porção, estão a haste infundibu-
lar e a eminência mediana do túber cinéreo. 
Embriologicamente, a adeno-hipófise se de-
senvolve de uma evaginação do ectoderma 
oral que reveste a cavidade oral primitiva. 
Enquanto isso, a neuro-hipófise se desen-
volve do neuroectoderma, como uma evagi-
nação do diencéfalo. 
HIPOTÁLAMO 
Integra os sistemas efetores autônomo e en-
dócrino. 
---Anatomia-----------------------------------------
É um componente do diencéfalo. Estende-se 
da lâmina terminal a um plano vertical pos-
terior aos corpos mamilares; do sulco hipo-
talâmica até a base do encéfalo, abaixo do 
terceiro ventrículo. Está abaixo do tálamo e 
anterior à parte tegmental do subtálamo e 
ao tegmento mesencefálico. Lateralmente, 
é delimitado pela parte anterior do subtá-
lamo, pela cápsula interna e pelo trato óp-
tico. 
Ele é composto por substância cinzenta 
agrupada em núcleos e por sistemas varia-
dos de fibras, como o fórnix. Este divide o hi-
potálamo em área medial (rica em substân-
cia cinzenta e abriga os principais núcleos) e 
área lateral (menos corpos neuronais e com 
predomínio de fibras longitudinais). 
São funções do hipotálamo: controle do sis-
tema nervoso autônomo; regulação da tem-
peratura corporal; regulação do comporta-
mento emocional; regulação do equilíbrio 
hidrossalino e da pressão arterial; regulação 
da ingestão de alimentos salgados (centro 
da fome e da saciedade); regulação do sis-
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
tema endócrino; geração e regulação dos ci-
clos circadianos; regulação do sono e vigília; 
integração do comportamento sexual. 
Além dos elementos neurais comuns, o hi-
potálamo conta com neurônios específicos 
capazes de sintetizar hormônios peptídicos 
– neurônios peptidérgicos. Eles não realizam 
sinapses: 
a) Neurônios Parvocelulares – axônios cur-
tos e produzem peptídeos reguladores 
da adeno-hipófise. 
b) Neurônios Magnocelulares – axônios 
longos, produzem ADH (núcleo supraóp-
tico) e ocitocina (núcleo paraventricu-
lar). Ambos são armazenados na neuro-
hipófise. 
 
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE 
A secreção feita pela região posterior da hi-
pófise é controlada por sinais neurais do hi-
potálamo. Já a secreção da adeno-hipófise é 
controlada por hormônios, também secreta-
dos pelo hipotálamo. Cada eixo endócrino é 
composto por três níveis de células endócri-
nas: neurônios hipotalâmicos, células da 
glândula pituitária anterior e glândulas en-
dócrinas periféricas. 
Os neurônios hipotalâmicos liberam hormô-
nios estimuladores hipotalâmicos (XRHs) es-
pecíficos que estimulam a secreção de hor-
mônios tróficos pituitários (XTHs). Em alguns 
casos, a produção de um hormônio trófico 
pituitário é regulada secundariamente por 
um hormônio inibidor da liberação (XIH). Os 
hormônios tróficos pituitários agem então 
sobre glândulas-alvo endócrinas periféricas 
específicas e as estimulam a liberarem hor-
mônios periféricos (X). Sabe-se que, em cada 
nível dessa cascata hormonal, é possível um 
feedback negativo das etapas prévias. 
Hormônios hipotalâmicos são secretados 
em pulsos, estando atrelados a ritmos diá-
rios e sazonais, por intermédio do SNC. 
Ainda, os núcleos hipotalâmicos recebem 
estímulos neuronais oriundos do cérebro. 
Tais estímulos podem ser de curta ou longa 
duração. A inclusão do hipotálamo em um 
eixo endócrino permite a interação de infor-
mações para determinar ou alterar o ponto 
de equilíbrio desse eixo. 
O nanismo psicossocial é exemplo da 
função integradora de estímulos do 
ambiente exercida pelo hipotálamo. Essa 
doença ocorre em crianças que apresentam 
taxas de crescimento mais baixas após sofre-
rem abusos ou serem submetidas a intenso 
estresse emocional. Isso resulta da redução 
da secreção do hormônio do crescimento 
pela hipófise. 
Níveis normalmente altos ou baixos de um 
hormônio periférico podem resultar de um 
defeito da glândula endócrina periférica 
(distúrbio endócrino primário), da hipófise 
(distúrbio endócrino secundário) ou do hipo-
tálamo (distúrbio endócrino terciário). 
NEURO-HIPÓFISE 
A pars-nervosa corresponde ao local de libe-
ração de neuro-hormônios, sendo adjacente 
a capilares fenestrados – o que facilita a di-
fusão dos hormônios para dentro dos vasos. 
Os axônios originados de alguns grupos hi-
potalâmicos terminam na neuro-hipófise. Os 
axônios de neurônios magnocelulares, que 
saem dos núcleos supraóptico e paraventri-
cular, seguem para a neuro-hipófise. Eles 
formam o trato hipotalâmico-hipofisário 
neurossecretor, terminando próximo aos ca-
pilares fenestrados do lobo posterior. 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
Hormônios armazenados na neuro-hipófise: 
vasopressina (ADH), que controla a reabsor-
ção de água pelos túbulos renais; e a ocito-
cina, que promove a contração da muscula-
tura lisa uterina durante o parto e a ejeção 
do leite pela mama durante a lactação. Am-
bos são sintetizados como parte de pró-hor-
mônios e armazenados em grânulos, que 
são transportados em direção às termina-
ções nervosas no lobo neural. Ali, permane-
cem armazenados até que potenciais de 
ação provoquem suas liberações. Cada um 
segue ao longo dos axônios em associação 
com a proteína precursora e transportadora, 
a neurofisina. Até alcançarem a pars-ner-
vosa, eles já se tornaram maduros e são cli-
vados de seus precursores. 
Obs.: Corpos de Herring são dilatações dos 
axônios resultantes do armazenamento dos 
grânulos secretores. 
Os corpos celulares dos neurônios 
que secretam vasopressina estão 
nos núcleos supra-ópticos do hipotálamo, 
enquanto os dos neurônios que secretam 
ocitocina estão nos núcleos paraventricula-
res. 
Ainda, existem células de suporte semelhan-
tes às células gliais, denominadas pituícitos, 
as quais formam uma bainha ao redor dos 
axônios e suas terminações. Elas contêm go-
tículas lipídicas, pigmentos de lipocromo, fi-
lamentos intermediários e prolongamentos 
citoplasmáticos. Estes interagem entre si, de 
modo a formar junções comunicantes. 
 
 ADH (vasopressina ou hormônio antiduré-
tico) 
É secretada quando a pressão osmótica do 
sangue aumenta. O estímulo de osmorre-
ceptores do hipotálamo anterior promove a 
secreção em neurônios do núcleo supraóp-
tico. Sua ação principal é aumentar a 
permeabilidade à água da mem-
brana plasmática das células dos túbulos co-
letores renais. Assim, mais água sai do lúmen 
tubular emdireção ao tecido conjuntivo ao 
redor, o que ajuda a regular o equilíbrio os-
mótico. Em doses altas, promove a contra-
ção do músculo liso de vasos sanguíneos, 
elevando a pressão sanguínea. 
O seu mecanismo de funcionamento renal 
se baseia na presença de receptores nas cé-
lulas tubulares. Sem ADH, as membranas lu-
minais das células epiteliais tubulares dos 
ductos coletores são quase impermeáveis à 
água. Dessa forma, ele é um hormônio es-
sencial à absorção de água. Quando age nas 
células, o ADH se associa aos receptores de 
membrana que ativam a adenilil ciclase, le-
vando à formação de cAMP no citoplasma 
das células tubulares. Tal formação leva à 
fosforilação dos elementos nas vesículas es-
peciais, de modo que as vesículas se insiram 
nas membranas apicais, o que fornece alta 
permeabilidade à água. O ADH se liga no re-
ceptor tubular V2, fazendo com que a aqua-
porina permaneça na mesma membrana e 
com o poro aberto, permitindo a passagem 
da água. Assim, o ADH reduz o clearance de 
água livre, ou seja, faz com que o corpo eli-
mine menos água livre. 
Fatores estimulantes da liberação de ADH: 
osmolaridade extracelular aumentada; re-
dução do volume e pressão; aumento do só-
dio no líquor; angiotensina II; dor, náuseas e 
vômitos; estresse; hipoglicemia; citocinas; 
aumento da temperatura; senescência; dro-
gas, como nicotina, opiáceos, sulfoniluréias 
e agentes antineoplásicos. 
Fatores inibidores da liberação de ADH: 
GABA; etanol; neurotransmissores agonistas 
alfa-adrenérgicos; cortisol; hormônio tireoi-
diano; peptídeo natriurético atril (ANP); lítio; 
aumento de volume; redução de tempera-
tura; diminuição da osmolaridade do fluido 
extracelular. 
Lesões no hipotálamo que destroem as célu-
las produtoras de ADH causam diabetes insí-
pido, caracterizada pela perda da capaci-
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
dade renal de concentrar urina. Consequen-
temente, o paciente pode eliminar até 20L 
de urina por dia e sentir muita sede. 
 
Ocitocina 
Estimula a contração do músculo liso da pa-
rede uterina durante o parto/penetração se-
xual e das células mioepiteliais que cercam 
os alvéolos e ductos das glândulas mamá-
rias. Sua secreção é estimulada pela disten-
são da vagina, da cérvice uterina e pela ama-
mentação, por meio de tratos nervosos que 
agem sobre o hipotálamo. Existe, também, 
um reflexo neuro-hormonal que é estimu-
lado pela sucção dos mamilos – denominado 
reflexo de ejeção do leite. 
Mecanismo de ação: A ocitocina é um hor-
mônio peptídico que age por meio de recep-
tores específicos na membrana plasmática, 
associados a um sistema de segundos men-
sageiros de cálcio/calmodulina (ou produz o 
fosfatidilinoitol, que também produz cálcio 
intracelular). Com o aumento do cálcio, au-
menta-se a contração das células mioepite-
liais da mama e do músculo liso da parede 
uterina. Em relações às interações com a oci-
tocina, pode-se afirmar que os estrogênios 
aumentam a sua secreção e as catecolami-
nas bloqueiam. Já os opioides inibem a sua 
liberação. 
Outras ações da ocitocina: auxiliar na ovula-
ção e encerramento do corpo lúteo; auto-
confiança e atividades de risco; nos homens, 
aumenta sua concentração no ato sexual e 
atinge o pico durante a ejaculação, propor-
cionando a sensação de orgasmos e elimi-
nando espermatozoides. 
SÍNTESE DE ADH E OCITOCINA 
O ADH e a ocitocina são sintetizados como 
pré-pró-hormônios, respectivamente, pré-
provasofisina e pré-pró-oxifisina. Cada um 
contém a estrutura da ocitocina ou do ADH 
e um peptídeo cossecretado: a neurofisina (I 
se associada ao ADH; ou II se associada à oci-
tocina). O peptídeo sinal N-terminal é cli-
vado enquanto transportado para o retículo 
endoplasmático. Essa clivagem diferencia o 
pré-pró-hormônio do pró-hormônio. 
No interior do retículo endoplasmático e do 
complexo de Golgi dos corpos celulares dos 
núcleos hipotalâmicos, o pró-hormônio é ar-
mazenado em grânulos secretores ligados a 
membranas. Tais grânulos são conduzidos 
pelo interior dos axônios até as terminações 
axônicas da pars nervosa, por meio de um 
mecanismo de transporte rápido depen-
dente de ATP. Durante o trânsito, os pró-
hormônios são clivados proteoliticamente, 
produzindo quantidades equimolares de 
hormônio e neurofisina. Os grânulos secre-
tores contendo peptídeos totalmente pro-
cessados são armazenados nas terminações 
axônicas – corpos de Herring. 
Nem sempre a hipofisectomia inter-
rompe permanentemente a síntese 
e a secreção desses hormônios. Logo após a 
cirurgia, a secreção hormonal diminui. Toda-
via, em semanas, a extremidade proximal 
seccionada do trato exibe uma modificação 
histológica. Formam-se pituícitos ao redor 
das terminações nervosas e se observam va-
cúolos secretores. A secreção hormonal re-
começa nessa extremidade seccionada e 
pode até retornar aos níveis normais. Por 
outro lado, uma lesão em uma porção mais 
alta da haste pituitária pode levar à perda de 
corpos celulares de neurônios dos núcleos 
supraóptico e paraventricular. 
ADENO-HIPÓFISE 
Desenvolvida a partir da bolsa de Rathke, é 
composta pela pars distalis, pars intermedia 
e pars tuberalis. 
A pars distalis é coberta por uma cápsula fi-
brosa e constituída, majoritariamente, por 
células epiteliais de diferentes tamanhos e 
formatos. Estas estão organizadas em cor-
dões/agregados irregulares, entre os quais 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
se encontram capilares fenestrados, susten-
tados por uma delicada rede de fibras reti-
culares. 
As células epiteliais endócrinas se distin-
guem, em parte, pelas suas diferentes afini-
dades aos corantes. Células cujos grânulos 
se coram mais intensamente são denomina-
das de células cromófilas; quando os grânu-
los se coram menos, células cromófobas. As 
cromófilas podem ser classificadas em aci-
dófilas (mais abundantes na pars distalis) e 
basófilas. As cromófobas possuem poucos 
(ou nenhum) grânulos de secreção. É possí-
vel que algumas destas sejam cromófilas de-
granuladas ou células-tronco da adeno-hi-
pófise. 
A pars tuberalis é uma região em forma de 
funil que cerca o infundíbulo da neuro-hipó-
fise e é composta de células basófilas cuboi-
des a colunares baixas. Separando a pars tu-
beralis da haste infundibular, encontram-se 
finas camadas de tecido conjuntivo. É alta-
mente vascularizada por artérias e pelo sis-
tema porta-hipofisário. Algumas células 
apresentam grânulos, provavelmente de 
FSH e LH. 
A pars intermedia, em adultos, é uma região 
rudimentar composta de cordões e folículos 
de células fracamente basófilas, as quais 
possuem pequenos grânulos de secreção. 
Além das células produtoras de hormônios, 
a adeno-hipófise apresenta células com a ca-
pacidade de formar folículos. As células foli-
culoestreladas, como são conhecidas, pos-
suem um formato estrelado e prolongamen-
tos que envolvem outras células. Elas estão 
interconectadas por junções comunicantes 
e se suspeita que, a partir dessas junções, as 
células foliculoestreladas transmitem sinais 
da pars tuberalis para a pars distalis. Tais si-
nais podem regular a liberação de hormô-
nios pela adeno-hipófise. 
 
 
 
SOMATOTROFOS OU CÉLULAS SOMATOTRÓ-
FICAS 
São células ovais de tamanho médio, com 
núcleos esféricos e centrais. Correspondem 
à 50% das células na hipófise anterior e são 
responsáveis pela secreção de somatotro-
fina (ou GH, ou hormônio do crescimento). 
São estimuladas pelo GHRH e inibidas pela 
somatostatina. Ainda, a grelina é um po-
tente estimulado da GH produzido no estô-
mago, que aumenta o apetite. 
O GH é um hormônio peptídico de cadeia 
simples sintetizado a partir do gene GH, da 
mesma família gênica que determina a sín-
tese de prolactina e do lactogênico placen-
tário humano (hPL). Consequentemente, 
ocorre uma sobreposição na atividade des-
ses hormônios. O GH promove o cresci-
mento de quase todos os tecidoscapazes de 
crescer, hipertrofia celular, hiperplasia (au-
mento do número de mitoses), multiplica-
ção e diferenciação celular. Além disso, au-
menta a deposição de proteínas pelas célu-
las osteogênicas e condrocíticas, causam o 
crescimento ósseo, convertem condrócitos 
em células osteogênicas (deposição de osso 
novo). 
O fígado é um alvo importante do GH, pois 
este estimula a produção hepática do fator 
de crescimento semelhante à insulina tipo 1 
(IGF-1). Essa molécula inibe a síntese e a se-
creção de GH pela hipófise, por meio de uma 
alça de retroalimentação. Os IGFs, de modo 
geral, são hormônios multifuncionais que re-
gulam a proliferação, a diferenciação e o 
metabolismo celular, estimulam a captação 
de glicose e aminoácidos, assim como a sín-
tese de proteínas e DNA. Foram inicialmente 
chamados de somatomedinas, pois me-
deiam a ação do GH sobre o crescimento de 
cartilagens e ossos. 
A secreção de GH também exibe ritmos diá-
rios, com pico no início da manhã (um pouco 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
antes de acordar). Sabe-se que essa secre-
ção é estimulada durante o sono profundo e 
está atrelada a padrões de sono-vigília, e não 
de claro-escuro. Como é característico dos 
hormônios da hipófise anterior, a secreção 
de GH é pulsátil. 
O GH também apresenta efeitos metabóli-
cos, como: aumento da síntese proteica; au-
mento da mobilização dos ácidos graxos do 
tecido adiposo, elevando o seu nível sérico e 
o utilizando como fonte energética (lipólise); 
e redução da utilização da glicose, aumen-
tando sua concentração sanguínea. Assim, 
trata-se de um hormônio lipolítico que ativa 
a lipase e mobiliza gorduras neutras (triglice-
rídeos) do tecido adiposo. O GH ainda anta-
goniza a ação da insulina, no nível pós-recep-
tor, na musculatura, esquelética e no tecido 
adiposo – mas não no fígado. 
O GH é classificado como um dos hormônios 
do “estresse”, aumentando tanto no es-
tresse físico, como no neurogênico. A hipo-
glicemia aguda também é um estímulo para 
a sua secreção. Entre outros hormônios que 
regulam a sua secreção, estão o estrógeno, 
os andrógenos e o hormônio tireoidiano, 
que intensificam a secreção de GH e IGF-1. 
LACTOTROFOS OU MAMOTROFOS 
Constituindo cerca de 15-20% das células 
parenquimatosas da adeno-hipófise, os lac-
totrofos são células acidófilas poligonais e 
pequenas. Produzem prolactina, hormônio 
que promove o desenvolvimento das glân-
dulas mamárias durante a gravidez, assim 
como a lactação após o nascimento. 
Sabe-se que, durante a gravidez, a progeste-
rona inibe a secreção da prolactina, en-
quanto o estrógeno estimula. Isso impede a 
produção adequada de leite. Após o nasci-
mento, os níveis de estrógeno e progeste-
rona caem, de modo a perder o efeito inibi-
tório. O número de lactotrofos com o 
tempo. Ao final da amamentação, os grânu-
los são degradados e o excesso de mamotro-
fos regride. Além disso, a placenta secreta 
grandes quantidades de somatomamotro-
pina coriônica humana – que, provavel-
mente, tem propriedades lactogênicas, 
apoiando a prolactina da hipófise materna 
durante a gravidez. 
A prolactina induz a transdução dos genes 
para a síntese das proteínas do leite, como a 
caseína, da lactose e síntese de ácidos gra-
xos e fosfolipídios. A liberação de prolactina 
é estimulada pelo fator liberador de prolac-
tina (PRH) e pela ocitocina, sobretudo du-
rante a amamentação, devido à manipula-
ção mamilar. A secreção de prolactina pela 
hipófise anterior é controlada (quase) total-
mente por fator inibidor formado no hipotá-
lamo e transportado pelo sistema portal hi-
potalâmico-hipofisário até à hipófise ante-
rior. Por vezes, esse fator é chamado de hor-
mônio inibidor de prolactina e é constituído 
por dopamina. 
Os lactotrofos não participam de nenhum 
eixo endócrino. A prolactina age direta-
mente sobre as células não endócrinas para 
produzir as alterações fisiológicas, sem pas-
sar por nenhuma glândula periférica. Ainda, 
a produção e a secreção de prolactina são 
controladas pelo hipotálamo, o qual exerce 
um efeito inibidor. Com isso, caso haja uma 
ruptura da haste infundibular, a prolactina 
seria o único hormônio da hipófise anterior 
a ter suas concentrações elevadas. 
A PRL é um dos hormônios liberados em res-
posta ao estresse e sua secreção aumenta 
com sono. Porém, essa liberação não está 
associada a uma fase específica. Somatosta-
tina, TSH e o GH inibem a secreção de PRL. 
O excesso de prolactina (hiperprolac-
tinemia) bloqueia a síntese e a libe-
ração de GNRH (hormônio do hipotálamo 
que estimula a produção das gonadotrofinas 
que agem sobre os órgãos sexuais). Isso 
pode resultar em infertilidade, além de ga-
lactorreia, amenorreia e sinais de hipogona-
dismo. A principal causa é o prolactinoma, 
tumor hipofisário produtor de prolactina. O 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
tratamento é feito com agonista dopaminér-
gico. 
GONADOTROFOS 
São células arredondadas, basófilas, com um 
complexo de Golgi desenvolvido e abundan-
tes REG e mitocôndrias. Situados próximos 
aos capilares, elas secretam FSH (hormônio 
folículos-estimulante) e LH (hormônio luteini-
zante), também denominados de gonado-
trofinas. A secreção é estimulada pelo 
GNHR, hormônio peptídico de secreção pul-
sátil, cujo efeito é mais proeminente sobre o 
LH e é inibido por vários hormônios produzi-
dos pelos ovários e testículos. 
O FSH e o LH integram os eixos hipotalâ-
mico-pituitário-testicular e hipotalâmico-pi-
tuitário-ovariano. Eles são acondicionados 
em grânulos secretores distintos e não são 
cossecretados em quantidades equimolares. 
Assim, a secreção pelos gonadotrofos ocorre 
independentemente. A secreção é pulsátil, 
decorrente dos osciladores neurais intrínse-
cos do hipotálamo; periódica, pois não é 
produzido durante a vida inteira – apenas na 
formação do eixo na embriogênese e na pu-
berdade; e cíclica, apenas nas mulheres. 
As gonadotrofinas promovem a secreção de 
testosterona nos homens e de estrógeno e 
progesterona nas mulheres. Em ambos os 
sexos, o FSH também aumenta a secreção da 
inibina, um hormônio proteico que exerce 
retroalimentação negativa seletiva sobre a 
secreção de FSH. 
Por sua vez, o FSH promove a gametogênese 
ao estimular as células de Sertoli (testículo) 
e as células da granulosa do ovário. Já o LH 
faz a hormogênese, ao estimular as células 
da teca (ovário) e as células de Leydig (testí-
culo) a secretarem testosterona e substân-
cias importantes na reprodução. 
Em homens, a testosterona e o estrógeno 
exercem retroalimentação negativa sobre a 
pituitária e o hipotálamo. A progesterona 
exógena inibe a função gonadotrófica nos 
homens, sendo considerada um possível in-
grediente de uma pílula contraceptiva mas-
culina. Nas mulheres, a progesterona e a tes-
tosterona exercem uma retroalimentação 
negativa sobre a função gonadotrófica hipo-
talâmica e pituitária. Em doses baixas, o es-
trógeno exerce uma retroalimentação nega-
tiva sobre a secreção do FSH e do LH. Toda-
via, níveis altos de estrógeno mantidos por 3 
dias produzem um pico na secreção de LH e, 
em menor grau, na secreção de FSH. 
CORTICOTROFOS 
Constituindo de 15 a 20% das células da 
adeno-hipófise, os corticotrofos são células 
arredondadas/ovoides, com poucas organe-
las e de núcleo excêntrico. Produzem a pró-
opiomelanocortina (POMC), uma molécula 
precursora do hormônio adrenocorticotró-
fico (ACTH), do hormônio melanócito-esti-
mulante (MSH) e do hormônio lipotrófico 
(LPH), além de endorfinas e encefalinas. O 
MSH aumenta a pigmentação da pele, por 
meio do aumento da produção de melanina. 
A secreção do POMC é estimulada pelo CRH. 
O ACTH estimula a liberação dos produtos 
das células do córtex das suprarrenais. Ele 
aumenta a produção de cortisol e andróge-
nos adrenais de modo abrupto, também au-
menta a expressão dos genes das enzimas 
esteroidogênicase, a longo prazo, promove 
o crescimento das camadas do córtex adre-
nal. A sua secreção tem um padrão diário, 
com um pico no início da manhã e um vale 
no final da tarde. Ainda, a secreção de CRH 
e, consequentemente, de ACTH ocorre em 
pulsos. 
O ACTH também exerce funções neuromo-
dulatórias no cérebro, tem efeito inibitório 
sobre o sistema imune e, junto com o cor-
tisol, aumenta a taxa de ácido clorídrico no 
suco gástrico. O cortisol, além disso, reduz a 
produção de muco no estômago. 
Fatores estimulantes para a secreção de 
ACTH: CRH; baixos níveis de cortisol; 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
transição do sono-vigília; estresse; distúr-
bios psiquiátricos que aumentam a ação do 
simpático; e ADH. 
Fatores inibitórios para a secreção de ACTH: 
elevadas concentrações de cortisol (feed-
back negativo); encefalinas, opioides, ACTH 
(regulação autócrina, pois todos se originam 
do POMC); somatostatina; e GABA. 
TIREOTROFOS 
Representam cerca de 5% das células da 
pars distalis e são grandes células poligonais, 
com núcleos esféricos e excêntricos, situa-
das mais profundamente nos cordões celu-
lares. Os tireotrofos secretam o TSH (tireo-
trofina). Tal secreção é estimulada pelo TRH 
(que também estimula a prolactina) e inibida 
pelos hormônios da tireoide (T4, tiroxina; e 
T3, triiodotironina), pela somatostatina, pela 
dopamina e pelo cortisol. 
Sobre o TRH, ele é liberado segundo um 
ritmo diário, com picos durante a noite e ní-
veis mais baixos na hora do jantar. 
O TSH é produzido pela hipófise, assim como 
o LH e o TSH, como um heterodímeros com-
posto por duas subunidades: alfa (comum ao 
FSH e LH) e beta (específica), cuja transcri-
ção é estimulada pelo TRH. O TSH se liga ao 
receptor do TSH, localizado nas células epi-
teliais da tireoide, e estimula praticamente 
todos os aspectos da função tireoidiana. 
Também possui um forte efeito trófico e es-
timula a hipertrofia, hiperplasia e sobrevida 
das células epiteliais da tireoide. 
Em regiões geográficas com menor 
disponibilidade de iodeto, necessá-
rio para a síntese do hormônio tireoidiano, 
os níveis de TSH são elevados pela reduzida 
retroalimentação negativa. Tais níveis eleva-
dos podem produzir um crescimento da 
glândula tireoide – o bócio. 
 
 
 
 
SISTEMA PORTA-HIPOTALÂMICO 
O suprimento sanguíneo da hipófise é feito 
por dois grupos de artérias originadas das ar-
térias carótidas internas: as artérias hipofisá-
rias superiores (direita e esquerda; irrigam a 
eminência mediana e o infundíbulo) e as ar-
térias hipofisárias inferiores (direita e es-
querda; irrigam, principalmente, a neuro-hi-
pófise, mas enviam alguns ramos para o pe-
dículo da hipófise). 
No infundíbulo, as artérias hipofisárias supe-
riores formam um plexo capilar primário, cu-
jas células endoteliais são fenestradas. Tais 
capilares se reúnem e formam vênulas e pe-
quenos vasos que se encaminham para a 
pars distalis, onde se ramificam e formam 
um plexo capilar secundário. 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 
 
Existem, portanto, dois sistemas venosos em 
cascata, caracterizando o sistema porta-hi-
pofisário. O suprimento sanguíneo da pars 
distalis é feito de sangue vindo, sobretudo, 
do infundíbulo e, em escala bem menor, de 
alguns ramos das artérias hipofisárias inferi-
ores. Por meio desse sistema vascular, mui-
tos neuro-hormônios produzidos no hipotá-
lamo são levados, diretamente, do infundí-
bulo à pars distalis. 
CORRELAÇÕES CLÍNICAS 
ACROMEGALIA 
Se um tumor das células somatotróficas 
ocorrer depois da adolescência, quando 
ocorre a fusão das epífises dos ossos longos, 
o paciente não pode crescer mais, porém os 
ossos ficam mais espessos e os tecidos mo-
les continuam a crescer. O aumento é acen-
tuado nos ossos das mãos, dos pés e nos os-
sos membranosos – crânio, nariz, sulcos su-
praorbitários, maxila inferior e porções das 
vértebras. 
Nariz pode dobrar de tamanho; pés podem 
chegar a calçar 45 ou mais; dedos espessos, 
ao ponto de as mãos atingirem quase o do-
bro do tamanho; as costas podem sofrer cur-
vatura (cifose), devido às mudanças nas vér-
tebras. Ainda, muitos órgãos de tecidos mo-
les podem aumentar, como os rins, o fígado 
e a língua. 
PAN-HIPOTUITARISMO 
Trata-se da redução da secreção de todos os 
hormônios da hipófise anterior. No adulto 
ocorre por condições tumorais ou no pós-
parto, quando a mãe desenvolve choque cir-
culatório. 
Os efeitos gerais no adulto são: hipotireoi-
dismo, redução da produção de glicocorti-
coides pelas adrenais e secreção suprimida 
dos hormônios gonadotróficos. Assim, o 
quadro clínico é de pessoa letárgica, com ga-
nho de peso e com perda das funções sexu-
ais. 
NANISMO 
Surge quando a deficiência de GH ocorre an-
tes da puberdade. Os indivíduos acometidos 
são relativamente bem proporcionados, 
mas, às vezes, podem ser prejudicados pela 
falta da lipólise induzida pelo GH. Exibem 
poucas anormalidades metabólicas, exceto 
a tendência à hipoglicemia, insulinopenia e 
ao aumento de sensibilidade à insulina. 
GIGANTISMO 
Nessa situação, todos os tecidos crescem ra-
pidamente, inclusive os ossos. Caso ocorra 
antes da puberdade, o tamanho da pessoa 
aumenta, podendo alcançar 2m de altura. 
Em geral, o indivíduo acometido apresenta 
hiperglicemia e as células beta das ilhotas de 
Langerhans, no pâncreas, costumam dege-
nerar, pois se tornam hiperativas. Diabetes 
melito pode ser uma consequência.

Outros materiais