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COVID-19: Manejo do paciente com distúrbios respiratórios Vanessa R. Resqueti Guilherme A. F. Fregonezi Saint-Clair Gomes Bernardes Neto Joceline Cássia Ferezini de Sá Aline Medeiros Cavalcanti da Fonseca UNIDADE 2 Manejo do paciente com complicações respiratórias por COVID-19 2 Um grande desafio na atualidade está sendo o manejo do paciente com complicações respiratórias decorrentes da infec- ção pela COVID-19, tendo em vista ser uma doença emergente e ainda sem tratamento farmacológico específico. A falta de resposta à aplicação escalonada da oxigenoterapia suplementar requer intervenções respiratórias avançadas, incluindo: suporte ventilatório, posição prona e circulação extracorpórea. Nesta unidade temos como objetivos apresentar as principais complicações respiratórias da COVID-19, as indicações de protocolos para o tratamento respiratório do paciente com COVID-19, incluindo a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), e também uma aula com foco prático no manejo do paciente com complicações respiratórias. Bom estudo! 3 AULA 1 – Principais complicações e manejo respiratório da COVID-19 GERENCIAMENTO DE COVID-19 GRAVE: OXIGENOTERAPIA E MONITORAMENTO Olá, cursista! Como já falamos, o grande desafio na atualidade está sen- do o manejo do paciente com complicações respiratórias decorrentes da infecção pela COVID-19, tendo em vista ser uma doença emergente e ainda sem tratamento farmacológico específico. O gerenciamento de pacientes graves perpassa pelo uso da oxigenoterapia e monitoramen- to rigoroso. Administre imediatamente oxigenoterapia suplementar a pacientes com Infecção Respiratória Aguda (SARI) e dificuldade respira- tória, hipoxemia ou choque séptico com meta de SpO2> 94%. Crianças com sinais de emergência (dificuldade respiratória grave, cianose central, parada respiratória, choque, coma ou convulsões) devem receber tratamento das vias aéreas e oxi- genoterapia durante a ressuscitação para atingir SpO2 ≥ 94%; caso contrário, a SpO2 alvo é ≥ 90%. O uso da cânula nasal é preferido em crianças pequenas, pois pode ser melhor tolerado. É imprescindível que em todas as áreas onde os pacientes com infecção respiratória aguda grave sejam atendidos, os equipamentos como oxímetros de pulso, sistemas de oxigênio funcionais e interfaces descartáveis de uso único que fornecem oxigênio (cânula nasal, máscara facial simples e máscara com bolsa reservatório) estejam disponíveis. Os pacientes com COVID-19 devem ser monitorados quanto a sinais de deterioração clínica, como insuficiência respiratória e sepse pro- gressivas, com intervenções de cuidados de suporte imediatas. 4 Os pacientes hospitalizados com COVID-19 requerem moni- toramento criterioso dos sinais vitais e, se possível, a utiliza- ção de um escore de alerta precoce para o reconhecimento antecipado da deterioração clínica dos pacientes. Caro cursista, é importante observar que os testes laboratoriais de hematologia e bioquímica e um Eletrocardiograma (ECG) devem ser realizados na admissão, além de quando clinicamente indicado para monitorar complicações, como lesão hepática aguda, lesão renal agu- da, lesão cardíaca aguda ou choque. A aplicação de terapias de suporte oportunas, eficazes e seguras é o primordial da terapia para pacientes que desenvolvem manifestações graves de COVID-19. ATENÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ! Após a ressuscitação e estabilização da paciente grávida, o bem-estar fetal deve ser monitorado. Entenda as condições de comorbidades do paciente para personalizar o gerenciamento de doenças críticas. É importante que a equipe multidisciplinar se reúna para avaliação e planejamento de condutas, e determine quais terapias devem ser con- tinuadas e quais devem ser interrompidas temporariamente. Também precisamos ter atenção especial no que diz respeito ao arsenal farma- cológico a ser utilizado, e é imprescindível monitorar as interações medicamentosas e evitar danos ao paciente. Em sua unidade, vocês já estão discutindo acerca dessas medidas? Realizam reuniões frequen- tes para discussão dos casos? A OMS recomenda o tratamento conservador de fluidos em pacientes com Infecção Respiratória Aguda (SARI) quando não houver evidência de choque. 5 Pacientes com SARI devem ser tratados com cautela com fluidos intravenosos, pois a ressuscitação agressiva pode piorar a oxigenação, principalmente em locais onde a disponibilidade de ventilação mecânica é limitada. Isso se aplica aos cuidados de crianças e adultos. Reforça- mos que, em momentos de epidemia e pandemia, os recursos muitas vezes são limitados e escassos, como por exemplo a disponibilidade de ventiladores mecânicos em todas as unidades e em número suficiente para atender a demanda. Por isso, discutir e estabelecer protocolos de conduta com a equipe é essencial! 6 AULA 2 – Como realizar o manejo do paciente com complicações respiratórias na prática? REVENDO CONCEITOS BÁSICOS EM OXIGENOTERAPIA E SUA INDICAÇÃO NA COVID-19 Vamos colocar em prática tudo o que aprendemos? Diante de tudo o que vimos até o momento, entende-se como de extrema necessidade que o profissional desenvolva habilidades e atitudes correspondentes à gra- vidade dessa doença emergente, e esteja preparado para o enfrenta- mento da pandemia. Vamos agora rever alguns conceitos e a forma prá- tica de sua aplicação no nosso dia a dia. O déficit de oxigenação é um fator determinante na necessidade de suporte médico avançado e internação hospitalar em pacientes com COVID-19, inclusive com a gravidade do paciente estando diretamente ligada à oxigenação apresentada. A oxigenoterapia é uma forma de suporte para os pacientes com este quadro e deve ser pautada em parâmetros como a saturação arterial de oxigênio (SaO2), saturação periférica de oxigênio (SpO2) e pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2). Ela deve ser iniciada nos pacientes com COVID-19 que apresentem SpO2 < 94%, independentemente de outros sinais de desconforto res- piratório. A forma inicial de oferta de oxigênio recomendada é o Cate- ter Nasal (CN) do tipo óculos, com fluxo de até 6 l/min de O2, buscando a SpO2 alvo de pelo menos 94%. 7 Figura 3 – Cateter nasal do tipo óculos. É recomendado que o paciente em uso deste dispositivo utilize também uma máscara cirúrgica cobrindo o nariz e a boca, e realizando a sua troca a cada 6 a 8 horas. Caso a SpO2 se mantenha < 94% mesmo com a suplementação de oxigê- nio por CN à 6 l/min, é recomendado que a oxigenoterapia seja ofertada por máscara com reservatório, utilizando um fluxo de oxigênio de até 10 l/min ou outro valor suficiente para manter a bolsa do reservatório cheia. A persistência de SpO2 < 94% mesmo com a máscara com reservatório é indicativo da necessidade de suporte ventilatório mecânico, podendo se considerar a Intubação Orotraqueal (IOT) eletiva e segura do paciente. Durante o procedimento de IOT é plausível a utilização da própria más- cara com reservatório para realizar a pré-oxigenação ao procedimento, evitando a utilização do dispositivo bolsa-valva-máscara (que aumenta a dispersão de aerossóis). VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA (VNI) E CATETER NASAL DE ALTO FLUXO DE OXIGÊNIO (CNAF) A VNI e o CNAF têm indicação muito limitada em casos de insuficiên- cia respiratória hipoxêmica por COVID-19, devido aos resultados limita- dos da terapêutica em pacientes hipoxêmicos e ao elevado risco de con- taminação por aerossóis, principalmente dos profissionais de saúde. Orientações de aplicação (VNI): 8 Em um grupo seleto de pacientes e em situações de baixa disponibili- dade de VM invasiva, a aplicação de um teste rápido pode evitar a IOT, porém deve se considerar o elevado risco de deterioração rápida e necessidade de IOT. Grupo indicado: • SDRA leve (PaO2/FiO2): 200-300 mmHg; • Resposta de melhora clínica em 30 minutos. • • helmet); • • válvula exalatória no ramo expiratório). proceder imediatamente a IOT eletiva e segura. INTUBAÇÃOOROTRAQUEAL (IOT) A intubação orotraqueal deve ser realizada com muita cautela, pois é um procedimento gerador de aerossóis e aumenta o risco de contaminação Ela deve ser realizada por uma equipe composta de médico (com expe- equipados com Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados e kits extras devem estar disponíveis para um segundo provável intubador A decisão da IOT deve ser, preferencialmente, eletiva e de maneira a não ser adiada, pois o adiamento aumenta o risco de mortalidade dos pacientes. O procedimento da IOT deve ser realizado na seguinte sequência rápida: 1) ou com a bolsa cheia); riência em intubação), enfermeiro e fisioterapeuta, todos devidamente Proceder pré-oxigenação: com máscara com reservatório (fluxo de O2 a 10 l/min 9 2) Submeter o paciente à indução anestésica e, possivelmente, bloqueador neuromuscular; 3) Utilizar, se necessário, medicações pré-indução como a lidocaína, por exemplo, no sentido de abolir reflexos laríngeos; 4) Após a IOT e insuflação do cuff (pressão entre 25 e 30 cmH2O) deve se conectar o paciente diretamente ao ventilador mecânico, já acoplado a um filtro HME e um sistema de aspiração fechada; 5) Verificar a posição do tubo orotraqueal através de capnografia e pela ausculta traqueal, com o paciente conectado ao ventilador mecânico. É importante evitar o uso do dispositivo bolsa-válvula-máscara neste procedimento; 6) Após a IOT os pacientes devem ser submetidos à sedação e analgesia contínua. • Evitar utilizar dispositivo de bolsa-válvula-máscara. • Em casos de falha da IOT, é possível considerar um segundo intubador com experiência, ou realizar o procedimento de cricotireostomia. • Para quaisquer procedimentos que necessitem a desconexão do cir- cuito do ventilador mecânico, é recomendável utilizar o clampeamen- to (obstrução) do tubo orotraqueal com uma pinça de Kocher ou uma pinça de Kelly, para manter a pressurização do sistema e minimizar a contaminação por aerossóis. 10 AULA 3 – Indicações de protocolos para o tratamento respiratório de paciente com COVID-19 GERENCIAMENTO CRÍTICO DO COVID-19: SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA) Caro cursista, é de vital importância que o profissional de saúde reconheça a insuficiência respiratória hipoxêmica grave quando um paciente com desconforto respiratório estiver com falha na oxigenação padrão e prepare- -se para fornecer suporte avançado de oxigênio/suporte ventilatório. Os pacientes podem continuar com aumento do trabalho respiratório ou hipoxemia, mesmo quando o oxigênio é liberado através de uma máscara facial com bolsa reservatório (taxas de fluxo de 10 a 15 L/min, que normalmente é o fluxo mínimo necessário para manter a bolsa infla- da; FiO2 0,60 - 0,95). É importante lembrar que a insuficiência respiratória hipo- xêmica na SDRA geralmente resulta de incompatibilidade ou derivação da ventilação-perfusão intrapulmonar e geralmente requer ventilação mecânica. A intubação orotraqueal deve ser realizada por um profissional treinado e experiente, utilizando precauções com o ar transportado. Precisamos ter atenção especial com pacientes que apresentam SDRA, especialmen- te crianças pequenas ou obesas, e ainda as pacientes grávidas, que podem dessaturar rapidamente durante a intubação. A sequência rápida de intubação é apropriada após uma avaliação das vias aéreas que não identifica sinais de intubação difícil. 11 RECOMENDAÇÕES A SEGUIR EM CASO DE PACIENTES ADULTOS E PEDIÁTRICOS SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA COM SDRA Em diversas regiões, a nível mundial, a capacidade de oferecer VM aos pacientes com COVID-19 é limitada, apesar de a necessidade do suporte ventilatório ser a principal causa de internação desses pacientes. Obser - va-se que 2/3 aproximadamente dos pacientes afetados preenchem cri- térios para SDRA. Esses pacientes podem evoluir para pneumonia intersticial bilate- ral e , compatível com a SDRA. Assim, o manejo desses pacientes críticos com COVID-19, do ponto de vista do suporte ventilatório invasivo, baseia-se fortemente nos guidelines para SDRA. O principal foco da VM é minimizar o risco de lesão pulmonar induzida pela VM, e manutenção de mínima oxigenação, da forma mais adequada possí - vel. A principal medida é a adoção da estratégia protetora da VM. Vamos a seguir comentar sobre a estratégia ventilatória que deve ser adotada. ESTRATÉGIA PROTETORA DE VENTILAÇÃO PULMONAR Caro cursista, a estratégia protetora de ventilação pulmonar, em associa - ção com outras medidas de cuidados intensivos, apresenta um resulta- mortalidade dos pacientes em torno de 30% a 40%. Vamos ver a seguir as medidas a serem adotadas: • • Volume corrente: iniciar com 6 ml/kg (peso predito) • Pode ser reduzido até 4 ml/kg (peso predito) do satisfatório, segundo as últimas evidências científicas, na redução da Ventilação com Controle de Volume – VCV ou Ventilação com Controle de Pressão (PCV) 12 Dica de Intensivista: Como calcular o peso predito? • Masculino: Peso = 50 + 0,91 x (Altura em cm – 152,4) • Feminino: Peso = 45,5 + 0,91 x (Altura em cm – 152,4) • Frequência respiratória: conforme necessidades do paciente • Até 35 irpm • FiO2: buscar manter a SpO2 entre 88-90% e PaO2 > 60 mmHg • PEEP: níveis moderados e altos • 2O • 2O 13 Dica de Intensivista: • Comportamento da Pressão Alveolar Figura 7 – Figura 4 – Comportamento da Pressão Alveolar. • Manobras de recrutamento alveolar devem ser evitadas • Apresentam poucos resultados favoráveis • Bloqueador neuromuscular • da pressão de platô elevada e hipoxemia refratária • Hipercapnia permissiva Na �gura acima vemos o comportamento da pressão alveolar durante uma manobra de pausa inspiratória para medida da mecânica ventilatória. A pressão de pico é a pressão máxima durante a entrada do ar nos alvéolos. A pressão de platô é a pressão de equilíbrio ao �nal da pausa inspiratória (distribuição do ar nas unidades alveolares). A driving pressure é a pressão de distensão alveolar. A PEEP é a pressão positiva ao �nal da expiração, que é mantida dentro dos alvéolos após a expiração. 14 Dica de Intensivista: • Como monitorar parâmetros da mecânica ventilatória na VM? • Modo: Volume-Controlado (VCV) • Pausa inspiratória: aprox. 0,5 segundo • Onda de fluxo: quadrada • Circuito do ventilador: Ausência de esforço ventilatório pelo paciente e/ou vazamentos. • Pressão: monitorar a Pressão de Pico e a Pressão de Platô ao final da pausa Algumas outras medidas devem ser tomadas no manejo do paciente crí- tico com COVID-19 em uso de VM: • Evitar desconexões do circuito: • Utilizar sistema de aspiração fechado • Utilizar trocador de calor e umidade passivo - HME (troca a cada 5-7 dias ou quando houver sujidade ou perda da função) Figura 5 – Filtro trocador de calor e umidade (HME). 15 • Realizar clampeamento do TOT em caso de desconexão necessária com pinça Rocher ou Kelly • Evitar nebulização a jato, utilizando puff e aerocâmara • Utilizar filtro de barreira – HEPA ou filtro HME (na extremidade distal do ramo expiratório – antes da válvula exalatória) Figura 6 – Filtro de barreira (HEPA). • Fazer busca ativa diária da capacidade de respiratória espontânea nos pacientes que apresentem melhora das trocas gasosas com manutenção da PaO2/FiO2 > 150 mmHg por pelo menos 24 horas • Manutenção da cabeceira do leito em 30-45º • Manter a pressão do cuff entre 25-30 cmH2O • Realizar higiene brônquica somente quando estritamente necessária. Vamos relembrar o fluxo de atendimento ao paciente com COVID-19 com complicações respiratórias? O vídeo que você vai assistir lhe elucidará sobre os principais pontos das complicações respiratórias apresentadas por esses pacientes e lhe direcionará no atendimento até em situações mais graves, onde o paciente deve ser ventilado mecanicamente. Vídeo 3: Complicações respiratórias na COVID-19 e Fluxo de atendimento 16 POSIÇÃO PRONA A posição prona é uma estratégia altamente recomendada paraos pacientes que, mesmo com a estratégia protetora, mantenham PaO2/ FiO2 < 150 mmHg. Porém ela deve ser realizada quando a equipe multi- profissional é extremamente treinada e habilitada para tal. A pronação deve ser iniciada preferencialmente nas primeiras 72 horas de VM e deve ser mantida por ao menos 16 horas seguidas. Tem respos- ta satisfatória quando apresenta: • Aumento de 10 mmHg na PaO2 ou • Aumento de 20 mmHg na relação PaO2/FiO2. Após as 16 horas o paciente é retornado para posição supina e caso apresente em 6 horas PaO2/FiO2 < 150 mmHg novamente, deve ser reco- locado na posição prona segundo o mesmo procedimento. Ela deve ser interrompida imediatamente caso aconteçam complica- ções graves (extubação não planejada, PCR) e caso o paciente apresente queda de 20% da PaO2/FiO2 já na segunda tentativa. Vamos a seguir ver algumas complicações comum durante a posição prona e sugestões para evitá-las. Figura 7 – Paciente crítico submetido à posição prona em UTI e submetido à VM. Fonte: OLIVEIRA, V. M. et al. Checklist da prona segura: construção e implementação de uma ferramenta para realização da manobra de prona. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2017, vol.29, n.2, p.131-141. 17 Para saber mais acerca de protocolos sobre ventilação prona, incluindo vídeos explicativos, acesse o link aqui. No quadro a seguir, apresentamos algumas complicações comuns durante a posição prona e sugestões para evitá-las. Essas intervenções devem ser do conhecimento de todos da equipe que prestam cuidados ao paciente. Ações de capacitação devem ser realizadas de forma contí- nua para que o manejo seja adequado e não promova danos desneces- sários ao paciente. LESÃO POR PRESSÃO Mudar a posição da cabeça e dos braços a cada 4-6 horas. Verificar se o tubo orotraqueal (TOT) não está pres- sionando a boca/lábios. Verificar se a sonda nasogástrica (SNG) não está pressionando a narina. Utilizar espumas nas regiões de maior pressão. EDEMA FACIAL / PERIORBITAL Manter a cama em anti-Trendelemburg a 30o. DANO NA CÓRNEA E/OU CONJUNTIVA Prover limpeza e fechamento das pálpebras. Manter proteção ocular com pomada oftálmica. LESÃO DE PLEXO BRAQUIAL Posicionamento adequado. Mudar a posição dos membros superiores (MMSS) a cada 4-6 horas. MAU POSICIONAMENTO DO PAVILHÃO AURICULAR Verificar se a orelha não está dobrada. ESTABILIDADE DO ACESSO VENOSO PROFUNDO Verificar se o acesso está bem fixado. Verificar se o acesso não está pressionando a pele. LESÃO DOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS Orientar adequadamente os executores. Trabalhar com equipe em número adequado. Utilizar dispositivos adequados. Quadro 2 - Ações de prevenção quando da utilização de posição prona https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1214103 18 Caro cursista, evite desconectar o paciente do ventilador, o que resulta em perda de PEEP e atelectasia, além de maior aerossolização. Use sistemas de aspiração fechados e faça o clampeamento do tubo endotraqueal quando for necessário desconectar (por exemplo, transferir para um ventilador de transporte). Figura 8 – Utilização de pinça Kocher no clampeamento do tubo orotraqueal previamente a desconexão necessária. Fonte: McCormick, T. Plam to prevent collapse. Anaesthesia. 2010, 65, p. 857–866. © 2010 The Association of Anaesthet ists of Great B ritain and Ireland. 19 RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DE PACIENTES ADULTOS E PEDIÁTRICOS COM SDRA QUE FALHAM NA ESTRATÉGIA DE VENTILAÇÃO DE PROTEÇÃO PULMONAR Em ambientes com acesso a especialistas em oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), considere o encaminhamento de pacientes com hipoxemia refratária, apesar da ventilação protetora dos pulmões. Com relação a pacientes adultos e pediátricos, um estudo da ECMO para pacientes adultos com SDRA foi interrompido precocemente e não encontrou diferença estatisticamente significante no desfecho primário da mortalidade em 60 dias entre a ECMO e o tratamento médico padrão (incluindo posição prona e bloqueio neuromuscular). No entanto, a ECMO foi associada a um risco reduzido de resultado composto de mortalidade e cruzamento para ECMO. Em pacientes com infecção por MERS-CoV, ECMO versus tratamento convencional foi associado à redu- ção da mortalidade em um estudo de coorte. A ECMO deve ser oferecida apenas em centros especializados, com um volume suficiente de casos para manter a experiência e que possam aplicar as medidas de PIC necessárias para pacientes adultos e pediátri- cos com COVID-19. GERENCIAMENTO DE DOENÇAS CRÍTICAS E COVID-19: PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES É importante reforçar a estratégia de ventilação mecânica adequada para os pacientes críticos com COVID-19, com foco nos parâmetros ventilató- rios ideais e na maneira adequada de controlá-los. Além disso, é impor- tante conhecer as estratégias disponíveis caso a hipoxemia permaneça. Vamos reforçar os conhecimentos sobre os parâmetros ventilatórios e sobre a posição prona? Vídeo 4: Estratégia ventilatória na COVID-19 e Posição prona Para evitar complicações associadas a doenças críticas, deve-se imple- mentar as seguintes intervenções do quadro a seguir. Essas intervenções 20 são baseadas na Surviving Sepsis e outras diretrizes com recomendações viáveis com base em evidências de alta qualidade. Resultados esperados Intervenção Reduzir os dias de Ventilação Não Invasiva (VNI) Usar protocolos de desmame que incluam avaliação diária da capacidade/prontidão de o paciente respirar espontaneamente Minimize a sedação contínua ou intermitente, visando objetivos específicos (sedação leve é a menos contrain- dicada) ou interrupção diária de infusões sedativas contínuas Reduzir a incidência de pneu- monia associada à ventilação mecânica A intubação oral é preferível à intubação nasal em ado- lescentes e adultos Mantenha o paciente em posição semirreclinada (eleva- ção da cabeceira da cama entre 30 a 45º) Use sistema de aspiração fechado, drene e descarte periodicamente as secreções na tubulação Use um novo circuito do ventilador para cada paciente. Quando o paciente estiver sendo ventilado tro- que o circuito se estiver sujo ou danificado, mas não rotineiramente Troque o umidificador quando houver mau funciona- mento, quando estiver sujo ou a cada 5 a 7 dias Reduzir a incidência de trom- boembolismo venoso Usar profilaxia farmacológica (heparina de baixo peso molecular – preferível, se disponível) ou heparina de 5000 unidades por via subcutânea duas vezes ao dia em adolescentes e adultos sem contraindicações. Para aqueles com contraindicações, use profilaxia mecânica (dispositivos de compressão pneumática intermitentes) Reduzir a incidência de infec- ção da corrente sanguínea relacionada ao cateter Usar um checklist com verificação completa em tempo real como lembrete de cada passo necessário para inserção estéril e como lembrete diário para remover o cateter se não for mais necessário Redução de úlcera de pressão Virar o paciente a cada duas horas 21 Resultados esperados Intervenção Reduzir a incidência de úlcera por estresse e sangramento gastrointestinal Administre nutrição enteral precoce (dentro de 24 a 48 horas após a admissão) Administre bloqueadores dos receptores de histamina-2 ou inibidores da bomba de prótons em pacientes com fatores de risco para sangramento gastrintestinal. Os fatores de risco para sangramento gastrointestinal incluem ventilação mecânica por tempo ≥ 48 horas, coa- gulopatia, terapia de substituição renal (hemodiálise), doença hepática, múltiplas comorbidades e alto score de insuficiência orgânica Reduzir a fraqueza relacionada à UTI Mobilize ativamente o paciente no início da doença, quando for seguro Quadro 3 - Prevenção de complicações 22 RESUMINDO... Estamos chegando ao fim da segunda unidade. Vimos que a durante o tratamento do paciente com complicações respiratórias, segundo a OMS, vários critérios devem ser consideradospara a adoção do manejo terapêutico adequado. Revisamos aspectos basais em relação à oxige- nação do paciente e ao uso da Ventilação Mecânica, utilizando a estraté- gia protetora. Aprendemos que o principal foco com o uso da ventilação mecânica é trazer o mínimo de dano ao pulmão, e garantir a manuten- ção de mínima oxigenação. _heading=h.3dy6vkm _heading=h.z9cb28uamph9 _heading=h.f0o7hjxeqgoh _heading=h.c5vqijjz53nv
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