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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA II TUTORIA 1 1 2 Paciente do sexo masculino, 11 anos, pardo, natural de Brasilândia e 3 residente em um sítio distante da cidade. História gestacional de pais não 4 consanguíneos e nascimento de parto eutócico a termo. A gestação e o pré-5 natal não apresentaram anormalidades. O bebê nasceu com 3 kg e chorou ao 6 nascer. O bebê foi amamentado exclusivamente ao seio até 8 meses. Ele 7 sustentou a cabeça com 2 meses e andou sem apoio aos 18 meses. Houve 8 relatos de quedas frequentes e andar nas pontas dos pés. Aos 5 anos foi 9 observada dificuldade em se colocar de pé e subir degraus, com elevada fadiga 10 muscular. Aos 6 anos, pais buscavam acompanhamento pela Ortopedia, 11 devido à projeção do corpo para frente, sendo diagnosticada alteração no 12 tendão calcâneo e aumento do volume da panturrilha. Devido à insistência 13 materna, o menino foi encaminhado a serviço especializado para diagnóstico 14 da patologia. 15 O paciente, com 11 anos, foi encaminhado para cuidados especiais ao 16 Curso de Medicina de Três Lagoas da UFMS. Após exame clínico médico, os 17 exames laboratoriais foram solicitados aos Laboratórios de Genética e 18 Bioquímica. Ao exame físico da criança foi possível observar a hipertrofia dos 19 gastrocnêmios, o sinal de Gowers, hiperlordose e a marcha de balanço (Fig.1). 20 Estes sinais, isoladamente, não são patognomônicos da doença, mas assim 21 como aconteceu no caso, juntos levam a uma importante suspeita diagnóstica. 22 Embora não exista histórico de distrofia muscular na família, o médico 23 prescreveu corticoides orais para uso diário. 24 Para confirmar o diagnóstico, o médico solicitou exames 25 complementares. A eletromiografia apresentou padrão semelhante ao de lesão 26 medular. Os níveis da enzima Creatinofosfoquinase (CK) apresentou 27 concentração de 6334 U/L (média normal em crianças de 1 a 11 anos: de 24 a 28 200 U/L) e Lactato Desidrogenase (LDH) de 2063 U/L (média normal em 29 crianças de 2 a 12 anos: de 110 a 295 U/L). 30 31 32 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL BASES BIOLÓGICAS DA PRÁTICA MÉDICA II TUTORIA 1 33 Figura 1: Hiperlordose (a); Hipertrofia das panturrilhas (b) 34 35 Após diagnóstico, o médico solicitou exames do tipo predominante das 36 fibras muscular, com o objetivo de evitar a fadiga muscular, e assim prevenir a 37 redução do volume muscular para otimizar o tratamento fisioterapêutico. No 38 exame, as amostras foram coradas pelo método histoquímico para a ATPase 39 miofibrilar (ATPases 9,6; 4,6 e 4,3). A análise morfométrica revelou que as 40 fibras musculares do tipo I apresentaram valores percentuais maiores do que 41 as fibras IIa e IIb, além disso, as fibras musculares do tipo I apresentaram 42 diâmetro e área maiores do que as fibras do tipo IIa e IIb. 43 Mesmo com a todos os cuidados especiais, aos 13 anos de idade, o 44 paciente estava na cadeira de rodas, devido à progressão da doença. Foi 45 recomendado o retorno frequente ao médico para controle de outras alterações 46 que pudessem surgir com a progressão da doença, podendo ser necessário o 47 uso de outros agentes terapêuticos para prevenir/controlar essas alterações, 48 quando necessário. 49
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