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1 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho O que são? O pigmento é uma substância anormal que não pode ser metabolizada ou removida. A pigmentação é uma formação ou um acúmulo de pigmentos e pode ser classificada em: endógenas e exógenas. PIGMENTAÇÃO ENDÓGENA Não derivadas da hemoglobina: • Melanina: fornece cor e proteção contra raios UV. Atua em diversas partes do corpo e está presente no interior dos melanócitos que emitem projeções (processos dendítricos) responsáveis por proteger o núcleo da célula (DNA) contra raios UV. Diferenciando... Melanose Presença de melanina numa localização anormal. Não é uma lesão comum e é encontrada acidentalmente durante as necropsias ou inspeção de carcaças em matadouros. Os órgãos com melanose são descartados, mas não há alteração funcional. Melanoma São tumores de melanoblastos/melanócitos e são comuns. Podem ser benignos ou malignos, tendo a maioria das vezes um prognóstico desfavorável. Encontrados em muitos tecidos, mas geralmente onde há muitas células. É frequente na pele, olho e boca Pseudomelanose Ocorre após a morte do animal, quando bactérias produzem sulfeto de hidrogênio que reage com o ferro presente no tecido e originário das hemácias produzindo sulfeto de ferro. Albinismo De origem congênita (ausência da enzima tirosinase) e o indivíduo é afetado pela ausência completa de melanina. Ocorre mais em cavalos, cão, gatos, camundongos, coelhos e humanos. Podem ser cegos ou com deficiência na visão diurna, fotofobia e nistagmo. Leucotriquia Despigmentações dos pelos por senilidade/velhice, deficiência de cobre e zinco que são elementos utilizados na síntese da melanina. Na microscopia, existem melanócitos e fibroblastos esparsamente distribuídos, sem lesão funcional do tecido. Melanose, melanoma e pseudomelanose Albinismo e leucotriquia 2 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho • Pigmentos lipídicos: são derivados da oxidação e polimerização de lipídeos não saturados. Lipofuscina Ceroide Pigmentos derivados da oxidação de lipoproteínas. É resultado da autofagocitose dos constituintes celulares, como organelas e é o resíduo final não degradável desse processo. Como o pigmento não pode ser removido por degradação lisossomal adicional ou exocitose, acumula-se nos lisossomos, como uma forma de lixo biológico. Associado ao envelhecimento celular. Pigmento patológico derivado dos betacarotenoides encontrado em macrófagos após lesões teciduais e hemorragias ou ambas, nas quais os lipídios foram liberados nos tecidos. Está associado à desnutrição severa, deficiência de vitamina E e caquexia por do câncer. Não representa grandes alterações no organismo. O tecido fica amarelo-alaranjado. Não é influenciado pela idade Derivados de hemoglobina: quando os eritrócitos atingem seu período de vida média útil são fagocitados pelo sistema monocítico fagocitário. O ferro é removido do interior das hemácias, armazenado e o restante do anel porfirínico é quebrado em bilirrubina, que será liberada para o sangue, onde se liga à albumina. Este complexo bilirrubina-albumina é grande demais para ser secretado pelo rim. Ele é transportado até o fígado, é absorvido pelas microvilosidades dos hepatócitos, conjugado para formar glicuronato de bilirrubina ou diglicuronato e excretado para o interior dos canalículos biliares. • Hemossiderina: é um pigmento marrom, contém ferro e está usualmente contido nos macrófagos do sistema retículo-endotelial. Se muito intenso, é chamado de hemossiderose. Hemossiderina Micro Pode ser identificada usando-se a coloração específica do azul da Prússia, na qual o ferro se cora de azul porque está frouxamente ligado. Se em grande quantidade, indica... • Reservas de ferro: excesso absorvido no intestino, se deposita mais no fígado • Destruição de hemácias (hemólise): se deposita mais em macrófagos do baço • Focal: ocasionado por hemorragias, hematomas • Difusa: anemia hemolítica, transfusões e aumento da absorção de ferro Exemplos • Anemia infecciosa equina • Helmintoses • Deficiência ou intoxicação por cobre • Fígado de cavalos idosos ou doadores de soro • Hemorragia em vários tecidos • Congestões, ICCD ou ICCE em vários órgãos 3 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho • Hemoglobina: a molécula principal da porção não proteica da hemoglobina é um pigmento tetrapirrólico que se denomina Heme. A heme libera ferro, que será utilizado para formar ferritina e hemossiderina, o restante da heme formará bilirrubina e porfirina. • Hematina ácida: é resultante da ação de ácidos ou bases sobre a hemoglobina. Não é um metabólito normal e forma-se nos tecidos expostos à ácidos ou bases após a morte. Formam-se cristais marrons que não são intracelulares. Não altera a macroscopia, visível apenas no micro. Diferenciamos da hemossiderina pois os grânulos são intracelulares. • Hematina parasitária: relacionada migração parasitária de Fasciola magnata e Pneumonyssus semicola. • Hematoidina: pigmento amarelo-castanho, visto em áreas de hemorragia prévia. • Porfirina: são pigmentos de cor púrpura e fotodinâmicos. Uma deficiência enzimática no metabolismo das porfirinas, que vai se acumular em certo ponto do metabolismo. Ficam mais restritos a ossos e dentes. • Pigmentos biliares: ocorre hemólise (macrófago fagocita a hemácia liberando heme + globina), o heme sofre um processo a partir da enzima heme oxigenase, gerando biliverdina, transformada em bilirrubina não conjugada pela biliverdina redutase. Essa bilirrubina não conjugada se liga a albumina para chegar até o fígado. Dentro do hepatócito, se liga ao ácido glicurônico (agora sim consegue se dissolver), se dirige ao ducto biliar e, em seguida, ao duodeno. 4 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho o Causas: ▪ Diminuição da absorção: ocorre muita degradação de hemácias e o fígado não dá conta de absorver. Ocorre icterícia pré-hepática. ▪ Diminuição da conjugação: problemas no hepatócito, a conjugação entre bilirrubina e ácido glicurônico não acontece, fazendo com que a bilirrubina se acumule. Ocorre icterícia hepática. ▪ Diminuição da secreção: interferência no caminho até o ducto biliar e duodeno; tudo e qualquer coisa que cause obstrução. Ocorre icterícia pós-hepática. Tipos de icterícia Pré-hepática Hepática Pós-hepática Ocorre pela destruição excessiva de eritrócitos, resultando no aumento do complexo bilirrubina-albumina no sangue. É causada por agentes infecciosos que produzem hemólise: Babesia spp., Anaplasma marginale, Anaplasma centrale e Leptospira sp. Ocorre por lesões diretas agudas ou crônicas aos hepatócitos. Pode ser causada por diversos fatores: Agentes bacterianos ou virais, toxinas, medicamentos, neoplasias hepáticas e anemias. Ocorre por obstruções ou estenose do ducto biliar, causando uma estase biliar que se acumula nos hepatócitos. É causada por: cálculos, parasitas ou processos inflamatórios. Metabolismo e eliminação da bilirrubina 1. Redução anormal de bilirrubina do Heme é derivado da degradação de eritrócitos circulantes. 2. A bilirrubina extra-hepática (não conjugada) é ligada à albumina sérica e entregue ao fígado. A captação hepatocelular e a glucuronidação no retículo endoplasmático gera bilirrubina conjugada que são solúveis em água e prontamente excretado na bile. 3. Bactérias intestinais desconjugam a bilirrubina e a degradam para incolor urobilinogênios. Fotossensibilização Tipos de fotossensibilização Primária Secundária Ocorre por plantas que possuem compostos que ao serem absorvidos do TGI, caem na circulação sanguínea e estes reagem a luz solar causando afotossensibilização. A clorofila, ao ser metabolizada pela microbiota ruminal, possui um metabólito fotossensibilizante chamado filoeritrina que NORMALMENTE é degradado pelo fígado. Entretanto, se houver lesão hepática, ela ficará circulante no sangue, reagindo a luz solar causando a fotossensibilização. 5 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS Tipos de pigmentações exógenas por poeira Pneumoconicoses Antracose São geralmente causadas pela inalação de compostos presentes em poeiras minerais ou orgânicas e tornam- se visíveis no sistema respiratório e nos linfonodos que drenam este sistema. A evolução da doença depende da concentração inalada, do tamanho e forma das partículas inaladas, da natureza química do composto inalado e da duração da exposição. É a causada pela deposição de pó de carvão no pulmão. Macroscopicamente, os pulmões podem se apresentar com uma coloração salpicada de pontos pretos. Os linfonodos brônquicos podem parecer escuros particularmente na região medular, onde as partículas de carvão são detidas nos macrófagos dos sinusóides. Microscopicamente, a lesão no pulmão é localizada ao redor de pequenos bronquíolos como coleções de grânulos pretos na parede dessas estruturas em macrófagos, ou livres nos tecidos. Lesões pulmonares por antracose 6 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho
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