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sistema imune bebe1

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Larissa Fernandes – 2 semestre Medicina Unime 
 
 
O sistema imune é essencial para defesa e manutenção da integridade do 
organismo. Sua principal função é proteger contra agentes infecciosos e 
parasitários. Atua, também no controle do desenvolvimento de neoplasias –
desenvolvimento anormal de células de um tecido que pode ocasionar graves 
consequências ao organismo- malignas, no processo de tolerância 
imunológica e na homeostase de órgãos e tecidos. 
O sistema imune do recém-nascido: 
Crianças apresentam maior morbidade e mortalidade relacionadas a vários 
patógenos, em especial, aos intracelulares. Isso ocorre em função da imaturidade 
imunofisiológica, que resulta de limitações nos mecanismos imunológicos inatos e 
adaptativos. 
O recém-nascido é extremamente suscetível a infecções por um grande número de 
micro-organismos, sendo que o prematuro apresenta incidência de 5 a 10 vezes maior 
de adquirir infecção microbiana. Ambos têm maior incidência de infecções 
microbianas invasivas as quais, geralmente, apresentam maior severidade, 
necessitando de diagnóstico e terapia adequados. Desta forma, crianças apresentam 
maior morbidade e mortalidade relacionadas a vários patógenos, em especial, aos 
intracelulares.(5,9,10,11) Isso ocorre em função da imaturidade imunofisiológica, 
que resulta de limitações nos mecanismos imunológicos inatos e adaptativos. 
O desenvolvimento do sistema imunológico na criança inclui o amadurecimento da 
resposta imune inata, a indução da resposta antígeno-específica e memória 
imunológica para patógenos, em paralelo ao desenvolvimento e à manutenção de 
tolerância aos antígenos próprios, à microbiota saprófita e aos antígenos alimentares. 
O sistema imune fetal e neonatal está associado a proteção contra infecções, 
impedindo da nocividade das células T helper 1 (Th1) pró- inflamatórias, elas 
estimulam o processo de inflamação, cujas respostas induzem reações autoimunes 
materno-fetal. Além disso, realiza a mediação de transição entre o meio 
INTRAUTERINO (dentro) estéril e o meio externo rico em antígenos. Esta resposta 
imune geralmente é avaliada em termos de idade gestacional, tendo seu início a partir 
do segundo trimestre de desenvolvimento e maturação gradual a qual se completa na 
adolescência. 
Ativação da Resposta Imune Inata 
Imunidade do bebê 
 
Larissa Fernandes – 2 semestre Medicina Unime 
 
Considerada primeira linha de defesa contra patógenos invasores, inclui mecanismos de 
defesa efetivos sem que haja necessidade de exposição direta a antígenos. Estes 
mecanismos incluem barreiras físicas, como é o caso da pele intacta e de membranas 
mucosas. 
Os principais componentes da resposta imune inata são as células epiteliais, o sistema do 
complemento, os fagócitos e as células Natural Killer (NK). Os receptores Toll-like (TLR) 
também são considerados fatores importantes desta resposta, a qual inclui, ainda, o muco 
presente nas vias aéreas. Este muco previne o recém-nascido da desidratação e de 
patógenos, sendo que sua secreção inicia-se na 13ª semana de gestação. 
Apesar das causas da suscetibilidade aumentada dos recém-nascidos aos patógenos 
intracelulares tais como vírus, Toxoplasma gondii e Mycobacterium tuberculosis não 
serem completamente conhecidas, há evidências de envolvimento dos defeitos de 
função das células do sistema imunológico inato. Dentre elas, pode-se citar o 
envolvimento de monócitos e macrófagos, citocinas que aumentam a imunidade 
celular, células NK e produção de interferon-γ (INF-γ). Logo, infecções ocorridas 
durante o período perinatal- O período perinatal compreende um intervalo que 
começa por volta da 20a semana de vida intra-uterina e se estende até o 28º dia pós-
neonatal- podem impor alterações permanentes à resposta imune inata, podendo 
comprometer a capacidade do indivíduo em combater futuras infecções. 
No caso da imunidade passiva do feto, ocorre uma transferências DA MÃE PARA O 
FETO, nomeadamente três das quatro subclasses de igG (as classes e subclasses de 
imunoglobulinas diferem na estrutura da cadeia pesada) 
No caso da imunidade passiva é a proteção conferida pela transferência de anticorpos 
(imunoglobulinas, Ig). Estas podem ser transmitidas artificialmente por administração 
parenteral (oriundas do processamento de soro humano ou animal) ou naturalmente 
como a transmissão transplacentária de anticorpos maternos para o feto. A 
transmissão placentária pode ocorrer durante a gestação devido à permeabilidade 
da placenta 
A transferência de imunoglobulinas G ocorre durante o terceiro trimestre de gestação 
e tem como principal importância do fato do feto receber uma amostra da gama de 
anticorpos que a mão possui, tendo em vista a proteção em relação a eventuais 
organismos patogênicos. A capacidade destas moléculas de atravessarem a placenta 
resulta de propriedade da região de anticorpo. Juntamente com as IgG, também a igM 
e as igA são encontradas no leite materno nos primeiros dias após o parto, o que 
representa um reforço adicional na proteção imunológica do recém-nascido. 
Mas então, os bebês já nascem com vírus e bactérias? 
O ambiente intrauterino é estéril completamente, e ainda bem que não tem 
microrganismos, pois, infectaria a criança. Nós temos 10x mais bactérias no 
organismo do que células no corpo. A criança nasce sem NENHUMA bactéria no 
corpo, porém, ao passar pelo canal de parto ela se infecta com as bactérias da mãe, e 
 
Larissa Fernandes – 2 semestre Medicina Unime 
 
são essas bactérias que vão se colonizar da boca até o anus, a pele, todo o corpo do 
bebe. Eai, a mãe amamenta, e além de transmitir outras bactérias, mas também, ira 
transmitir seus anticorpos, e células competentes como macrófagos, leucócitos.... 
Por isso que o aleitamento é tão importante. E quando nasce de cesariana? Ela perde 
essa oportunidade de infecção, mas em seguida, irá mamar e receberá essas células 
imunológicas. É por isso que ao nascer a criança já vai para o corpo da mãe para que se 
entre em contato com essas bactérias. 
 
Pele e mucosa 
Características da pele do recém-nascido são importantes para conferir proteção 
contra micro-organismos na fase inicial de transição do ambiente intrauterino para o 
meio externo, período no qual ocorre a colonização pela microbiota normal. 
A pele neonatal é frágil e pequenas lesões podem afetar sua integridade, tornando-se 
acessível à invasão por micro-organismos. No caso de fetos e recém-nascidos pré-
termo (é o parto de um bebé antes das 37 semanas de idade gestacional) , a pele 
apresenta maior imaturidade quando comparada aos recém-nascidos a termo nasce 
(entre a 37ª e 42ª semana da gestação). Além disso, tem permeabilidade 
aumentada causada, em parte, pela produção de ácidos graxos livres e pelo pH 
alcalino. Desta forma, há risco aumentado de infecção devido à incapacidade da 
epiderme em realizar bloqueio adequado de micro-organismos. O completo 
desenvolvimento funcional da pele ocorre apenas 2 a 3 semanas após o parto. O 
verniz caseoso presente ao nascimento é secretado pelas glândulas sebáceas fetais e 
tem atividade microbicida e neutralizante de toxinas bacterianas. Esta atividade é 
devido a proteínas e peptídeos antimicrobianos, os quais têm expressão aumentada 
no recém- -nascido quando se compara às crianças maiores e aos adultos. A 
colonização do trato gastrintestinal ocorre imediatamente após o parto e atua no 
desenvolvimento de tolerância e homeostase imunológicas necessárias para as 
interações comensais com a microbiota saprófita (de fungos) . A tolerância aos 
antígenos alimentares é um processo ativo que se inicia na vida intrauterina e 
continua após o nascimento, especialmente nos dois primeiros anos de vida. A 
mucosa intestinal é caracterizada por um constante equilíbrio entre ativação e 
supressão da resposta imune. Estudos indicam que as células epiteliais desempenham 
um papel importante na respostaimune das mucosas, através da produção de 
citocinas, fatores de crescimento e proteínas de membrana que propiciam interação e 
ativação das células dendríticas. O sistema imune inato é a maneira imediata de 
defesa pulmonar. Com a respiração, a área superficial do pulmão do recém-nascido é 
exposta a partículas desconhecidas. As que apresentam diâmetro inferior a 5 µm 
podem acessar os alvéolos, onde há uma variedade de moléculas antimicrobianas 
pertencentes ao sistema imune 
 
 
Larissa Fernandes – 2 semestre Medicina Unime 
 
Resposta Imune Especifica 
A partir da oitava semana de gestação, os primeiros linfócitos podem ser encontrados 
no timo fetal. Elevam-se quantitativamente no fígado e no baço após a decima quarta 
semana, migrando para a circulação sanguínea a partir da décima quarta semana, 
quando então podem ser ativados frente à exposição antigênica. Está bem evidente 
que a indução de memória imunológica alérgeno-especifica por células T, 
frequentemente inicia-se intraútero e que o padrão imunológico materno influencia o 
sistema imune da criança. Reforçam esse fato as observações de níveis 
significativamente mais elevados de subclasses de imunoglobulinas G(igG) 
especialmente igG4, a alérgenos inalantes e/ou alimentares em sangue de cordão 
umbilical de recém nascidos de mães atópicas do que de não atópicas. 
A transferência destas classes de anticorpos pela placenta sugere a probabilidade de 
haver um mecanismos a mais para a regulação da imunidade alérgeno-especifica na 
criança, bem como a influência materna na produção de INF-g pelas células T de seu 
filho. 
 
Células Importante para defesa 
 Linfócitos T: Os linfócitos timo-derivados (T) exercem papel fundamental nos 
mecanismos das doenças alérgicas, tanto como fonte de interleucina –que são 
importantes substancias citocinas que mediaram ações dos linfócitos T- quanto por 
sua habilidade para liberar um dos sinais aos linfócitos B para indução à síntese de IgE. 
 Na etapa final de diferenciação de células T, destacam-se três espécies maduras que 
influenciam a resposta imune específica: os linfócitos T de clones de diferenciação ou 
cluster of differentiation (CD) CD4+/CD8- (Th), que exercem função indutora ou 
auxiliadora (helper); os linfócitos T CD4+/CD8- (Ts), que exercem função supressora 
ou citotóxica e, finalmente, os linfócitos T CD4- /CD8- , que atuam contra agressões 
externas e por citotoxicidade natural (NK - natural killer) contra células neoplásicas ou 
infectadas por vírus. Os linfócitos T CD4+/CD8+ são qualitativamente funcionais e 
quantitativamente elevados ao nascimento, declinando em número até o sexto mês 
de idade. Suas proporções variam durante a infância, tornando a elevar-se 
progressivamente, de modo a equiparar-se aos do adulto no início da adolescência.  
À medida que o sistema imune é ativado pela presença de antígenos, as células T não 
ativadas (CD45RA+) são gradativamente substituídas pelas células TCD45RO+ (ou 
CD45RA-), que são marcadores de células T ativadas ou de memória (CD4+/CD45+ ou 
Th0), agindo sobre a regulação do crescimento e proliferação de linfócitos T e B31- 35. 
A placenta constitui barreira eficaz contra a entrada de microrganismos e antígenos 
ao feto, razão pela qual geralmente há um predomínio correspondente a 90% de 
subpopulações celulares T CD45+ na circulação e nos órgãos do feto e do recém-
nascido. Com a idade, as células CD45RA+ são progressivamente substituídas pelas 
CD45RO+, até atingir um platô na adolescência.  As células Th cooperam com a 
 
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resposta de células B à maioria dos antígenos, influenciando significativamente o 
desenvolvimento da competência imune. Células T, quando numericamente inferiores 
em filhos de pais atópicos no período neonatal, tanto podem significar supressão na 
ativação de tais células, como ausência de sensibilização antigênica, ou ainda, 
paucidade de células Th de memória que produzem citocinas com padrão Th0/Th1, 
predominando, então, o padrão Th2-símile naqueles neonatos com predisposição à 
atopia.  As células Th2 são encontradas em abundância nos indivíduos atópicos. Sua 
diferenciação e proliferação seletivas estão relacionadas à indução da síntese de IgE e 
à secreção de citocinas que atuam sobre a imunidade humoral por influência de IL-4, 
desviando os genes das imunoglobulinas para o locus e eosinofilia por ação de IL-5 
sobre esses clones celulares. 
 
Linfócitos B: Após contato com antígeno, os linfócitos bursa-equivalente 
derivados (B) são diferenciados a partir da célula primordial linfóide em plasmócitos 
secretores de imunoglobulinas, identificadas conforme sua estrutura e função. Sua 
produção é extremamente baixa no feto e recém-nascido, exceto quando há estímulo 
infeccioso ou antigênico. Das cinco classes de imunoglobulinas conhecidas até o 
presente (IgA, IgD, IgE, IgG e IgM), a IgG é a única que, indubitavelmente, atravessa a 
barreira placentária e, desse modo, representa quase a totalidade desses anticorpos 
no neonato.  Durante o primeiro ano de vida, o sistema imune expõe-se a uma ampla 
variedade de antígenos, sobretudo alimentares, os quais podem ativar a resposta 
imune mediada por IgG, IgA, IgM e IgE. Além disso, a falta de atuação protetora da 
IgA secretora, ainda que transitória, também eleva o risco de exposição a tais 
antígenos, possibilitando atopia subsequente.  Os linfócitos B de recém-nascidos e 
lactentes mais jovens expressam uma proporção dobrada de receptores de baixa 
afinidade para IgE (CD23 ou FceRII) em comparação aos adultos. Por isso, os níveis de 
fragmentos solúveis.  destes receptores (sCD23) são mais elevados ao nascimento e 
declinam com a progressão da idade, ao contrário da IgE, possivelmente por 
mecanismos de feedback negativo do sistema imune. As doenças alérgicas estão 
relacionadas ao aumento da expressão de CD23 nas células ativadas que os possuem 
(células B e T, macrófagos, eosinófilos e plaquetas), refletindo de certo modo o 
aumento na síntese de IL-4 nessas doenças, bem como a capacidade desta citocina 
hiperativar a expressão de tais receptores. 
Citocinas: As citocinas, alternativamente chamadas linfocinas, monocinas, 
interleucinas, fatores de crescimento hematopoiético ou peptídeos e neuropeptídeos – 
dependendo da ordem de sua descoberta e/ou mecanismos de ação – são moléculas solúveis 
que mediam a resposta imune intercelular.  Devido a essas características, as citocinas 
permitem uniformidade, diversidade e especificidade nas respostas celulares e nos processos 
fisiológicos e patológicos, como a inflamação alérgica, por sua capacidade de regular a 
imunidade inespecífica (IL-1, TNF, IL-6, quimiocininas), promover ativação, crescimento e 
regulação linfocitária (IL-2, IL-4, fator-ß de crescimento e transformação – TGFß), ativar 
 
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células inflamatórias (INF-g, IL-5, fator inibidor de migração de macrófagos – MIF, linfotoxina, 
IL-10, IL12) ou induzir crescimento e diferenciação de colônias celulares (IL-3, IL-7, IL-9, IL-11, 
GM-CSF, fator estimulante de colônias de granulócitos – G-CSF, fator estimulante de colônias 
de macrófagos – M-CSF).  As produções de IL-4 e células NK também são expressivamente 
mais baixas no recém-nascido do que no adulto, e aumentam progressivamente com a 
idade11, tendo-se verificado recentemente a presença de IL-4 no epitélio amniótico humano a 
partir do primeiro trimestre de gestação.  A predisposição atópica, portanto, parece 
determinar-se no início da vida, sendo originada por fenômenos ocorridos no período de vida 
intrauterino e na fase inicial da infância, os quais influenciam o sistema imune a uma síntese 
mais elevada de IgE. Uma vez que a resposta imune é heterogênea e envolve uma variedade 
de anticorpos e citocinas, dentre outros elementos e interações com outros sistemas, frente 
ao estímuloantigênico, esse conjunto compõe o arsenal de marcadores precoces – genéticos, 
imunológicos e bioquímicos – de sensibilização alérgica.  Assim sendo, torna-se necessário 
ampliar o conhecimento sobre tais marcadores e sua participação nos mecanismos 
alergopatológicos, particularmente na faixa etária pediátrica, considerando-se que seu perfil 
imune mostra características quantitativas e funcionais distintas durante o desenvolvimento, 
o que possibilita, então, direcionar melhor as estratégias preditivas, preventivas e 
terapêuticas das doenças alérgicas. 
 
 
 
 
Imaturidade imunológica fetal e neonatal 
Os linfócitos B, no início da gestação, expressam somente IgM. A coexpressão 
IgM/IgD surge em fases mais tardias da gravidez. Os linfócitos sem expressão de IgD 
podem determinar a tolerização a antígenos aos quais o feto é exposto in útero.  
Outra diferença básica entre os repertórios fetal e adulto de células B é a 
preponderância, nos primeiros, da expressão de CD5. Ao contrário das células B 
convencionais, as células B CD5+, também chamadas células B1, secretam anticorpos 
de diversidade limitada, dirigidos contra auto-antígenos, e são suscetíveis a tolerância 
a longo prazo. Tem sido sugerido que essas células estejam envolvidas na regulação e 
no desenvolvimento do sistema imune por meio de redes idiotípicas.  O repertório 
para reconhecimento antigênico específico, que é regido pela região variável da Ig de 
superfície dos linfócitos B, é limitado nos fetos e neonatos. No início da gestação, o 
número de diferentes segmentos genéticos geradores de regiões variáveis e da 
potencial diversidade das Igs encontra-se reduzido. O repertório de células B – 
aumenta na segunda metade da gestação. Essas diferenças funcionais e repertoriais 
podem acarretar em incapacidade do feto e neonato em produzir anticorpos 
específicos contra determinados antígenos.  Existem alterações importantes nas 
 
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concentrações séricas de imunoglobulinas (Igs) durante a vida intra-uterina e no 
período neonatal. O neonato a termo produz pequena quantidade de Igs, porém 
apresenta altas concentrações de IgG resultante do transporte ativo transplacentário 
que se inicia por volta do 3° mês de gestação. Ao nascimento, os níveis de IgG são 
mais elevados que os maternos, mas caem rapidamente devido ao catabolismo das 
Igs de origem materna e atraso no início da síntese das próprias. − Como 
consequência, durante os primeiros quatro meses de vida, as crianças apresentam 
uma hipogamaglobulinemia fisiológica que as predispõe a infecções bacterianas. Após 
esse período, os níveis elevam-se, atingem 60% dos adultos no 1º ano de vida e 
tornam-se comparáveis aos adultos por volta dos 7 anos de idade. − A IgM não 
atravessa a placenta, mas é detectável no sangue do cordão devido à produção intra-
uterina. Após uma semana do parto, a síntese de IgM acelera-se e esta torna-se a 
principal Ig do recém-nascido. Atinge 50% dos níveis adultos aos seis meses e 80% aos 
12 meses de vida. IgA, IgD e IgE nem atravessam a barreira placentária, nem são 
sintetizados em quantidades significativas pelo neonato. Suas concentrações no 
sangue do cordão são muito baixas e aumentam lentamente durante o 1º ano, 
atingindo, então, 10% a 25% dos níveis adulto.  As células T, derivadas de 
precursores hematopoiéticos, começam a colonizar o timo fetal a partir da 8º semana 
de gestação, onde têm início os processos de diferenciação, com a expressão de 
antígenos de superfície (receptores de células T ou TCR, CD4 e CD8). Esses receptores 
conferem aos linfócitos a capacidade de reconhecimento antigênico específico. − Nos 
estágios iniciais do desenvolvimento intratímico, os timócitos expressam tanto 
moléculas CD4 quanto CD8 em suas superfícies. Posteriormente, essas células sofrem 
uma seleção na qual aquelas que respondem fortemente a auto-antígenos são 
eliminadas (seleção negativa); já aquelas que respondem bem contra antígenos em 
associação ao complexo principal de histocompatibilidade (MHC) são mantidos 
(seleção positiva). − Durante o processo de seleção positiva são mantidos os 
receptores TCR e CD3 em todos os linfócitos, CD4 naqueles que reconhecem 
antígenos ligados ao MHC de classe II, e CD8 naqueles que reconhecem antígenos 
ligados ao MHC de classe I. É mediante esse processo de seleção que se determina a 
diversidade do repertório de células T.  Por volta de 12 semanas, observam-se todos 
os estágios evolutivos de maturação dos timócitos, e, na 20º semana, os subtipos 
celulares são representados em composição semelhante à observada no período 
neonatal. Linfócitos T maduros são facilmente identificados no sangue do cordão a 
partir da 20º semana. − Entretanto, a diversidade dos TCR nos fetos, principalmente 
nos dois primeiros trimestres de gestação, é menor em relação aos indivíduos 
maduros. Isto acarreta uma limitação quantitativa no repertório dos linfócitos T e na 
natureza dos antígenos que possam vir a ser por eles reconhecidos.  Os recém-
nascidos a termo apresentam aumento na contagem de linfócitos CD4+, tanto em 
números absolutos quanto relativos, quando comparados aos adultos. A relação 
CD4/CD8 também é superior à dos adultos, chegando a 3:1 no período neonatal. 
Entretanto, essas células são funcionalmente imaturas. Praticamente todos os 
linfócitos neonatais expressam a molécula CD38, um antígeno de superfície marcador 
de timócitos e inexistente em linfócitos maduros. − Ao contrário dos linfócitos 
 
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adultos, dos quais 50% a 60% expressam o marcador de células de memória CD45RO, 
a quase totalidade dos linfócitos neonatais expressa CD45RA, um marcador de células 
não-primadas. A resposta proliferativa ao estímulo com mitógenos e aloantígenos é 
semelhante à dos adultos a partir da 20º semana de gestação. Entretanto, a resposta 
a antígenos de memória é reduzida no período neonatal.  Nos neonatos, as funções 
regulatórias e citotóxicas dos linfócitos T também são deficitárias, quando 
comparadas com as dos adultos. A cooperação entre linfócitos T CD4+ e linfócitos B 
para a síntese de imunoglobulinas encontrase em cerca de 50% da produção dos 
adultos. − Isto se deve, em parte, a uma diminuição na secreção de linfocinas, 
principalmente IL-4 e IFN-γ. A redução na secreção destas duas citocinas parece estar 
relacionada com a menor quantidade de células de memória presentes nos neonatos, 
já que essa população celular produz, aproximadamente, dez vezes mais IFN-γ do que 
as células não-primadas, e é quase exclusivamente responsável pela secreção de IL-4. 
− Outras citocinas, como IL-2, TNF-α ou linfotoxina, encontram-se em níveis 
comparáveis ou ligeiramente reduzidos em relação aos adultos.  Enquanto os 
linfócitos T CD8+ mediam a atividade citolítica, antígeno-específica, e restrita ao 
MHC, as células natural killer (NK) são responsáveis pela citotoxicidade inespecífica, 
não restrita ao MHC, e dirigida contra células infectadas ou células tumorais. Ambas 
participam do processo de citotoxicidade anticorpo-dependente mediada por células 
(ADCC). – − A atividade citolítica das células NK é incrementada pela ação de IFN-γ e 
IL-2. Essas encontram-se reduzidas numérica e funcionalmente durante a vida fetal e 
ao nascimento. Sua atividade citotóxica corresponde a 15% a 60% daquela dos 
adultos, e sua capacidade de mediar ADCC é reduzida em aproximadamente 50%. A 
imaturidade do sistema NK neonatal normal ocorre na ligação com o antígeno, nos 
processos de lise, bem como no repovoamento que se encontram reduzidos. − A 
regulação do sistema NK do neonato normal difere da do adulto por ser mais 
dependente de IL-2, e menos responsivo a IFN-γ. O número de células NK aumenta 
significativamente nos primeiros meses de vida, sugerindo que este seja um 
mecanismo de defesa importante antes do desenvolvimento completoda resposta 
imune específica.  Os polimorfonucleares neutrófilos (PMN) são as primeiras células 
a chegar a um sítio de infecção bacteriana e são as principais células envolvidas com a 
lise desses patógenos. Em conjunto com os macrófagos, promovem a primeira linha 
de defesa do organismo, fagocitando partículas estranhas e liberando fatores 
quimiotáticos que atraem outras células do sistema imunitário. − Entretanto, em 
neonatos a cinética da fagocitose é mais lenta do que a dos adultos. Esse é um dos 
motivos pelos quais os recém-nascidos são mais propensos a apresentar septicemias e 
outras infecções bacterianas graves do que crianças mais velhas.

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