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ADMINISTRACAO PUBLICA A1 Administração, portanto, se refere à organização de uma série de fatores a serem conjugados (recursos ou meios) para a obtenção de um objetivo (fim). Fica estabelecido, dessa forma, os grandes fundamentos da Administração e que determinam as linhas de atuação da administração, a saber, o controle e a técnica. 1.1.1 O que podemos chamar de organização? A partir de Mintzberg (1983), podemos compreender que organização é toda atividade organizada que exige a divisão do trabalho em várias tarefas e a coordenação dessas. Importante destacar que na concepção do autor existem atividades não organizadas. Ainda segundo o autor, na medida em que uma organização cresce para além de seu estado mais simples ocorre também a necessidade de gerar supervisão direta sobre as atividades. E daqui surge a relação entre administração e organização que trabalharemos a partir de agora. 1.1.2 Conceito e importância da administração Fayol (1990), um dos precursores da administração, já dizia que a função do administrador é tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos demais empregados. Dessa forma, a atividade típica da administração, segundo o autor, são cinco funções: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Os autores contemporâneos têm proposto que essa concepção pede revisão na medida em que agregam o comando e a coordenação na ideia de direção. Assim, planejar, organizar, dirigir e controlar passam a ser dimensões do processo administrativo.[ Nesse sentido, um dos fundamentos da administração está relacionado às formas como se lida com os insumos existentes, sejam eles financeiros, humanos, logísticos, tecnológicos, dentre outros. Assim, a técnica com a qual se emprega o uso dos recursos é o fundamento da Administração, como dissemos anteriormente. Mais do que saber identificar quais os insumos a serem utilizados, é preciso saber organizar, racionalmente, a forma de utilizá-los. Outro fundamento da Administração se relaciona com os processos, ou seja, com o modo como os insumos serão transformados. Estabelecer processos adequados e controla-los é uma das maneiras mais efetivas de assegurar que os insumos sejam utilizados em prol dos objetivos. Assim, o controle é o segundo fundamento de qualquer noção de administração. Dessa forma, Administração é um campo de conhecimento que analisa a técnica e o controle das organizações, mas compreende também o universo de relações que são estabelecidas entre as organizações com seu meio ambiente e os atores. divisão funcional das organizações- distingue tarefas técnicas e operacionais. Algumas organizações estipulam níveis hierárquicos intermediários para criar essa relação, mas sempre existe essa distinção. Novamente, podemos perceber que a compreensão conceitual pode lançar luzes sobre a tarefa como elemento mais determinante do modelo organizacional, ou sobre a estrutura. Essa divisão se estabelece desde a visão mecânica e sistêmica que citamos anteriormente. Em relação ao enfoque relacionado com a tarefa, a divisão funcional auxilia na compreensão de suas partes. Por exemplo, uma planta produtiva que fabrica determinado produto pode se organizar entre setores que fazem parte do produto até alcançar o produto completo. Em relação à estrutura, os estudiosos tendem a valorizar aspectos relacionados com a organização e seus componentes para atingir determinado objetivo. Nesse caso, o mais destacado é compreender as relações entre setor financeiro, setor de gestão de pessoas e setor comercial como parte de uma mesma organização. 1.1.3 Pessoas e informações: os reais fundamentos do ato de administrar Seja no enfoque funcional ou estrutural, dois elementos são os reais instrumentos de trabalho do administrador, a saber, pessoas e informação. Maximiano (2000, p. 11) aponta que “o principal recurso das organizações são as pessoas. De fato, as organizações são grupos de pessoas que utilizam recursos para realizar objetivos.” As pessoas ditam o ritmo de trabalho, pois elas são detentoras de informação e a manipulam de acordo com seus interesses. Essa é uma visão que limita a perspectiva hierárquica de desenho organizacional, pois certas informações ficam no nível delas e não passava para os escalões superiores. Por esse motivo os desenhos organizacionais mais modernos buscam diminuir esses níveis hierárquicos e com isso podem gerir melhor as informações. Esse é somente uma parte do grande desafio que é gerir informações nas organizações de hoje. Ter uma boa gestão de informações passa pela capacidade de obter informações, processar informações e divulgar informações. 1.2 As teorias da Administração 1.2.1 Teorias clássicas Teoria da Administração Científica. Seu principal teórico, Winslow Taylor, relacionava a execução de tarefas à compreensão dos tempos e movimentos dos trabalhadores (TAYLOR, 1990). Taylor estabelecia parâmetros de produtividade, como tempo de execução e esforço necessário, onde verificava a existência de determinados movimentos padronizados para a execução de tarefas. Sua incessante busca pela perfeição do tempo e do movimento da linha de produção tinha grande influência dos cálculos da engenharia e da hierarquia militar. A partir dos subsídios iniciais em relação à divisão do trabalho elaborados por Taylor, Ford projeta um modelo de organização que tem uma visão interna sobre a organização do trabalho, e externa, pois pensava um modelo mais equilibrado de sociedade fundamentada no trabalho. Com isso, conseguiu pensar uma linha de produção em maior escala e mais produtiva, bem como funcionários remunerados ao ponto deles mesmos serem os compradores dos veículos que produziram. Esse aspecto rompia completamente como a forma que Taylor entendia o elemento humano. Fayol tinha uma visão da planta produtiva (linha de produção), mas buscava compreendê-la em um todo organizacional associado a outros sistemas e geridos por pessoas. Assim, Fayol já começava a pensar o processo administrativo de maneira cíclica e a partir daquelas etapas já mencionadas: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Maximiano (2000), ao explicar a teoria clássica da administração, inclui Weber. A “Teoria da Burocracia” é uma tentativa de uma explicação de uma lógica que organiza toda a estrutura social e não somente uma empresa. Em outras palavras, os mesmos mecanismos de funcionamento de uma empresa podem ser reproduzidos na sociedade. A forma de romper com isso seria possibilitar que as leis, desde que fossem a maior representante dos interesses da nação, tivessem um modelo de funcionamento. Para isso, teriam um modelo ideal, na concepção de Weber, que detalhasse como o sistema funcionaria para que a racionalidade legal fosse a predominante. 1.3 As teorias da Administração 1.3.1 Teorias com foco no ambiente e nas pessoas Na Teoria das Relações Humanas o homem é analisado como um ser social, dotado de vontades essenciais, necessidades específicas e características únicas. O “homo social”, que personifica o representante dessa forma de abordagem, se realiza por meio da satisfação de suas necessidades e, nesse sentido, é o centro da atenção das análises dos teóricos do período. Teoria Sistêmica, analisava as organizações como parte de um todo, interligadas como um sistema. Todas elas se relacionavam direta ou indiretamente de algum modo, com consequências em todo o sistema sempre que algum dos seus componentes ou do próprio mercado se modificava. Suas análises foram muito precisas e têm repercussão ainda nos dias de hoje. Serve de base para a análise de muitas das consequências na economia em razão do funcionamento do mercado, consumidores, organizações, governos e demais atores econômicos. A Teoria Neoclássica é outra que merece ser observada. Com foco na gestão, objetivos e controle, tem como meta o resultado organizacional. Resgata conceitos das teorias clássicas, daí seu nome “Neoclássica”, e enfoca as práticas administrativas como base de suas análises. Ainda há grande influêncianas organizações modernas, sobretudo aquelas que valorizam o alcance de resultados como seu foco principal. Fortemente influenciada pela ideia de que as organizações estão sujeitas ao ambiente, mas também às interações entre pessoas e a própria dinâmica das organizações, dos mercados e todos os demais componentes do cenário em que se encontram, surge a Teoria das Contingências, que relativiza por completo os impactos existentes sobre as organizações. Tamanha é a sua influência que esta teoria ainda ajuda a explicar muitas das interações havidas nas organizações nos dias de hoje. Relações interpessoais, localização, cultura organizacional, informalidades, hábitos de consumo, enfim, diversos componentes, isolados ou conjuntamente, impactam nas organizações e nos processos de tomada de decisão. A Teoria das Contingências amplia a compreensão sobre a complexidade das interações entre insumos, processos, produtos e mercados e ainda oferece caminhos para correlacionar esses diferentes componentes na busca por soluções de problemas que congreguem tanto o ambiente quanto as pessoas. 1.4 Princípios da administração pública A administração pública é reconhecida muito mais pelos aspectos de controle do que pelo alcance de resultados. Isso se reflete no grau de confiança que as pessoas têm nas organizações públicas e também na qualidade dos serviços prestados, que são, em sua grande maioria, vistos como sendo de baixa qualidade e alto custo. 1.4.1 O Gestor Público e os princípios da administração os princípios da “legalidade”, da “impessoalidade”, da “moralidade”, da “publicidade” e da “eficiência”. 1.4.2 Princípio da Legalidade O princípio da legalidade é fundamento do Estado democrático de direito. Ele tem por fim combater o poder arbitrário do Estado. Os conflitos devem ser resolvidos pela lei e não através da força. O princípio da legalidade serve como regra para a sociedade e a administração pública e como limite ao poder dos governantes. O princípio da legalidade, inclusive, serve de elemento de separação entre os conceitos de administração pública e de administração privada. A administração pública só pode fazer o que a lei manda ou autorizar que se faça. Já a administração privada pode fazer tudo, desde que não seja vedado por lei. A diferença é sutil, mas fundamental. Segundo o princípio da legalidade, o administrador não pode fazer o que bem entender na busca do interesse público, ou seja, tem que agir segundo a lei, só podendo fazer aquilo que a lei expressamente autoriza e, no silêncio da lei, está proibido de agir. Já o administrado pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe e o que está silencia a respeito. Portanto, tem uma maior liberdade do que o administrador. 1.4.3 Princípio da Impessoalidade Uma das funções da lei é tornar a todos, igualmente, a ela submetidos, esse princípio exige da administração pública neutralidade quando da execução dos atos por seus entes e agentes públicos. Deve a administração esforçar-se para tratar a todos de maneira impessoal. 1.4.4 Princípio da Moralidade O princípio da moralidade pressupõe o comportamento do administrador em uma conduta em conformidade com a lei, mas não apenas com ela. Para que a moralidade administrativa seja alcançada é necessário que o ato, além de legal, esteja de acordo com as boas regras de administração, atenda aos princípios de justiça e equidade, pactue com a ideia comum de honestidade, não ofenda os bons costumes e práticas de gestão e não ofenda a moral. O princípio da moralidade é um dos princípios da administração pública que desafia o princípio da legalidade enquanto “regra de ouro” da Administração. Embora ainda existam muitos que acreditem que, se decorrente de lei, portanto, atendendo ao princípio da legalidade, o ato perfaz a sua finalidade, a moralidade questiona frontalmente essa hipótese. Havendo imoralidade administrativa, ou seja, não atendendo aos preceitos morais, pode a administração, na figura do agente público, ser responsabilizada, estando, portanto, o ato administrativo sujeito ao controle do Poder Judiciário. Há instrumentos específicos para se combater a imoralidade dos atos administrativos. É o caso da Ação Civil Pública. Nesse caso, ela só pode ser promovida por pessoa jurídica, como o Ministério Público, Associação de Classe e etc. Outro instrumento é a Ação Popular. Esse tipo de ação só pode ser promovida por pessoa física que esteja no pleno exercício dos direitos políticos. Segundo a Súmula 365 do Supremo Tribunal Federal, “pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular” (BRASIL, 2017). Segundo a Constituição em seu Art. 5, LXXIII: Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e ônus de sucumbência (BRASIL, 1988). A principal lei que regulamenta a condução das medidas contra a imoralidade administrativa é a Lei 8.429 de 1992. O seu principal fundamento são os atos de improbidade administrativa. De acordo com essa lei, em seu Art. 23, I, o prazo prescricional para propositura da ação de improbidade administrativa é de 5 anos a contar do término do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de confiança (BRASIL, 1992). Ela elenca ainda algumas hipóteses de imoralidade administrativa, como vemos a seguir. Da mesma forma como elenca hipóteses de cometimento, ela elenca também sanções aos agentes públicos que pratiquem atos imorais e não são sanções quaisquer. A começar pelo que determina a Constituição em seu Art. 37, ou seja, “os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (BRASIL, 1988). Estas sanções podem ser aplicadas simultaneamente, precedendo de instrumentos que apurem as irregularidades praticadas pelo servidor, ou seja, de processo administrativo disciplinar ou sindicância, garantindo o contraditório e a ampla defesa. A partir de então, a Lei n. 8.429 (BRASIL, 1992) elenca uma série de sanções, em virtude dos desdobramentos do ato: se gerou enriquecimento ilícito do agente, se causou prejuízo ao erário ou se atentou contra os princípios da administração. Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito, em seu Art. 12, I, da Lei n. 8.429/92 estabelece: Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao erário, em seu Art. 12. II, a Lei 8.429/92 estabelece: Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração Pública, em seu Art. 12, III, a Lei 8.429/92 estabelece: 1.4.5 Princípio da Publicidade A Administração tem o dever de manter plena transparência de todos os seus comportamentos, inclusive de oferecer informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interesses que ela representa quando atua. A publicidade não se exaure com a simples publicação de atos de maneira formal, como a que é feita nos veículos oficiais da administração pública, como o Diário Oficial da União, ou dos Estados e Municípios, por exemplo. De acordo com a Constituição Federal (Art. 5), “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (BRASIL, 1988). O princípio da publicidade garante o acesso da sociedade a informações sobre a performance das instituições e auxilia no controle dos resultados. 1.4.6 Princípio da Eficiência A Administração Pública deve buscar um constante aperfeiçoamento na prestação dos serviços públicos,mantendo ou melhorando a qualidade dos serviços, com economia de despesas, ou seja, qualidade nos serviços e racionalidade de gastos. O princípio da eficiência valoriza práticas colaborativas, uma vez que os resultados dependem de um conjunto de esforços coordenados.
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