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A Trilogia Tebana - Resenha

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A TRILOGIA TEBANA: Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona.
Introdução
Sófocles nasceu em 496 a.C, em Colono, subúrbio de Atenas e ao completar seus 28 anos conquistou sua primeira vitória em um trágico concurso, onde venceu o mais velho dos três grandes tragediógrafos da Grécia clássica, Ésquilo.
 
Durante sua vida, Sófocles presenciou a expansão do império ateniense, seu apogeu com Péricles e sua decadência após a derrota na Sicília durante a Guerra do Peloponeso.
Compôs aproximadamente 123 peças teatrais e obteve 24 vitórias nos concursos trágicos; isto significa que 76 de suas obras foram premiadas. Deste grande numero de produções, chegaram até nós, sete tragédias completas (Aias, Antígona, Édipo Rei, Traquinais, Electra, Filoctetes e Édipo em Colono), um drama satírico incompleto (Os Sabujos) e numerosos fragmentos de peças perdidas. Sófocles morreu em 406 em sua querida cidade, cujas belezas cantou nos versos 749 e seguintes do Édipo em Colono.
I – Édipo Rei
História que revela a fraqueza do homem diante das orientações divinas e o papel do destino como limitador das ações humanas. Apesar de Édipo tentar fugir de seu destino, este continua controlando sua vida, concretizando a profecia e mostrando a superioridade dos deuses sobre o ser humano. A partir de então, retrata-se um conflito entre as determinações divinas (misticismo) e a autonomia humana (racionalidade).
Inicialmente, Édipo tenta estabelecer o controle de suas próprias decisões e ações, não aceitando a possibilidade de ser controlado pelos deuses. Isso se expressa desde sua partida de Corinto, quando foge para que a profecia não se concretize, assim, ele já está se negando a obedecer às ordens de um ser superior em favor de suas próprias convicções. Apesar da causa da fuga ser compreensível ele se mostra um rebelde contra os deuses. Desvinculado da justiça dos deuses, começa a seguir seus próprios princípios, buscando autonomia.
No entanto, suas convicções não conseguem explicar muitos fatos e com isso, é revelada mais uma característica da personagem: a cegueira. A história nos leva a uma reflexão de que o agir humano é suscetível a erros.
A ilusão de Édipo só termina quando ele busca o autoconhecimento, ou seja, descobre sua verdadeira origem e se depara com a prova incontestável de que matou o próprio pai e se casou com sua mãe. O choque foi tão grande que Édipo fura seus próprios olhos buscando a cegueira, já que finalmente conseguiu enxergar a verdadeira realidade e não conseguia suporta-la e após renunciar tantas vezes ao conhecimento da verdade, ele vê obrigado a rever todos os seus valores, normas e leis. Não suportando a realidade se torna cego e renuncia a tudo que tinha, incluindo o seu poder de governante.
II. Édipo em Colono
A mudança de Édipo no decorrer dos anos de exilio é notável desde sua primeira aparição. Suas atitudes ao chegar à nova terra demonstram a forma como os anos vivendo como um expatriado, mendigo e cego mudaram sua forma agir. Nessa obra, Édipo se mostra humilde e prudente quanto à maneira de agir. É relevante a forma como ele lida com suas paixões ao reencontrar sua filha e saber da guerra vivenciada por seus dois filhos por conta de poder. 
Também é importante ressaltar a forma como Édipo, ao ser acusado por Creonte, se utiliza da experiência para frustrar as tentativas mentirosas e fazer prevalecer à verdade diante dos mais velhos. Assim, ele consegue convencer o rei de Atenas, Teseu, que era inocente dos crimes que o julgavam culpado, e, segundo, de que tinha valor para a cidade. 
O personagem se vê em uma situação onde tem que julgar se seus filhos merecem sua ajuda. Nesse momento, Édipo enfrenta uma luta interior de valores, já que ele guarda rancor de seus filhos que o abandonaram em busca de poder. Ele decide então que, ambos os filhos não merecem sua ajuda e irão perecer como consequência de suas escolhas.
As ponderações em torno da prudência apresentada por Sófocles nesta obra foram utilizadas em seguida por Aristóteles quanto à questão da ética e a questão das experiências humanas. Essa perspectiva se baseia na maturidade das relações cotidianas e na maneira como as experiências externas influenciam a capacidade de tomar decisões. 
III. Antígona
A obra mostra o conflito de pensamentos existente entre os gregos, que aceitavam a necessidade das leis criadas pelos homens para convivência em sociedade, mas, por influência religiosa, também acreditavam que estavam submetidos aos mandamentos impostos pelos deuses.
Isso se concretiza através da divergência entre o posicionamento político do rei Creonte, que decreta uma lei proibindo o sepultamento de Polinices (acusado de trair a cidade de Tebas), e os ideais morais de Antígona, que defende um mandamento religioso segundo o qual haveria a obrigação de prestar homenagem fúnebre aos parentes mortos.
Na história, Antígona decide infringir a lei imposta pela sociedade e seguir a lei divina, justificando que esta seria universal e imutável, ultrapassando o poder de um soberano.
As “leis divinas” correspondiam aos chamados direitos naturais, que atualmente existem na forma dos direitos humanos fundamentais. Ao analisar o comportamento de Antígona em defesa da existência de um direito natural de respeito aos mortos, podemos dizer que ela faz referência a um valor ético que atualmente na Constituição Federal, é o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
É importante ressaltar que, nem sempre as leis criadas na sociedade são condizentes com a ética e com a moralidade. Percebemos que Creonte seria representante dos Direitos Positivos, pois é defensor da obediência das leis que emanam de sua autoridade. Ao ter conhecimento sobre o ato de desobediência, Creonte é extremo em sua decisão de punir Antígona, sem se importar com os argumentos desenvolvidos pela personagem, que o alertava sobre a injustiça daquela lei.
Existe um sentimento de indignação perante tal lei, uma vez que esta não estaria em sintonia com o ideal de justiça desejado pelos tebanos, e dessa forma outros personagens, como Hêmon, advertem o rei sobre a anuência da população com a atitude de Antígona. Hêmon tenta convencer Creonte a desistir da lei, argumentando que o não sepultamento seria ilegítimo, pois estava em desacordo com a vontade dos tebanos. 
Por fim, ao analisarmos o desfecho da obra, percebemos que tanto Antígona quanto Creonte foram castigados por serem radicais em relação as suas atitudes, sem chegar a realizar um acordo. Desse modo, podemos dizer que uma das conclusões possíveis de serem elaboradas seria a de que, talvez a obra pretende-se mostrar a necessidade de se buscar uma coexistência harmônica entre lei da cidade e lei divina (Direito Positivo e Direito Natural), com a finalidade de encontrar um equilíbrio das condutas. Portanto, se utilizarmos as ideias de Aristóteles, podemos concluir que a busca por se fazer justiça estaria centrada no estabelecimento de um meio-termo, ou seja, na prudência: elemento que seria fundamental para o bom agir.
REFERÊNCIAS
SÓFOCLES. A Trilogia Tebana: Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona. 15. ed. Rio de janeiro: Zahar, 2011. 263 p. ISBN 978-85-378-0217-5.
MILAN, Diego. Análise Critica da obra A Trilogia Tebana. São Paulo, 13 abr. 2016. Disponível em: https://diegomilanc.jusbrasil.com.br/artigos/334764921/analise-critica-da-obra-trilogia-tebana. Acesso em: 13 abr. 2019.

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