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A TARIFAÇÃO DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS INTRODUZIDOS PELA REFORMA TRABALHISTA

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UNIÃO DE ENSINO DO SUDOESTE DO PARANÁ – UNISEP
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEP
CURSO DE DIREITO
JULIANE ZELINDA NODARI
A TARIFAÇÃO DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS INTRODUZIDOS PELA REFORMA TRABALHISTA
DOIS VIZINHOS
2020
JULIANE ZELINDA NODARI 
A TARIFAÇÃO DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS INTRODUZIDOS PELA REFORMA TRABALHISTA
Monografia apresentada ao Centro Universitário UNISEP como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Professor Orientador: Valdinei Willian Wotrich.
DOIS VIZINHOS
2020
JULIANE ZELINDA NODARI
A TARIFAÇÃO DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS INTRODUZIDOS PELA REFORMA TRABALHISTA
Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito do Centro Universitário UNISEP - Mantida pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP, pela Banca Examinadora.
Formada pelos professores:
__________________________________________________________________
Professor Orientador: Valdinei Willian Wotrich
__________________________________________________________________
Professor (a): Titulação e nome completo
__________________________________________________________________
Professor (a): Titulação e nome completo
Dois Vizinhos, data, mês e ano (do dia da banca).
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho a todos que acreditaram em mim e que de alguma forma, incentivaram-me a chegar até aqui. E em especial, a minha querida família, que tanto admiro, dedico o resultado do esforço realizado ao longo deste percurso. 
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus pela saúde e pelas oportunidades que me foram oferecidas durante a minha vida acadêmica.
À minha família que sempre me deu o suporte necessário, bem como incentivo, para que eu pudesse me dedicar aos estudos. 
Em especial ao meu tio Cezar Adalberto Nodari, que é minha referência de trabalho e profissionalismo, por sempre ter me incentivado a estudar, e por ter investido o tempo e os recursos financeiros que pode ao longo de todos esses anos de estudo.
Igualmente destaco os devidos agradecimentos à minha avó, Zelinda Maria Ventura Nodari, que sempre me cuidou como se mãe fosse dedicando-se a mim, com muito amor e carinho, ensinando-me as características básicas para se tornar uma pessoa de caráter e bom coração.
À minha irmã Josiane Maria Nodari, que sempre esteve do meu lado torcendo e me dando grande apoio em todos os momentos que eu precisei, fazendo muito mais que o necessário, para de mim cuidar e ensinar diversas coisas.
Aos meus professores que contribuíram, sem sombra de dúvidas, para a construção do meu conhecimento jurídico. Em especial ao meu Professor e Orientador, Valdinei Willian Wotrich, por toda colaboração e ensinamentos repassados e pelo excelente direcionamento deste trabalho. E também a Professora Yasa Rochelle Santos de Araújo, por todo apoio e carinho, por demonstrar que podemos ser pessoas melhores, atuar com todo respeito e dedicação profissionalmente. 
Agradeço às amigas, Jaqueline Pilz, Angela Colla, Kamila Cavasotto, Amanda Bertoncello e as demais amizades que a faculdade me proporcionou, pela amizade construída, pelo incentivo e pela importância nessa caminhada, por dividirem comigo o peso da vida acadêmica, amenizando as dificuldades. Assim como a todos aqueles outros colegas de classe que de alguma forma colaboraram comigo.
Ademais, um agradecimento especial ao meu amigo Lucas Ubiali, o qual me incentivou nos últimos anos, acreditando no meu potencial e dedicando seu tempo a me ajudar nos momentos que precisei.
Agradeço também as pessoas que encontrei durante esta caminhada, mas que não se fazem mais presentes em minha vida, contudo, deixaram sua contribuição para a realização deste trabalho.
E a todos aqueles que não citei, mas que contribuíram de alguma forma para que eu concluísse esta etapa da minha vida. 
“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho, é no dicionário”.
 – Albert Einstein
RESUMO
A Reforma Trabalhista inseriu na CLT o Título II-A, que dispõe apenas sobre os danos extrapatrimoniais. Neste âmbito, destaca-se que anteriormente fundamentava-se com base em dispositivos diversos. Entretanto, com a promulgação da Lei n° 13.467, e em especial o art. 223-G, §1°, surgiu diversas repercussões, bem como questionamento quanto a sua constitucionalidade. Diante disto, objetivou-se a comprovar a inconstitucionalidade da tarifação dos danos extrapatrimoniais, elencada no art. 223-G, §1° da Lei n° 13.467/17. E para isso, utilizou-se da pesquisa bibliográfica, em que a fonte consistia em legislação, doutrinas e revistas jurídicas que abordavam o assunto em questão. O dano extrapatrimonial ocorre mediante uma ação ou omissão, a qual afeta o ânimo psíquico, moral ou intelectual de alguma das partes da relação trabalhista, diante disto, ocorre no âmbito do contrato de trabalho ou em razão da sua existência, envolvendo os dois polos da relação laboral, afetando direitos da personalidade, sendo que seus prejuízos são imponderáveis, fator este, que dificulta uma justa e devida reparação. Com o advento da Lei n° 13.467/17, estabeleceu-se limites pecuniários para o ofensor efetuar o pagamento da indenização, sendo que, a tarifação utiliza como parâmetro o último salário contratual de quem vier a sofrer o dano. É evidente a intenção de evitar decisões contraditórias e elencar parâmetros pré-estabelecidos, para facilitar a aplicação da reparação dos danos extrapatrimoniais, entretanto, o que se nota, é que se precificou o dano de acordo com a remuneração do ofendido, tratando direitos da personalidade de forma taxativa. Como se pode observar, o referido dispositivo viola diretamente a isonomia estabelecida na CF/88, que elenca o preceito de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Sendo assim, evidencia-se que o dano extrapatrimonial, é a lesão causada por um ato ilícito de um terceiro, o qual, necessariamente, tem relação com a prestação de trabalho. O dano descrito, atinge os direitos da personalidade da vítima (ofendido) e deve ser reparado por aquele que lhe causou, possuindo como fundamentação os dispositivos inseridos na CLT, de modo a questionar: quanto mais ganhar o empregado, mais valiosa será a sua integridade moral. Seria isso justo? Gerando assim posicionamento quanto referido dispositivo, elencando-o de forma inconstitucional, tendo em vista que há uma supressão e restrição aplicada à reparação e principalmente a tão mencionada dignidade da pessoa humana. Neste ponto, elenca-se que o assunto é objeto de ADI, a qual aguarda julgamento. Destarte, conclui-se que o artigo 223-G. §1° é inconstitucional, eis que constitui ofensa à supremacia da dignidade da pessoa humana, confrontando leis constitucionais, bem como direitos sociais, deixando de proporcionar uma justa e devida indenização a quem foi de fato lesionado.
Palavras-chave: Reforma Trabalhista, Danos extrapatrimoniais, Indenização, Tarifação.
ABSTRACT
The labor reform, inserted the Title II-A in the CLT, which deals only with off-balance sheet damages. In the context, it’s highlighted that previously this subject was scattered over several articles. With the enactment of the Law No 13.467, in particular art. 223-G, several repercussions occurred, as well as questioning about its constitutionality. Therefore, aimed to prove the unconstitutionality for the off-balance sheet damages tax, listed in the art. 223-G, §1° of Law No° 13.467/17. And for that, bibliographic research was used, which consists in legislation, doctrines and legal journals that addressed the issue in question. Off-balance sheet damage occurs through an action or inaction, which affects the psychic, moral or intellectual of any part in the labor relationship, thereby, occurs within the scope of the employment contract or because of its existence, enfold the two sides of the employment relationship, affecting personality rights, with immeasurable losses, what hinders a just and due reparation. With Law No. 13,467/17,pecuniary limits were established for the offender to pay the indemnity, and the tariff uses as a parameter the last contractual salary of whoever suffers the damage. It’s evident the intention to avoid contradictory decisions and to list pre-established parameters to facilitate the application of the repair of off-balance sheet damages. However, what is noticeable is that the damage was rated according to the victim's remuneration, treating personality rights in an unconditional way. As can be seen, the said legislation directly violates the isonomy established in the constitution, which lists the precept that all are equal before the law, without distinction of any kind. By definition off-balance sheet damage is the prejudice caused by an unlawful act by a third party, which necessarily has to do with the labor relationship. The described damage, affects the personality rights of the victim (offended) and must be repaired by the one who caused it, based on the CLT legislation, in order to question: the higher the employee income, the more valuable is his moral integrity. Would this be fair? The position regarding the legislation under discussion, is listing it as unconstitutional, considering that there is a suppression and a restriction applied to the reparation, and mainly to the dignity of the individual. Right now, addresses that the issue is subject of ADI, which awaits a verdict. Therefore, the conclusion is that the article 223-g §1° is unconstitutional. Because it constitutes an offense to the dignity of the human being. Currently, the matter in question is being target by "ADI" and is awaiting for a verdict. Thereby, come to the conclusion that the article 223-G. §1° is unconstitutional, it constitutes an offense to the dignity of the human being, confront constitutional laws, as well social rights, failing to provide a fair and due compensation for the one who was harmed.
Keywords: Labor Reform, Off-balance sheet damages, reparation, taxation.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
ANAMATRA - Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho 
Art. - Artigo
CC/02 – Código Civil de 2020
CC/16 – Código Civil de 1916
CDC – Código de Defesa do Consumidor
CF/88 – Constituição Federal de 1988
CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas 
Ed. - Edição 
MP – Medida Provisória 
STF – Supremo Tribunal Federal 
STJ – Superior Tribunal de Justiça
TRT – Tribunal Regional do Trabalho 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
1.0 CONCEITO DE DANO MORAL	14
1.0.1. DA ALTERAÇÃO DA NOMENCLATURA PARA DANO EXTRAPATRIMONIAL	15
1.1 DA ABRANGÊNCIA DO TERMO DANO EXTRAPATRIMONIAL	17
1.1.1 DANO ESTÉTICO	17
1.1.2 DANO EXISTENCIAL	18
1.1.3 DANO EXTRAPATRIMONIAL EM RICOCHETE	19
1.1.4 DANO MORAL COLETIVO	19
1.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO CASO	21
1.3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA	22
1.3.2 PRINCÍPIO DA ISONOMIA	23
1.3.3 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO	24
2.0 O DANO EXTRAPATRIMONIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA	27
2.1 INOVAÇÕES INTRODUZIDAS PELA REFORMA TRABALHISTA	31
2.2.1 DA PRETENSÃO DE LIMITAR AS NORMAS REFERENTES AO DANO EXTRAPATRIMONIAL	32
2.2.2 LEGITIMADOS A PLEITEAR A REPARAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL	35
2.2.3 OS BENS JURÍDICOS SUSCETÍVEIS DE CONFIGURAR DANO EXTRAPATRIMONIAL	36
2.2.4 CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL	37
3.0 A TARIFAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL	40
3.1 DO QUANTUM INDENIZATÓRIO	40
3.2 DA TARIFAÇÃO NA LEI DE IMPRENSA	43
3.3 DA INCONSTITUCIONALIDADE DA TARIFAÇÃO DOS DANOS	46
CONSIDERAÇÕES FINAIS	53
INTRODUÇÃO
Em um cenário de crise política e econômica, com uma rápida tramitação legislativa, houve a promulgação da Lei nº 13.467/17, denominada Reforma Trabalhista. 
Com a promulgação da referida Lei, houve diversas alterações nas normas já existentes na seara trabalhista, questionando-se assim, se tais alterações flexibilizam direitos e garantias estabelecidas, ou até mesmo, representavam um retrocesso social, eis que direitos anteriormente previstos, não poderiam mais ser amparados.
Verificar-se-á, que as alterações promoveram alterações significativas em diversos temas, contudo, este trabalho, terá por objetivo analisar a introdução do Título II-A na CLT, abrangendo os artigos 223-A ao artigo 223-G, § 3º, sendo que, são dispositivos que preveem normas gerais para o instituto do dano extrapatrimonial.
A dúvida quanto a possível inconstitucionalidade da tarifação dos danos extrapatrimoniais configura o problema de pesquisa, eis que, ao ser inserido na CLT, surgiu consigo diversos debates, pautados na premissa que o instituto fere alguns dispositivos, não apenas de leis ordinárias, mas principalmente da Constituição Federal. 
Constatar-se-á a inconstitucionalidade da tarifação dos danos extrapatrimoniais mediante a análise de algumas hipóteses, sendo: o julgador segue uma série de parâmetros, de modo a conceder uma justa e devida indenização; Ao analisar os dispositivos da CF/88 que abordam o tema em questão, verifica-se que a tarifação dos danos extrapatrimoniais é inconstitucional, tendo em vista que esse instituto confronta leis constitucionais, bem como direitos sociais, ou poderá até mesmo, ser considerado um retrocesso social.
Há também, o entendimento de que, o julgador necessita de parâmetros mínimos para fixação do quantum indenizatório, posto isto, verificar-se-á que os artigos são constitucionais. 
Ademais, para realizar tais análises, abordar-se-á de forma breve, os tipos de dano que estão sujeitos a reparação, bem como os princípios que aplicam-se nestes casos. Posteriormente, demonstrar-se-á como ocorria a reparação do dano extrapatrimonial antes da aplicação da Reforma Trabalhista e em sequência, a diversas alterações que os dispositivos inseridos trouxeram, objetivando-se ao final constatar se há uma inconstitucionalidade no art. 223-G, § 1º da CLT.
Para compreender a importância do presente trabalho, importante se faz destacar que o dano extrapatrimonial se caracteriza mediante uma ação ou omissão, a qual afeta o ânimo psíquico, moral ou intelectual de alguma das partes da relação de trabalho. E com o surgimento da Reforma Trabalhista, houve a previsão de amparo para o tema, que até o momento não havia expressa previsão legal.
Após a inserção destes dispositivos, houve diversas repercussões, eis que há doutrinadores que compreendem que não há como mensurar a dor de quem foi lesado e, por outro lado, há posicionamentos que entendem que é possível estimá-la, seguindo os parâmetros introduzidos.
A pesquisa a ser realizada neste trabalho, busca analisar os dispositivos acrescentados à CLT e sua coerência com as normas constitucionais, bem como as demais pertencentes ao ordenamento jurídico. Esta análise é de extrema importância, eis que o assunto abordado vem sendo debatido constantemente.
O presente trabalho realizar-se-á mediante a utilização do método de abordagem hipotético-dedutivo, ou seja, este método busca testar as hipóteses elencadas neste estudo para verificar se são válidas ou não.
Dentre os métodos de procedimentos existentes, utilizar-se-á o método monográfico, eis que visa investigar a constitucionalidade da tarifação dos danos extrapatrimoniais na esfera trabalhista.
Realizar-se-á o presente estudo mediante pesquisa bibliográfica e exploratória, eis que essas modalidades têm por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema e, coletar a maior quantidade de informações com posicionamentos diversos.
Esclarece que a fonte de pesquisa será composta de livros, artigos científicos e revistas jurídicas que abordem o assunto em questão. Também serão fontes as doutrinas jurídicas e julgadas dos tribunais, assim como outras que se façam necessárias, e que serão listadas nas referências.
Deste modo, ressalta-se alguns dos doutrinadores que utilizar-se-á para embasar o desenvolvimento teórico, sendo: Mauricio Godinho Delgado; Alice Monteiro de Barros; Vólia Bomfim Cassar. Ademais, será apontado julgados do Supremo Tribunal Federal, SuperiorTribunal de Justiça e demais.
Quanto à estrutura do trabalho, esta dividir-se-á em três capítulos, além da presente introdução e por fim, conclusão.
No primeiro capítulo, será apresentado o conceito de dano moral, a tão recente alteração da nomenclatura para dano extrapatrimonial e sua vasta abrangência, algumas das espécies mais ocorridas nas relações de trabalho, a aplicação da responsabilidade do empregador restando então, os princípios a serem respeitados e aplicados nestes casos.
Posteriormente, no segundo capítulo demonstrar-se-á como o ordenamento jurídico brasileiro amparava o dano, seguidamente, expõe-se de forma breve, o surgimento da Reforma Trabalhista, e a inovação quanto aos danos extrapatrimoniais.
Por fim, o terceiro e último capítulo abordará o quantum indenizatório, elencando também a tarifação prevista na Lei de Imprensa e que posteriormente, foi julgada inconstitucional, elencando em seu último tópico, a inconstitucionalidade da tarifação dos danos extrapatrimoniais.
Após finalizado o desenvolvimento, apresentam-se as conclusões atingidas, finalizando-se com as referências utilizadas para todo embasamento teórico.
1.0 CONCEITO DE DANO MORAL
A integridade individual é composta por várias categorias de bens, há um grande grupo dentre estes que são compreendidos como bens personalíssimos, tão importantes que possuem amparo expresso na CF/88, bem como, nas demais leis infraconstitucionais.
O dano moral tem por escopo a proteção de direitos intrínsecos do ser humano, sendo cristalino o quão importante e complexo é o estudo desse assunto, sendo, imperioso primordialmente elucidar-se-á o conceito da referida expressão.
No que tange a abrangência do dano moral, compreende-se que a doutrina e a jurisprudência divergem frequentemente.
Assim, tem-se que o dano moral é a lesão que ofende os interesses não patrimoniais da pessoa física, provocado por algum ato lesivo, repercutindo em seus direitos (DINIZ, 2003).
Nesse sentido, Diniz (2003) conceitua o dano moral como, a lesão não patrimonial sofrida pela pessoa física ou jurídica, defendendo claramente que há a distinção evidente de direito patrimonial do moral, sendo que o critério de distinção é o efeito da lesão jurídica, o caráter de sua repercussão sobre o lesado.
De acordo com Silva (1999), os danos morais são as lesões sofridas pelo sujeito em que tem por consequência, um abalo ou até mesmo uma perda no patrimônio ideal, ou seja, o conjunto de tudo aquilo que não é suscetível de valor econômico. O autor ainda elenca que:
Seu elemento característico é a dor, tomado o termo em seu sentido amplo, abrangendo tanto os sofrimentos meramente físicos, quanto os morais propriamente ditos. Danos morais, pois, seriam, exemplificadamente, os decorrentes das ofensas à honra, ao decoro, à paz interior de cada qual, às crenças íntimas, aos sentimentos afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à integridade corporal (SILVA, 1999, p. 2).
Sendo assim, o dano ocasionado ao sujeito afeta direitos que estão previstos na Constituição Federal, tendo em vista que, há direitos inerentes a todos os seres humanos, os quais dificulta evidenciar uma devida reparação
Assim, compreende-se que tais direitos, são personalíssimos e possuem ampla proteção, motivo pelo qual a sua reparação deverá ocorrer integralmente. 
Neste diapasão, com base no entendimento de Silvio Venosa (2017, p. 418), compreende-se que:
Dano moral ou extrapatrimonial é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí por que aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável.
Desta forma, os ataques à dignidade, moralidade, intelectualidade, privacidade, existência, imagem, bem como demais, são considerados lesões praticadas aos direitos da personalidade.
Na esfera trabalhista, firmou-se que o dano moral é a lesão praticada no âmbito do contrato de trabalho ou em razão da sua existência, envolvendo os dois polos da relação jurídica laboral, ou seja, o empregador e empregado (GARCIA, 2017).
Ainda no âmbito do contrato de trabalho, conforme Carlos Henrique Bezerra Leite (2018, p. 60):
O dano moral consiste na lesão que emerge da violação de determinados interesses não materiais, porém reconhecidos como bens jurídicos protegidos, inerentes à personalidade do ser humano, podendo também alcançar os valores extrapatrimoniais reconhecidos à pessoa jurídica ou mesmo a uma coletividade, classe, grupo ou categoria de pessoas (danos morais coletivos).
	Destarte, o dano moral é a lesão sofrida, que afeta direitos do trabalhador, o que pode vir a se configurar por ataques à dignidade, moralidade, intelectualidade, privacidade, existência, imagem, dentre outros, são considerados como efetivo dano moral.
1.0.1. DA ALTERAÇÃO DA NOMENCLATURA PARA DANO EXTRAPATRIMONIAL
Com o advento da Reforma Trabalhista e por meio desta, introduziu-se o título II- A, denominado de dano extrapatrimonial, o qual até então, não estava previsto explicitamente na CLT.
Observa-se que, os danos extrapatrimoniais correspondem à reparabilidade dos danos morais. Nesse contexto:
A reforma trabalhista, neste sentido, finalmente suprimiu esta lacuna ao trazer um título próprio destinado ao dano extrapatrimonial, nomenclatura adotada pelo legislador, mais ampla, que abrange todos aqueles danos que ultrapassam a esfera material (SEIBERT; SANTOS, 2019, p. 1).
Ao mencionar a nomenclatura adotada pelo legislador, compreende-se que este foi eficiente, eis que abrange todos os danos de caráter não patrimonial, de modo que elencar individualmente cada um, tornou-se um ato desnecessário.
Em outro vértice, em entendimento contrário, argumenta-se que: 
Apesar do acerto terminológico e de estar a denominação “dano extrapatrimonial” em sintonia com a doutrina mais avançada do direito dos danos, achamos inoportuna ou mesmo inconveniente a sua positivação na CLT. A denominação dano moral, ainda que não seja a mais precisa, já consolidou raízes profundas na cultura jurídica brasileira, tanto na lei como na doutrina e jurisprudência. Tentar renomear uma figura jurídica de estatura constitucional por simples lei ordinária trará mais confusão que esclarecimento ou, talvez, legitimará a pretensão de se criar um dano moral mitigado na esfera trabalhista. Seria preferível manter a tradição e a terminologia acolhida há quase três décadas pela Constituição, base fundamental para o florescimento dos direitos da personalidade no Brasil (OLIVEIRA, 2019, p. 17).
Desta forma, surgiram diversos posicionamentos contrários à alteração da nomenclatura de “dano moral” para “dano extrapatrimonial”, por diversos argumentos, todavia, ambos são referentes ao mesmo assunto.
Entretanto, de forma mais clara, o legislador deixou de adotar a denominação dano moral, e introduziu uma nomenclatura que anteriormente utilizava-se de forma minoritária, fato este que pode ocasionar confusões acerca do tema.
Corroborando com este posicionamento, Tartuce (2018, p. 332) aduz que em sua visão prefere:
O termo que considero mais técnico: dano moral, pelo fato de ter origem em nossa tradição jurídica do Direito Privado, após uma longa evolução, e por estar assim expressamente tratado na Constituição Federal de 1988 (art. 5.º, incs. V e X), no Código de Defesa do Consumidor (art. 6.º, incs. VI e VII), no Código Civil de 2002 (art. 186) e no Código de Processo Civil de 2015 (art. 292, inc. V). Além disso, reitero que sigo a ideia segundo a qual o patrimônio pode ser corpóreo ou incorpóreo, o que coloca em dúvida o uso do termo extrapatrimonial.
Resta evidenciado que a denominação dano moral já está enraizada no ordenamento jurídico e que, o instituto da reforma trabalhista é algo recente, o que dificulta a utilização da nova terminologia.
Desta forma, ante a robusta doutrina, teria sido preferível a adoção da nomenclatura “Dano moral”, tendo em vista que está previstoem norma suprema, em como, já foi anteriormente implantado no ordenamento jurídico, sendo que, esta nova terminologia poderá ocasionar confusões na esfera jurídica.
1.1 DA ABRANGÊNCIA DO TERMO DANO EXTRAPATRIMONIAL
A expressão dano extrapatrimonial não abarca apenas o dano moral, o qual está ligado intrinsecamente com o abalo psicológico, os sentimentos provocados, à exposição ou até mesmo humilhação ocasionada a pessoa física e ou jurídica, entende-se que esta expressão abrange todos os tipos de danos ocasionados, mediante um viés de cunho não patrimonial, como anteriormente exposto.
O dano pode ser identificado sobre alguns modos distintos, bem como, ser o sujeito afetado pela lesão, não necessariamente uma das partes da relação laboral. Sendo assim, o presente trabalho, buscará elencar algumas distinções das modalidades de dano extrapatrimonial.
1.1.1 DANO ESTÉTICO
O dano estético, em outras épocas, era tratado como uma das modalidades do dano moral e que, apesar de sempre existir no mundo dos fatos, foi após longa evolução jurídica que passou a ser considerado um instituto próprio.
	Belmonte (2020, p. 149) aduz que:
O dano estético afeta a imagem retrato, porque compromete a aparência física ou motora da pessoa perante si mesma e perante a sociedade. A ofensa à integridade física ou corporal termina afetando o modo com que a pessoa passa a ser vista no meio social, embora não como atributo, mas em virtude das deformidades aparentes, que muitas vezes ensejam até apelidos condizentes com os defeitos.
Assim, o dano estético gera prejuízos à esfera imaterial e, por conseguinte, está diretamente ligada a imagem do indivíduo, trazendo prejuízos ou alterações em decorrência do contrato de trabalho. 
É caracterizado mediante uma alteração morfológica no indivíduo, abrangendo as deformações, defeitos, ainda que ínfimos, mas que acarretam uma lesão à vítima, fazendo-a com que tenha um abalo psicológico, até mesmo expondo-a ao ridículo, ou situações vexatórias, mediante um complexo de inferioridade (DINIZ, 2008).
1.1.2 DANO EXISTENCIAL
O dano existencial, resta configurado quando advindo de uma relação de trabalho, podendo desdobrar-se de diversas formas, mas principalmente quando o empregador utiliza de seu poder patronal, mediante práticas ilícitas, sujeita o empregado se submeter a longas e exaustivas jornadas de trabalho.
Neste diapasão, Neto (2013, p. 63) elucida que:
Deflagrado por eventos que, por vezes, também repercutem no âmbito da integridade física, moral e psíquica, o dano existencial constitui espécie de dano imaterial ou não material que acarreta à vítima, de modo parcial ou total, a impossibilidade de executar, dar prosseguimento ou reconstruir o seu projeto de vida (na dimensão familiar, afetivo-sexual, intelectual, artística, científica, desportiva, educacional ou profissional, dentre outras) e a dificuldade de retomar sua vida de relação (de âmbito público ou privado, sobretudo na seara da convivência familiar, profissional ou social).
Infere-se que, o dano existencial pode repercutir de duas formas drásticas, na vida do trabalhador, sendo: dano ao projeto de vida e dano à ocasionado quanto as relações do indivíduo em sociedade.
Ambos citados anteriormente, são danos ocasionados de forma imaterial, que atingem a existência da vítima, afetando seus projetos de vida, seus contatos sociais, familiares, educacionais, afetivos, tornando-a impedida de administrar sua vida particular, por falta de tempo, em razão de uma dedicação exclusiva à empresa, aos longos horários extraordinários ou até mesmo de jornada, estar à disposição mesmo fora da empresa, com ou sem rotinas definidas e demais formas que dificultam o progresso da vida individual do trabalhador (DARCANCHY, 2013).
1.1.3 DANO EXTRAPATRIMONIAL EM RICOCHETE
O dano em ricochete também conhecido por dano reflexo, bem como, por dano indireto.
Esse dano é caracterizado quando quem sofre a lesão é um indivíduo, todavia, quem encontra-se legitimado para pleitear a reparação é um terceiro, tendo em vista que o mesmo também foi atingido, mesmo que indiretamente.
Conforme ensina Diuana (2010, p. 14):
Entende-se, então, por dano moral reflexo, indireto ou em ricochete aquele que atinge direito personalíssimo de um indivíduo sem que a conduta do agente causador do dano tenha sido diretamente direcionada àquele, mas a pessoa com quem tenha uma relação de afeto seja por vínculo familiar ou de convivência, independentemente da existência de um vínculo econômico, lhe sendo conferido o direito de pleitear a devida reparação.
	Ou seja, é quando um terceiro em relação ao destinatário do dano, também é lesionado, motivo pelo qual possui legitimidade para pleitear indenização e reparação pelo dano sofrido. 
Atualmente os tribunais pátrios têm-se posicionado favoravelmente a aplicabilidade do dano em ricochete, quando caracterizado e possibilitando seus legitimados de buscarem a justiça que possuem direito.
1.1.4 DANO MORAL COLETIVO
O dano moral coletivo é caracterizado quando há violações de direitos de uma coletividade, quando a consequência não atinge apenas um indivíduo.
Complementa-se que: 
A expressão não é a mais técnica, mas pretende designar a lesão a um interesse difuso ou coletivo, de cunho extrapatrimonial, tutelado pelo ordenamento jurídico, como a preservação do meio ambiente sadio e o respeito às relações de trabalho. O dano moral coletivo não se confunde com a tutela coletiva de danos morais individuais. Nosso ordenamento jurídico autoriza a propositura de ações judiciais coletivas voltadas à reparação de danos morais individuais, desde que resultantes da lesão a interesses individuais homogêneos, assim entendidos os “decorrentes de origem comum” (SCHREIBER, 2020, p. 896).
Confirma-se, portanto, que, o dano moral coletivo não está vinculado com os direitos individuais homogêneos, mas sim, a direitos transindividuais, ou seja, que não atingem o indivíduo de forma isolada, mas sim a uma coletividade. Basicamente, trata-se de direitos que pertencem a um determinado grupo e podem ser tutelados em conjunto.
Ademais, importante destacar que, não se trata de uma forma de propositura da ação, mas sim, a defesa de direitos supraindividuais, direitos que pertencem a todos, partindo-se de uma relação jurídica-base ( SCHREIBER, 2020).
1.2 DA RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR 
	Importante destacar que a CLT não havia previsto, em seu texto formal, ponto algum, sobre a responsabilidade civil nas relações de trabalho, todavia, isto ocorreu apenas após a introdução da Reforma Trabalhista na CLT.
A responsabilidade civil, tem por finalidade, a resolução de conflitos entre indivíduos, demonstrando quem possui a responsabilidade em arcar com os danos resultantes.
	Tarturce (2018, p. 673) aduz que:
É preciso diferenciar a sua responsabilidade direta da indireta. A primeira se dá pelo desrespeito às normas relativas ao Direito do Trabalho. Já a segunda diz respeito à responsabilidade do empregador por ato de seu empregado ou preposto, nos termos do citado art. 932, III, do Código Civil.
	O referido autor ainda menciona que, a responsabilidade direta está presente nos casos de: doenças ocupacionais, desrespeito às normas de segurança do ambiente de trabalho, casos de imprudência ou negligência do empregador e demais identificadas em cada caso. E na responsabilidade indireta, se aplica até em casos em que não haja o vínculo empregatício.
	Compreende-se então, que a responsabilidade civil do empregador será aplicada conforme os ditames do Código Civil, no que couber e de forma suplementar ou subsidiária.
	
1.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO CASO
As garantias existentes no século XXI são decorrentes das várias lutas e reivindicações realizadas ao decorrer dos anos. E que, para assegurar a efetividade desses direitos e garantias estabelecidos pela CF/88, bem como demais leis, há a aplicação de princípios.
Os princípios são compreendidos como as sustentações das normas jurídicas, podendo ser de forma genérica ou específica. São utilizados comoparâmetros para as leis.
	Sendo assim, infere-se que:
Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários (REALE, 1986, p. 60).
Assim princípios são o conjunto das normas, que direcionam as leis, desse modo, devem ser observados, tendo em vista que a sua inobservância causará efeitos jurídicos.
Sendo assim, confere-se a importância dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro, sendo considerados principais fundamentos de algumas normas, bem como proteger direitos que estão previstos intrinsecamente.
Nesse âmbito: 
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra (MELLO, 2000, p. 747).
Desta forma, infere-se que a violação de princípios poderá acarretar a ilegalidade ou inconstitucionalidade da norma, sendo assim, inequívoca és, a importância dos princípios no ordenamento jurídico.
É necessário realizar uma verificação principiológica, todavia, diante dos extranumerários princípios elencados pelos doutrinadores, dar-se-á a conceituação dos mais relevantes, eis que não se objetiva realizar uma análise pormenorizada acerca dos princípios, mas compreender a sua importância no caso em análise, bem como, evidenciar posteriormente, se há uma violação aos mesmos.
	
1.3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da dignidade da pessoa humana, pode ser compreendido como um fundamento primordial da CF/88, tendo em vista a preservação das prerrogativas de todo ser humano, bem como à seus direitos e garantias existentes (AWAD, 2006).
Conforme elencado por Sarlet apud. Leite (2018, p. 86), este princípio é considerado:
Qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existentes mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.
Considera-se então que este princípio é o epicentro de todo ordenamento jurídico e abrangendo diversos conceitos a fim de elencar que a pessoa humana é detentora de direitos e deveres e, por tanto, deve ter condições dignas de existência (LEITE, 2018). 
Neste diapasão, expõe o art. 1° da Constituição Federal:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
[...]
III - a dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988).
	Efetivamente, nessa perspectiva cumpre salientar que o ordenamento jurídico adotou esse princípio com o objetivo de proporcionar interpretações legislativas que afastasse possíveis pretensões com o intuito de ferir direitos relativos a dignidade da pessoa humana.
	Grande parte da doutrina elenca que o princípio da dignidade da pessoa humana possui dois aspectos identificadores, quais sejam: o negativo e positivo. O negativo, pode ser compreendido como, cada indivíduo deve ser respeitado pelo Estado e os outros membros da sociedade, conforme suas particularidades, sem que ocorra nenhuma ofensa inumana, independente da forma, sendo limitado os poderes do Estado, conforme as diretrizes da CF/88 (CARVALHAES, 2015).
	No aspecto positivo, é o dever do Estado de garantir de forma ampla e concreta, a satisfação da dignidade da pessoa humana, mediante atuações positivas e práticas (CARVALHAES, 2015).
	Destarte, nota-se que o princípio da dignidade da pessoa humana é considerado:
Indispensável, pois, para a harmonização de tal desiderato constitucional, que a ordem econômica tenha por escopo a propiciação a todos de uma vida digna, bem como possa a ordem social corroborar para a implementação de uma justiça social, a educação, por sua vez, vir a dar lugar ao pleno desenvolvimento da pessoa humana, bem como o necessário embasamento para que venha a exercer a cidadania, tudo não com vagos enunciados, mas, isto sim, como delimitadores e norteadores do conteúdo da norma eficaz da dignidade da pessoa humana (FURTADO, 2005, p. 111-112).
Sendo assim, o princípio da dignidade da pessoa humana é de alta relevância no ordenamento jurídico, sendo que, assegura o mínimo necessário aos indivíduos e deverá ser preservado por todos.
1.3.2 PRINCÍPIO DA ISONOMIA
	
A origem do princípio da igualdade se deu a partir de diversas mudanças ao longo do tempo e em principal, ao convívio do ser humano em sociedade e mediante suas lutas e movimentos em busca de direitos dignos (PORTO, 2016).
	Desse modo o princípio da igualdade:
Tal como ocorria com os demais direitos fundamentais, dado o contexto histórico, aflorava notadamente como instrumento de limitação à atuação estatal, espécie de liberdade pública. Nesse sentido, muito mais a compreensão da igualdade em seu conceito formal (PORTO, 2016, p. 8).
Necessário se faz compreender a importância do princípio da igualdade, o mesmo está primeiramente estabelecido no preâmbulo da Constituição Federal de 1988, e posteriormente, é estabelecido como fundamento, observa-se: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
[...]
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (BRASIL, 1988).
Ora, de forma cristalina, é possível notar a constitucionalidade do princípio da isonomia, sem mencionar a sua devida aplicação em todos os ramos jurídicos, tendo em vista que não se trata apenas de um princípio constitucional, mas sim, é estabelecido como fundamento na CF/88.
. Diante disso, tem-se a seguinte premissa:
Igualdade não é somente a vedação a se criar discriminações quando da edição e aplicação das leis, mas também criar discriminações positivas, justas, que visem a dar aos desiguais meios para que possam alcançar a igualdade plena. Assim, o conceito de igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade (FAVORETTI, 2012, p. 282).
Sendo assim, o princípio da isonomia consiste em estabelecer igualdade entre os que a não possui, por intermédio de igualdade formal ou material, absoluta ou relativa, mas que, atinja a finalidade, cuja compreensão se dá com base em um fundamento constitucional e aplica-se em todas as áreas do ordenamento jurídico.
Todavia, no Direito do Trabalho, nota-se que, o princípio da igualdade está presente em suma no princípio da proteção, o qual será explanado no tópico a seguir, entretanto, por estar previsto expressamente na CF/88, aplica-se a todas as normas.
1.3.3 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
	O princípio da proteção é um princípio específico do Direito de Trabalho, bem como pode ser considerado correlato ao princípio da isonomia mencionado anteriormente. Desta forma, elucida-se que:
O princípio da proteção (ou princípio tutelar) constitui a gênese do direito do trabalho, cujo objeto, como já vimos, consiste em estabelecer uma igualdade jurídica entre empregado e empregador, em virtude da manifesta superioridade econômica deste diante daquele (LEITE, 2018, p. 91).
Compreende-se que este princípio é consideradofundamento primordial no Direito do Trabalho, tendo em vista que busca estabelecer normas para que ocorra isonomia entre trabalhadores e empregadores.
Ainda sobre o princípio da proteção, conforme posicionamento de Martinez (2016, p. 163) elucida que:
Há relações jurídicas em que os sujeitos estão em postura de igualdade substancial e, consequentemente, em posição de equivalência contratual. Diante dessas relações, a atuação estatal esperada é exatamente a de não privilegiar um contratante em detrimento de outro. Esse figurino contratual, entretanto, não pode ser conservado quando evidente a dessemelhança de forças ou de oportunidades entre os sujeitos das relações contratuais.
Em tais hipóteses, cabe ao Estado criar mecanismos de proteção aos vulneráveis, sob pena de compactuar com a exploração do mais forte sobre o mais fraco.
É evidente a preocupação do legislador em elaborar regras que equilibrem as relações empregatícias, deste modo, o princípio da proteção visa equilibrar as desigualdades, dando um suporte à parte mais vulnerável na relação jurídica.
O princípio da proteção possui alguns desdobramentos, que popularmente são conhecidos como subprincípios, sendo eles: a aplicação da norma mais favorável, a avaliação in dúbio pro operário, e a condição mais benéfica (MARTINEZ, 2016). 
O princípio da aplicação da fonte jurídica mais favorável:
Informa esse princípio que, no processo de aplicação e interpretação do Direito, o operador jurídico, situado perante um quadro de conflito de regras ou de interpretações consistentes a seu respeito, deverá escolher aquela mais favorável ao trabalhador, a que melhor realize o sentido teleológico essencial do Direito do Trabalho (DELGADO, 2017, p. 215).
O princípio da avaliação in dubio pro operario, “baseia-se no mandamento nuclear protetivo segundo o qual, diante de fontes autônomas com vigência sucessiva, há de se manter a condição anterior, se mais benéfica”, segundo Martinez (2016, p. 170).
	E por fim, enumera-se o último desdobramento do princípio da proteção, denominado de princípio da condição mais benéfica que visa:
Destarte, existindo uma condição ou cláusula anterior oriunda de norma jurídica preexistente (ex.: cláusula de regulamento de empresa contendo uma vantagem para o empregado), sobrevier outra norma versando sobre a mesma matéria, prevalecerá aquela, anteriormente criada, salvo se a norma posterior for mais benéfica ao trabalhador (LEITE, 2018, p. 97).
	Como visto, o princípio da proteção e os seus subprincípios, certamente, possuem o mesmo ideal. Em linhas gerais pode-se dizer que a finalidade é a diminuição das desigualdades do empregado, que é a parte hipossuficiente na relação jurídica laboral, igualando-se as partes, com base em suas desigualdades.
2.0 O DANO EXTRAPATRIMONIAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
No Brasil, com os primeiros casos de aplicabilidade da reparação do dano moral, os julgamentos eram altamente divergentes. Neste contexto, nota-se que os julgados e, até mesmo a doutrina, não possuíam um embasamento sólido sobre o assunto, de modo que os posicionamentos e entendimentos eram diversos. Contudo, após o advento da CF/88, consolidou sua existência, a justa e devida reparação.
Analisando-se o período de surgimento da reparação no direito brasileiro, é possível identificar que existem três correntes acerca da reparação do dano, sendo: negativista, limitativa ou mista.
A corrente negativista, pregara que não havia como atribuir um valor pecuniário para o dano moral sofrido, tendo em vista que definia o dano moral em apenas efeitos passageiros, deste modo, sendo impossível atribuir um valor pecuniário (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017).
Com o passar do tempo, iniciou-se a corrente limitativa ou mista, que se subdividia em três posicionamentos. No primeiro, destaca-se que somente seria possível ocorrer reparação dos danos que fossem reflexos do dano material. A segunda visão compreendia que apenas poderia ocorrer a reparação dos danos que estivessem previstos em lei e por fim, o terceiro, elucidou que apenas seria passível de reparação de danos ocasionados mediante infrações criminais (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017).
Neste sentido, infere-se que com a inclusão do Código Civil de 1916, no ordenamento jurídico brasileiro, houve a previsão de reparação do dano ocasionado, sendo que estava elencado no Art. 159 “ Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano” (BRASIL, 1916).
	Destarte, tem-se como um marco a aplicação deste artigo, eis que iniciava a reparação dos danos morais, tendo em vista que, não definiu expressamente a qual dano se aplicaria e seria reparado. Neste diapasão, destaca-se que neste período houve o surgimento de diversas Leis, as quais previam reparação quanto ao dano moral. Sendo assim, cumpre elencar a Lei de Imprensa de 1967, nos seguintes termos: 
Art. 49 Aquêle que no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar:
 I - os danos morais e materiais, nos casos previstos no art. 16, números II e IV, no art. 18 e de calúnia, difamação ou injúrias; (BRASIL, 1967).
Evidencia-se que, a Lei de Imprensa elencou definitivamente a reparação aos danos morais, sendo que, anteriormente, aplicava-se apenas os dispositivos do CC/16 de forma análoga.
Neste contexto, o seguinte ensinamento:
Apesar das ilustres vozes discordantes, prevaleceu, portanto, no direito brasileiro, num primeiro momento, a tese proibitiva da ressarcibilidade do dano moral, admitindo-a somente em hipóteses especiais expressamente previstas no Código Civil ou em leis extravagantes (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017, p. 130).
Demonstra-se que a doutrina e jurisprudência da época, compreendiam demasiadamente que, apenas haveria dano moral, nos casos prescritos em lei, havendo pouquíssima aplicação análoga.
Posteriormente, iniciou-se de forma mínima a corrente positivista, a qual admitia plena reparação dos danos que vierem a surgir. Esta corrente se concretizou com o advento da Constituição Federal de 1988 (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017).
Cumpre ressaltar, portanto, que os dispositivos que evidenciam a existência dos danos morais no ordenamento jurídico, sendo que, pode-se demonstrar mediante a exposição de alguns artigos da Constituição Federal (BRASIL, 1988), a qual abordava como direitos e garantias fundamentais, que:
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
[...] 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Consoante ao exposto, demonstra-se que a CF/88 elencou ampla proteção dos direitos, tal como a dignidade da pessoa humana, estabelecendo direitos a quem foi, de fato, lesionado e deveres a quem ocasionou a lesão, deveres este, de reparar os danos ocasionados.
Conforme evidenciado, o instituto do dano moral e sua reparação possuem previsão em diversos ramos do ordenamento jurídico, deste modo, urge-se elucidar o Código de Defesa do Consumidor de 1990, o qual traz a expressa previsão em seu art. 6º, sendo:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; (BRASIL, 1990).
A Lei infraconstitucional, denominada Código do Consumidor - CDC,trouxe de forma expressa a reparação dos danos extrapatrimoniais, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, nos seguintes termos:
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
[...] 
II - obrigação de reparar o dano;
[...]
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima (BRASIL, 1990).
Deste modo, nota-se que o posicionamento majoritário do legislador passou a permitir a plena reparabilidade do dano moral, e nesse sentido, a jurisprudência pacificou-se também. 
Neste ponto, demonstra-se o conteúdo da Súmula n° 37 do STJ, em que é clara nos seguintes termos: “São cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do mesmo fato” (STJ. Súmula nº 37. CORTE ESPECIAL, julgado em 12/03/1992, DJ 17/03/1992).
Destaca-se, também, que com no advento do Código Civil de 2002, passou a existir o instituto das chamadas tutelas, sendo que, passou a prever expressamente a configuração do instituto do ato ilícito, bem como, o direito/dever a reparação, in verbis:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
[...]
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Infere-se que os dispositivos ora citados, obedecem ao ditame expresso na Carta Magna. Sendo assim, claramente o marco divisor, bem como, determinante de fato da aplicação das teorias relacionadas a reparação dos danos morais foi a inserção na CF/88.
Antes da Reforma Trabalhista, utilizava-se subsidiariamente os dispositivos de outros ramos do ordenamento jurídico acima citados, conforme permite o art. 8° da CLT.
Deste modo, ao ingressar no judiciário pleiteando a reparação de qualquer dano de natureza extrapatrimonial, utilizava-se como fundamento jurídico de seu pedido, os referidos dispositivos, conforme pode ser observado no entendimento jurisprudencial:
TRT-PR-05-10-2010 DOENÇA OCUPACIONAL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CULPA DO EMPREGADOR. VALOR ARBITRADO. Provado, por meio de perícia médica, que as condições em que o trabalho foi executado contribuíram diretamente para o surgimento da doença que acometeu o empregado, configurado está o nexo de causalidade, caracterizando a patologia como acidente de trabalho (art. 20, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991). Ficando evidenciado que o dano experimentado teve origem em conduta culposa do empregador, devida a indenização por dano moral, nos termos do artigo 186 do Código Civil (CC). O valor da indenização por dano na esfera extrapatrimonial deve proporcionar um lenitivo para suplantar a dor moral sofrida e possuir um caráter pedagógico que desestimule a prática de ulterior ato lesivo, devendo ser levado em conta na fixação elementos como o grau de culpa, a extensão do dano, a condição econômica das partes envolvidas e as circunstâncias do caso concreto. Recurso ordinário da reclamante conhecido e não provido (TRT-PR-01561-2007-006-09-00-0-ACO-32147-2010 - 3A. TURMA, Relator: ALTINO PEDROZO DOS SANTOS, Publicado no DEJT em 05-10-2010).
Contudo, após muitos anos utilizando subsidiariamente os dispositivos citados, com o transcorrer do tempo, os legisladores supriram esta lacuna na legislação trabalhista acrescentando dispositivos específicos que abordam o assunto.
2.1 INOVAÇÕES INTRODUZIDAS PELA REFORMA TRABALHISTA
O ex-presidente Michel Temer encaminhou ao Congresso Nacional um projeto para modificar algumas legislações trabalhistas, prevendo apenas alterações de 7 artigos da CLT e oito da Lei nº 6.019/74 (BENEDETTO, 2017). 
Contudo, o projeto posteriormente aprovado era mais abrangente eis que foram alcançados 97 artigos da CLT, um artigo da Lei nº 8.2012/91, um artigo da Lei nº 8.036/90 e 5 artigos da Lei nº 6.019/74. Em 09 de fevereiro de 2017 foi constituída a Comissão Especial para análise do projeto, sendo eleito como relator o Deputado Rogério Simonetti Marinho. Posteriormente, em 22 de março, encerrou-se o prazo para apresentação de emendas ao projeto, sendo efetuadas 850 emendas diversas (BENEDETTO, 2017).
Sequentemente, o relator apresentou o substitutivo, ou seja, um projeto que alterou integralmente o texto anterior e que também foi concedido prazo para apresentação de emendas, resultantes em 457 até 24 de abril, bem como um requerimento de urgência, o qual inicialmente foi rejeitado. (BENEDETTO, 2017).
Todavia, posteriormente foi apresentado novo requerimento de tramitação com urgência, o qual foi aprovado, assim, em apenas 14 dias o substitutivo foi aprovado e em 28 de abril já estava tramitando no Senado Federal.
Importante mencionar que, o Ministério Público do Trabalho se manifestou contrário as alterações propostas, fundamentando haver inconstitucionalidade, eis que não houve diálogo social necessário, violando assim diversos princípios constitucionais (BRASIL, 2017). 
Em conjunto com este posicionamento, manifestou-se a Ordem dos Advogados do Brasil (BRASIL, 2018), sendo contrária às alterações não só por conta da celeridade de sua tramitação, mas também, pelo cenário político, social e econômico ao qual o país estava inserido.
Contudo, as disposições contrárias não foram suficientes e, seguiu-se todo seu trâmite no Senado Federal, o ex-presidente Michel Temer sancionou o projeto sem nenhum veto, e posteriormente, sendo nomeado de Reforma Trabalhista, foi convertido na Lei nº 13.467 de 13/07/2017, e por fim, entrou em vigor em 11/11/2017 (BRASIL, 2017).
A Lei nº 13.467 surgiu em meio a uma crise política e econômica, modificando profundamente a legislação trabalhista, o Poder Judiciário em si, e a estrutura sindical. Por intermédio de uma rápida tramitação, dificultou a análise de seus impactos (BENEDETTO, 2017).
E neste impasse, importante elucidar-se que:
A flexibilização dos direitos trabalhistas seria uma garantia aos postos de empregos existentes. Com a redução dos direitos, haveria uma redução de gastos, contribuindo para manter as empresas competitivas no mercado, atendendo as exigências da economia globalizada (PAZ, 2018, p. 11).
Desta forma, justificando-se a sua rápida tramitação, houve a aprovação da referida lei. Porém tendo em vista o cenário global ao qual o Brasil estava inserido, muito se questionou se ocorreu em um momento oportuno.
Após a inserção destas alterações, houve diversas repercussões, eis que as modificações ocorreram em diversos temas trabalhistas, alterando profundamente dispositivos que estavam previstos desde o surgimento da CLT e em especial, retirando direitos, como por exemplo as horas in itinere (BRASIL, 2017).
Contudo, quanto aos danos extrapatrimoniais, a Reforma Trabalhista inseriu na CLT o Título II-A, que dispõe apenas sobre os mesmos, que até o momento não havia expressa previsão legal.
	Ao se analisar os dispositivos inseridos e confrontando-os com as demais previsões estabelecidas no ordenamento jurídico, de imediato percebe-se a divergência existente. Posto isto, abordar-se-á no próximo tópico, apenas os artigos que influenciam na definição do quantum indenizatório.
2.2.1 DA PRETENSÃO DE LIMITAR AS NORMAS REFERENTES AO DANO EXTRAPATRIMONIAL
Destaca-se inicialmente, o art. 223-A da CLT (BRASIL, 2017), que expõe: “aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título”.E nesse viés, Gustavo Cisneiros (2017, p. 92), aduz que:
Causa estranheza a tentativa do legislador de restringir a interpretação do juiz do trabalho, quanto ao dano moral, estético, à imagem e existencial, apenas aos dispositivos da CLT. Primeiro pelo fato de a reparação (indenização) deriva de típica responsabilidade civil, e não trabalhista [...] Segundo pelo fato de o dano moral, no sentido lato (extrapatrimonial), se encontrar inserido no art. 5º da CF. Terceiro pelo fato de a Reforma Trabalhista tentar limitar apenas a fonte formal do dano extrapatrimonial, silenciando sobre o dano patrimonial (inclusive os lucros cessantes - art. 402 do CCB), numa clara “discriminação”.
Assim, compreende-se que não há possibilidade de limitar o dano, aplicando apenas os dispositivos inseridos pela reforma trabalhista, deixando por exemplo de amparar em dispositivos de normas que previam sua reparabilidade anteriormente.
Nesse mesmo sentido, Enoque Ribeiro dos Santos (2019, p. 56) expressa que: “não há como limitar ou restringir a aplicação deste instituto do dano extrapatrimonial a apenas aos casos especificados neste estreito limite legal, como dispõe este novel artigo”.
Ressalta-se que o tema é abrangido em apenas 7 artigos, de forma breve. Assim, questiona-se se é constitucional a afirmação de que “apenas” estes dispositivos poderão ser aplicados nos danos oriundos das relações de trabalho.
A impressão que se obtém é que:
O art. 223-A não quer deixar que nada escape à sua tutela, nem que a magistratura trabalhista crie figuras adicionais ou subterfúgios para driblar a tarifação: assim sendo, sua redação é enfática ao dizer que somente existem danos extrapatrimoniais nas relações de trabalho dentro dos limites deste Título II-A; todavia, a promessa é dificílima de ser cumprida, mesmo pelos mais eufóricos defensores da reforma, haja vista a imprevisibilidade das condutas sociais (SILVA, 2017, p. 39).
Evidencia-se então, a divergência que o legislador fez surgir ao redigir o art. 223-A da CLT, não ficando tão claro, como ocorrerá a aplicação de tais normas em determinadas situações. 
Todavia, ao interpretar o artigo, é nítido a limitação imposta pelo legislador, porém, observa-se que não há como restringir as demais normas específicas do ordenamento jurídico brasileiro, como por exemplo, a CF/88.
	Delgado (2017 p. 145), expõe seu entendimento que:
Há um conjunto normativo geral mais forte, superior, dado pela Constituição de 1988 e pelas normas internacionais de direitos humanos vigorantes no Brasil, que incide, sem dúvida, na regulação da matéria abrangida por esse título especial agora componente da Consolidação.
Ademais, havendo alguma necessidade de integração jurídica, incidem, sim, as regras sobre indenizações por dano moral insculpidas no Código Civil Brasileiro e em outros diplomas normativos da República, respeitada a compatibilidade de tais regras externas com os princípios e a lógica jurídica estrutural da Consolidação das Leis do Trabalho (art.2222 8º, caput e § 1º, CLT).
	Consoante a este posicionamento, Sebastião Geraldo de Oliveira (2019), dispõe que os dispositivos inseridos não devem ser deixados de lado ou não aplicados no caso concreto, contudo, é inviável restringir a aplicabilidade das demais normas que regulamentam o assunto, eis que os dispositivos são limitados, e não preveem solução para todas as controvérsias existentes.
Em suma, demonstra-se que há uma dificuldade em limitar a aplicação das normas concernentes ao dano extrapatrimonial apenas aos artigos introduzidos pela Reforma Trabalhista.
Assim, com o intuito de facilitar a aplicação deste dispositivo, foi publicado o Enunciado n° 18, aprovado na 2° Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, que prevê:
18. DANO EXTRAPATRIMONIAL: EXCLUSIVIDADE DE CRITÉRIOS
Aplicação exclusiva dos novos dispositivos do título II-a da CLT à reparação de danos extrapatrimoniais decorrentes das relações de trabalho: inconstitucionalidade. A esfera moral das pessoas humanas é conteúdo do valor dignidade humana (art. 1º, III, da CF) e, como tal, não pode sofrer restrição à reparação ampla e integral quando violada, sendo dever do Estado a respectiva tutela na ocorrência de ilicitudes causadoras de danos extrapatrimoniais nas relações laborais. Devem ser aplicadas todas as normas existentes no ordenamento jurídico que possam imprimir, no caso concreto, a máxima efetividade constitucional ao princípio da dignidade da pessoa humana (art. 5º, V e X, da CF). A interpretação literal do art. 223-A da CLT resultaria em tratamento discriminatório injusto às pessoas inseridas na relação laboral, com inconstitucionalidade por ofensa aos arts. 1º, III; 3º, IV; 5º, caput e incisos v e x e 7º, caput, todas da Constituição Federal. (ANAMATRA, 2017).
Ante o entendimento acima exposto, a ANAMATRA com base na aplicabilidade do art. 223-A da CLT, posicionou-se favoravelmente pela inconstitucionalidade do referido dispositivo, eis que não é possível restringir o amparo dos direitos estabelecidos na Carta Magna.
Contudo, ainda não há um posicionamento concreto sobre o assunto, definindo se o citado artigo é constitucional ou não.
2.2.2 LEGITIMADOS A PLEITEAR A REPARAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
	Como se observa, o art. 223-B da CLT menciona um conceito de dano extrapatrimonial, bem como, quem é titular para pleitear a reparação do dano sofrido, in verbis: “Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação” (BRASIL, 2017).
Nota-se que o artigo elencado, possibilita a reparação do dano apenas há quem sofreu, não oportunizando os danos em ricochete. Assim, entende-se que:
Como parâmetro geral, o preceito é, evidentemente, válido. Porém, conforme se conhece da diversidade das situações sócio jurídicas existentes no mundo do trabalho, há pretensões que podem, sim, ser de titularidade de pessoas físicas ligadas afetiva, econômica e/ou juridicamente à pessoa humana afrontada, tal como pode ocorrer com a(o) esposa(o) ou a(o) companheira(o) e os filhos da vítima de danos extrapatrimoniais (DELGADO 2017, p. 146).
Ou seja, por mais que não haja a previsão expressa da titularidade de pessoas próximas a vítima do dano de fato, compreende-se ser aplicável, eis que, ao sofrer o dano em ricochete, o terceiro torna-se vítima também. Por outro lado, há posicionamentos que pugnam pela não previsibilidade de herdeiros ou até mesmo o dano em ricochete ser pleiteado.
	Todavia, nessa perspectiva, destaca-se o posicionamento de Leite (2018, p. 63), que aduz:
O novo art. 223-B da CLT pretende excluir da apreciação da Justiça do Trabalho tanto o dano moral por exercício de atividade de risco (CC, art. 927, par. único) quanto o dano moral sofrido pelos herdeiros do trabalhador em caso de seu falecimento, bem como o dano moral em ricochete. [...] Na verdade, o legislador confundiu propositadamente direito da personalidade com direito personalíssimo, a fim de reduzir a interpretação e a aplicação das normas que dispõem sobre danos morais no âmbito da Justiça do Trabalho, o que nos parece inconstitucional.
Demonstra-se que, ao realizar a interpretação literal do mencionado dispositivo, tem-se de fato a noção de que a apreciação do dano em ricochete está fora de cogitação na esfera trabalhista. Porém o que deve ser feito, é uma interpretação sistemática ou até mesmo histórica. Nesse âmbito, com base em Maria Helena Diniz (2009, p. 440):
O processo sistemático é o que considera o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com outras normas concernentes ao mesmo objeto. O sistema jurídico não se compõe de um único sistema normativo, mas de vários, que constituem um conjunto harmônico e interdependente, embora cada qual esteja fixado em seu lugar próprio. [...] Refere-se ao histórico do processo legislativo, desde o projeto de lei, sua justificativa ou exposição de motivos, emendas, aprovação e promulgação, ou às circunstâncias fáticasque a precederam e que lhe deram origem.
Isto posto, ao avaliar normas jurídicas, pode-se utilizar diversas formas de interpretação, e tais formas possibilitam diferentes situações de abrangência ou até mesmo de restrições.
Pode-se concluir que, ao analisar os artigos inseridos pela Reforma Trabalhista, uma das formas de tratamento do novo diploma normativo, é aplicar esses métodos de interpretação, para que ao final, possa pleitear seus direitos de forma devida, sem que haja nenhuma inconstitucionalidade presente.
Em uma tentativa de resolver a lacuna existente em tal dispositivo, a 2° Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, enumera o seguinte disposto:
20. DANO EXTRAPATRIMONIAL: LIMITES E OUTROS ASPECTOS
Danos extrapatrimoniais. O artigo 223-B da CLT, inserido pela Lei 13.467, não exclui a reparação de danos sofridos por terceiros (danos em ricochete), bem como a de danos extrapatrimoniais ou morais coletivos, aplicando-se, quanto a estes, as disposições previstas na Lei 7.437/1985 e no título III do Código de Defesa do Consumidor (ANAMATRA, 2017).
Diante do exposto, infere-se que a Lei n° 13.467/17 estabeleceu parâmetros com a finalidade de limitar a titularidade dos lesados. Ocorrendo a mesma delimitação nos artigos que se sucedem – 223-C e 223-D – os quais versam sobre os bens jurídicos tutelados.
2.2.3 OS BENS JURÍDICOS SUSCETÍVEIS DE CONFIGURAR DANO EXTRAPATRIMONIAL
Primeiramente, os dispositivos que abordam o dano extrapatrimonial, definem quais são os bens jurídicos tutelados, elencando-os expressamente. Ademais, prevê ainda, quais são as pessoas físicas e pessoas jurídicas que possuem legitimidade para pleitear a reparação, sendo:
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. 
Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa jurídica (BRASIL, 2017).
	Ora, observa-se que os preceitos expostos não abrangem na íntegra os direitos previstos na Carta Magna e em demais leis do ordenamento jurídico. Assim questiona-se: houve a limitação desses direitos? Esse empregado lesionado, não poderá pleitear sua devida e justa reparação?
	Por este motivo, compreende-se que o rol elencado nos dispositivos, são meramente exemplificativos, devendo ser esta a posição a prevalecer, conforme entendimento doutrinário (CASSAR, 2018).
O Enunciado n° 19, aprovado pela 2° Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho aborda sobre este tema e dispõe que:
19. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS: LIMITES
É de natureza exemplificativa a enumeração dos direitos personalíssimos dos trabalhadores constante do novo artigo 223-C da CLT, considerando a plenitude da tutela jurídica à dignidade da pessoa humana, como assegurada pela Constituição Federal (artigos 1º, III; 3º, IV, 5º, caput, e §2º) (ANAMATRA, 2017).
Assim, o posicionamento de alguns magistrados está direcionado a confirmar que o rol constante no art. 223-C da CLT não é de natureza taxativa, devendo ser levado em consideração os demais direitos que ali não estão previstos.
Neste âmbito, João Renda Leal Fernandes (2019) entende que a tutela prevista nos artigos respectivamente ocorre de forma diferenciada. 
Por não haver fundamento razoável ou com um fim legítimo esse cerceamento de demanda, a doutrina majoritária posiciona-se favorável a compreensão de que o rol expresso em ambos os artigos, é meramente exemplificativo.
2.2.4 CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
Com base na CLT, para que haja direito a reparação civil do dano extrapatrimonial, é necessário que se preencha uma série de requisitos, os quais são determinantes para definir se ocorreu de fato um dano, e em qual nível se enquadra.
Tais requisitos estão previstos no art. 223 - G da CLT, que prevê: 
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: 
I - a natureza do bem jurídico tutelado;
II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
III - a possibilidade de superação física ou psicológica; 
IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;
VII - o grau de dolo ou culpa;
VIII - a ocorrência de retratação espontânea;
IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
X - o perdão, tácito ou expresso; 
XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; 
XII - o grau de publicidade da ofensa (BRASIL, 2017).
Evidenciando-se assim, que o direito à reparação do dano moral na realidade não é tão simples de ser comprovada e tem por base, critérios e circunstâncias tanto subjetivos, quanto objetivos.
Não se pode alegar que os magistrados possuem uma tarefa fácil ao arbitrar o quantum indenizatório, situação está ocasionada por falta de leis regulamentadoras, ou até mesmo do caráter subjetivo que é imposto, todavia, com a introdução da Reforma Trabalhista, houve uma facilitação, eis que o artigo supracitado elenca elementos norteadores para constatação.
Certamente é visto que, elaborou-se um passo a passo, a facilitar a compreensão do dano e o grau de sua complexidade por parte do julgador. Nessa perspectiva, Oliveira (2019, p. 43) aduz que:
 
Não se nega que a elaboração de um roteiro para o juízo apreciar o dano extrapatrimonial é positiva, porque indica para o julgador e para as partes os fatos mais importantes que deverão ser considerados, bem como as principais provas que serão priorizadas. Na realidade, o julgador já fazia subjetivamente essa apreciação considerando os pontos indicados ou outros também relevantes, mas agora, ao positivar o rol, pelo menos estes quesitos não podem deixar de ser apreciados.
Assim, houve a previsão de 12 circunstâncias a serem observadas no momento de definir o nível do dano extrapatrimonial ocasionado, facilitando o trabalho do magistrado, demonstrando os elementos que possuem relevância e devem ser observados. 
E dentre eles, evidencia-se que:
Podemos citar três casos que consideramos polêmicos e difíceis de serem levados em consideração, quais sejam, a ocorrência de retratação espontânea, o esforço para minimizar a ofensa e o perdão tácito ou expresso. Tomemos como exemplo o perdão tácito. Suponhamos que, no curso do contrato de trabalho, o empregado, com frequência, sofria com humilhações impingidas pelo seu superior hierárquico; porém, precisando do trabalho para sua sobrevivência, não tomou atitude·imediata para coibir o dano moral a ele acometido. Seria plausível, nesse caso, falar em perdão tácito? Entendemos que não (CORREIA; MIESSA, 2018, p. 294).
	Ora, entende-se que há requisitos previstos que possibilitam a diminuição da lesão ocasionada, mas que na realidade, não ocorreram ou não deveriam ser considerados para a definição concreta.
	E neste sentido, Cassar (2018, p. 205) complementa que:
O inciso X do art. 223-G da CLT aponta o perdão tácito ou expresso como um dos elementos de análise do julgamento do pedido de reparação do dano extrapatrimonial. Aparentemente o legislador autorizou até a possibilidade de negativa do pedido de dano moral quando houver perdão.
Assim, mesmo elencando elementos capazes de facilitar o juízo a constatar a existência ou não do dever de indenizar, o mesmo deverá pautar-se no princípio da proporcionalidade e razoabilidade, previsto na Carta Magna.
E neste âmbito, Delgado (2018) elucida que o julgador deverá agir com parcimônia, equanimidade, sensatez, e principalmente, imparcialidade, para proporcionar uma justa indenização.
Desta forma, após a apreciação dos elementos acima citados, e tendo por si, caracterizado o dano extrapatrimonial, o juiz observará a sua natureza e o constatará qual a base para o pagamento da indenização. 
3.0 A TARIFAÇÃO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
 
Neste capítulo, será abordado sobre a tarifação que foi incluída mediante a reforma trabalhista, e de forma breve, as suasconsequências, bem como o posicionamento doutrinário quanto a (in) constitucionalidade dos referidos dispositivos.
Anteriormente à promulgação da Reforma Trabalhista, não havia parâmetros definidos e nem limites, para quantificar a reparação indenizatória a ser efetuada (CASSAR, 2018). E neste sentido, compreende-se que:
São conhecidos os destaques dados pela imprensa nacional às sentenças trabalhistas que fixaram valores considerados exorbitantes pelo evento morte, por mutilações ou por humilhações sofridas, em geral por empregados no curso de seu contrato de trabalho. Para combater a proliferação das indenizações e tentar estabelecer uma espécie de teto legal aos valores judicialmente fixados, o legislador partiu para o delicado campo da indenização tarifada (SILVA, p. 38, 2017).
Destarte, diante da necessidade de meios que possibilitem o razoável e proporcional arbitramento da reparação dos danos, surgiu por intermédio da Lei nº 13.467/2017 a tarifação dos danos extrapatrimoniais na seara trabalhista, ou seja, é um parâmetro pelo qual o julgador definirá o montante a ser pago.
3.1 DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Importante destacar que, deverá ser feita uma análise pormenorizada da realidade fática do dano ocasionada com base nos elementos elencados no caput do art. 223-G, para posteriormente definir em qual nível a ofensa será enquadrada, conforme dispõe o §1º do mencionado artigo, o qual prevê:
§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação;
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido;
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido;
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido;
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido (BRASIL, 2017).
Observa-se que houve a inserção de limites pecuniários para o ofensor efetuar o pagamento da indenização, sendo que, a tarifação utiliza como parâmetro o último salário contratual de quem vier a sofrer o dano.
Nesse contexto:
O art. 223-G é o mais controvertido deste bloco, ao apresentar os valores da tarifação; muito embora tenha havido o cuidado de apresentar nada menos do que doze ponderações que o juiz deve fazer antes da estipulação do valor, o fato é que as indenizações têm de caber em uma das quatro faixas criadas pela reforma – leve, média, grave e gravíssima – sem prejuízo da reincidência) (BATISTA, 2017, p. 40).
Desta forma, percebe-se que apenas será constatado o nível da ofensa ocasionada, após analisar todos as circunstâncias previstas no caput do artigo, todavia, após a devida constatação, a legislação inserida prevê que a reparação tomará por base de cálculo, o último salário contratual do ofendido.
E neste sentido, confirma-se que: 
Utilizado o salário contratual do empregado como base de cálculo para a indenização, pois esse padrão, por qualquer ângulo que se observe, faz com que a dor do pobre seja menor do que a dor do rico, independentemente da lesão; essa crítica é irrespondível (BATISTA, 2017, p. 40).
Assim, verificado o nível da ofensa, – leve, média, grave e gravíssima – a reparação será efetuada até 3 vezes, 5 vezes, 20 vezes ou 50 vezes o último salário contratual do ofendido, respectivamente.
Contudo, ressalta-se que o fato de que será calculada com base no último salário contratual, oportunidade que quem possui remuneração inferior, terá uma reparação menor. E nesta perspectiva:
O que a lei faz é exatamente isto: embora os trabalhadores sejam merecedores de igual tratamento digno, eles devem ser separados de acordo com seu salários, para fins de mensuração de seu patrimônio moral. Quanto menor o salário, menor será a reparação da dignidade do trabalhador. Ou, em outras palavras, a dignidade e o patrimônio moral do trabalhador são proporcionais ao seu valor no mercado de trabalho. Observe-se que não se pode alegar aqui que os desiguais devem ser tratados desigualmente na exata medida de sua desigualdade. (CASAGRANDE, 2017, p. 60).
Além do mais, é possível dizer que estes dispositivos ofendem o princípio da isonomia, tendo em vista que prevê a reparação dos danos ocasionados, mediante um cálculo efetuado com base na remuneração de cada ofendido, e não em um valor proporcional para todos que vierem a necessitar. 
Corroborando com este posicionamento, elucida-se que:
O valor da indenização ao salário, endossando o velho problema da “dor do pobre e a dor do rico” (cujo grande exemplo é do acidente de trabalho em construção que matasse, ao mesmo tempo, um engenheiro e um servente) (CORTIANO JUNIOR; RAMOS, 2018, p. 17).
Dito isso, evidencia-se que este é um dos grandes problemas derivados da introdução da reforma trabalhista, a tão questionada tarifação dos danos extrapatrimoniais.
Após estes breves apontamentos, pode-se manifestar que na mencionada alteração incluída, há um imenso equívoco, comparando-o com as demais leis do ordenamento jurídico, tendo em vista que:
Analisar um caso avaliando seus status financeiros acaba tornando as pessoas desiguais, deixando a dizer que as dores das pessoas das classes altas, mesmo sofrendo a mesma ofensa, vale mais do que as dores das pessoas de classe inferior. (CARVALHO, 2018, p. 6).
Outrossim, o art. 223-G, §2º, aborda sobre a reparação a ser efetuada nos casos que o ofendido se tratar de pessoa jurídica, prevendo: “Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor” (BRASIL, 2017). 
E neste diapasão, interpreta-se que:
Não é plausível igualar a reparação ao dano cometido por um empregado contra um empregador com os mesmos critérios de cálculo de uma indenização devida por uma pessoa jurídica a uma pessoa física, como estabelecido no parágrafo segundo, é necessário que o juiz observe o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade nesses casos. Dessa forma, os critérios de tarifação contidos no art.223-G da CLT devem ser utilizados como mero parâmetro pelo Magistrado. (PAZ, 2018, p. 20).
Sendo assim, observa-se as diversas divergências e questionamentos que surgiram após a aprovação da Lei nº 13.467/17. E com o intuito de facilitar a sua devida aplicação, foi aplicado mecanismos para que as alterações correspondessem com as demais leis do ordenamento jurídico.
Além do mais, aqui cumpre mencionar que na seara trabalhista, as leis são regidas pelo princípio da proteção, o qual quando houver duas ou mais leis que amparem o tema, será efetuada a aplicação das normas mais benéficas ao trabalhador (DELGADO, 2017).
Porém, não há mecanismo que altere o teor do aludido artigo, e neste impasse, ressalta-se o posicionamento de Mothé (2017, p. 32), nos seguintes termos: 
O dispositivo vincula o valor da indenização pelo dano extrapatrimonial ao valor do último salário do ofendido. Ou seja, parece dizer que, quanto mais ganhar o empregado, mais valiosa será a sua integridade moral. Seria isso justo? Parece-nos que não, pois a indenização deve ser fixada de acordo com o dano sofrido e não de acordo com o cargo ocupado pelo empregado.
Diante disto, a percepção que se obtém é que padece de constitucionalidade tal artigo, e por este motivo passar-se-á a elucidar os posicionamentos majoritários da doutrina quanto o assunto.
Todavia, ao abordar a tarifação dos danos extrapatrimoniais, necessário se faz anteriormente, abordar a primeira tentativa de tarifar o dano, que ocorreu por intermédio da Lei nº 5.250/67, titulada por Lei de Imprensa.	
3.2 DA TARIFAÇÃO NA LEI DE IMPRENSA
Destaca-se que, antes de apreciar o advento da tarifação elencada ao dano extrapatrimonial na íntegra, necessária se faz a exposição da tarifação que surgiu na Lei de Imprensa, quanto aos danos ocasionados por profissionais do ramo jornalístico. Assim, os artigos 51 e 52 da Lei n° 5.250/67, estabeleciam que:
 
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