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Cosmetologia Aplicada à Estética I Camila Panzetti Alonso Aula 01 Introdução à Cosmetologia.................................... Aula 02 Componentes básicos de cosméticos.................. Aula 03 Higienização ......................................................... Aula 04 Tonificação ............................................................ Aula 05 Hidratação ............................................................. Aula 06 Máscaras ............................................................. Aula 07 Esfoliação ........................................................ Aula 08 Fotoproteção .................................................... Referências ..................................................................................... S u m á ri o AULA 01 Introdução à Cosmetologia Olá! Nesta primeira aula iremos aprender alguns conceitos iniciais que serão utilizados no estudo da Cosmetologia. Você já parou para ler aquelas letrinhas que estão no verso dos rótulos de cosméticos? Por que são escritas daquela maneira? E o que é um produto cosmético? E os dermocosméticos, são diferentes? Esta e outras indagações serão esclarecidas no decorrer desta aula. Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Conhecer alguns termos importantes. • Compreender a legislação cosmética. • Conhecer a nomenclatura cosmética. Para melhor compreensão, a aula foi dividida em seções de estudo: Seção 1 – Termos importantes utilizados em Cosmetologia. Seção 2 – Legislação cosmética. Seção 3 – Nomenclatura de produtos cosméticos. Os cosméticos são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado (ANVISA, 2006). A definição de cosméticos no Brasil é ampla, e as substâncias que fazem parte desses produtos têm como proposta atuar na pele e cabelos, exercendo diversas funções, que vão desde a higienização até o retardamento do envelhecimento. A Cosmetologia moderna avançou em pesquisas e, atualmente, podemos contar com produtos que são verdadeiros agentes de tratamento, que são capazes de modificar a estrutura e atividade da pele, os chamados cosmecêuticos. Apesar da importância deste termo, a legislação do Brasil considera todas as substâncias como cosméticas. SEÇÃO 1 – Termos importantes utilizados em Cosmetologia: Alguns conceitos são importantes para nosso estudo, entre eles: • ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. É o órgão regulamentador, vinculado ao Ministério da Saúde. Responsável pela elaboração de Leis, Normas, Regulamentos, Resoluções, que vão regulamentar a atividade magistral, produção de cosméticos, indústria de medicamentos, alimentos, entre outros. • Matéria prima ou princípio ativo (ativos): substância ativa ou inativa que se emprega na fabricação de medicamentos e demais produtos. • Veículos ou bases cosméticas: é o componente de maior parte do produto, onde são incorporados os ativos. São os géis, a água, o xampu base, as emulsões, etc. • Cosméticos: são definidos como um produto para uso externo, destinado à proteção ou embelezamento de diversas partes do corpo. Pode ser usado por meses ou anos (é incorporado aos costumes do usuário) sem interagir com as funções principais da pele, sem irritar, nem sensibilizar. • Medicamentos de uso tópico: são produtos utilizados em concentração terapêutica com a finalidade de tratar uma doença, sendo aplicado na pele ou couro cabeludo. São produtos vendidos exclusivamente em farmácias ou drogarias. Em sua composição encontramos antibacterianos, corticóides, antiparasitários, entre outros. Estes produtos podem ser de prescrição médica ou de venda livre (sem prescrição). Como exemplo, podemos citar a ureia, um hidratante vendido em farmácias, sem necessidade de prescrição médica. • Cosmecêuticos: termo criado na década de 60 para designar uma nova categoria de produtos de uso tópico, que se encontram entre os cosméticos e os medicamentos, com uma ação diferenciada, capaz de modificar a estrutura da pele. Este termo é bastante comum, no entanto, não existe em nossa legislação nenhuma definição para ele, assim como nos EUA o FDA também não reconhece esta palavra. • Dermocosméticos: é um termo utilizado para produtos cosméticos contendo substâncias cosmecêuticas, ou para produtos com maior valor de mercador e que fazem parte de cosméticos também prescritos por médicos, apesar de não necessitarem de prescrição. Este termo também não pertence à legislação brasileira. SEÇÃO 2 – Legislação cosmética Os cosméticos são definidos como uma substância ou preparação que entra em contato com as partes externas do corpo com a função de limpar, proteger, além de mudar a aparência da pele. A ANVISA estabeleceu a definição para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes na Resolução RDC n°211. Segundo esta Resolução, estes produtos: “Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”. (BRASIL, 2005). De acordo com sua classe, os produtos cosméticos são classificados como: • Produtos de Higiene Pessoal • Perfumes • Cosméticos • Produtos Infantis Além dessa classificação, a ANVISA cria normas específicas para todo o setor de cosméticos. Estas normas são conhecidas como Resoluções de Diretoria Colegiada (as RDC) ou as Portarias, sendo as mais importantes: • RDC 48/06: lista as substâncias proibidas em formulações cosméticas como: lidocaína, peróxido de benzoíla, ácido retinóico, entre outras. • RDC 47/06: relação de filtros solares permitidas em formulações cosméticas. • RDC 215/05: traz a lista de produtos que podem estar presentes em cosméticos, porém cuja concentração deve estar limitada. Por exemplo, o ácido salicílico para acne não deve ultrapassar 2%, enquanto para caspa não deve ultrapassar 3%. • Portaria 485/04: institui a Câmara Técnica de Cosméticos (CATEC), que presta consultoria e assessoramento, além de emitir parecer técnico para os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. RDC 211, de 14 de julho de 2005. Entre as RDC, a mais importante é a RDC 211/05, cujos itens mais importantes são: • Definição de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. • Classificação dos produtos em Grau 1 e 2. • Lista dos produtos de Grau 1 e Grau 2 (cópia abaixo). • Define Rotulagem obrigatória: que é aquela que todo produto deve apresentar: nome, marca do produto, número do lote, data de validade, conteúdo, descrição dos componentes da formulação, etc. • Define Rotulagem Específica: informações extras, importantes para o uso correto do produto. Por exemplo, os produtos para alisar e ondular os cabelos deve conter, além da rotulagem obrigatória: “não aplicar se o couro cabeludo estiver irritado ou lesionado”, “manter fora do alcance das crianças”. Os critérios para a classificação dos produtos em Graus 1 e 2 foram definidos em função da finalidade de uso do produto, áreas do corpo abrangidas, modo de usar e cuidados aserem observados, quando de sua utilização. De acordo com essa classificação, temos: • Grau 1 - Produtos com risco mínimo, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação se caracteriza por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto. • Grau 2 - Produtos com risco potencial, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação possui indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso. Desta maneira, os produtos cosméticos considerados Grau I são: • Água de colônia ou perfumada ou aromatizador de ambientes. • Condicionador, creme rinse. • Creme, loção, gel esfoliante por abrasão (esfoliantes físicos). • Depilatórios mecânicos (ceras). • Desodorante (exceto com ação antitranspirante). • Enxaguatórios bucais. • Esmalte. • Hidratantes. • Maquiagem sem FPS. • Tônicos faciais (exceto para pele acneica). • E muitos outros Para exemplificar produtos de Grau II, citamos: • Alisamentos capilares • Antitranspirantes • Bronzeador • Esfoliantes químicos (peelings) • Maquiagem com FPS • Produtos anticaspa • Produtos antiqueda • Produtos infantis • Produtos para acne • Produtos para área dos olhos • Produtos para manchas • Protetores solares • Tinturas capilares • E muitos outros Registro de cosméticos Os produtos cosméticos comercializados no Brasil devem ser regularizados na ANVISA, ou por meio de registro ou por notificação. O número do registro ou notificação fica no verso dos produtos, após os dados do fabricante. Os produtos classificados como Grau 1 devem ser notificados eletronicamente para a ANVISA, com a data prevista para inicio de sua comercialização no Brasil. Já os produtos de grau 2 só podem ser comercializados após registro na ANVISA, e precisa apresentar os resultados das avaliações de segurança e/ou eficácia. Como saber se um produto está registrado? É possível consultar os produtos cosméticos regularizados por meio do link http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/banco.htm, estando de posse do nome correto do produto, código de barras (para produto notificado) e número de registro (quando for o caso). O número do registro normalmente vem precedido das siglas MS, ou ANVS, ou ANVISA podendo possuir de 9 a 13 dígitos. Os notificados trazem a informação “Res. ANVS 343/05”. Analise a imagem abaixo e classifique o produto como Grau I ou II: Fonte: Google imagens. Disponível em: iasmimigueis.wordpress.com http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/banco.htm SEÇÃO 3 – Nomenclatura de produtos cosméticos INCI é a sigla para “INTERNACIONAL NOMENCLATURE OF COSMETIC INGREDIENTS”. Em português seria, Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos. O INCI é um sistema internacional de codificação da nomenclatura de ingredientes cosméticos, reconhecido e adotado mundialmente, criado com a finalidade de padronizar os ingredientes na rotulagem dos produtos cosméticos (SOUZA, 2012). O INCI é adotado mundialmente e foi criado com a finalidade de padronizar os ingredientes cosméticos. São mais de 9 mil ingredientes usados nas formulações cosméticas e cada ingrediente pode ser descrito de diferentes maneiras. Com a INCI a identificação fica padronizada em nível mundial! Como exemplo, temos o formol: • Nomes químicos: metanal, formaldeído, aldeído fórmico, metil aldeído, oximetileno, oxometano, formalina • Nomes comerciais: Karsan, Ivalon, Fanoform, Lysoform • INCI: FORMALDEHYDE O INCI também é regulado no Brasil pela RDC Nº 211/05 Anexo III item 1 (Anvisa) e Anexo IV-B-14 e C-13 (rótulo). A nomenclatura em INCI normalmente está localizada no rótulo da parte de trás do produto. A classificação dos ingredientes cosméticos pelo INCI é importante para haver maior agilidade, precisão, clareza na identificação dos ingredientes, onde não há confusão com sinônimos e diferentes sistemas de nomenclatura, e facilitam o trabalho de localização de informações e de orientação para consumidores, profissionais de saúde e de vigilância sanitária (SOUZA, 2012). Vejam esse produto cosmético fabricado na Espanha. Seus ingredientes estão em INCI. Podemos verificar que o produto contém óxido de zinco (zinc oxide), Calendula (Calendula officinalis), água (aqua), Babosa (Aloe barbadensis), entre outros. Fonte: Google imagens. Disponível em: http://patriciomasajeyestetica.blogspot.com.br/ SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES LEITURAS: Apostila teórica de Cosmetologia, Hebert Cristian de Souza. Disponível em: http://docslide.com.br/documents/apostila-teorica-cosmetologia-2011-02.html SITES ANVISA. Consulta de produtos cosméticos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/banco.htm ANVISA. Resolução RDC 211/05. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/dfa9b6804aee482bb7a1bfa337abae9d/Resol u%C3%A7%C3%A3o+RDC+n%C2%BA+211,+de+14+de+julho+de+2005.pdf?MOD=AJP ERES FILMES O que são cosméticos? Thay Química. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bHTvV2dm34s http://docslide.com.br/documents/apostila-teorica-cosmetologia-2011-02.html http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/banco.htm http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/dfa9b6804aee482bb7a1bfa337abae9d/Resolu%C3%A7%C3%A3o+RDC+n%C2%BA+211,+de+14+de+julho+de+2005.pdf?MOD=AJPERES http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/dfa9b6804aee482bb7a1bfa337abae9d/Resolu%C3%A7%C3%A3o+RDC+n%C2%BA+211,+de+14+de+julho+de+2005.pdf?MOD=AJPERES http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/dfa9b6804aee482bb7a1bfa337abae9d/Resolu%C3%A7%C3%A3o+RDC+n%C2%BA+211,+de+14+de+julho+de+2005.pdf?MOD=AJPERES https://www.youtube.com/watch?v=bHTvV2dm34s AULA 02 Componentes básicos de cosméticos Olá! Nesta aula iremos estudar os veículos (ou bases cosméticas) e os seus principais componentes. Você já pensou quantas substâncias são necessárias para produzir um único produto cosmético? E qual a função delas na formulação? São estes conceitos que iremos abordar nesta aula, incluindo os tipos de veículos mais utilizados em produtos cosméticos. Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Identificar as substâncias comumente presentes em cosméticos. • Classificar os ingredientes cosméticos de acordo com sua função na formulação. • Reconhecer os diferentes tipos de veículos. Para melhor compreensão, a aula foi dividida em seções de estudo: Seção 1 – Tipos de veículos cosméticos. Seção 2 – Composição básica de um cosmético. Seção 3 – Critérios de qualidade de produtos cosméticos. Os produtos cosméticos são produzidos com inúmeras substâncias químicas, também chamadas de matérias-primas, que exercem funções específicas dentro do produto. A composição básica de uma fórmula é: • Princípio ativo: ou somente ativos, são os responsáveis pela ação do produto. Por exemplo, o ácido glicólico é um esfoliante químico utilizado em peelings. Ele é o ativo da formulação, podendo estar sozinho ou associado com outros. • Adjuvantes farmacotécnicos: substâncias cuja função é estabilizar a fórmula em nível químico, físico ou biológico. Podemos utilizar como exemplo os conservantes microbiológicos, os antioxidantes, tensoativos, entre outros. • Veículo: parte da fórmula na qual são misturados os princípios ativos. Podem ser: água, álcool, mistura hidroalcoólica, óleo, glicerina, loções base, cremes base, gel base, entre outros. SEÇÃO 1 – Tipos de veículos cosméticos Veículos, também chamados de bases cosméticas ou excipientes,correspondem à maior parte da formulação e têm a função de receber os outros componentes, isto é, nele são incorporadas as substâncias ativas (SOUZA, 2004). A escolha adequada do veículo é de fundamental importância para a estabilidade e absorção dos ativos e, consequentemente, para a eficácia do produto final. Quando se olha para um produto cosmético é possível notar sua cor, seu cheiro, sua textura, viscosidade, consistência. Estas propriedades são dadas pelos componentes do veículo cosmético. Além do mais, o veículo também serve para melhorar a aparência do produto final ou melhorar a sensação do produto quando aplicado na pele. A sensação agradável promovida pelo uso do cosmético é fundamental para a aceitação da fórmula e é o que definimos como sensorial do produto, sendo fator decisivo para compra do produto, bem como para melhorar a aceitação do produto pelo consumidor e garantir que faça o uso do produto todos os dias. Os principais veículos cosméticos são: • Géis • Soluções aquosas e hidroalcoólicas • Soluções oleosas • Emulsões • Xampus e Sabonetes Líquidos • Pós Agora, estudaremos cada um deles: GÉIS Os veículos na forma de gel possuem aspecto gelatinoso e são formados por substâncias que possuem a propriedade de intumescer em presença de água, conferindo viscosidade ao meio de tal maneira que o produto final se torna um gel, que são preparações viscosas, transparentes e translúcidas (CORRÊA, 2012). Desta maneira, os principais componentes de um gel são os agentes espessantes, responsáveis pela viscosidade do produto. Entre eles temo o polímero carboxivinílico (Carbopol), Hidroxietilcelulose (Natrosol), Co-polímero do ácido sulfônico (Aristoflex), entre outros. Formulações na forma de gel são indicadas para peles oleosas e/ou acneicas, pois são totalmente livres de substâncias oleosas e, por isso, são as chamadas preparações oil free (livre de óleo). Quando aplicados na pele, os géis produzem efeito refrescante e ocorre evaporação da água, deixando uma película fina e pegajosa e são mais utilizados em países de clima quente. SOLUÇÕES AQUOSAS E ALCOÓLICAS São veículos líquidos, também chamados soluções, que se caracterizam pela mistura de um sólido em um líquido e de um líquido em outro líquido, resultando em um produto final homogêneo (com uma única fase). As soluções podem ser aquosas, contendo principalmente água, ou hidroalcoólicas, formadas pela mistura de água e álcool. São utilizadas para preparação de loções tônicas faciais e tônicos capilares. Por serem veículos que contem grande quantidade de água necessitam também da adição de umectantes e um sistema de conservantes microbiológicos. Analise os componentes em INCI da Loção Tônica Adstringente da ADCOS: Aqua, alcohol, boric acid, Hamamelis virginiana extract, salicylic acid, zinc sulfate, camphor, menthol, phenoxyetanol, EDTA, methyldibromoglutaronitrile. Como saber que é uma solução aquosa? Analisando a formulação, verificamos a presença de água e álcool, que é uma característica de uma solução hidroalcoólica. SOLUÇÕES OLEOSAS São preparações que podem conter apenas uma fase, composta basicamente por substâncias emolientes (caráter lipofílico), que podem ser de origem vegetal (como os óleos vegetais) ou mineral (como o óleo mineral ou vaselina líquida). Por serem de caráter oleoso, apresentam o desconforto durante a aplicação, por não serem absorvidos pela pele, ficando a nível epidérmico (camada córnea). Como exemplo de soluções oleosas de uma única fase temos os óleos bronzeadores e óleos pós-banho. Para diminuir a sensação de oleosidade destas formulações, a indústria cosmética desenvolve óleos bifásicos e trifásicos que, após serem agitados, formam uma emulsão instável, que melhora o sensorial pegajoso durante a aplicação, por melhorar a absorção. Outra maneira utilizada para diminuir a carga oleosa é adição de tensoativos em óleos para serem utilizados durante banho, que emulsionam com a presença de água. EMULSÕES As emulsões são formas de aspecto leitoso ou cremoso, resultante da mistura de dois líquidos imiscíveis (água e óleo) onde um deles está disperso no outro, devido à ação de um agente emulsionante ou emulsificante. O agente emulsionante é um agente tensoativo, que é o responsável por fazer a junção da água com o óleo, que são substancias que não se misturam. As emulsões são classificadas de acordo com sua consistência em: • Leites: emulsões sem viscosidade • Loções cremosas: mais fluidas, de média viscosidade • Cremes: alta viscosidade Em uma emulsão, uma fase sempre está dispersa em outra fase. A fase dispersa é conhecida como fase interna e o meio dispersante como fase externa. Sendo assim, as emulsões são classificadas em: • Óleo/Água (O/A): fase interna é o óleo e a externa é a água. Estas emulsões têm sensação menos oleosa, com menor quantidade de óleo, e absorção rápida. A água é a fase externa e está em contato com a pele. São as mais adequadas para uso tópico. A figura abaixo ilustra uma emulsão O/A: Fonte: CONSULFARMA, 2010. • Água/Óleo (A/O): fase interna água e a externa é óleo. Sensação mais oleosa, por possuir maior quantidade de óleo. O óleo é a fase externa e está em contato com pele. Como exemplo, citamos demaquilantes e cremes de massagem. A figura abaixo ilustra esse sistema: Fonte: CONSULFARMA, 2010. XAMPUS E CONDICIONADORES Os xampus são formulações destinadas à limpeza do cabelo e couro cabeludo, caracterizada pela presença de tensoativos, que conferem propriedades de espuma, detergência e estabilizador de espuma. Os xampus são formulações aquosas, cujos componentes principais são os tensoativos. Em geral associam-se os tensoativos aniônicos, não iônicos e anfóteros; e, ainda, água; cloreto de sódio; ácido cítrico e EDTA. Desta maneira, o xampu é um produto com cargas negativas. Já os condicionadores são emulsões catiônicas, que possuem cargas positivas, com a proposta de anular as cargas negativas deixadas pelo xampu e promover maciez ao cabelo. Quem confere a carga positiva para um condicionador é o tensoativo catiônico. Em formulações de condicionadores é comum a incorporação de silicones, aminoácidos, vitaminas, entre outros. PÓS São formulações cosméticas na forma sólida e possuem como característica principal a ausência de água. Desta forma, são pós soltos ou compactos utilizados para maquiagem, máscaras faciais e corporais em pó, talcos, entre outras. SEÇÃO 1 – Componentes básicos de um cosmético Nessa aula estudaremos os componentes fundamentais e principais de formulações cosméticas. São eles: • Tensoativos e agente emulsionantes • Emolientes • Umectantes • Antioxidantes • Quelante ou sequestrante • Conservantes microbianos • Espessantes • Fragrâncias • Corantes e pigmentos • Solventes TENSOATIVOS Os tensoativos são substâncias com propriedades anfifílicas, ou seja, possuem afinidade pela água (hidrofílicos - polar) e por lipídios (lipofílicos - apolar) e têm a capacidade de diminuir a tensão superficial ou interfacial de um sistema (CORRÊA, 2012). São classificados em: • Higienizantes: utilizados no preparo de xampus e sabonetes líquidos. São os tensoativos aniônicos, não iônicos e anfóteros • Emulsificantes: são tensoativos formadores de emulsão, também chamdos de agente emulsionante. Podem ser aniônicos e não iônicos. • Condicionadores: são os tensoativos catiônicos, utilizados em emulsões com função de condicionador capilar. Além dos condicionadores, estão presentes em máscaras capilares, leave in, leave on, entre outros. • Antimicrobianos: são osquaternários de amônio: cloreto de benzalcônio e clorexidine. Propriedades dos tensoativos • Diminuição da tensão superficial: qualquer superfícielíquida aparentemente em repouso está em constante movimento devido às forças de atração existentes entre as moléculas. Estas forças são iguais em todos os lados e se anulam. No entanto, na superfície essas forças são desequilibradas, resultando em uma força que tende a arrastar as moléculas da superfície para o interior do líquido. É a tensão superficial. Os tensoativos possuem a propriedade de diminuir a tensão superficial e, com isso, pode favorecer a junção de água e óleo, por exemplo. • Detergência: está relacionado com a capacidade de limpeza que os tensoativos possuem, ou seja, com a capacidade que o grupo polar possui de arrastar impurezas de uma superfície, que tanto pode ser capilar ou da camada córnea. • Espumógena: é a capacidade de produzir espuma. Pode-se definir espuma como a dispersão de um gás em um líquido. Os tensoativos aniônicos e anfóteros têm poder espumógeno maior que os demais. • Estabilização de espuma: alguns tensoativos têm a propriedade de estabilizar, ou seja, não permitir que a espuma formada logo desapareça. Esta propriedade é importante, principalmente em xampus, para agradar o consumidor. Estrutura dos tensoativos Os tensoativos possuem uma cauda, com propriedades apolares e a cabeça, com propriedades polares, conforme mostra a figura: Fonte: Google imagens. Disponível em: www.midiaslabnews.com.br Lembrando que, seja em um processo de limpeza ou na fabricação de emulsões, a parte apolar liga-se ao óleo e a parte polar liga-se à água. Classificação dos tensoativos quanto à carga elétrica • Tensoativos Aniônicos São tensoativos que, em contato com a água adquirem carga negativa. São utilizados em xampus, sabonetes líquidos e emulsões. Os tensoativos aniônicos são irritantes, possuem pH alcalino, com boa ação espumógena e de detergência e média a alta irritabilidade aos olhos. O sabão é aniônico e é altamente irritante, porém tem baixo custo de produção. É o sabão utilizado na lavagem de roupas e que serve como base para a produção de sabonetes em barra. Já os tensoativos aniônicos sintéticos são utilizados para fabricação de xapus e sabonetes líquidos e permitem ajuste de pH nas formulações. Também são utilizados em soluções, espumas de limpeza e desincruste. Os emulsionantes não iônicos são utilizados na fabricação de emulsões aniônicas, sendo o principal exemplo a cera Lanette®. • Tensoativos Não Iônicos São tensoativos que não adquirem carga em contato com a água, utilizados na fabricação de xampus, sabonetes líquidos e emulsões. Não são irritantes e são amplamente utilizados em cosméticos. Para xampus e sabonetes líquidos funcionam como estabilizantes de espuma e doadores de viscosidade. As emulsões não iônicas são as mais utilizadas na fabricação de produtos cosméticos. Também são utilizados em soluções e espumas de limpeza. • Tensoativos Anfóteros São tensoativos que adquirem a carga do meio aonde estão inseridos, ou seja, em pH alcalino adquirem carga negativa e em pH ácido adquirem carga positiva. Possuem efeito de espessamento quando em pH ácido, são estabilizadores de espuma e utilizados em xampus e sabonetes líquidos. • Tensoativos Catiônicos São tensoativos que adquirem carga positiva em meio aquoso. São mais irritantes que os não iônicos e aniônicos e utilizados em condicionadores e amaciante de roupa. Não produzem espuma e são produzidos sempre na forma de emulsão. Todo condicionador, máscara capilar, leave on possuem tensoativos catiônicos e são emulsões!!! O quadro abaixo resume os tipos de tensoativos e exemplo de substâncias utilizadas em cosméticos: Tensoativo Função Exemplos Tensoativos aniônicos Boa detergência. Bom poder espumógeno. Média a alta irritabilidade aos olhos. Lauril sulfato de sódio (LSS) INCI: Sodium Lauryl Sulfate. Lauril éter sulfato de sódio. INCI: Sodium laureth-2 sulfate. Lauril éter sulfoccinato de sódio. INCI: Disodium Laureth-Sulfosuccinate. Tensoativos Não – Iônicos Não irritantes Estabilizadores de espuma Doador de viscosidade Dietanolamida de ácido graxo de coco. INCI: Cocoamide DEA Tensoativos Anfóteros Mais suave Melhoram a estabilidade de espuma Espessamento em pH ácido Cocoamidopropilbetaína. INCI: Cocamidopropyl betaine. Cococarboxianfoglicinato de sódio. INCI: o mesmo. Coco anfoacetato. INCI: Sodium Cocoamphoacetate. Tensoativos Catiônicos São irritantes. São utilizados na forma de emulsão. Cloreto de cetiltrimetil amônio. INCI: Cetrimonium Chloride. Cloreto de Beheniltrimetiamônio. INCI: Behentrimonium chloride. Fonte: Rebelo, 2005; Consulfarma, 2010 (adaptado). TENSOATIVOS EMULSIFICANTES Os emulsificantes são tensoativos responsáveis pela formação de emulsões, que constitui um sistema bifásico constituído por dois líquidos imiscíveis, a água e o óleo. Possuem propriedade de emulsificação, porém baixo poder de espuma. Todo agente emulsivo possui dupla polaridade: um radical hidrofílico (que tem afinidade pela água e é polar) e um radical lipofílico (que tem afinidade pelo óleo e é apolar). Isto faz com que se liguem a cada fase, quebrando a força de repulsão e caracterizando uma emulsão. Os emulsionantes aniônicos e não iônicos estão listados no quadro abaixo: Fonte: Souza, 2012 Notem que é comum nos emulsionantes, tanto os iônicos como os aniônicos, a presença de álcool cetoestearílico e álcool cetoestearílico 20 OE. O INCI deles é Cetearyl Alcohol e Ceteareth-20, respectivamente. A presença deles na composição de um produto cosmético indica que a fórmula é uma EMULSÃO!! EMOLIENTES O termo emoliente vem do grego emoliens: amolecer. Os emolientes são substâncias lipofílicas e estão presentes em formulações que contenham fase oleosa, como as emulsões, ou soluções oleosas e óleos bi e trifásicos. Os emolientes são substâncias capazes de formar uma película sobre a pele, evitando a evaporação de água da pele, ajudando a manter seu conteúdo hídrico (de água), ou seja, hidratando. Além disso, podem atuar como solubilizantes de antioxidantes, filtros solares, vitaminas, conservantes e ativos lipossolúveis. As principais funções dos emolientes são: • Hidratante • Lubrificante • Modificador de sensorial • Espessantes de emulsões (agentes de consistência) • Melhoram a aparência da formulação As substâncias utilizadas em cosméticos como emolientes pertencem à diversas classes, como os hidrocarbonetes, silicones, espessantes lipofílicos, óleos e gorduras vegetais. As principais substâncias emolientes estão no quadro a seguir: Categoria Exemplos Aplicação Hidrocarbonetos oleosos Óleo mineral, vaselina, parafina, esqualeno Emulsões A/O e O/A Preparações anidras (batom, bastões) Demaquilantes Leites de limpeza Ácidos carboxílicos graxos Acido esteárico Acido Cetílico (ou palmítico) Acido linoleico e linolênico Agentes de consistência em emulsão Álcool graxos Álcool cetílico Álcool cetoestearílico Álcool estearilico Agentes de consistência em emulsão Ésteres de álcoois graxos Miristato de isopropila Palmitato de isopropila Miristato de miristila Palmitato de cetila Lactato de cetila Oleato de isodecila Triglicérides de ácido caprico/caprilico Tem ação emoliente e sua ausência na emulsão dificulta o espalhamento e pode deixar efeito esbranquiçado quando aplicado na pele. Melhoraram o toque e espalhabilidade da emulsão Ésteres de glicerila Monoestearato de glicerila Monoestearato de proprilenoglicol Co-emulsionantes Ceras Cera de abelhas Cera de carnaúba Cera de candelila (vegetal)Batons e outros bastões Silicones Dimeticone Ciclometicone Melhoram a aparência e espalhabilidade de emulsões, óleos bi e trifásicos Condicionadores, reparador de pontas. Manteigas Manteiga de cacau Manteiga de manga Manteiga de karite Protetor labial Condicionadores e máscaras capilares Óleos vegetais Amêndoas, semente de uva, castanha do Pará, girassol, abacate, maracujá, cereja, framboesa, rosa mosqueta, etc. Para identificá-los nas formulações: nome científico da planta + OIL Fonte: Rebelo, 2005 (adaptado). UMECTANTES São matérias-primas com propriedades higroscópicas, ou seja, possuem a capacidade de reter água do ambiente, evitando a perda de água dos produtos cosméticos e promovendo hidratação. Toda formulação que contenha água deve conter agente umectante. Os mais utilizados são: • Propilenoglicol (INCI: Propylene Glycol). • Glicerina (INCI: Glycerin). • Sorbitol (INCI: Sorbitol). • Butilenoglicol (INCI: Butylene Glycol). ESPESSANTES Substâncias responsáveis por aumentar a viscosidade das formulações. Os espessantes podem ser orgânicos e inorgânicos. Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em 2 classes: Agentes orgânicos • De fase oleosa São espessantes de fase oleosa, que são insolúveis em água e solúveis em óleo. São empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos: Álcoois graxos; Monoestearato de gliceríla; Ésteres de álcoois e ácidos graxos; Ceras naturais e minerais, óleos e gorduras. • De fase aquosa Conferem viscosidade à fase aquosa, denominados espessantes hidrofílicos. São normalmente insolúveis na fase oleosa. Exemplos: Carboximetilcelulose (CMC); Hidroxietilcelulose (HEC); Vinílicos: Carbômero (Carbopol®); Gomas e alginatos, entre outros. Agentes Inorgânicos Em geral, são utilizados para espessar xampus e sabonetes líquidos. O mais utilizado e importante é o cloreto de sódio, mas podem ser utilizados o citrato de sódio, o cloreto de potássio, o cloreto de magnésio, o fosfato de sódio, entre outros. FORMADORES DE GÉIS Os espessantes hidrofílicos são os agentes formadores de géis e podem ser de origem natural ou sintética. São classificados em: • Derivados da celulose: Hidroxietilcelulose (HEC ou Natrosol®), Carboximetilcelulose (CMC). • Polímeros sintéticos: Carbômeros (Carbopol®), Co-polímero Aristoflex®). Derivados da celulose Participam deste grupo a Hidroxietilcelulose (INCI: Hydroxyethylcellulose), conhecida comercialmente como Natrosol e a Carboximetilcelulose (CMC), esta última sendo utilizada em formulações odontológicas (gel dental). O gel de Natrosol é um dos géis de grande interesse para veiculação de ativos dermatológicos. Tem caráter não iônico, tolera bem pH ácidos (2 a 12) e substâncias reativas ou facilmente oxidáveis. Forma gel transparente, incolor ou levemente amarelado, porém um pouco pegajoso. Vocês conseguem identificar o agente espessante do produto abaixo? Polímeros sintéticos Pertencem a este grupo os carbômeros (INCI: carbomer), que são polímeros sintéticos conhecidos comercialmente como Carbopol. Quando dispersos em água possuem poder espessante bastante limitado, porém quando neutralizados com base inorgânica, formam um gel viscoso. Os géis de Carbopol são incompatíveis com ácidos e traços de ferro ou outro metal de transição podem degradar as dispersões de Carbopol. O pH de estabilidade é entre 6,0 e 7,0. Os géis de cabelo são produzidos com carbômeros. Veja a composição do gel fixador Bozzano: Fonte: Google. Disponível em: http://www.bozzano.com.br/modeladores.php#Hidratação Outro polímero é o Aristoflex® (INCI: Ammonium Acryloyldimethyl Taurate/VP Copolymer), pré–neutralizado e inovador, que permite a formação de géis cristalinos, altamente transparentes, boa consistência e com sensorial bastante agradável e rápida absorção, sem o toque de pegajoso comum aos géis. Apresenta excelente estabilidade, especialmente com princípios ativos difíceis de incorporar, como os ácidos, filtros físicos, clareadores, entre outros. Água, Trietanolamina, PVP, Carbômero, Propileno Glicol/ Ureia Diazolidinílica/ Butilcarbamato de Iodopropinila, Fragrância, Óleo de Rícino Hidrogenado PEG 40, EDTA Tetrassódico, Benzofenona 4, CI 42090, CI 60730, Butilfenil Metilpropional, Linalol, d-Limoneno. ALCALINIZANTES E ACIDIFICANTES Uma das característica mais importantes de um produto cosmético é o seu pH, que deve ser verificado e ajustado em todas as formulações. Para isso utilizamossubstâncias alcalinas ou ácidos. Os agentes alcalinizantes são utilizados para aumentar (alcalinizar) o pH do meio com o objetivo de fornecer estabilidade ao produto. Exemplo: hidróxidos de sódio, potássio, trietanolamina, Aminometilpropanol (AMP). Os agentes acidificantes, por sua vez, diminuem o pH (acidificam) também para dar estabilidade ao produto. Ex: ácido cítrico, ácido ascórbico e ácido lático. SEQUESTRANTE OU AGENTE QUELANTE Forma complexo (quelato) estável com metais, como, por exemplo o sódio (Na), que podem promover instabilidade em algumas formulações. O agente quelante conhecido é o EDTA (dissódico, tetrassódico), sendo de uso obrigatório em xampus e sabonetes líquidos. Em outras formulações que contenham água, o seu uso está vinculado à presença de íons na água. CONSERVANTES ANTIMICROBIANOS Os conservantes são substâncias químicas também conhecidas como preservantes, cuja função é inibir o crescimento de micro-organismos no produto, conservando-o livre de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras durante o processo de fabricação e estocagem, bem como proteger o consumidor de contaminação durante o uso (PEREIRA, 2013). A contaminação de um produto quase sempre ocorre durante o processo de fabricação, através de equipamentos e o manipulador. A origem das contaminações microbianas são as matérias-primas, manuseio, equipamento, embalagens, processos de fabricação e a higiene pessoal. Uma contaminação microbiana pode acarretar várias mudanças no produto, que podem ser: • Mudança na coloração e odor do produto • Opacificação de líquidos • Fermentação e deformação das embalagens • Floculação, aeração ou separação das fases • Alteração de pH • Mudança na viscosidade do produto. O conservante ideal é aquele que, em pequenas concentrações, consegue maior efeito preservante, não possui cheiro, nem cor, tem boa solubilidade em água e óleo, não é irritante ou sensibilizante e deve possuir amplo espectro de ação. Os conservantes antimicrobianos são utilizados em todas as formulações cosméticas. No quadro abaixo é possível verificar os conservantes mais utilizados, permitidos pela ANVISA: Conservantes INCI Propriedades Parabenos: Metilparabeno Propilparabeno Etilparabeno Butilparabeno Methylparaben Propylparaben Ethylparaben Butylparaben Potente ação antifúngica e fraca ação contra bactérias Gram Negativas. Fenoxietanol Phenoxyetanol Possui boa atividade contra bactérias Gram negativas, média atividade contra bactérias Gram positivas e pouca ação contra leveduras e fungos. DMDM hidantoina DMDM Hydantoin É ativo contra bactérias Formol Formaldehyde Ativo contra bactérias e fungos. É irritante Imidazolidinil urea (Germall 115) Imidazolidinyl Urea Muito ativo contra bactérias, porém não possui atividade contra fungos. Isotiazolinonas Methylcloroisothiazolinone Methylisothiazolinone Possui amplo espectro contra microrganismos Butilcarbamato Iodopropynyl Butylcarbamate Ativo contra fungos e pouca atividade contra bactérias. Metil bromo glutaronitrilo Methyldibromo GlutaronitrilePossui ação contra bactérias, porém não é potente contra fungos. Fonte: próprio autor. Estes conservantes podem ser comercializados em associação, como exemplo, o Phenonip, que é uma mistura de fenoxietanol e parabenos. ANTIOXIDANTES São substâncias que protegem a formulação de qualquer processo oxidativo. São capazes de impedir a deteriorização oxidativa (destruição por ação do oxigênio). A deteriorização ou degradação oxidativa raramente irão provocar irritações à pele, mas alterações de cor e odor nos produtos são frequentes. A oxidação ocorre em produtos contendo óleos e gorduras, chamados de ranço oxidativo. Desta maneira, as formulações contendo emolientes necessitam de adição de antioxidante. Porém, a oxidação não ocorre apenas com substâncias oleosas, alguns ativos cosméticos podem ser propensos à oxidação, como é o caso da hidroquinona. Como antioxidantes de formulações temos: • Antioxidantes lipossolúveis São solúveis em óleos e gorduras, sendo os mais utilizados para cosméticos que contêm substâncias oleosas. Os mais utilizados são o BHT (butil hidroxitolueno) e a Vitamina E (tocoferol), cujo INCI é: Tocopheryl Acetate; Tocopherol Acetate. • Antioxidantes hidrossolúveis São solúveis em sistemas aquosos, utilizados em formulações que contém vitamina C, Hidroquinona, entre outros. Os mais utilizados são o metabissulfito de sódio e o sulfito de sódio. FRAGRÂNCIAS As fragrâncias (ou perfumes ou essências) são substâncias que geram odores agradáveis aos produtos. Exercem um papel atrativo e importante que influenciam na compra de um produto. A constituição de uma fragrância é identificada através das notas (odor): notas de cabeça ou saída, notas de corpo, notas de fundo. A fragrância é uma sucessão de impressões olfativas e não um conjunto homogêneo de todas elas. Cada tipo de fragrância é uma mistura de diferentes funções químicas e estas matérias primas podem ser de origem natural (animal ou vegetal) ou sintética. Na nomenclatura, a fragrância pode estar descrita apenas como “parfum” ou pode ser descrito os óleos essenciais. Veja o exemplo: Fonte: Google imagens. Disponível em: http://www.mypinkbubble.com/2014/09/capricieuse-joe-sorrento- jeanne-arthes.html Na composição em INCI é possível identificar Parfum (fragrance), mas também os nomes dos óleos essenciais, como o citral, citronellol, cumarina (coumarin), geraniol e muitos outros! CORANTES E PIGMENTOS São substâncias responsáveis por conferir cor a um produto. De acordo com sua solubilidade podem ser nomeados de corantes ou pigmentos: • Corantes: substâncias que desenvolvem seu poder de colorir quando são dissolvidas no meio em que são utilizadas. Ou seja, eles são solúveis na formulação e não ficam na pele. • Pigmentos: são substâncias insolúveis que desenvolvem seu poder de colorir quando são dispersas no meio em que são utilizadas. Em geral, são utilizadas em maquiagem. Os sistema de nomenclatura de corantes, adotado pelo Brasil e em todo o Mercosul é o sistema europeu de Color Index, onde a designação do corante é feita com um número de cinco dígitos associado ao nome CI. A ANVISA disponibiliza uma lista de corantes permitidos, classificados através do Colour Index e indica quais são permitidos, em quais situações e suas limitações. A imagem abaixo ilustra a presença de corante na formulação (CI 17200 e D&C RED 33): Fonte: Google imagens. Disponível em: http://www.mypinkbubble.com/2014/09/capricieuse-joe-sorrento- jeanne-arthes.html ÁGUA A água é a substância mais utilizada em produtos cosméticos, utilizada como solventes em diversos produtos, tais como xampu, sabonetes líquidos, condicionadores, tônicos faciais, géis e emulsões. Água em INCI é Aqua. Para a produção de cosméticos, a água deve satisfazer as exigências legais em relação às características físicas, químicas e microbiológicas. A água deve ser “filtrada” e pode ser obstida por destilador (água destilada), por deionizador (água deionizada) ou por osmose reversa (água purificada). A água obtida por osmose reversa é possui alta pureza química e microbiológica. SEÇÃO 3 – Critérios de qualidade de produtos cosméticos Há vários critérios que devem ser considerados durante a produção de cosméticos, entre eles os que envolvem as características físico-químicas são os mais importantes. São avaliados rotineiramente a cor, odor, viscosidade, pH e densidade de um produto cosmético. A cor é importante para adequar o produto dentro das expectativas do consumidor, como por exemplo, espera-se que um xampu de camomila possua coloração amarela. O odor também é importante e fator decisivo para compra do produto; geralmente as fragrâncias também são utilizadas para encobrir odores desagradáveis de certas matérias-primas utilizadas na produção; devem ser utilizados com cautela, pois alguns óleos essências (fragrâncias) estão relacionadas com processos alérgicos. A viscosidade está relacionada com a consistência de um produto e a determinação da viscosidade auxilia na escolha da embalagem e com a maneira que um produto escoa do frasco. Sem sombra de dúvida, o critério mais importante a ser analisado em um formulação cosmético é o seu pH, que, apesar de não ser expresso no rótulo, é fundamental para a ação do produto. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH) O pH cutâneo é aquele encontrado nas diferentes partes do corpo e é regulado pela glândulas sudoríparas e pela produção de ácido lático na pele. Desta maneira, o valor médio fica em torno de 4,6 a 5,8 e consideramos em torno de 5,0 a 5,5. Este pH auxilia na proteção contra invasão de micro-organismos. Os valores de pH de algumas regiões do corpo estão ilustrados no quadro abaixo: Região pH Região pH Axilas 6,5 Rosto 7,0 Vagina 4,5 Intravaginal 6,2 Pernas 4,5 Costas 4,8 Cabelos 4,1 Mãos 4,5 Fonte: Ferreira, 2002. Os produtos cosméticos, em geral, possuem o seu pH ajustado mais próximo ao local de aplicação. Por exemplo, cosméticos destinados à aplicação nos olhos têm seu pH ajustado em torno de 7,0, o mesmo pH encontrado na lágrima. O estudo do pH cutâneo é importante para discutirmos os efeitos provocados por produtos cosméticos quando aplicados à pele e cabelos. Assim, o ajuste de pH nas formulações é obrigatório e pode ser feito levando em conta: • Local de aplicação: o pH do produto é ajustado bem próximo ao pH do local de aplicação. Como exemplo, cita-se o sabonete íntimo, cujo pH é ajustado em torno de 4,5, que é o pH fisiológico da vagina (parte externa). • Função do produto: neste caso o pH do produto é ajustado de acordo com a função que ele irá exercer. Como exemplo, discute-se o uso de desodorantes. As axilas apresentam pH em torno de 6,5, devido à produção do suor, mas, este pH se torna propício para proliferação bacteriana, causadora do mau odor. Os desodorantes e/ou antiperspirantes são geralmente ajustados em torno de 4,5, o que modifica o pH do meio e permite a diminuição da proliferação bacteriana, diminuindo, consequentemente, o mau odor. • Ativos: o pH do produto é ajustado de acordo com o pH de estabilidade dos ativos da formulação. Há alguns ativos que só exercem atividade farmacológica em um determinado pH, por exemplo, a vitamina C tópica VC-PMG® é estável em pH 7,0. Sendo assim, formulações contendo este ativo só pode possuir pH final igual a 7,0. LEITURAS: PEREIRA, Maria de Fatima Lima. Cosmetologia. 1. ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. RIBEIRO, Claudio. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010 Dossiê Conservantes. Disponível em: http://www.revista-fi.com/materias/186.pdf SITES Associação Brasileira de Cosmetologia. Disponível em: http://www.abc- cosmetologia.org.br/ Revista H&C. Disponível em: http://www.freedom.inf.br/artigos_tecnicosFILMES Fábrica de cosméticos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rUEvTDdSw_0 Logística Natura. Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=JSdxG54jkns AULA 03 Higienização Caros (as) alunos (as): Nesta aula aprenderemos os produtos cosméticos utilizados na higienização da pele, um dos passos mais importantes para procedimentos estéticos. Iremos conhecer os tipos de produtos de higienização e relembrar o mecanismo de limpeza com tensoativos e outros tipos de limpeza, como o uso de demaquilantes. Prontos para começar? Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Compreender os mecanismos de limpeza. • Identificar os diferentes produtos cosméticos utilizados em higienização. • Relacionar o uso de tensoativos sintéticos com procedimento de limpeza. Para melhor compreensão, a aula foi dividida em seções de estudo: Seção 1 – Tipos de limpeza Seção 2 – Sabonetes em barra Seção 3 – Xampus e sabonetes líquidos Seção 4 – Outros produtos de limpeza Higienizar ou limpar é um procedimento fundamental na manutenção da saúde e beleza da pele. É o passo fundamental para o sucesso de qualquer tratamento cosmético, pois o acúmulo de sujidades torna a pele áspera e com textura irregular (PEREIRA, 2013). A limpeza retira as sujidades acumuladas na pele, provenientes de poluição, resíduos cosméticos, secreções naturais e células córneas em descamação. Também reduz a carga microbiana e prepara a pele para receber os passos posteriores do tratamento. A limpeza feita só com água é menos eficiente porque na superfície da pele encontram-se as secreções das glândulas sebáceas, resíduos de poeira, entre outras substancias, que por não terem afinidade com a água não saem facilmente. Para facilitar o processo de remoção é necessário o uso de um tensoativo, encontrado nos sabões e sabonetes, tanto os líquidos como os em barra. Além disso, há outros produtos com finalidade de limpeza, como os demaquilantes (bifásicos ou na forma de emulsão), os lenços umedecidos, as espumas, entre outros. Por outro lado, o processo de limpeza pode alterar o pH da pele. Apesar da pele possuir um mecanismo fisiológico de regulação de pH, após a limpeza são utilizados os tônicos faciais. Os tônicos não são considerados produtos de limpeza, porém, complementam o processo e reestabelecem o pH cutâneo. SEÇÃO 1 – Tipos de limpeza A limpeza da pele pode ser feita de três formas básicas: com uso de solventes orgânicos, com uso de substâncias lipofílicas e com uso de tensoativos. USO DE SOLVENTES ORGÂNICOS A limpeza com solventes pode ser feita com álcool ou acetona, por solubilização das sujidades e oleosidade, que são eliminadas por arraste com auxílio de algodão ou tecido. O problema desse tipo de limpeza é a agressividade do solvente, que pode aumentar a perda de água e, como consequência ocorre ressecamento, desidratação, descamação e dermatites (alergias). É comum o uso de acetona em procedimentos estéticos pré-peelings, para remover o excesso de oleosidade e favorecer a penetração do esfoliante químico. USO DE SUBSTÂNCIAS LIPOFÍLICAS A limpeza com substâncias lipofílicas baseia-se no princíoio de “semelhante dissolve semelhante” – a secreção sebácea e a sujeira são solubilizadas por um produto oleoso e removidas com algodão, gaze ou lenço de papel. A desvantagem desse procedimento é a formação de um filme residual oleoso, que se torna incômodo. Como exemplos temos os demaquilantes bifásicos e emulsões de limpeza. USO DE TENSOATIVOS É o tipo de limpeza mais utilizado em todo o mundo e também o mais prático. É realizado com uso de substâncias anfífilicas – os tensoativos – que possuem afinidade com água e óleo. O mecanismo de limpeza já foi bastante discutido e, basicamente, ocorre pela ligação dos grupos polares do tensoativo na água e dos grupos apolares com o óleo/sujeira. Esse complexo formado é eliminado com a água do enxague, promovendo a limpeza. A figura abaixo resume as etapas de limpeza com tensoativos. Na primeira etapa, a superfície encontra-se com oleosidade e sujeira e há a presença dos tensoativos. Os tensoativos provocam a diminuição da tensão superficial, ligando-se na sujeira por seus grupos polares. Fonte: RIBEIRO, 2010. Assim, ocorre a emulsificação (complexo tensoativo-sujeira) e, por fim, a dispersão com a água do enxague. Notar que, após o processo, há “sobra” de tensoativo na superfície. SEÇÃO 2 – Sabonetes em barra ou sabão SABÕES O sabão é o tensoativo de limpeza mais antigo usado ainda nos dias de hoje. É obtido por uma reação química de saponificação de óleos e gorduras por adição de um alcalinizante (hidróxido de sódio, potássio ou trietanolamina). O material graxo utilizado pode ser de origem animal (gordura) ou vegetal (óleo). A gordura animal permite a obtenção dos sabões em barras com alta dureza e menos solúveis que os obtidos com óleos vegetais. Os sabões são matérias-primas para a produção de sabonetes em barra. SABONETES O produto mais conhecido e difundido entre os brasileiros é o sabonete em barra, elaborado, principalmente com sabão. Dependendo do tensoativo ou mistura que compõe a formulação do sabonete, o mesmo pode ser classificado em: • Sabonetes em barra Os sabonetes tradicionais consistem em uma mistura de sabões elaboradas com gordura animal e óleo vegetal. Todavia, como mencionamos, alguns fabricantes preferem formular apenas com óleo vegetal, sendo o mais utilizado o óleo de palma, que fornece sabões mais consistentes. A estes são acrescentados corantes, ligantes, substancias que aumentam a dureza da barra, antioxidantes, quelantes, entre outros. Em geral os sabões alcalinos correspondem a cerca de 80% da formulação. O pH destes sabonetes estão entre 9 e 10 (alcalino) o que não é suficiente para irritar a pele em excesso, mas já tem impacto negativo, já que o pH cutâno é em torno de 5,5. Dessa maneira, são desaconselhados para peles secas e sensíveis. • Sabonetes Glicerinados Os sabonetes glicerinados são exemplos de formulações onde se tem uma diminuição da quantidade de sabão na fórmula. Neste tipo de produto o sabão corresponde por cerca de 30% da fórmula e a composição restante é formada por solubilizantes (glicerina, álcool, propilenoglicol), corante, fragrância e açúcar, para aumentar a transparência. A espuma dos sabonetes glicerinados não é tão abundante quanto à espuma dos sabonetes comuns ou líquidos, mas pode ser melhorada com a adição de detergentes sintéticos. Este tipo de sabonete é mais suave e a glicerina ameniza a aspereza deixada na pele pelos sabões. Apesar disto, o pH destes sabonetes também é bastante alcalino,entre 9 e 10. • Sabonetes Antimicrobianos Os sabonetes antimicrobianos constituem uma subcategoria do mercado de sabões e, nestas barras, são acrescidas substâncias com ação antibacteriana, como o triclosan, um dos mais utilizados. A higienização com qualquer sabão ou sabonete é eficaz para remover ou matar as bactérias, sendo controverso a utilização de sabonetes acrescidos de antibacterianos. Ainda assim, não há dúvidas de que ocorre algum depósito de agentes antibacterianos na pele durante o processo de lavagem e espera-se que seja suficiente para a redução de bactérias. • Sabonetes Syndet As barras syndet existem desde 1957, ficando famoso com a barra Dove, cujo processo de produção baseia-se na patente de acil isetionato, usado como tensoativo que, combinado ao ácido esteárico forma uma barra estável, com poder hidratante significativo e pH mais baixo. O alto teor de ácido esteárico é a base dos 25% ( ¼ ) de creme hidratante no produto. São indicados especialmente para peles com problemas dermatológicoscomo acne, rosácea e dermatite atópica. Os sabonetes em barra, em sua maioria, possuem pH alcalino? Qual a substância responsável por esse pH? O que esse pH causa na pele? SEÇÃO 3 – Xampus e sabonetes líquidos SABONETES LÍQUIDOS Os sabonetes líquidos são elaborados sem sabão e, normalmente sõa elaborados por mistura de tensoativos. A grande vantagem dos sabonetes líquidos são a suavidade e a possibilidade de ajuste de pH para próxima ao fisiológico. Outra vantagem é a possibilidade de incorporação de ativos para tratamentos específicos, inclusive ácidos. XAMPUS Os xampus são formulações de limpeza destinados ao couro cabeludo e cabelo, possuem carga negativa e abrem levemente as cutículas da queratina, para promover a limpeza. A presença de tensoativos e o pH são duas características importantes de um xampu. Para relembrar a ação de xampus e condicionadores no cabelo, leia esse artigo: Como agem os xampus e condicionadores? Ambos possuem, em sua formulação, moléculas de surfactantes. Os xampus e condicionadores diferem, basicamente, na carga do surfactante: os xampus contém surfactantes aniônicos, enquanto que os condicionadores têm surfactantes catiônicos. Quando o cabelo está sujo, ele contém óleo em excesso e uma série de partículas de poeira e outras sujeiras que aderem à superfície do cabelo. Esta mistura é, geralmente, insolúvel em água - daí a necessidade de um xampu para o banho. O surfactante ajuda a solubilizar as sujeiras, e lava o cabelo. Um problema surge do fato de que surfactantes aniônicos formam complexos estáveis com polímeros neutros ou proteínas, como é o caso da queratina. O cabelo, após o uso do xampu, fica carregado eletrostaticamente, devido a repulsão entre as moléculas de surfactantes (negativas) "ligadas" à queratina. É aí que entra o condicionador: os surfactantes catiônicos interagem fracamente com polímeros e proteínas neutras, e são capazes de se agregar e arrastar as moléculas de xampu que ainda estão no cabelo. Nos frascos de condicionadores existem, ainda, alguns produtos oleosos, para repor a oleosidade ao cabelo, que foi extraída com o xampu. O cabelo, após o condicionador, fica menos carregado e, ainda, com mais oleosidade. Segundo este critério, não existe xampu "2 em 1", ou seja, uma formulação capaz de conter tanto um surfactante aniônico como um catiônico. Os produtos encontrados no mercado que se dizem ser "xampu 2 em 1" são, na verdade, xampus com surfactantes neutros ou, ainda, surfactantes aniônicos com compostos oleosos, que minimizam o efeito eletrostático criado pelo xampu normal. Fonte: A química do cabelo. Revista eletrônica de Quimica da UFSC, Ano 4 COMPOSIÇÃO BÁSICA DE XAMPUS E SABONETES LÍQUIDOS A composição básica de xampus e sabonetes é a mesma, demonstrada no quadro abaixo: Composição básica de Xampus e Sabonetes líquidos Componentes Função e exemplo Associação de Tensoativos aniônicos Tensoativos anfóteros Tensoativos aniônicos A associação de tensoativos favorece a detergência, estabilização de espuma e poder espumógeno dos tensoativos, além de diminuir a irritabilidade, ardência aos olhos. Exemplo: Lauril éter sulfato de sódio, dietanolamida de ácidos graxos de coco e cocoamidopropilbetaína. Agente quelante Impede a deteriorização do produto pela ação de íons Na+. Exemplo: EDTA Conservantes antimicrobianos Evita contaminação por fungos e bactérias. Espessantes O mais utilizado é o cloreto de sódio (NaCl). Acidificante Utilização de ácido cítrico para ajuste de pH. Solvente Água. SEÇÃO 4 – Outros produtos de limpeza EMULSÕES DE LIMPEZA As emulsões utilizadas para limpeza da pele são elaboradas como qualquer outra, ou seja, possuem uma fase aquosa, uma oleosa e um ou mais agentes emulsionantes. A limpeza promovida por este tipo de produto pode ser realizada por componentes oleosos ou pode conter detergentes sintéticos suaves. Normalmente são utilizadas para remoção de maquiagem, limpeza diária da face ou em clínicas de estética antes de algum procedimento. São conhecidos como Leites de Limpeza. SOLUÇÕES DE LIMPEZA E ESPUMA As soluções de limpeza são soluções aquosas, com pH fisiológico, contendo tensoativo suave para ajudar na remoção da sujeira. São especialmente indicadas para peles oleosas e/ou acnéicas, para a qual a limpeza com produtos oleosos é incômoda. As espumas são emulsões ou soluções detergentes, acondicionadas em embalagem com válvula espumadora e pressurizada. É uma boa opção para substituir o sabonete comum, pois remove eficientemente as impurezas e não deixa sensação gordurosa. LENÇOS UMEDECIDOS Os lenços umedecidos são elaborados pela associação de material com fibras sintéticas e naturais (algodão, celulose) ou TNT (tecido não tecido) embebidos em solução composta por água, tensoativos, conservantes e fragrância. A conservação é importante para evitar a evaporação do sistema solvente e secagem dos lenços. A vantagem dos lenços está no fato de não necessitarem de enxague e possibilitarem a adição de ativos. Como exemplo, temos lenços de limpeza facial para pele acnéica com ácido salicílico, lenços pós-barba com bisabolol, entre outros. SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES E FILMES LEITURAS: RIBEIRO, Claudio. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010 DRAELOS, Zoe. Dermatologia cosmética. São Paulo: Santos, 2012. FILMES Como se faz: sabonetes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qw0ADjJvn9M AULA 04 Tonificação Olá! Nesta aula estudaremos os tônicos faciais, que são formulações geralmente aquosas, utilizadas após o procedimento de limpeza. Iniciaremos aqui o estudo de ativos utilizados na cosmética, com enfoque naqueles de origem vegetal. Estão prontos (as)? Então vamos... Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Compreender a função de um tônico. • Discutir os diferentes mecanismos de hidratação com uso de cosméticos. • Identificar os ativos cosméticos nas formulações. Para melhor compreensão, a aula foi dividida em seções de estudo: Seção 1 – Composição básica de tônicos. Seção 2 – Tipos de tônicos. Tônicos ou loções faciais são soluções aquosas ou hidroalcoólicas, que tem como finalidade eliminar os resíduos do produto de limpeza e equilibrar o pH, melhorando os sistema de proteção da pele (PEREIRA, 2013). O uso de tônicos faciais é importante como cuidado diário, pois além de normalizar a pele, a prepara para receber outros produtos. SEÇÃO 1 – Composição básica de tônicos O veículo mais utilizado para preparações cosméticas na forma de tônicos são as soluções aquosas, contendo os seguintes componentes: • Água: corresponde à maior parte da formulação, podendo ser substituída por água de rosas, de hamámelis, de lavanda. • Umectantes: glicerina, propilenoglicol, butilenoglicol, sorbitol. • Álcool etílico: no máximo 20%, dando sensação de refrescância e adstringência em peles oleosas. • Corretivo de pH: ácido lático ou cítrico. • Conservantes: com ampla ação, contra fungos e bactérias, por se tratar de uma formulação com muita água. Existem propostas de produtos 3 em 1 na forma de gel, que limpam, tonificam e esfoliam. É possível, pois acrescentam tensoativos sintéticos e ajustam o pH do gel em torno de 5,0, o que não modifica o pH da pele, por isso ele tonifica! As esferas esfoliantes são de baixa abrasão e podem ser utilizadas todos os dias. SEÇÃO 2 – Tipos de tônicos faciais Os tônicos faciais são indicados para diferentes tipos de pele e podem ser: • Hidratantes • Adstringentes • Antissépticos • Calmantes TÔNICOS HIDRATANTES Estes tônicos são formulados sem álcool e os ativos incorporados são hidratantes, indicadospara todos os tipos de peles. Os ativos hidratantes devem ser hidrofílicos, atuando pelo mecanismo de umectação, umectação ativa e aquaporines, que serão estudados na aula 05. Os extratos vegetais com propriedades hidratantes (umectantes) são extratos de morango, kiwi, erva doce, aveia, Aloe vera, abacaxi, acerola, entre outros. Outras substâncias utilizadas como hidratantes são: ureia, colágeno, lipossomas, lactatos, PCA-Na, entre outros. TÔNICOS ADSTRINGENTES Os tônicos adstringentes são indicados para peles oleosas e podem, ou não, conter álcool. Os adstringentes são ativos que atuam no controle de oleosidade, promovendo a constrição dos tecidos, fechando os poros, e com isso diminuindo a oleosidade superficial da pele. Os adstringentes mais utilizados em tônicos faciais são o sulfato de zinco e alúmen de potássio. Entre os extratos glicólicos de origem vegetal, citamos: • Alecrim (Rosmarinus officinalis extract) • Arnica (Arnica montana extract) • Bardana (Arctium lappa Root extract) • Bétula (Betula alba extract) • Cavalinha (Equisetum arvense extract) • Chá verde ou Green tea (Camellia sinensis extract) • Confrey (Symphytum officinalis extract) • Hamamelis (Hamamelis virginiana extract) • Hortelã ou mentha piperita Observe a composição da Loção Adstringente da ADCOS: Composição: aqua, alcohol, boric acid, Hamamelis virginiana extract, salicylic acid, zinc sulfate, camphor, menthol, phenoxyetanol, EDTA, methyldibromoglutaronitrile Quais as substâncias consideradas adstringentes? TÔNICOS ANTISSÉPTICOS Os ativos antissépticos possuem ação contra fungos e bactérias, sendo utilizado em peles acneicas e no pré e pós-procedimentos. Podem ser extratos glicólicos de plantas ou óleos essenciais. Os óleos essenciais possuem propriedades diferentes dos outros óleos (chamados óleos fixos). São miscíveis em água e possuem propriedades antissépticas, já os óleos fixos são insolúveis em água e possuem propriedades oclusivas. Dessa maneira, não é possível incorporar óleos fixos em tônicos, mas os óleos essenciais podem ser incorporados. Os óleos essenciais mais utilizados como antissépticos são os de: • Melaleuca (Melaleuca alternifólia oil) • Cravo (Eugenia caryophyllus oil) • Lavanda (Lavandula angustifolia oil) • Cânfora (Camphor) • Mentol (Menthol) Os extratos glicólicos antissépticos mais utilizados são: • Alecrim (Rosmarinus officinalis extract) • Bardana (Arctium lappa Root extract) • Própolis (Propolis extract) • Sálvia (Salvia officinalis L). • Tomilho (Thymus Vulgaris Flower) TÔNICOS CALMANTES Os produtos com apelo calmante são aqueles que contêm, em sua composição, ativos cicatrizantes e anti-inflamatórios. Como exemplo, temos: • Camomila (Chamomilla officinalis extract) • Azuleno (Azulene) • Alfabisabolol (Bisabolol) • Aloe vera (Aloe vera ou Aloe barbadensis extract) • Calêndula (Calendula officinalis extract) • D-pantenol (Dexa panthenol) • Alantoína (Allantoin) Veja o tônico adstringente Nivea Visage abaixo: Encontrem na composição os ativos discutidos nessa aula, descrevendo sua função. Composição: Água, PEG-8, Glicerina, PEG-40 Óleo de Rícino Hidrogenado, Pantenol (Pró- vitamina B5), Hamamélis Virginiana, Cloridrato de Alumínio, Lactato de Sódio, PCA Sódico, Benzoato de Sódio, Inositol, Niacinamida, Frutose, Ureia, Propilenoglicol, Ácido Lático, Glicina, Álcool Denat., Butilenoglicol, Butilcarbamato de Iodopropinila, Biguanida de Poliaminopropila, Fragrância. LEITURAS: PEREIRA, Maria de Fatima Lima. Cosmetologia. 1. ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. REBELLO, T ereza. Guia de produtos cosméticos. 6. ed. Senac, 2005. SITES Mais que beleza. Cinco razões para você usar tônico. Disponível em: https://www.belezanaweb.com.br/loucas-por-beleza/solucao-de-beleza/5-razoes-por-que- voce-precisa-usar-tonico-facial Estética.pro. Glossário de ativos. Disponível em: http://www.estetica.pro.br/cosmetologia/cosmetologia_principios_ativos.htm FILMES Preparação da pele. Vult Cosmética. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ICHrehXlCyE Universitários mostram como é feita a produção de extratos vegetais. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SjApiDyyBz8 https://www.belezanaweb.com.br/loucas-por-beleza/solucao-de-beleza/5-razoes-por-que-voce-precisa-usar-tonico-facial https://www.belezanaweb.com.br/loucas-por-beleza/solucao-de-beleza/5-razoes-por-que-voce-precisa-usar-tonico-facial http://www.estetica.pro.br/cosmetologia/cosmetologia_principios_ativos.htm https://www.youtube.com/watch?v=ICHrehXlCyE https://www.youtube.com/watch?v=SjApiDyyBz8 AULA 05 Hidratação Olá! Nesta aula estudaremos os ativos hidratantes, especialmente importantes para manter ou aumentar o teor hídrico de água na pele. Faremos uma revisão dos mecanismos fisiológicos responsáveis pela hidratação da pele, importantes para a compreensão da natureza química de cosméticos utilizados na hidratação. Conheceremos os diferentes mecanismos de hidratação, que envolve ativos cosméticos que atuam por oclusão, umectação, umectação ativa e por estímulo às aquaporinas AQP3. Estão prontos (as)? Então vamos lá... Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Compreender os mecanismos de hidratação fisiológica. • Discutir os diferentes mecanismos de hidratação com uso de cosméticos. • Identificar os ativos hidratantes nas formulações cosméticas. Para melhor compreensão, a aula foi dividida em seções de estudo: Seção 1 – Mecanismos fisiológicos de hidratação Seção 2 – Hidratantes por oclusão Seção 3 – Hidratantes por umectação Seção 4 – Hidratantes por umectação ativa Seção 5 – Aquaporines AQP-3 O termo hidratação é utilizado para substâncias capazes de aumentar ou manter a quantidade de água na epiderme. A pele hidratada se apresenta suave ao toque, macia e uniforme. O mesmo não pode ser dito da pele seca, que é áspera, opaca, sem brilho, sem elasticidade e, ás vezes, descamativa. A pele possui mecanismo fisiológicos de hidratação, porém o processo de envelhecimento, doenças, aspectos nutricionais, psicológicos e hormonais podem comprometer a hidratação, sendo necessário o uso de cosméticos com ativos hidratantes. Outros fatores contribuem para o ressecamento da pele, como o inverno (umidade do ar mais baixa), solventes orgânicos e detergentes, que podem diminuir os níveis de lipídeos, alterando a barreira de proteção. SEÇÃO 1 – Mecanismos fisiológicos de hidratação A pele mantém-se hidratada graças à presença de lipídeos secretados pelas glândulas sebáceas, à matriz lipídica intercelular na camada córnea, ao fator natural de hidratação (Natural Moisturizing Factor- NMF), à integridade da coesão de células da camada córnea e às aquaporines. LIPÍDEOS SECRETADOS PELAS GLÂNDULAS SEBÁCEAS O material graxo produzido pelas glândulas sebáceas forma um filme lipofílico sobre a pele, que dificulta a saída de água da superfície da pele. Na camada córnea, os corneócitos secretam uma mistura de lipídeos formada, principalmente, por ceramidas (40%), ácidos graxos (20%), colesterol (25%) e outras substâncias. Estes lipídeos formam uma barreira que impede a perda de água, como se fosse um cimento, que mantém a integridade da coesão entre as células da camada córnea. FATOR DE HIDRATAÇÃO NATURAL (NMF) O Fator de Hidratação Natural (NMF) é composto por lactatos, uréia, lipídeos, sais minerais, aminoácidos livres e acido carboxipirrolidônico. Sem o NMF, a pele perde a capacidade de reter água. A imagem abaixo ilustra o NMF, que corresponde a 30% da camada córnea: Fonte: Google imagens. Disponível em: http://blog.cosmaqua.gr/ SEÇÃO 2 – Hidrataçãopor oclusão Os hidratantes por oclusão formam uma barreira que evita a evaporação superficial da água, evitando a perda de água, conforme ilustra a figura abaixo: Fonte: http://folyic.com.br/blog/2015/11/02/hidratacao-do-couro-cabeludo/ O filme lipofílico formado sobre a pele impede a perda de água da mesma para o meio externo. Este tipo de hidratação é feita por substâncias emolientes, como os óleos, manteigas e silicones. OCLUSÃO COM DERIVADOS MINERAIS O hidratantes oclusivos de origem mineral mais utilizados são a vaselina sólida, óleo mineral e parafina. São encontrados nas fases oleosas de diversas emulsões, assim como em óleos corporais e bronzeadores. OCLUSÃO COM MANTEIGAS As manteigas mais utilizadas são de origem vegetal e são: • Manteiga de Karité: emoliente com propriedades antiirritantes, confere consistência à emulsões e hidratação da pele. • Manteiga de Manga: confere toque seco e agradável, propriedades cicatrizantes, emoliente e hidratante. Utilizada em cremes para mãos e pés, cremes hidratantes faciais e corporais, cremes nutritivos, protetores labiais. • Manteiga de Cupuaçu: repõe a camada lipídica da pele, minimiza o ressecamento e desidratação, proporciona toque seco e não oleoso, utilizada em cremes, loções, sabonetes, batons, desodorantes e xampus. OCLUSÃO COM SILICONES Os silicones mais utilizados são: • Dimeticone: apesar da ação oclusiva, possui baixa sensação de oleosidade e pegajosidade e não apresenta poder irritante. São utilizados em creme para mãos, emulsões em geral, óleos, sprays, reparadores de pontas, condicionadores, pós- barba, entre outros. • Ciclometicone volátil: é um fluido volátil, incolor e inodor, com bom efeito condicionador para os cabelos, emoliente para a pele, toque seco e aveludado. Usado em emulsões, condicionadores e maquiagem. OCLUSÃO COM ÓLEOS VEGETAIS Os óleos vegetais são amplamente utilizados em cosméticos e suas propriedades emolientes auxiliam na hidratação e proteção da pele. Além disso, alguns óleos, como o de rosa mosqueta apresentam propriedades regeradoras. Em geral, os óleos são extraídos de sementes e seu INCI indica nome científico + seed (sementes) + oil (óleo): • Óleo de abacate. INCI: Helianthus annuus oil. • Óleo de macadâmia. INCI: Macadamia ternifolia Oil. • Óleo de gérmen de trigo. INCI: Triticum vulgare oil • Óleo de maracujá. INCI: Passiflora edulis seed oil • Óleo de semente de uva. INCI: Vitis vinifera seed oil ou Grape seed oil. • Óleo de rosa mosqueta. INCI: Rosa Aff Rubiginosa (Rose Hips) Oil. • Óleo de amêndoas. INCI: Prunus Amygdalus Dulcis (Sweet Almond) Oil. • Óleo de oliva. INCI: Olea Europaea (Olive) Fruit Oil. • Óleo de buriti. INCI: Mauritia Flexuosa Fruit Oil. • Óleo de castanha do pará. INCI: Bertholletia excelsa seed oil. • Óleo de argan. INCI: Argania spinosa seed oil. SEÇÃO 2 – Hidratação por umectação Os ativos umectantes retêm água da formulação, da atmosfera e a água perdida pela camada córnea. Normalmente são moléculas grandes que não permeiam a pele e ficam na superfície retendo água. O mecanismo de hidratação por umectação está ilustrado na figura abaixo: Os ativos cosméticos que atuam como hidratantes por umectação serão estudados a seguir: PROTEÍNA HIDROLISADAS Os aminoácidos e as proteínas hidrolisadas são moléculas grandes, que não permeiam a camada córnea e permanecem retendo água, com uso na hidratação da pele e muito utilizado em produtos capilares. Os mais importantes são: • Colágeno. INCI: Hydrolyzed collagen. • Elastina. INCI: Hydrolyzed Elastin. • Queratina. INCI: Hydrolyzed Keratin. • Proteínas do trigo. INCI: Hydrolyzed wheat gluten. • Proteínas do arroz. INCI: Hydrolyzed Rice Protein. • Aminoácidos da seda. INCI: Silk Amino Acid. • Aminoácidos: serina, leucina, arginina, prolina, glicina, glutamina, entre outros. EXTRATOS GLICÓLICOS Os extratos glicólicos é a forma na qual são utilizados os extratos de plantas. Possuem propriedades hidrofílicas e são produzidos colocando a parte da planta que se deseja extrair os ativos com uma mistura de água, glicerina ou propilenoglicol. Em geral, extratos de frutos possuem ação de umectação, porém há outras plantas com ação hidratante, entre elas: • Babosa. INCI: Aloe vera extract. • Aveia. INCI: Avena sativa extract. • Abacaxi. INCI: Ananas Sativus Fruit Extract. • Erva doce. INCI: Pimpenella anisum extract. ÁCIDO HIALURÔNICO O ácido hialurônico faz parte da matriz extracelular, cuja função é formar uma matriz fluida, elática e viscosa e estabilizar as fibras de colágeno e elastina. O ácido hialurônico é muito utilizado em produtos antienvelhecimento. Por ser uma molécula grande, não permeia a camada córnea, mas possui grande capacidade de retenção de água e são utilizados em cosméticos com efeito de preenchimento, pois conseguem melhorar muito a textura da pele. O INCI do ácido hialurônico é Sodium Hyaluronate. SEÇÃO 3 – Hidratação por umectação ativa Os hidratantes ativos ou por umectação ativa conseguem permear a camada córnea e reter água em toda sua extensão. Desta maneira, os hidratantes ativos possuem resultados superiores aos demais. A figura abaixo ilustra o mecanismo de hidratação por umectação ativa: Fonte: http://folyic.com.br/blog/2015/11/02/hidratacao-do-couro-cabeludo/ Os umectantes ativos mais importantes são a ureia, PCA-Na, Lactato de sódio e amônio e hidroviton, estudados a seguir. UREIA O uso de ureia em cosméticos é regulado por um Parecer Técnico da CATEC, que determina a concentração de uso de ureia em cosméticos. Esse parecer determina que produtos com ureia a 3% são considerados Grau I e o limite máximo é de 10% de ureia em cosméticos, sendo acima de 3% registrados como Grau II. Concentrações maiores que 10% não são permitidas em cosméticos, porém podem ser manipuladas através de prescrição médica. Essa restrição de uso está no fato de que a ureia pode atravessar facilmente a barreira placentária, de que ela pode ser absorvida quando aplicada em lesões e de que pode causar irritação aos olhos e pele. O problema está que, em pH maior de 7,0 a ureia se degrada em amônia. Desta maneira, é proibida a utilização de ureia por gestantes. Além de umectante ativo, a ureia é utilizada como queratolítico em concentrações acima de 20%, sendo comum em prescrições para rachadura dos pés. Também é utilizada por dermatologistas em concentração de 40% na forma de curativo oclusivo, para diminuir a hiperqueratose de unhas. Quando usada até 10% e pH controlado abaixo de 6,5 é um excelente hidratante, capaz de recuperar rapidamente peles secas e descamativas. O INCI da ureia é urea. PCA-Na O PCA-Na (INCI: Sodium PCA) é umectante ativo, pois imita a ação do Fator de Hidratação Natural na pele, retendo água. LACTATOS Como lactatos são utilizados lactato de sódio e lactato de amônio, sendo este último o mais utilizado. Atua como hidratante ativo e é capaz de atenuar o ressecamento da pele, sendo especialmente indicado para peles extremamente ressecadas e plantas dos pés. O INCI dos lactatos é: Ammonium Lactate e Sodium Lactate. HIDROVITON O Hidroviton é composto por uma mistura de substâncias que imitam a ação do NMF na pele. Pode ser utilizado em sabonetes, emulsões, condicionadores, géis, entre outros. O INCI do Hidroviton é Water (and) Glycerin (and) Sodium Lactate (and) TEA- Lactate (and) Serine (and) Lactic Acid (and) Urea (and) Sorbitol (and) Sodium Chloride (and) Allantoin. SEÇÃO 2 – Aquaporinas AQP-3 As aquaporinas são uma família de 12 proteínas, que formam canais de água responsáveis pelo transporte de água e outras pequenas moléculas. A aquaporina 3 (AQP-3) é a encontrada na epiderme, sendo permeável à água e glicerina e exercendo papel
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