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AV3 DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM

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SESSÃO DE MEDIAÇÃO E SEUS COMANDOS LEGAIS 
Fernanda de Oliveira Brito* 
 
 
 
 
 
Graduanda em Segurança Pública na Universidade Salvador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador, 23 de Março de 2021 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente texto abordará as etapas da sessão da mediação, desde o 
momento em que o mediador toma conhecimento do caso, organiza a sala 
em que a sessão ocorrerá e recebe os mediandos. 
2 SESSÃO DE MEDIAÇÃO 
A sessão de mediação deve ter no máximo 2 horas de duração, pois se não 
ocorrerem progressos até este momento, será difícil a continuidade, devendo ser 
agendada uma nova sessão. A sessão de mediação é dividida em várias fases, 
sendo elas: a) abertura; b) início dos trabalhos; c) narrativas; d) convocação de 
perito; e) levantamento de dados e informações; f) identificação de opções; g) 
negociação/conciliação; h) celebração do acordo; i) encerramento. 
O objetivo do grupo é desenvolver, ao longo desse estudo, todas as etapas da 
mediação, a fim de exemplificar os modos de realizar uma sessão. 
2.1 ABERTURA 
A abertura da sessão possui dois momentos: as atividades preliminares 
e o acolhimento dos mediandos. As atividades preliminares são realizadas sem 
a presença dos mediandos, tratando-se da fase de obtenção de conhecimentos 
relacionados com o caso por parte do mediador. É nesse momento que o 
mediador terá contato com os registros da pré-mediação, quando não foi ele 
quem a conduziu, preparando-se tática e emocionalmente para lidar com o 
conflito das partes. 
Nessa oportunidade, o mediador deve inteirar-se dos aspectos-chave, 
se preparar para entender a linguagem dos mediandos, identificar a natureza 
das reclamações, identificar os aspectos legais pertinentes e avaliar a 
necessidade de especialistas como co-mediador ou perito, por exemplo. Além 
disso, nessas atividades preliminares, deve o mediador organizar o ambiente, 
preparando o local da sessão com materiais de apoio, que podem ser fornecidos 
pelo apoio administrativo. Isso porque a organização possui efeito psicológico 
sobre as partes, influenciando na confiança e na imagem institucional. 
Quanto ao acolhimento dos mediandos, esse se dá após os 
cumprimentos, quando então o mediador conduz os participantes à sala, onde 
deve ser o primeiro a entrar. Após, o mediador deve distribuir os presentes nos 
lugares reservados, de modo que os mediandos fiquem frente a frente ou lado a 
lado, posicionando os acompanhantes em posições de coadjuvantes. 
Então, o mediador se certifica de que todos se conhecem, fazendo as 
apresentações caso necessário, e avalia se convém relatar o minicurrículo seu 
e do co-mediador. Ainda, estabelece o contrato psicológico com os presentes, 
por meio do qual se comprometem a contribuir com seu comportamento para o 
bom andamento dos trabalhos, assumindo o compromisso de acatar as 
orientações do mediador. Além disso, este esclarece novamente os objetivos da 
mediação, os procedimentos e responde eventuais dúvidas, pois alguém 
presente pode não ter participado da pré-mediação, ou não ter prestado 
suficiente atenção. 
Ao final da abertura, o mediador precisa sentir-se seguro de que os 
mediandos sabem por que estão ali, se possuem a ideia correta sobre a 
mediação, se compreendem os objetivos do processo, se estão de acordo com 
o que se espera deles e o modo de se comportar, se comprometem-se com os 
preceitos norteadores. 
Desse modo, o mediador evidencia a dinâmica da sessão, esclarecendo 
que a condução dos trabalhos se dará apenas por ele, que cada um terá a 
mesma oportunidade de falar, que é possível conversar separada e 
reservadamente com cada um, se necessário, que trata-se de processo com 
sigilo absoluto, que o mediador fica impedido de testemunhar em qualquer 
julgamento envolvendo os mediandos (desde que relacionados à mediação), que 
está impedido de ser contratado por qualquer das partes que tenham a ver com 
a mediação, que a responsabilidade de tomar suas próprias decisões é de cada 
participante. Também deve o mediador explicar a forma das partes consultarem 
seu advogado quando estiverem presentes, a possibilidade de intervenção de 
terceiros – inclusive o advogado – como uma concessão do mediador e nunca 
como direito do requerente, e a ausência de representação no caso de pessoa 
física, com exceção das pessoas jurídicas pois inevitável a representatividade. 
Assim, o mediador conduzirá o processo, devendo zelar pela filosofia, 
respeitar a ética e estabelecer o clima da sessão. O mediador deve ajustar sua 
linguagem à dos mediandos, a fim de conseguir se comunicar com todos os 
presentes, utilizando linguagem simples e clara para que independente de sua 
origem, escolaridade ou profissão, todos possam dialogar. 
Quanto ao método de condução da sessão, não existe, tratando-se 
apenas de um percurso teórico que o mediador ajusta ao caso concreto, 
considerando: a) a natureza da demanda; b) a característica dos mediandos; c) 
a quantidade de pessoas envolvidas de cada lado; d) a complexidade dos temas; 
e) a duração do conflito; f) as consequências possíveis das decisões sobre a 
vida dos participantes e sobre as pessoas com eles relacionadas; g) valores 
envolvidos. 
O mediador deve manter a escuta ativa sempre presente, retirando o 
foco das posições e buscando identificar os interesses, conduzindo à construção 
de novas perspectivas para o futuro e à reformulação dos papéis dos 
participantes. Vale ressaltar que o primeiro a falar deve ser o solicitante. 
 
 
 
2.2 INÍCIO DOS TRABALHOS: A CATARSE 
Quando os mediandos relatam seu entendimento a respeito da 
reclamação, falando do que os atormenta, se acalmam, realizando a chamada 
catarse. 
Dessa forma, no momento em que são expostos os sentimentos, seja de 
mágoa, seja de raiva, desprezo ou humilhação, deixam de ser um peso para o 
psiquismo, libertando a pessoa para os primeiros passos em busca da paz. Sem 
a catarse é muito difícil compreender a diferença entre as posições e a essência 
do conflito, pois muitas vezes a pessoa não sabe o que a move. 
2.3 NARRATIVAS 
Para se chegar à mediação existem conflitos envolvidos, estes que 
decorrem de todo um contexto de evolução, ou seja, decorre de um passado até 
o dia em que se consegue o contato com a mediação, de modo que, para muitas 
pessoas, o passado que gira em torno desses conflitos é algo que envolve 
emocionalmente às partes tanto por sentimentos de tristeza, angústias e 
lembranças boas que hoje estão escondidas atrás de um conflito. 
Portanto, quando falamos em narrativas que envolvem a medição, o que 
queremos dizer é que, como o conflito decorre de um contexto, os mediandos 
devem narrar a história ensejadora do conflito para que todos compreendam as 
diferentes percepções a respeito do mesmo acontecimento. 
Existem vantagens em relatar os acontecimentos para um terceiro, 
sendo elas: oportunidade de organizar o seu próprio pensamento; externar a 
emoção; oportunidade de manifestar coisas que não diria se estivesse a sós com 
a outra parte; não ser interrompido e não se sujeitar à agressão física ou verbal; 
oportunidade de compreender aquilo que incomoda no outro; ter a certeza de 
que pela primeira vez será ouvido. 
2.3.1 Objetivos específicos das narrativas 
A escuta das narrativas possibilita ao mediador: alinhar as percepções 
(conseguir que todos vejam os fatos da mesma maneira); treinar os mediandos 
para ouvir o outro, algo que deixa de acontecer após o conflito; conhecer 
detalhes da história do conflito, úteis para identificar os interesses e construir 
opções para o acordo. 
Dessa maneira as narrativas despertam emoções, indicando os pontos 
daquela história que estão mais afetados, pois nesse momento as partes 
lembram muitas vezes apenas dos momentos ruins que viveram, esquecendo 
todos os bons momentos que compartilharam. As narrativas contribuem para a 
liberação e controle das emoções e a identificação, pelo mediador, daquilo que 
mais afeta os mediandos. 
 
2.3.2 Narrativasdos mediandos 
As narrativas se iniciam com o solicitante. O mediador a administra para 
identificar os componentes essenciais que giram em torno daquela relação. O 
mediador conduz perguntas no sentido de saber o que aconteceu; como 
aconteceu; quem fez para quem; quando ocorreu; porquê; em qual ambiente 
ocorreu o conflito; os valores envolvidos e se já tentaram de outras formas 
resolver o conflito. 
A narrativa demonstra a história dos fatos, mesmo com incoerências. A 
partir da narrativa dos fatos que ensejaram o conflito, a outra parte ouvinte pode 
estar ansiosa, porém deverá ser contida, aguardando sua vez de narrar os 
acontecimentos. Nesse momento, surgirão esquemas rígidos de pensamentos, 
preconceitos, e reflexos inevitáveis de características de personalidade do 
mediando. 
Desse modo, as narrativas se repetem, ou seja, seguem uma 
circularidade em que os mesmos temas voltam, os acontecimentos ressurgem 
estimulando a memória. Aos poucos cada mediando aprende a ouvir o outro, 
conter a impaciência e perceber que existem divergências acerca do mesmo 
fato. 
Na sessão de mediação o objetivo do mediador é alcançar o diálogo, 
assim cabe ao mediador provocá-lo, formulando questões ou solicitando ouvir a 
visão dos acontecimentos por este ou aquele mediando, para melhor 
compreender os acontecimentos. Um mediando repetirá suas afirmações feitas 
desde o início o que permitirá deslocar a fala ao outro mediando, que será 
questionado pelo mediador acerca de sua percepção sobre os fatos. O mediador 
chegará à conclusão de que ambos não dialogaram nesses termos. 
Posteriormente, o mediador usa a técnica do deslocamento, ou seja, 
muda o foco da relação entre as partes, para observar questões que ainda não 
haviam conversado. Dessa maneira a provocação do mediador desloca o 
diálogo para os sentimentos, buscando indagar e pesquisar o que está oculto 
nas narrativas, às vezes desconhecido pelos envolvidos. Assim, quando as 
causas 
Durante as narrativas o mediador intervém transformando afirmações 
em suposições, como elementos apaziguadores. Como exemplo de afirmações 
que surgem nas sessões podemos citar as frases, “ ele sempre me persegue”, “ 
nunca chega no horário” e “só pagou parte do que devia”. 
Assim, conflitos de longa duração se transformam em torno de alguns 
pontos enquanto outros são esquecidos, ou seja, ao longo da sessão de 
mediação, os conflitos vão buscando um caminho ao acordo. As pessoas 
envolvidas, ao se depararem com as acepções do outro, vão incorporando e se 
colocando em sua posição, esquecendo pontos que desencadearam a avença. 
 
2.3.3 Redesenho das narrativas 
Ao término das narrativas o mediador realiza uma análise dos 
acontecimentos que presenciou, acerca das narrativas na sessão de mediação. 
Nesse momento, o mediador separa as posições encontradas ao longo das 
narrativas dos mediandos acerca do mesmo conflito, clarificando os fatos, 
detalhando as suas percepções e a dos mediandos, explicitando os conteúdos 
essenciais. Sendo nesta etapa que os efeitos da mudança, os esquemas rígidos 
de pensamento, os pensamentos automáticos e os mecanismos de defesa 
inconsciente, por exemplo, podem ser trabalhados. 
Dessa maneira na etapa de redesenho das narrativas o mediador deve 
estar ciente dos reais interesses e as posições de cada mediando, bem como a 
necessidade, se houver, de convocação de perito e se novos dados precisam 
ser apresentados. 
Nessa etapa, ocorre um resumo do que foi dito de acordo com a 
realidade dos fatos em si, mostrados através da percepção dos mediandos. A 
partir desse resumo, o mediador assegura a ocorrência de divergências de 
entendimento. Dessa forma, a síntese construída de acordo com as percepções 
dos mediandos possui um valor emocional, fazendo com encarem a vida futura 
sem os impedimentos emocionais do passado. 
2.4 IDENTIFICANDO AS OPÇÕES 
Este é o momento em que o mediador passa a procurar os interesses de 
cada indivíduo. Isto faz com que as partes busquem entender e expressar suas 
vontades, para então, de maneira conjunta, encontrar algumas opções a fim de 
chegar a uma solução. Nas palavras de Fiorelli (2011, p. 256), é o momento de 
deixar de lado o passado e colocar a ênfase em como proceder no presente para 
que o futuro se torne melhor. 
Ainda assim, encontrando-se o mediador em situação de incompreensão 
dos interesses das partes, deve optar pela conversa em separado com cada 
mediando – encaixa-se aqui o dever de gerar oportunidades iguais para ambas 
as partes, garantindo a paridade de tratamento. 
Há diversas técnicas estudadas para melhorar a comunicação do 
mediador com os mediandos. No momento da construção de opções, o mediador 
pode optar por utilizar as técnicas, conforme a necessidade do caso em 
particular, entre as quais estão: 
Dessa maneira, o ideal de uma sessão de mediação, principalmente no 
momento da construção de opções, é que o mediador foque no processo criativo, 
enquanto as partes, na criatividade. Isso faz com que mediador e mediandos 
trabalhem, de maneira prática intensiva, na busca pela solução do conflito, ou 
melhor dizendo, na construção da harmonia. 
Quando as partes dificultam a atuação do mediador, se mostrando 
irredutíveis na questão abordada, o mediador pode recorrer a uma estratégia 
que consiste em estimular o diálogo por meio de perguntas. Contudo, nesta 
hipótese, o condutor da sessão deve possuir certa experiência, para 
rapidamente enxergar a situação e pensar na melhor opção. Concluindo qual é 
melhor opção, o mediador deve fazer com que as partes a encontrem, sem 
fornecê-la de pronto aos mediandos. Essas perguntas ocorrem a todo momento: 
no acolhimento, durante as narrativas, na geração de opções, na tomada de 
decisão e na celebração do acordo. 
2.5.2 Avaliação e escolha da(s) melhor(es) opção(ões) 
Em sequência, os mediandos devem realizar uma análise criteriosa das 
opções apresentadas, considerando os efeitos e o grau de satisfação de cada. 
A moeda ruim, que compõe o campo de sentimentos negativos em relação à 
opção, compreende em: gerais (inveja, ciúme, raiva etc.) e específicos 
(ganância, imoralidade etc.). 
Em contrapartida, há a moeda boa, o que faz com que essa moeda ruim 
deva ser alterada, com a ajuda do mediador, para um sentimento positivo, como: 
gerais (amor, ética, honestidade, cidadania etc.) e específicos (reconhecimento, 
prestígio etc.). 
2.6 NEGOCIAÇÃO 
É o início do fim. Quando se atinge a fase de negociação, significa que 
as partes já discutiram os conflitos e deixaram para trás as intrigas, restando 
agora a negociação, o acordo a ser feito. Igualmente, esta fase é realizada pelas 
partes e pelo mediador, em conjunto 
2.6.1 Cuidados essenciais do mediador 
Neste instante, o maior cuidado que o mediador deve tomar é de não 
interferir na esfera das partes, não retirando sua autonomia. 
2.6.2 Equilibrando a negociação 
No momento em que houver um desequilíbrio entre as partes, capaz de 
gerar desigualdades, o mediador tem o dever de intervir para alcançar 
estabilidade e equidade. 
2.6.3 Negociação com a presença de advogados das partes 
Via de regra, a figura do advogado é requisitada quando pelo menos uma 
das partes é pessoa jurídica, a qual será representada por profissional 
qualificado. Por outro lado, na mediação entre pessoas físicas, não faz o menor 
sentido pedir para que um representante atue pela parte, externando situações 
subjetivas da parte e seus interesses. 
Ainda assim, frequentemente, as pessoas buscam um advogado para 
resolver a questão, o qual indica a mediação para solucionar o conflito. 
Consequentemente, a presença deles é aceita na audiência e podem até 
aconselhar seu cliente em conversa particular; todavia, não podem, os 
advogados, negociar entre si, pois esta é uma prerrogativa apenas das partes. 
2.7 ELABORAÇÃO DO ACORDO 
O acordo é o ponto culminante do processo mediativo. Ele será o 
resultado de todo o trabalho previamente realizado, com as narrativas dos 
envolvidos, a manifestaçãodos sentimentos reprimidos por cada um, o 
estabelecimento de um grau de comunicação e compreensão que, por vezes, 
antes parecia ocultar-se atrás de uma barreira intransponível e o levantamento 
das possíveis soluções para o impasse existente entre os mediandos. O acordo 
somente poderá ocorrer quando o mediador “alcançar o esclarecimento dos 
pontos obscuros e identificar os interesses que se escondiam atrás dos discursos 
posicionais”. Se, ao final da sessão, o mediador perceber a remanescência de 
animosidade entre os envolvidos, deverá evitar o fechamento de acordo, e 
consultar as partes sobre o agendamento de uma nova sessão; ou, também 
mediante a percepção do caso, continuar a sessão na tentativa de resolução do 
conflito. 
2.8 ENCERRAMENTO 
O processo mediativo tem fim com os procedimentos de encerramento, 
como a redação do acordo e a previsão de revisão futura, se considerada 
necessária. De acordo com o desejo das partes, o acordo poderá ter caráter 
informal ou constituir título executivo extrajudicial. Ademais, poderá o acordo ser 
total ou parcial, ou seja, abranger a totalidade ou apenas um ou alguns dos 
pontos de controvérsia existentes. Na hipótese de restarem questões não 
solucionadas, o mediador poderá auxiliar as partes a encontrar outros meios de 
resolução. 
2.8.1 Redação do acordo 
Em relação aos aspectos procedimentais da redação do acordo, 
acrescenta-se que este deverá ser redigido imediatamente após os mediandos 
fixarem suas “cláusulas”, ou seja, as condições a que voluntariamente se 
submetem para pôr fim ao conflito. Nessa etapa, a atuação dos advogados das 
partes, do assessor jurídico da Câmara de Mediação ou do próprio mediador é 
indispensável. 
A redação deve observar os parâmetros expostos supra, como a clareza, 
a objetividade ou concisão, a simplicidade, a positividade e a precisão. 
Pode ocorrer que os envolvidos condicionem a realização de 
determinada atividade a uma prévia atitude da parte contrária. Nesse caso, é 
admissível e, em verdade, salutar que o termo contenha essa ressalva. Por 
exemplo, “Fulano fará … se Ciclano fizer ... até o dia X”. 
O mediador redigirá o acordo e o lerá em voz alta para os mediandos, 
que anuirão com os termos ajustados e reconhecerão as responsabilidades 
assumidas. Nessa fase redacional, os advogados dos participantes costumam 
dar sugestões acerca da melhor forma de redigir as cláusulas. Cabe ao mediador 
zelar pela completude do termo, pela identidade entre o que dele consta e o que 
foi convencionado pelos envolvidos, assim como pela ausência de frases dúbias 
ou expressões vagas e genéricas. 
Concordando os mediandos quanto aos termos do acordo, o documento 
é redigido e impresso, colhendo-se, ato contínuo, as respectivas assinaturas. Do 
documento deverão constar: a identificação dos envolvidos; o nome do 
mediador; os termos do acordo celebrado; local e data. “Cada mediando recebe 
uma via do acordo e o original permanece arquivado na Câmara de Mediação”. 
2.8.2 Encerramento da mediação por iniciativa do mediador 
Existem situações que impossibilitam a realização de acordo e 
recomendam o encerramento da mediação, entre as quais: 
a) produção forçada de acordo: o mediador deve abster-se de sugerir 
soluções, e, com maior razão, de impô-las aos mediandos. Se o mediador se 
encontra preso a um esquema rígido de pensamento, sendo incapaz de 
visualizar solução outra que não a idealizada por si, deve encerrar a mediação; 
b) mediador “convidado” a decidir pelas partes: os envolvidos assumem 
posição central no processo mediativo, principalmente no que toca ao acordo 
que farão ou deixarão de fazer, de modo que o mediador não pode permitir que 
os mediandos estabeleçam com ele uma relação de dependência, esperando 
que ele apresente uma solução para o caso. Tal cenário ensejaria a isenção de 
responsabilidade das partes pelo acordo e transformaria a mediação numa 
indesejada heterocomposição; 
c) má-fé de uma ou ambas as partes: a detecção pelo mediador da má-
fé de uma ou ambas as partes, revelada por comportamentos inadequados, 
também ocasionará o encerramento da mediação; 
d) inexistência de ligação afetiva que viabilize algum tipo de concessão 
ou revisão de posição assumida: quando inexiste capital emocional positivo na 
sessão de mediação, impossível a obtenção de acordo; 
e) perceptível uso do processo de mediação com dolo, para protelar o 
trânsito em julgado, obter informações de maneira indevida e impedir que a 
verdade venha a público; 
f) incapacitação de uma ou ambas as partes para decidir: a existência de 
psicopatologia grave ou o uso de medicamento psiquiátrico por uma das partes, 
por exemplo, pode ser fator impeditivo do exercício da autonomia da vontade de 
forma livre e consciente, no processo mediativo. Se uma ou ambas as partes 
não encontram-se equilibradas, tanto psíquico como emocionalmente, e esse 
desequilíbrio afetar seu discernimento, a mediação deve ser encerrada; 
 
2.8.3 Encerramento administrativo da mediação 
Com o encerramento da mediação, havendo ou não a celebração de 
acordo, o mediador deve elaborar o Relatório da Mediação, anexando o Termo 
de Acordo, quando esse tiver ocorrido. 
O relatório deve conter: motivo do encerramento da mediação (acordo, 
desistência ou encerramento administrativo e suas causas); nomes dos 
mediandos; quantidade e duração das sessões; dificuldades encontradas 
(relativas aos mediandos, aos acompanhantes ou ao apoio administrativo); 
experiências relevantes no relacionamento com os mediandos ou 
acompanhantes; avaliação pessoal das sessões. 
2.9 CUIDADOS ESPECIAIS 
Apesar de almejarem uma solução para o conflito, muitas vezes as 
causas são desconhecidas, inclusive para as partes (os protagonistas). O 
mediador pode ser levado a acreditar em uma versão que não condiz com a 
realidade dos fatos. Logo, há de se ter certa cautela, tais como: 
Estar atento às questões de foto íntimo: um mediador precisa ter cuidado 
para que seus problemas particulares ou limitações não sejam projetados 
(inconscientemente) nos mediandos: Evitar julgamentos e/ou preconceitos: 
colocando em risco a equidade e confiança a ele depositado. Soluções únicas 
ou excessivamente práticas: deve-se ter cautela, devendo ser aplicada as 
técnicas mediativas já comentadas, para estabelecer discussão mais global e 
depois especificar. Não subestimar as dimensões das crises individuais: pois o 
conflito pode ter várias faces. Logo, necessária cautela na análise sistêmica. 
Uma única mudança pode gerar diferentes conflitos em diferentes aspectos. 
Compreender o profundo efeito emocional que a crise propicia: Emoções 
prejudicam pensamento racional. Mediador deve dar devida dimensão, evitando 
exigir dos mediandos uma compreensão ou comportamentos que não 
conseguirão apresentar. Pois interesses e expectativas podem ser antagônicos. 
3. CONCLUSÃO 
Na sessão de mediação busca-se o diálogo entre os envolvidos, pois com 
a situação em que se encontram, amiúde não há mais possibilidade de conversa. 
Dessa maneira a sessão de mediação inicia-se com a abertura, na qual o 
mediador tem acesso ao caso e posteriormente os conflitantes ingressam na 
sala onde será realizada a sessão e sentam lado a lado ou frente a frente. Em 
um primeiro momento, os mediandos narram os acontecimentos que motivaram 
a sua presença, oportunidade em que o mediador identifica as posições e 
interesses, que são movidos por uma gama de sentimentos, devendo o mediador 
ser imparcial e abster-se de manifestar concordância ou cumplicidade com 
qualquer dos mediandos. 
 
 
REFERÊNCIAS 
FIORELLI, José Osmir. et. al. Mediação e Solução de Conflitos: teoria 
e prática. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 53. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016.

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