Buscar

Artigo Como estimular as crianças no processo de aquisição da fala

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/16795/como-estimular-as-criancas-no-
processo-de-aquisicao-da-fala
Publicado em NOVA ESCOLA 05 de Abril | 2019
Educação Infantil
Como estimular as crianças no
processo de aquisição da fala
Rodas de leitura, momentos com músicas, diálogos e outras dicas
Nairim Bernardo
O processo de desenvolvimento da fala é particular a cada criança, mas é importante prestar
atenção a sinais de que a criança está se desenvolvendo e respondendo a estímulos 
 Crédito: Getty Images
“Gu-gu”, “da-da”, “mama”, “papa” e por aí vai. A criança começa a esboçar as primeiras palavras,
simples, por volta dos 12 aos 18 meses de vida. Aos dois anos, espera-se que ela consiga juntar duas
palavras e estabelecer sentido entre elas, como “Quero água”. Aos três anos, ela já estará construindo
frases. Colocando dessa forma, o processo parece extremamente simples, mas não é.
LEIA MAIS Educação Infantil: 6 planos de atividades sobre adaptação dos bebês
“Um ponto importante que o [Jean] Piaget traz é que, nesse processo, as crianças passam por fases: o
balbucio, a fala “egocêntrica” – é comum que crianças de 1 e 2 anos quando sentam juntas vivam um
momento de “monólogo coletivo” – o momento de confusão de sentidos e relações entre palavras, até
ir para uma fala socializada”, aponta Ana Teresa Gavião, diretora de Formação da Fundação Antônio-
Antonieta Cintra Gordinho e especialista do Time de Autores de Educação Infantil NOVA ESCOLA. Há
idades em que se espera que essas fases aconteçam, mas o processo de desenvolvimento é particular
para cada um. Sendo assim, é errado pressupor que uma criança tem problemas cognitivos por não
desenvolver sua fala no mesmo ritmo que outra.
LEIA MAIS Como pensar na inclusão durante a Educação Infantil?
Alguns fatores podem prejudicar a aquisição da linguagem e professores e familiares devem estar
atentos a eles. Para começar, há fatores puramente físicos, como audição e visão. “Em alguns casos, a
dificuldade surge por problemas de audição, que impedem que a criança ouça bem aos outros. Ou
mesmo de visão, que a impedem de observar e apontar as coisas”, explica a fonoaudióloga Christiane
Benevides, que trabalha há 20 anos com foco em terapia e crianças portadoras de necessidades
especiais. Outros fatores estão ligados a estímulos. “Muitos pais não conversam com as crianças, em
casa elas não têm com quem interagir, são expostas a tecnologia apenas como receptoras e assim não
recebem estímulos suficientes para desenvolver a fala”.
Segundo Christiane, alguns sinais para realmente se preocupar e procurar o médico são:
O pediatra deve ser procurado e ele poderá fazer encaminhamento para o fonoaudiólogo, neurologista
(principalmente quando há a desconfiança de algum problema cognitivo ou deficiência) ou outro
profissional que julgue necessário.
Sobre o trabalho como fonoaudióloga, ela conta o seguinte, “Inserimos a criança no mundo da
linguagem através de uma forma lúdica. Como geralmente elas conseguem se comunicar no gestual,
mas não no verbal, usamos bonecas, carrinhos e até aplicativos para estimulá-las. Às vezes, é a
linguagem motora da língua que não está funcionando. Como a fala vem dela, usamos estímulos
gustativos, térmicos e sensoriais para acordar a boca”.
LEIA MAIS Vygotsky e o conceito de pensamento verbal
O professor deve contar aos pais sobre os avanços da criança para que eles possam
trabalhar os estímulos em casa Crédito: Getty Images
Mas qual é o papel dos educadores nesse processo e como eles podem ajudar a turma nessa etapa do
desenvolvimento? Com a colaboração de Ana Teresa Gavião e de Christiane Benevides, elaboramos
dicas do que pode ou não ajudar no desenvolvimento dos pequenos.
Organize rodas de contação de histórias
O momento precisa ser prazeroso e aconchegante para a turma. O educador pode variar as formas
como faz isso: leitura de um livro mostrando as ilustrações, usar um fantoche para contar a história,
teatro de bonecos etc. As crianças precisam perceber que é possível construir uma narrativa de
diferentes formas. Peça que os pais levem livros para casa e realizem esses momentos também.
Aposte em músicas
A musicalidade é outra forma muito interessante de estimular a audição e a fala das crianças. O
melhor caminho a seguir é escolher músicas tradicionais da cultura brasileira e artistas que fazem
arranjos interessantes voltados para o público infantil. O professor pode colocar as músicas para tocar,
aos 3 meses, o bebê não chora nem balbucia;1
até os 18 meses não fala nenhuma palavra nem aponta para objetos ou pessoas;2
aos dois não consegue combinar duas palavras.3
cantar junto e incentivar que as crianças cantem ou, no mínimo, façam gestos. “Na escola em que eu
trabalho, chamamos os pais, fizemos um levantamento das músicas que as famílias cantam em casa e
montamos um repertório comum e compartilhado entre a turma”, comenta a especialista Ana Teresa. 
Estimule momentos de trocas entre as crianças
Aproveite a heterogeneidade da turma para propor momentos de troca e conversa entre crianças em
diferentes níveis de aquisição da fala, ou mesmo de idades um pouco diferentes. Assim, mesmo que
não consiga se comunicar plenamente, a criança será estimulada a se desenvolver. “Há pais que me
procuram com crianças de 2 anos de idade que ainda não foram para a escola. Minha primeira
recomendação é matriculá-los em uma escola. É preciso que as crianças enfrentem desafios e sejam
estimuladas, tanto pelos professores quanto pelos colegas”, explica a fonoaudióloga Christiane
Benevides.
Controle a ansiedade
Geralmente, a maior ansiedade é expressa pelos pais, mas também pode ser percebida em alguns
professores. “Os pais têm essa ansiedade porque é mais tranquilo quando a criança já fala e pode se
comunicar mais facilmente. A escola tem o papel de convidar os pais e conversar sobre esse processo,
que é longo e precisa de paciência”, recomenda Ana Teresa. Outro fator que pode influenciar na
ansiedade é a comparação com a velocidade do desenvolvimento de outras crianças. Por isso, é
importante frisar que esse processo é bastante individual para cada criança.
Fortaleça o tripé escola-família-terapeutas
É interessante que os professores contem para as famílias sobre os avanços que cada criança vem
apresentando, mesmo que eles sejam aparentemente pequenos. Além disso, é importante que os pais
também sejam incentivados a dividir suas questões e dificuldades com a equipe escolar, afinal, é lá que
seus filhos passam boa parte do dia. Caso a criança realize algum tipo de terapia, os professores
também precisam estar a par do que acontece e de como ajudar.
Verbalize suas ações
Um ponto muito importante ao qual o professor precisa ficar atento é a verbalização de suas ações,
atitude que deve ser tomada desde o contato com bebês. Por exemplo: “Nós vamos trocar a sua fralda.
Agora eu vou abrir a sua fralda e limpar o seu bumbum”. “A criança precisa entender que a fala, além
de sentimentos, tem uma função social de comunicação. E para isso os adultos precisam se comunicar
com ela”, diz Ana Teresa.
Coloque a criança no lugar de interlocutor
Converse com os pequenos e faça perguntas para eles. Caso eles não consigam responder, dê opções
para que eles apontem uma. É interessante fazer perguntas sobre acontecimentos de suas vidas, como
o que ele fez no final de semana. Assim, a criança começa a entender uma das utilidades da fala, o
relato.
Não fale de modo infantilizado
“Pepeta”, “mamadela”, “dodói”. “É comum, mas não indicado, que esse tipo de linguagem seja
empregado com bebês. Mas quando se percebe que a criança já está amadurecendo sua fala, é muito
importante parar. Ao ser tratada como um bebê muito pequeno, a criança não vê necessidade em
crescer. Afinal, ela está “confortável” explica a fonoaudióloga.
Veja a beleza dessa fase
O momento da aquisição da fala mexe muito com a organização do pensamento das crianças, que
apesar da idade já são muitos. Ao falar, por exemplo, a palavra “gato” e incentivar queela repita, a
criança lembra de gatos de pelúcia, do vizinho, de seu próprio e assim começara a fazer associações,
que podem ser diversas. “Os desafios são muitos, mas para além deles é possível ver a beleza desse
momento”, incentiva Ana Teresa. Leia uma reflexão a respeito no texto “É lindo ver uma criança errar”.
 
Indicação de leitura
“Como a fala surge na criança”, da psicolinguísta Bénédicte de Boysson-Bardies, do Centro
Nacional de Pesquisas Científicas, em Paris
Vygotsky e o conceito de pensamento verbal

Outros materiais