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DIREITO CIVIL 
CONTRATOS EM ESPÉCIE
Livro Eletrônico
DICLER FORESTIERI
Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-
Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São 
Paulo e atual Conselheiro Substituto do TCM-RJ 
(aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado 
nos concursos de Auditor-Fiscal do Estado do Rio 
Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-
AM. Ministra aulas das disciplinas Direito Civil, 
Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
Prof. Dicler Forestieri
Contratos em Espécies ................................................................................4
Introdução ................................................................................................4
1. Da Compra e Venda ................................................................................5
2. Do Contrato Estimatório ........................................................................23
3. Da Doação ...........................................................................................24
4. Do Empréstimo.....................................................................................32
5. Do Mandato .........................................................................................37
6. Da Fiança ............................................................................................48
7. Da Prestação de Serviço ........................................................................55
8. Da Empreitada .....................................................................................61
Questões de Concurso ...............................................................................69
Gabarito ..................................................................................................79
Gabarito Comentado .................................................................................80
Questões de Concurso ..............................................................................96
Gabarito ................................................................................................ 103
Gabarito Comentado ............................................................................... 104
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
Prof. Dicler Forestieri
CONTRATOS EM ESPÉCIES
Introdução
Já estudamos os conceitos gerais aplicáveis às diversas espécies de contratos 
existentes, sejam eles previstos em lei (contratos típicos) ou não previstos em lei 
(contratos atípicos).
Dessa forma, nesta aula, abordaremos algumas espécies de contratos previstas 
no Código Civil e cobradas em provas de concursos públicos.
No Código Civil, estão previstas 20 (vinte) espécies de contratos. Entretanto, 
vamos abordar os principais.
Com isso, as espécies de contratos a serem estudadas hoje são:
•	 da compra e venda;
•	 do contrato estimatório;
•	 da doação;
•	 do empréstimo;
•	 do mandato;
•	 da fiança;
•	 da prestação de serviço; e
•	 da empreitada.
Como de praxe, ao final da aula, teremos uma extensa bateria de exercícios.
Vamos ao trabalho!
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
Prof. Dicler Forestieri
1. Da Compra e Venda
A definição do contrato de compra e venda é dada pelo art. 481 do CC.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir 
o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Percebe-se que a simples celebração do contrato de compra e venda não trans-
fere a propriedade, pois cria apenas uma obrigação de dar.
O Código Civil brasileiro adotou o sistema romano ou alemão, diferente do sis-
tema francês ou italiano, em que o simples contrato já transfere a propriedade da 
coisa para o comprador.
Então, quando que se transfere a propriedade no Direito Civil brasileiro?
A resposta é dada pelos arts. 1.245 e 1.267 do CC.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título 
translativo no Registro de Imóveis.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes 
da tradição.
Em se tratando de bens imóveis, o comprador só adquire a propriedade quando 
efetua o registro do bem no Cartório de Imóveis. Por outro lado, quando o bem for 
móvel, a propriedade é adquirida com a tradição (entrega da coisa ao adquirente).
SISTEMAS JURÍDICOS NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA
SISTEMA FRANCÊS 
OU ITALIANO
O simples contrato de compra e venda já transfere a propriedade da 
coisa. Não é adotado no Brasil.
SISTEMA ALEMÃO
OU ROMANO
O contrato de compra e venda cria uma obrigação de dar. É o sistema 
adotado no Brasil.
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
Prof. Dicler Forestieri
Sobre a natureza jurídica do contrato de compra e venda, temos que ele é:
•	 bilateral ou sinalagmárico: gera obrigações para ambas as partes;
•	 oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus;
•	 típico: está previsto no Código Civil;
•	 consensual: em relação aos bens móveis, se forma com o simples 
acordo de vontades;
•	 solene: em relação aos bens imóveis a validade depende da lavratura de 
escritura pública.
•	 comutativo (regra): costuma haver equivalência de prestações. Entretan-
to, pode, excepcionalmente, ser aleatório, como vimos na aula passada 
(emptio spei e emptio rei speratae).
O comprador tem a obrigação de pagar o preço, receber a coisa vendida e devol-
ver a duplicata da fatura, se for o caso. Ao vendedor, cabe a obrigação de transferir 
a propriedade, com a tradição dos bens móveis ou escritura dos imóveis, bem como 
de responder pela evicção e pelos vícios redibitórios, salvo estipulação em contrário.
OBRIGAÇÕES
DO COMPRADOR DO VENDEDOR
- pagar o preço;
- receber a coisa; e
- devolver a duplicata, se houver.
- transferir a propriedade;
- responder pela evicção; e
- responder pelos vícios redibitórios.
O contrato de compra e venda possui três elementos essenciais (art. 482 
do CC):
•	 a coisa ou o objeto (res),
•	 o preço (pretium), e
•	 o acordo de vontades (consensus).
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
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Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde 
que as partes acordarem no objeto e no preço.
Quando a compra e a venda se referir a bensimóveis, cujo valor supere 30 
salários mínimos, além dos três elementos citados, é necessária a forma especial 
(escritura pública).
Vamos tratar de cada um desses elementos:
1. Coisa ou Objeto
A coisa, objeto de um contrato de compra e venda, deve atender a três requisitos:
• existência potencial: segundo o art. 483 do CC, são suscetíveis de venda 
as coisas atuais (que já existem) ou as coisas futuras (que irão existir);
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, 
ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era 
de concluir contrato aleatório.
• individualização: a coisa deve ser determinada ou então determinável ao 
tempo do cumprimento da obrigação; e
•	 disponibilidade jurídica: as coisas insuscetíveis de apropriação (indisponibili-
dade natural), legalmente inalienáveis (indisponibilidade legal) e gravadas com 
cláusula de inalienabilidade (indisponibilidade voluntária), não podem ser obje-
to de um contrato de compra e venda. Já as coisas litigiosas podem ser objeto, 
desde que o adquirente assuma o risco da evicção (art. 457 do CC).
Ainda sobre a coisa, temos o art. 484 do CC, que trata da venda realizada por 
meio de amostras.
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Contratos em Espécie
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Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, enten-
der-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contra-
dição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
2. Preço
Sem haver preço em dinheiro, estaríamos diante de um contrato de doação, 
pois a onerosidade do negócio deixaria de existir. Se o preço não for em dinheiro, 
estaríamos diante da uma troca ou permuta. Ou seja, o preço em dinheiro é essen-
cial para se caracterizar um contrato de compra e venda.
Os arts. 485 a 489 do CC tratam do assunto.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os con-
tratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incum-
bência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar 
outra pessoa.
Como regra, o preço é fixado pelos próprios contratantes. Entretanto, pode ser 
ajustado pelas partes que um terceiro determine o preço.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de 
bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Como exemplo do art. 486 do CC, temos um contrato de compra e venda, no 
qual o preço do café será indicado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo 
em determinado dia.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, 
desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Pode também o vendedor de barras de ouro estipular o preço com base no valor 
do grama a taxa de certo dia.
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Contratos em Espécie
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Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua de-
terminação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram 
ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o 
termo médio.
Como exemplo do art. 488 do CC, se o vendedor de verduras omitir o preço em 
determinado contrato, o valor que poderá ser cobrado será aquele habitualmente 
praticado nas outras vendas.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo 
de uma das partes a fixação do preço.
Como o consenso é um dos requisitos a serem observados, não pode o preço ser 
arbitrado por uma das partes, sob pena de nulidade.
Perceba que o art. 485 autoriza que o preço seja arbitrado por uma terceira pes-
soa, mas o art. 489 veda que o preço seja arbitrado por uma das partes.
Quando o preço é arbitrado por um terceiro, há um consenso na escolha do ter-
ceiro, mas, quando é arbitrado por uma das partes, não há consenso e, por isso, 
o contrato será nulo.
3. Acordo de Vontades
Uma pergunta que já me fizeram em sala de aula diz respeito à pessoa que en-
tra em uma loja para comprar uma roupa que estava na vitrine com um preço já 
fixado. Tal caso seria um arbítrio do preço?
A resposta é negativa, ou seja, se você entrou na loja é porque concordou com 
o preço da vitrine, configurando-se o consensus.
O contrato de compra pode ocasionar diversos efeitos e consequências, den-
tre eles destacamos:
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•	 Despesas do Contrato (art. 490 do CC): cabe ao comprador pagar as des-
pesas de escritura (caso a venda seja solene), bem como de um eventual re-
gistro do contrato; por outro lado, cabem ao vendedor as despesas referentes 
à entrega (tradição da coisa que estava em seu poder).
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a 
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
DESPESAS DE ESCRITURA E REGISTRO →		COMPRADOR
DESPESAS COM A TRADIÇÃO →	 VENDEDOR
Para facilitar a memorização, pense que quando você compra um imóvel, em re-
gra, é você quem paga as despesas com o Registro no Cartório de Imóveis. Quando 
você compra uma televisão nas Casas Bahia, em regra, a loja fica com a despesa 
de entregar o objeto na sua casa.
•	 Pagamento do preço (art. 491 e 495 do CC): a obrigação pelo pagamen-
to do preço surge para o comprador antes de o vendedor entregar o objeto. 
Dessa forma, se o comprador não paga o preço, pode o vendedor se recusar 
a entregar a coisa.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa 
antes de receber o preço.
A exceção ocorre quando a venda é a crédito, pois, neste caso, o vendedor é 
obrigado a entregar a coisa antes de receber o pagamento.
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o 
comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até 
que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
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Também nas vendas a prazo, ocorrendo a insolvência (valor das dívidas é supe-
rior ao valor dos bens) do comprador, a lei permite ao vendedor que retenha a coisa 
vendida até que o comprador apresente uma caução.
• Riscos da coisa e do preço (arts. 492 a 494 do CC): risco é o perigo a que 
a coisa está sujeita de perecer ou deteriorar, por caso fortuito ou força maior.Dessa forma, antes da tradição, o vendedor ainda é dono e, por isso, se a 
coisa perecer antes da entrega, ele (vendedor) deve suportar o prejuízo, de-
vendo o eventual dinheiro recebido ser devolvido.
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, 
e os do preço por conta do comprador.
§ 1º Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coi-
sas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já 
tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
O art. 492, § 1º do CC se refere à tradição simbólica, ou seja, quando a coisa 
comprada é colocada à disposição do comprador, para que as conte, marque ou 
assinale. Os casos fortuitos ocorridos no ato de contar, marcar e assinalar (ex: no 
ato de contar várias caixas, uma delas cai de determinada altura e o objeto nela 
guardado se quebra) correrão por conta do comprador.
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Contratos em Espécie
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§ 2º Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se es-
tiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo 
modo ajustados.
No art. 492, § 2º do CC, temos outra situação, na qual o comprador arcará com 
os prejuízos se estiver em mora de as receber (mora accipiendi). Ou seja, o ven-
dedor colocou o bem à disposição para o comprador receber e este, por algum mo-
tivo, não recebeu. Neste caso, os riscos da coisa correm por conta do comprador.
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no 
lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
A entrega da coisa ocorrerá no lugar previsto pelas partes no contrato. Em caso 
de silêncio, a norma supletiva da vontade dos contratantes indica que o local do 
cumprimento será aquele em que a coisa se encontrava ao tempo da venda.
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua 
conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das 
instruções dele se afastar o vendedor.
Se o comprador determinar o envio ou expedição da coisa para local diverso do 
convencionado, correrão por conta dele os riscos da perda.
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que 
gravem a coisa até o momento da tradição.
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Contratos em Espécie
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Caso existam dívidas que gravem a coisa no momento da tradição, tais dívidas, 
em regra, serão de responsabilidade do vendedor.
•	 Defeito oculto na venda de coisas conjuntas (art. 503 do CC): o Código 
Civil brasileiro optou pela redibição parcial, permitindo apenas a devolução 
da coisa viciada e mantendo as demais que estejam intactas.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a 
rejeição de todas.
O Código Civil também prevê, em certas situações, que determinadas pesso-
as não podem celebrar o contrato de compra e venda sob pena de nulidade. Tais 
situações ocasionam uma falta de legitimação para celebração da compra 
e venda.
• Venda de ascendentes para descendentes (art. 496 do CC): com a in-
tenção de evitar possíveis fraudes por ocasião da sucessão legítima (ex: o pai 
simular a transferência dos bens para um dos filhos, prejudicando os demais), 
a compra e venda entre ascendentes e descendentes pode ser anulada pelo 
cônjuge (se o regime de bens não for o da separação obrigatória) e demais 
descendentes se eles não manifestarem consentimento expresso na venda.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros des-
cendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se 
o regime de bens for o da separação obrigatória.
• Compra por pessoas com poder sobre os bens do vendedor (arts. 497 e 
498 do CC): o tópico em questão não permite que determinadas pessoas, em 
razão do poder que exercem sobre os bens do vendedor, comprem os bens 
citados, ainda que a venda seja realizada em hasta pública.
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DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie
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Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confia-
dos à sua guarda ou administração;
II – pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a 
que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros ser-
ventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em 
tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua 
autoridade;
IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende 
os casos de compra e venda ou cessão entre coerdeiros, ou em pagamento de 
dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no re-
ferido inciso.
Para os casos aqui citados, o legislador impôs como pena a nulidade absoluta 
dos atos.
•	 Venda por condômino de coisa indivisível (art. 504 do CC): o condômino 
(propriedade comum – pertencente a mais de uma pessoa) de coisa indivisí-
vel permanece no regime de condomínio por obrigação, pois as únicas formas 
de extinção do condomínio são: um dos condôminos comprar as demais par-
tes ou a venda da coisa com a repartição do valor.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, 
se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conheci-
mento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estra-
nhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias 
de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem 
iguais, haverão a parte vendida os coproprietários, que a quiserem, depositando 
previamente o preço.
•	 Venda a cônjuge (art. 499 do CC): um cônjuge pode vender um bem para 
outro quando o bem não integrar o patrimônio comum do casal, ou seja, 
quando estiver excluído da comunhão.
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Contratos em Espécie
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Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, comrelação a bens excluídos 
da comunhão.
Como exemplo, temos a venda entre casais, cujo regime seja o da separação 
total de bens.
Alguns tipos de venda apresentam certas peculiaridades que são resolvidas 
por regras específicas. Nesse contexto, encontram-se a venda ad mensuram e a 
venda ad corpus, tratadas nos arts. 500 e 501 do CC.
•	 Venda ad mensuram (art. 500, caput do CC): é a venda feita por medida, 
ou seja, aquela em que o preço é fixado tendo em consideração a real dimen-
são da área. Isto é, a metragem é mencionada a título taxativo, de modo 
que a dimensão exata da área é um requisito essencial do contrato.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se 
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimen-
sões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso 
possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
É o que ocorre na venda em que se estipule o preço de cada unidade, alqueire, 
metro quadrado, ou metro de frente. Como exemplo, temos a venda de 100 alquei-
res de terra por R$ 30.000,00 cada um.
Caso a dimensão não corresponda à que foi indicada, resta ao comprador propor 
a complementação da área ou devolução de parte do preço ou resolução do contrato.
•	 Venda ad corpus (art. 500, § 3º do CC): é a que compreende uma coisa 
certa e determinada, de modo que o preço não tem relação direta com a 
extensão exata do imóvel. Ou seja, a metragem é mencionada a título 
meramente enunciativo, porque a preocupação é a venda e a compra de 
um imóvel certo e determinado, de modo que a dimensão exata da área não 
é requisito essencial do contrato.
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Contratos em Espécie
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§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for 
vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às 
suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
Como exemplo, temos a compra de uma fazenda determinada sem referência 
à sua área, ou com alusão a esta, mas em caráter meramente enunciativo. Isto é, 
apenas para caracterizar melhor a coisa, utilizando-se de expressões do tipo “mais 
ou menos 500 alqueires”.
Na venda ad corpus, não cabe a complementação no preço, caso a área seja 
maior, nem complementação da área, se esta for menor.
De acordo com o art. 500, § 1º do CC, tem-se uma presunção relativa de que a 
venda foi ad mensuram quando a diferença for inferior a 1/20 (5%).
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a 
diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao 
comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
Já o art. 500, § 2º, do CC prevê uma situação inversa, ou seja, se a área real 
for maior que a mencionada no instrumento contratual.
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para 
ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar 
o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
Por meio do art. 501 do CC, o prazo decadencial para o comprador que recebeu 
área menor ou para o vendedor que vendeu área excessiva em compra ad mensu-
ram exercerem seus direitos expostos é de um ano contado a partir do registro do 
título no Cartório de Imóveis.
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vende-
dor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienan-
te, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
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É possível que algumas cláusulas especiais atribuam um feitio diferenciado ao con-
trato de compra e venda, subordinando a sua duração ou eficácia a um evento futuro 
e incerto. Essas cláusulas especiais, também chamadas de pacto adjeto, são:
•	 retrovenda;
•	 venda a contento;
•	 preempção ou preferência;
•	 venda com reserva de domínio;
•	 venda sobre documentos.
Retrovenda (arts. 505 a 508 do CC) é uma cláusula especial num contrato de 
compra e venda na qual se estipula que o vendedor poderá resgatar a coisa vendi-
da, dentro de um prazo determinado, pagando o mesmo preço ou diverso, desde 
que previamente convencionado (incluindo, por exemplo, as despesas investidas 
na melhoria do imóvel).
A cláusula deve ser inserida no contrato de compra e venda. Entretanto, não 
há na legislação proibição de que possa ser acordada em pacto apartado. Esta 
cláusula tem natureza jurídica acessória à compra e venda. É caracterizada a 
retrovenda como condição resolutiva expressa, tendo como consequência o desfa-
zimento da venda. Ou seja, no prazo determinado, o comprador tem a proprieda-
de resolúvel do imóvel e, após o prazo, não sendo exercido o direito de resgate, 
a propriedade passa a ser plena.
A retrovenda, aplicável somente aos imóveis, não é considerada uma nova 
venda, ou seja, é uma consequência da venda anterior. Seu prazo máximo é de 
três anos, ou seja, o vendedor só poderá reaver o imóvel por meio da retrovenda 
durante este período, e, para ser exercitado este direito, deverá constar expres-
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samente no contrato. O prazo de três anos é improrrogável e, chegando o termo 
final, extingue-se o direito, independentemente de interpelação. Conta-se o dies a 
quo (termo inicial do prazo) a partir da data do contrato e não do registro.
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo 
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as 
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram 
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, 
para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor res-
tituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, 
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, 
e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, preva-
lecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
Venda a contento (arts. 509 a 512 do CC) é uma cláusula pactuada em contrato 
de compra e venda (pode abranger coisa móvel ou imóvel) por meio da qual o com-prador tem a prerrogativa de devolver a coisa quando esta não o satisfizer. Ou seja, 
a venda só se efetiva se o comprador aprovar a coisa; caso contrário, o contrato se 
desfaz. Vale aqui o comum ditado: “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!”.
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Trata-se de uma venda realizada sob a condição suspensiva, ou seja, o compra-
dor toma a posse da coisa como mero comodatário e o domínio só será transmitido 
após a manifestação positiva.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição 
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, en-
quanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a 
coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição sus-
pensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá 
direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Na preempção ou preferência (arts. 513 a 520 do CC), que pode incidir sobre 
bens móveis e imóveis, o comprador se compromete a dar preferência ao vendedor 
se vier a vender a coisa posteriormente. Difere-se da retrovenda, porque o preço a 
ser pago deve ser o exigido pelo comprador, e não o preço da venda anterior.
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Dessa forma, caso o bem seja vendido no prazo para exercer o direito de pre-
ferência sem ser oferecido ao devedor principal, nos termos do art. 518 do CC, 
deverá o vendedor responder por perdas e danos.
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer 
ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de 
seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a 
cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o com-
prador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, 
em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for 
móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta 
dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indi-
víduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma 
das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais 
utilizá-lo na forma sobredita.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado 
ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá 
solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em 
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço 
atual da coisa.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
Na venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528 do CC), o vendedor 
transfere ao comprador a posse da coisa, mas conserva para si a propriedade sobre 
ela, até que o preço seja quitado.
Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito por escrito e, para valer 
contra terceiros (eficácia erga omnes), deve ser registrado no Registro de Títulos 
e Documentos do domicílio do comprador. A doutrina predominante considera-o 
como sendo uma venda sob condição suspensiva, ou seja, a venda se torna perfeita 
quando o preço é quitado.
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Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até 
que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de 
registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de 
caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a 
favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o 
preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, 
a partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após 
constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a com-
petente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for 
devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as 
prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas 
e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o 
que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante 
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e 
ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a 
respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato.
Se o comprador não pagar uma prestação no vencimento, pode o vendedor es-
colher duas alternativas:
•	 mover ação para cobrança das prestações vencidas e vincendas (art. 526 do CC); e
•	 recuperar a posse da coisa vendida, com a devolução das prestações pagas, 
podendo, porém, retê-las até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, 
as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido (art. 527 do CC).
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Por fim, temos a venda sobre documentos (arts. 529 a 532 do CC), na qual 
o vendedor fica exoneradoda entrega efetiva da coisa, substituindo-a pela tradição 
do título que a represente e de outros documentos segundo a previsão contratual 
ou os costumes locais.
Esta modalidade de venda ocorre com mais frequência em negociações inter-
nacionais, em que os contratantes se encontram em lugares diversos onde está a 
mercadoria no ato da conclusão do contrato.
O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e tem direito 
ao preço; e o comprador, na posse justificada de tais documentos, pode exigir do 
transportador a entrega da mercadoria.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do 
seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio 
deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar 
o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo 
se o defeito já houver sido comprovado.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na 
data e no lugar da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro 
que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser 
concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá 
a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa 
vendida, pela qual não responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a efe-
tuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
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2. Do Contrato Estimatório
O contrato estimatório (arts. 534 a 537 do CC) é conhecido no comércio como 
venda em consignação. Trata-se de um contrato equivalente à compra e venda em 
consignação, em que o comprador recebe as mercadorias em depósito e, após um 
prazo fixado pelas partes, paga as que conseguir revender e devolve as restantes.
Como exemplo, temos a pessoa que combina com o amigo para deixar o carro 
em sua concessionária para ser vendido por um preço determinado. Caso o amigo 
consiga vender por um preço maior, então terá um lucro, pois é obrigado a entregar 
apenas o preço ajustado.
No exemplo citado, o dono da coisa é chamado de consignante e aquele que 
recebe a coisa em depósito (ex: o amigo) é chamado de consignatário.
Durante o período de consignação, em regra, o consignatário é um mero depo-
sitário do bem, ou seja, não pode usá-lo.
A natureza jurídica da venda em consignação é a seguinte:
•	 unilateral: a questão é controvertida, mas a doutrina majoritária entende que 
com a entrega da coisa e o nascimento do contrato, todas as obrigações são do 
consignatário, sendo a principal delas o pagamento do preço estimado;
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•	 oneroso: ambas as partes auferem vantagens;
•	 real: só se aperfeiçoa quando o bem consignado é entregue ao consignatário;
•	 típico: está previsto no Código Civil; e
•	 não solene: independe de forma especial.
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consig-
natário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se 
preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a 
restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato 
a ele não imputável.
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos cre-
dores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe 
ser comunicada a restituição.
Percebe-se que no contrato estimatório existem duas partes:
•	 o consignante: entrega os bens ao consignatário; e
•	 o consignatário: recebe os bens para tentar vender.
Além disso, vale mencionar que o art. 534 do CC determina que apenas os bens 
móveis podem ser objetos de um contrato estimatório.
3. Da Doação
O conceito de doação é dado pelo art. 538 do CC.
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Desse conceito, é possível extrairmos dois elementos: o subjetivo e o objetivo.
•	 Elemento subjetivo: é o animus donandi, que consiste na intenção de fa-
zer uma liberalidade em favor do donatário; e
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•	 Elemento objetivo: consiste na transferência da propriedade de bens ou 
direitos do patrimônio do doador para o patrimônio do donatário.
Deve-se salientar que o contrato de doação apenas gera a obrigação de trans-
ferir os bens e direitos indicados. A efetiva transferência representa a execução 
do contrato de doação. O domínio (propriedade), como vimos, só se efetua com a 
tradição (bens móveis) ou com o registro (bens imóveis).
Quanto à natureza jurídica do contrato de doação, temos o seguinte:
•	 unilateral: só o doador assume obrigação; entretanto, devemos ressaltar a 
doação com encargo, que é considerada bilateral, pois ambas as partes assu-
mem obrigações recíprocas;
•	 gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra não 
assume qualquer ônus;
•	 típico: está previsto no Código Civil;
•	 solene: a lei, em regra (art. 541 do CC), exige forma escrita para os bens 
móveis e escritura pública para os imóveis, para que a doação se aperfeiçoe; 
entretanto, excetua-se a doação verbal que poderá ocorrer quando o bem 
doado for de pequeno valor e houver a imediata tradição.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pe-
queno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Apesar de a doação ser unilateral, trata-se de um contrato que, para se formar, 
depende da convergência de duas vontades. Ou seja, na doação, não basta o doa-
dor querer doar, pois o donatário também deve manifestar a sua aceitação. Sendo 
fixado um prazo pelo doador, o silêncio acarretará uma aceitação tácita da doação, 
desde que seja pura. Tal assunto é tratado no art. 539 do CC:
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Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a li-
beralidade.Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, 
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
O Código Civil enumera diversas espécies de doação. Vejamos uma a uma:
•	 doação pura e simples: é aquela que não está sujeita a uma condição ou 
um encargo, que são os elementos acidentais que alteram os efeitos normais 
do negócio jurídico. É o que ocorre quando alguém doa uma casa para um 
amigo sem nada exigir-lhe em troca.
•	 doação contemplativa (art. 540, 1ª parte, do CC): ocorre quando uma 
pessoa doa e declara o motivo de sua doação. Temos como exemplo o doador 
que doa um bem a uma fundação em razão dos seus excelentes trabalhos 
com as crianças carentes.
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde 
o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, 
no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
• doação remuneratória (art. 540, 2ª parte, do CC): é a doação feita para 
agradecer um serviço prestado ou por alguma atitude do donatário. Ressalta-se 
que não se trata de um pagamento, mas de uma simples gratidão.
•	 doação com encargo ou onerosa: ocorre quando o doador impõe ao dona-
tário um encargo como contraprestação. Ocorre, por exemplo, quando A doa 
para B um terreno para que nele seja construído um hospital.
• Possuem legitimidade para exigir o cumprimento do encargo (art. 553 do CC) 
o próprio doador, o terceiro por ele beneficiado, ou mesmo o Ministério Público 
(após a morte do doador), se o encargo for em benefício de interesse geral.
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Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a bene-
fício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exi-
gir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
• Caso a doação com encargo não estipule prazo certo para o seu cumprimento, 
pode o beneficiário conceder um prazo razoável, devendo para tanto consti-
tuir o donatário em mora por meio de uma interpelação judicial ou notifica-
ção, nos termos do art. 562, 2ª parte, do CC.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o 
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá 
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra 
a obrigação assumida.
• Em decorrência do encargo, a doação passa a ter um caráter oneroso e, por 
isso, aplicam-se as regras referentes aos vícios redibitórios (art. 441, § único 
do CC), além de surgir a possibilidade de revogação da doação por inexecu-
ção do encargo (art. 562, 1ª parte, do CC). Conclui-se, então, que a inexecu-
ção do encargo é uma causa de resolução da doação.
• Mais adiante, trataremos de outras formas de se revogar as doações.
•	 doação em forma de subvenção periódica (art. 545 do CC): é a doação 
feita por meio de vários atos, em vez de uma única vez. Ou seja, trata-se de 
um benefício periódico, que pode ser mensal, semestral, anual etc.
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se mor-
rendo o doador, salvo se esta outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida 
do donatário.
• Entretanto, esta doação se extingue com a morte do doador, salvo se houver 
previsão no contrato sobre a transferência da obrigação para os herdeiros, 
hipótese que ficará limitada ao valor da herança.
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• De qualquer forma, a obrigação não pode ultrapassar a vida do donatário, ou 
seja, não há um caráter de perpetuidade.
•	 doação ao nascituro (art. 542 do CC): como o nascituro ainda não nasceu, 
a doação feita a ele dependerá de aceitação do seu representante legal.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
•	 doação com cláusula de reversão (art. 547 do CC): ocorre quando o bem 
doado retorna ao patrimônio do doador, na hipótese de morte do donatário.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se 
sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
• Entretanto, ressalta-se que as partes não podem pactuar sobre a reversão 
em favor de terceiro, apenas é permitida a reversão em favor do doador. 
Caso fosse possível a reversão em favor de terceiro, estaríamos admitindo a 
possibilidade de um pacto sucessório (pacta corvina), que é expressamente 
proibido pelo art. 426 do CC.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
•	 doação universal (art. 548 do CC): é aquela que abrange todos os bens do 
doador, sem deixar uma reserva para a sua própria subsistência. Tal doação 
é passível de nulidade absoluta, pois visa impedir que, em um momento de 
afobação, o doador ultrapasse os limites do patrimônio a ser doado.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente 
para a subsistência do doador.
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• Caso seja estipulada uma reserva de usufruto ao doador, então a doação uni-
versal será válida.
•	 doação de ascendente para descendente ou de um cônjuge a outro 
(art. 544 do CC): como exemplo, o pai poderá fazer doação a seus filhos, 
e um cônjuge ao outro, porém, tal ata acarretará um adiantamento da he-
rança (legítima), devendo, por isso, ser verificada no inventário do doador 
por meio da colação.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa 
adiantamento do que lhes cabe por herança.
Exemplo
Vejamos o exemplo a seguir, em que foi desconsiderada a parte disponível da herança:
Um pai (viúvo) possui um patrimônio de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos 
mil reais), e, ainda em vida, faz uma doação para um de seus três filhos no valor 
de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).
Patrimônio inicial do Pai: 1.500.000,00
Patrimônio do Pai após a doação: 1.5000.000,00 – 300.000,00 = 1.200.000,00
Por ocasião da morte do pai, não basta dividir por 3 o valor de 1.200.000,00, pois 
o valor doado em vida deve ser “colado” aos 1.200.000, totalizando 1.500.000,00. 
Após a colação, o patrimônio será dividido e o filho que recebeu a doação terá o 
valor doado subtraído de sua parte.
Valor a ser dividido: 1.500.000,00
– Valor do Filho 1: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00
– Valor do Filho 2: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00
– Valor do Filho 3: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 – 300.000,00 (doação) = 
200.000,00
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•	 doação inoficiosa (art. 549 do CC): é aquela que excede a parte do pa-
trimônio que poderia ser incluída em testamento. Ou seja, se houver her-
deiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), o doador só 
pode dispor da metade de seus bens. A parte da doação que ultrapassar 
este limite será nula.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no 
momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
•	 doação ao cônjuge adúltero (art. 550 do CC): tal doação poderá ser 
anulada, bastando que se verifique a infidelidade. Tal ação de anulação po-
derá ser proposta em um prazo decadencial de dois anos a contar do fim da 
sociedade conjugal.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro 
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a socie-
dade conjugal.
•	 doação conjuntiva (art. 551 do CC): é a doação realizada para mais 
de uma pessoa.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa 
entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na 
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
•	 doação à entidade futura (art. 554 do CC): é aquela cujo donatário é uma 
pessoa jurídica que ainda não existe, mas que será constituída. Caso tal cons-
tituição não ocorra em dois anos, ocorrerá a caducidade do ato. Trata-se de 
uma doação sob condição suspensiva.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver 
constituída regularmente.
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Outro assunto muito cobrado em provas de concurso é a revogação da doação.
Em regra, a doação é irrevogável por vontade unilateral do doador, pois, a partir 
do momento em que ocorre a aceitação do donatário, passa a valer a máxima do 
pacta sunt servanda.
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecu-
ção do encargo.
De acordo com o art. 555 do CC, a doação pode ser revogada em duas hipóteses:
•	 ingratidão do donatário: o donatário tem o dever de ser grato ao doador e, 
por isso, deve se abster de atos que constituem prova de ingratidão e revelem 
sua insensibilidade ao favor recebido.
•	 inexecução do encargo (art. 562 do CC): quando a doação for onerosa e o 
encargo não for cumprido, pode haver a revogação da doação.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o 
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá 
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a 
obrigação assumida.
Sobre a revogação por ingratidão do donatário, temos os seguintes artigos 
do Código Civil:
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I – se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio do-
loso contra ele;
II – se cometeu contra ele ofensa física;
III – se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo an-
terior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de 
um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, 
e de ter sido o donatário o seu autor.
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Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem 
prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, 
continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, 
exceto se aquele houver perdoado.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, 
nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas 
sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas 
doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Para finalizar o tópico das doações, temos o art. 564 do CC, que trata das doa-
ções que são consideradas irrevogáveis.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I – as doações puramente remuneratórias;
II – as oneradas com encargo já cumprido;
III – as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV – as feitas para determinado casamento.
4. Do Empréstimo
O Código Civil trata de duas modalidades de empréstimo: o comodato e o mútuo.
a) comodato: nos termos do art. 579 do CC, trata-se do empréstimo gratuito 
de um bem infungível pelo qual o comodante (dono da coisa) transfere sua 
posse ao comodatário por um determinado período.
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com 
a tradição do objeto.
O comodato é chamado de um empréstimo de uso, ou seja, o bem é empres-
tado para ser usado e depois devolvido.
Como exemplo, temos a pessoa que empresta a casa de praia gratuitamente 
para um amigo passar as férias do mês de janeiro.
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Tal contrato envolve as seguintes pessoas:
•	 comodante: aquele que empresta;
•	 comodatário: aquele que toma emprestado.
É fundamental a gratuidade, pois, se houver um pagamento como contra-
prestação, teremos uma locação. Destaca-se também a infungibilidade do bem 
emprestado, ou seja, deve ser devolvido exatamente o mesmo bem que foi tomado 
como empréstimo, e não um bem semelhante.
Entretanto, o comodato poderá versar sobre um bem fungível e consumível, se 
houver sido contratado ad pompam vel ostentationem, como o empréstimo de uma 
cesta de frutas tropicais exóticas para ornamentação de um salão de festas.
Quanto à natureza jurídica do contrato de comodato, temos o seguinte:
•	 unilateral: só o comodatário assume obrigação;
•	 gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens (comodatário);
•	 real: se perfaz com a tradição do objeto;
•	 típico: está previsto no Código Civil;
•	 não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, 
podendo até ser realizado de forma verbal.
De forma semelhante à doação, o comodato é puro quando traduz um ato de 
simples liberalidade. É modal ou com encargo quando se impõe uma obrigação 
especial ao comodatário. Porém, ressalta-se que, segundo entendimento doutriná-
rio, a existência de encargo não retira a gratuidade, nem o animus comodandi da 
relação negocial.
Os artigos 580 a 585 do CC também tratam do assuntoao apresentar as obri-
gações do comodatário:
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Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não 
poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
Percebe-se que certas pessoas não podem dar bens de terceiros em comodato 
sem possuir autorização especial. Ou seja, estamos diante de uma situação de falta 
de legitimidade.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessá-
rio para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e 
urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de 
findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
Como exemplo do art. 581 do CC, temos o comodante que empresta a casa de 
praia sem estipulação de prazo. Como regra, a exigência da devolução só poderá 
ocorrer após o fim do verão.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa 
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza 
dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em 
mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for 
arbitrado pelo comodante.
O art. 582 do CC apresenta inúmeros conceitos. Vamos separá-los para 
fins didáticos:
•	 obrigação do comodatário de conservar a coisa como se fosse sua;
•	 utilizar a coisa emprestada de acordo com o contrato e a natureza (ex: a casa 
de família não pode ser utilizada para a realização de um evento com cente-
nas de pessoas);
•	 restituição da coisa por ocasião do final do prazo estipulado (ex: se eu não 
devolver a casa de praia ao final do prazo estipulado, o comodante poderá me 
cobrar aluguel pelo período que eu ficar a mais).
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Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do como-
datário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá 
pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
Sendo o comodato um contrato gratuito, pois só traz vantagens ao comodatário, 
nada mais justo que este anteponha a salvação dos bens emprestados à salvação de 
seus próprios bens, mesmo que a situação decorra de caso fortuito ou força maior.
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas 
com o uso e gozo da coisa emprestada.
Também é obrigação do comodatário arcar com as despesas feitas com o uso da 
coisa emprestada, tais como IPTU, água, luz, condomínio etc.
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, 
ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.
No caso de haver mais de um comodatário, as obrigações aqui citadas são con-
sideradas solidárias.
b) mútuo: nos termos do art. 586 do CC, o mútuo é um contrato pelo qual o 
mutuante transfere a propriedade de determinada coisa móvel e fungível ao 
mutuário, que deverá restituir, findo o contrato, bem equivalente do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade.
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir 
ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Trata-se de um empréstimo de consumo, pois o bem emprestado é consumi-
do e é devolvido um bem equivalente.
Como exemplo, temos a pessoa que toma emprestado um quilo de açúcar 
com o vizinho.
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Tal contrato envolve as seguintes pessoas:
•	 mutuante: é o que empresta.
•	 mutuário: é o que toma emprestado.
Quanto à natureza jurídica do contrato de mútuo, temos o seguinte:
•	 unilateral: só o mutuário assume obrigação;
•	 gratuito: em regra é um contrato gratuito, no qual apenas o mutuário aufere 
vantagens. Entretanto, excepcionalmente, o mútuo poderá ser considerado 
oneroso (art. 591 do CC);
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, 
os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, 
permitida a capitalização anual.
O mútuo será considerado oneroso (mútuo feneratício) quando se destinar a 
fins econômicos (ex: empréstimo de dinheiro a juros).
•	 real: se perfaz com a tradição do objeto;
•	 típico: está previsto no Código Civil;
•	 não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, 
podendo até ser realizado de forma verbal.
Analisando o art. 587 do CC, percebemos que, enquanto o comodato trans-
fere a posse do bem, o mútuo transfere a propriedade, pois o bem mutuado 
poderá ser consumido.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por 
cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Se o mútuo for feito à pessoa menor, sem a prévia autorização de seu represen-
tante legal, como regra, o mutuante não poderá reaver a coisa emprestada por ser 
inválido o contrato. É o que se depreende dos arts. 588 e 589 do CC.
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Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guar-
da estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I – se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, 
o ratificar posteriormente;
II – se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo 
para os seus alimentos habituais;
III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do 
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV – se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
V – se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Se, durante o mútuo, o mutuário sofrer uma notória mudança na sua situação 
econômica, então, nos termos do art. 590 do CC, poderá ser exigido pelo mutuante 
uma garantia de que o empréstimo será restituído.
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o 
mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Finalizando o estudo do mútuo, o art. 592 do CC estabelece o seu prazo de 
duração na falta de convenção expressa.
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, 
como para semeadura;
II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
5. Do Mandato
O mandato é um contrato pelo qual uma pessoa se obriga a praticar atos ou ad-
ministrar os interesses da outra, em nome e por conta desta última (art. 653 do CC).
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu 
nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
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Trata-se de um contrato, cujo instrumento é a procuração, em que uma pessoa 
delega poderes à outra, que irá representá-la.
Os personagens do mandato são:
•	 o mandante: é aquele que outorga os poderes; e
•	 o mandatário: é aquele que recebe os poderes.
Graficamente temos o seguinte:
Quem pode ser mandante?
Os absolutamente incapazes de exercer, por si, os atos da vida civil não podem 
constituir mandatário, ao passo que os relativamente incapazes podem passar pro-
curação, desde que assistidos pelos seus representantes legais e por instrumento 
público (art. 654 do CC).
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instru-
mento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qua-
lificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação 
e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a 
firma reconhecida.
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A procuração consubstancia uma autorização representativa, feita, em regra, por 
instrumento particular, exigindo-se apenas em casos excepcionais o instrumento pú-
blico, como nos casos dos relativamente incapazes, dos cegos e dos analfabetos.
Quem pode ser mandatário?
De acordo com o art. 666 do CC, não há necessidade de o mandatário possuir 
capacidade civil plena, podendo ser mandatário o relativamente incapaz que possui 
entre 16 e 18 anos.
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser 
mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as 
regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
Ou seja, o mandante pode designar, como mandatário, pessoa que não seja 
maior e capaz, desde que nele deposite confiança. Entretanto, caso, posteriormen-
te, se convença de que fez uma má escolha do mandatário, este não poderá sofrer 
as consequências se houver uma má gerência dos poderes outorgados.
A Profa. Maria Helena Diniz salienta que o pródigo e o falido podem ser consti-
tuídos mandatários, porque a restrição que os atinge se limita à disposição de bens 
de seu patrimônio, não os impedindo de exercer tais atividades.
Sobre a natureza jurídica do contrato de mandato, temos que ele é:
• unilateral: em regra, o contrato de mandato gera obrigações apenas para 
o mandatário; entretanto, quando o mandato for oneroso ou remunerado, 
teremos um contrato bilateral, pois gera obrigações para ambas as partes;
• gratuito: a gratuidade, de acordo com o art. 658 do CC, é a regra; entre-
tanto, é possível que o mandato seja oneroso, como ocorre com o mandato 
conferido a um advogado em razão da sua profissão;
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Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribui-
ção, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício 
ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista 
em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, 
ou, na falta destes, por arbitramento.
• típico: está previsto no Código Civil;
•	 consensual: se aperfeiçoa com o simples acordo de vontades;
•	 não solene: segundo os arts. 656 e 657 do CC, o contrato de mandato pode 
ser tácito, verbal ou por escrito. Entretanto, se a lei exigir determinada forma 
para o ato a ser praticado pelo mandatário, então o mandato também deve-
rá observar tal forma. Como exemplo, temos a compra de um bem imóvel 
de grande valor que deve observar a forma de escritura pública (art. 109 do 
CC), sendo que a procuração para alguém efetuar essa compra em seu nome 
também deve observar a forma de escritura pública.
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser 
praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Ainda sobre a forma, é interessante tratarmos do subestabelecimento (cláu-
sula que permite ao mandatário indicar, ao seu livre arbítrio, uma outra pessoa 
para substituí-lo, sem a prévia inquirição do mandante), que não necessitará seguir 
a forma adotada pelas partes para a procuração (art. 655 do CC).
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabe-
lecer-se mediante instrumento particular.
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Cabe também citarmos o Enunciado n. 182 da III Jornada de Direito Civil do CJF, 
que se refere ao art. 655 do CC:
Enunciado 182 – Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto 
no art. 655 do CC somente admite substabelecimento por instrumento particular quan-
do a forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato.
Podemos identificar diversas espécies de mandato:
• quanto ao objeto, o mandato pode ser:
−	 geral: refere-se a todos os negócios do mandante;
−	 especial: refere-se a um ou mais negócios determinados.
• quanto ao conteúdo, o mandato pode ser (arts. 660 a 662 do CC):
−	 mandato em termos gerais: só confere poderes de administração;
−	 mandato em termos especiais: confere poderes para transigir (celebrar 
transação), vender, comprar, hipotecar, e não apenas poderes de administração.
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou 
geral a todos os do mandante.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem 
da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
§ 2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes 
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome

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