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Aterosclerose: Definição e Fatores de Risco

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1 Carolina Gondim – 2019.2 
ATEROSCLEROSE 
DEFINIÇÃO 
Cecil 
• Responsável pela maior parte dos casos de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral isquêmico e doença arterial 
periféricaA 
• Uma das principais causas da insuficiência cardíaca crônica e demência vascular 
• Caracteriza-se por uma resposta inflamatória crônica para o acúmulo de lipídios na parede arterial, no início é tipicamente 
caracterizada por placas íntimas clinicamente silenciosas nas artérias durante anos e até mesmo décadas 
• A fissura ou erosão das placas ateroscleróticas desencadeia a formação de um trombo que se acumula de segundos a 
minutos para produzir isquemia aguda do órgão acometido. Esta isquemia, por sua vez, resulta em manifestações clínicas 
dramáticas. 
• Estima-se que aproximadamente 90% dos casos de infarto do miocárdio, 60% de AVE, a maioria dos casos de insuficiência 
cardíaca e até um terço de todos os casos de demência ocorrem devido à aterosclerose 
Robbins 
• É caracterizada por lesões na íntima chamadas ateromas (ou placas ateromatosas ou ateroscleróticas). 
• As placas ateromatosas são lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol 
e ésteres de colesterol, com restos necróticos), recobertas por uma cápsula fibrosa 
• As placas ateroscleróticas podem obstruir mecanicamente o lúmen vascular e se romper, evoluindo para trombose 
catastrófica dos vasos. Essas também enfraquecem a média subjacente e levam à formação de aneurisma 
• Como a doença das artérias coronarianas é uma importante manifestação da aterosclerose, dados epidemiológicos 
relacionados com a mortalidade tipicamente refletem nas mortes causadas por doença isquêmica do coração (DIC) 
EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE 
Robbins 
• Doença praticamente onipresente entre as nações mais desenvolvidas, sendo menos prevalente nas Américas Central e 
do Sul, África e partes da Ásia. 
• A prevalência e a severidade da aterosclerose e da DIC foram correlacionadas com numerosos fatores de risco em 
diversas análises prospectivas (p. ex., Framingham Heart Study), alguns fatores constitucionais (e, portanto, menos 
controláveis) e outros adquiridos ou relacionados a comportamentos modificáveis 
o Esses fatores de risco têm efeitos multiplicativos significativos. 
o Dessa forma, a presença de dois fatores de risco aumenta a chance de infarto do miocárdio em quatro vezes, e 
de três (p. ex., hiperlipidemia, hipertensão e tabagismo), a taxa aumenta em sete vezes 
FATORES DE RISCO CONSTITUCIONAIS 
• Genéticos → Os antecedentes familiares são o principal fator de risco independente para aterosclerose. Determinados 
distúrbios mendelianos são fortemente associados à aterosclerose (p. ex., hipercolesterolemia familial) (Capítulo 6), mas 
esses representam apenas uma pequena porcentagem dos casos 
• Idade → As lesões da aterosclerose geralmente permanecem clinicamente silenciosas até que o indivíduo alcance a meia- 
idade ou mais tarde. Logo, a incidência de infarto do miocárdio aumenta cinco vezes entre as idades de 40-60 anos 
• Gênero → Ao se igualar aos outros fatores de risco, as mulheres no período de pré-menopausa são relativamente 
protegidas contra a aterosclerose (e suas consequências) quando comparadas a homens de mesma faixa etária. Desse 
modo, o infarto do miocárdio e outras complicações da aterosclerose são incomuns em mulheres em pré-menopausa na 
ausência de outros fatores predisponentes como diabetes, hiperlipidemia ou hipertensão severa. Após a menopausa, 
contudo, a incidência de doenças relacionadas à aterosclerose aumenta e, com o avanço da idade 
 
2 Carolina Gondim – 2019.2 
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS 
• Hiperlipidemia — e, mais especificamente, hipercolesterolemia — é o fator de risco essencial para o desenvolvimento da 
aterosclerose e é suficiente para induzir lesões na ausência de outros fatores de risco 
o O principal componente do colesterol associado ao aumento do risco é o colesterol com lipoproteína de baixa 
densidade (LDL) (“mau colesterol”); a LDL é a forma de colesterol distribuída nos tecidos periféricos. 
o Contrariamente, a lipoproteína de alta densidade (HDL) (“bom colesterol”) mobiliza as placas de colesterol em 
desenvolvimento e transporta ao fígado para a excreção biliar. Consequentemente, os maiores níveis de HDL 
estão correlacionados com menores riscos de aterosclerose. 
o O conhecimento de tais relacionamentos estimulou o desenvolvimento de abordagens dietéticas e 
farmacológicas que reduzem o colesterol sérico total ou LDL e/ou levantam a HDL sérica, conforme a seguir: 
▪ O alto consumo de colesterol e gorduras saturadas na dieta (presentes na gema do ovo, gordura animal 
e manteiga, por exemplo) eleva os níveis plasmáticos de colesterol 
▪ Os ácidos graxos ômega-3 (abundantes em óleos de peixe) são benéficos, enquanto as gorduras 
insaturadas (trans) produzidas por hidrogenação artificial de óleos poli-insaturados (utilizados em 
produtos de panificação e na margarina) afetam adversamente os perfis de colesterol. 
▪ O exercício e o consumo moderado de etanol elevam os níveis de HDL, ao passo que a obesidade e o 
tabagismo os reduzem. 
▪ As estatinas são uma classe de medicamentos largamente utilizados que reduzem os níveis de 
colesterol circulantes por inibirem a hidroximetilglutaril coenzima A (HMG- CoA) redutase, a enzima 
limitante da biossíntese hepática do colesterol 
• A hipertensão (discutida anteriormente) é outro fator de risco importante para o desenvolvimento da aterosclerose. Por 
si mesma, a hipertensão aumenta em aproximadamente 60% o risco de DCI 
• O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido em homens, e provavelmente contribui para o aumento da incidência 
e severidade da aterosclerose em mulheres. 
• O diabetes melito está associado à elevação dos níveis circulantes de colesterol e aumenta significativamente o risco da 
aterosclerose 
FATORES DE RISCO ADICIONAIS 
• Inflamação: As células inflamatórias estão presentes em todas as etapas da formação da placa de ateroma e são 
intimamente relacionadas com a progressão e a ruptura da placa 
• Níveis de PCR. A PCR é um membro da família da pentraxina, sintetizada na fase aguda, principalmente pelo fígado, em 
resposta a uma variedade de citocinas inflamatórias. 
• Hiper-homocisteinemia. Níveis séricos de homocisteína foram correlacionados com aterosclerose coronariana, doença 
vascular periférica, acidente vascular cerebral e trombose venosa. 
• Síndrome metabólica. A síndrome metabólica está associada à obesidade central, entidade clínica caracterizada por 
resistência à insulina, à hipertensão, à dislipidemia (LDL elevada e HDL reduzida), à hipercoagulabilidade, e ao estado 
inflamatório, que pode ser desencadeada por liberação de citocinas dos adipócitos 
• Níveis de lipoproteína (a). A lipoproteína (a) é uma partícula semelhante à LDL que contém apolipoproteína B-100 ligada 
à apolipoproteína A. Os níveis de lipoproteína (a) estão correlacionados com o risco de doenças coronarianas e 
cerebrovasculares, independentemente dos níveis de colesterol total ou LDL 
• Os níveis elevados de pró-coagulantes são potentes preditores de risco para os principais eventos cardiovasculares 
Cecil 
• Os principais fatores são: 
o Níveis elevados de lipoproteína de baixa densidade (LDL-colesterol) e níveis baixos da lipoproteína de alta 
densidade (HDL-colesterol) → Este fenótipo das lipoproteínas, que está fortemente ligado à obesidade, 
resistência à insulina, hipertensão e anormalidades no metabolismo das lipoproteínas pós prandiais, é 
semelhante À então denominada síndrome metabólica, em que ambos estão associados a um grupo de risco 
aterogênico e fatores trombóticos (Fibrinogênio, PAI-1 e fator VII de coagulação, hiperatividade das plaquetas) 
o Tabagismo 
o Diabetes tipo 2 
o Hipertensão arterial sistêmica 
 
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o Histórico familiar• Outros fatores que podem aumentar o risco de doença aterosclerótica incluem: 
o Obesidade abdominal 
o Hipertrigliceridemia 
o Níveis plasmáticos elevados de lipoproteína 
o Hiperfibrinogenemia 
o Proteína C-reativa (PCR) 
o Inatividade física 
o Acido úrico 
o Estresse no trabalho e reações ao estresse 
o Eventos da vida 
o Distúrbio do sono 
o A elevação da homocisteína total do plasma também está associada a um maior risco cardiovascular 
FORMAÇÃO DAS LESÕES ATEROSCLERÓTICAS 
• O processo da aterosclerose inicia quando as lipoproteínas contendo apolipoproteína B (apoB100), predominantemente 
LDL, acumulam-se na íntima vascular, acamada mais interna da artéria 
• Pequenas partículas de LDL densas são particularmente propensas a acumular-se na íntima, onde se associam com 
proteoglicanos da matriz extracelular. 
• A Iipoproteína lípase produzida localmente na artéria pode levar o LDL à matriz extracelular, e a fosfolipase e ações da 
esfingomielinase podem contribuir para o aprisionamento de LDL. 
• Uma vez presas na parede da artéria, as partículas de LDL podem ser atacadas por enzimas como mieloperoxidase e 
NADPH oxidases 
• Durante a modificação oxidativa de LDL, determinadas espécies de fosfolipídios oxidadas, biologicamente ativas, são 
libertadas e ativam as células endoteliais e os macrófagos. 
• Essa ativação leva à produção de quimiocinas e expressão de moléculas de adesão de leucócitos que, juntas, instigam 
recrutamento de monócitos e células T para a íntima. Os fatores de crescimento locais induzem os monócitos recrutados 
a desenvolverem-se em macrófagos. 
• Na íntima, os macrófagos captam o LDL oxidado por meio de seus receptores varredores, começam a acumular colesterol 
e são gradualmente transformados em células espumosas carregadas de colesterol. 
• Alguns macrófagos na íntima produzem mediadores pró-inflamatórios, incluindo o fator de necrose tumoral (TNF), 
interleucina-1 (IL-1), eicosanoides pró-inflamatórios, espécies de radicais de oxigênio e nitrogênio, e fatores pró-
trombóticos. 
• As células T que são estimuladas a entrar na íntima podem reconhecer os antígenos apresentados por macrófagos. Estes 
antígenos incluem os componentes de LDL, outras proteínas endógenas e antígenos possivelmente microbianos. As 
células T intimais ativadas produzem citocinas THl, tais como o interferon-'Y, TNF e linfotoxína, sendo todos fortemente 
pró-aterogênicos. Com a entrada e ativação das células T e dos macrófagos, o acúmulo de lipídios na íntima conduz ao 
processo da doença inflamatória crônica da aterosclerose. 
• Além das células T e dos macrófagos, a formação de ateroma também é estimulada por células dendríticas que captam 
e apresentam os antígenos, e pelos mastócitos que secretam enzimas e mediadores bioativos. 
• Inversamente, as partículas de HDL antiaterogênicas contrariam a formação de lesões ateroscleróticas. Estas partículas 
medeiam o efluxo de colesterol das células, agindo como receptores de colesterol entregues apartir de proteínas de 
transporte específicas denominadas proteínas ABC (tem cassete de ligação aoATP) Al eG1.Além disso, aspartículas de 
HDL transportam as proteínas anti-inflamatórias e antioxidantes. 
MOROFLOGIA DA PLACA 
• As placas ateroscleróticas apresentam três componentes principais: 
o (1) células, incluindo as células musculares lisas, macrófagos e células T; 
o (2) matriz extracelular, incluindo colágeno, fibras elásticas, proteoglicanos; e; 
o (3) lipídios intra e extracelulares 
• A periferia das lesões apresenta neovascularização (proliferação de pequenos vasos sanguíneos) 
 
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PATOGENIA 
• Hipótese da resposta à lesão: o modelo considera a aterosclerose como uma resposta inflamatória crônica da parede 
arterial à lesão endotelial. A progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos, 
macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e constituintes celulares da parede arterial 
• A aterosclerose é produzida pelos seguintes eventos patogênicos 
o Lesão endotelial — e consequente disfunção endotelial causando aumento da permeabilidade, adesão 
leucocitária e trombose 
o Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol na parede dos vasos) 
o Adesão plaquetária 
o Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas 
o Acúmulo de lipídios no interior dos macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias 
o Recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados pela ativação de plaquetas, macrófagos 
e células da parede vascular 
o Proliferação de células musculares lisas e produção de MEC 
• Detalhando: 
o Lesão Endotelial. A lesão de células endoteliais é o pilar da hipótese da resposta à lesão. A perda endotelial 
decorrente de qualquer tipo de lesão — induzida experimentalmente por desnudamento mecânico, forças 
hemodinâmicas, deposição de imunocomplexos, irradiação ou produtos químicos — promove o espessamento 
da íntima; na presença de dietas ricas em lipídios, resulta na formação de ateromas típicos. No entanto, as lesões 
ateroscleróticas iniciais na espécie humana começam em locais intactos, mas com disjunção endotelial. A 
disjunção das células endoteliais apresenta aumento da permeabilidade e da adesão plaquetária, e alteração na 
expressão genética, sendo todos esses fatores contribuintes para o desenvolvimento da aterosclerose 
▪ As duas causas mais importantes de disjunção endotelial são os distúrbios hemodinâmicos e a 
hipercolesterolemia 
o Desequilíbrio Hemodinâmico. A importância dos fatores hemodinâmicos na aterogênese é ilustrada pela 
observação de que as placas tendem a ocorrer nos óstios de saída dos vasos, nos pontos de ramificações e ao 
longo da parede posterior da aorta abdominal, onde há fluxo sanguíneo turbulento 
o Lipídios. Os lipídios são tipicamente transportados na corrente sanguínea ligados a apoproteínas específicas 
(formando complexos de lipoproteína). As dislipoproteinemias podem se originar de mutações genéticas que 
codificam as apoproteínas ou os receptores de lipoproteínas, ou outras doenças que provocam danos no 
metabolismo lipídico (síndrome nefrótica, alcoolismo, hipotireoidismo ou DM2) 
▪ As anormalidades incluem: 
• (1) aumento dos níveis de colesterol LDL, (2) diminuição dos níveis de colesterol HDL e (3) 
elevação dos níveis de lipoproteína (a). 
• Com a hiperlipidemia crônica, as lipoproteínas acumulam-se dentro da íntima, local onde 
supostamente produzem dois derivados patogênicos: LDL oxidada e cristais de colesterol. A 
LDL é oxidada através da ação de radicais livres de oxigênio produzidos localmente por 
macrófagos e células endoteliais, e ingeridos pelos macrófagos através do receptor depurador, 
resultando na formação de células espumosas. Ademais, a LDL oxidada estimula a secreção de 
fatores de crescimento local, citocinas e quimiocinas, aumentando o recrutamento de 
monócitos, e também possui ação citotóxica para as células endoteliais e musculares lisas. 
Recentemente, tem-se mostrado que diminutos cristais de colesterol extracelulares 
encontrados em lesões ateroscleróticas iniciais funcionam como sinais de “perigo”, já que 
ativam células imunes inatas, como monócitos e macrófagos 
o Inflamação: A inflamação contribui para iniciação, progressão e complicação das lesões ateroscleróticas. Os 
vasos em condições normais não se ligam às células inflamatórias. No estágio da aterogênese, no entanto, as 
células endoteliais disfuncionais expressam moléculas de adesão que promovem adesão leucocitária; a molécula 
de adesão de célula vascular I (VCAM-1), em particular, liga-se a monócitos e linfócitos T. Após a adesão no 
endotélio, os leucócitos migram para dentro da íntima sob a influência de quimiocinas produzidas localmente 
o Infecção: Existem evidências de associação de infecções com aterosclerose. O herpesvírus,o citomegalovírus e 
a Chlamydia pneumoniae têm sido detectados em placas ateroscleróticas, e estudos soroepidemiológicos 
mostraram aumento dos títulos de anticorpos para Chlamydia pneumoniae em pacientes com aterosclerose 
mais intensa. 
 
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o Proliferação das Células do Músculo Liso e Síntese de Matriz. A proliferação de células do músculo liso da íntima 
e a deposição de MEC convertem a lesão inicial, ou seja, as estrias gordurosas, em ateroma maduro, 
contribuindo para o crescimento progressivo das lesões ateroscleróticas 
▪ As células musculares lisas recrutadas sintetizam MEC (principalmente o colágeno), que estabilizam as 
placas ateroscleróticas. No entanto, células inflamatórias ativadas nos ateromas também podem causar 
apoptose das células musculares lisas da íntima e desintegrar a matriz, formando placas instáveis 
 
 
 
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CRESCIMENTO, MORTE E PROGRESSÃO DA DOENÇA 
• As lesões ateroscleróticas crescem pela acumulação de colesterol, infiltração das células inflamatórias, ativação, 
proliferação e morte dessas células e desenvolvimento gradual de um núcleo que contém detritos celulares e lipídios. 
• Como uma resposta tecidual para este processo, as células musculares lisas formam uma estrutura de capa subendotelial 
domínada por fibras de colágeno, que são produzidos por estas células. A capa de colágeno estabiliza mecanicamente 
aplaca e cria uma barreira entre os componentes hemostáticos do sangue e do material trombogênico da placa 
• Enquanto aplaca não está muito avançada, a dilatação compensatória (da parede arterial (remodelamento) impede que 
ela fique significativamente saliente no lúmen arterial. 
• No entanto, após o crescimento da placa a um tamanho suficiente, a artéria a remodela para dentro, muitas vezes 
acompanhada por vasoconstrição exagerada ou paradoxal. 
ATIVAÇÃO DA PLACA, TROMBOSE E INFARTO 
• O processo arterosclerótico normalmente fica em silêncio por meses, amos e até mesmo décadas, podendo nunca 
resultar em manifestações clínicas 
• Quando a superfície da placa for danificada, a oclusão trombótica da artéria pode ocorrer 
o A continuidade da superfície pode ser danificada por fissuras (a chamada ruptura de placa – 60 a 80% dos casos) 
ou erosão da superfície (20 a 40% dos casos) 
• As fissuras e erosões estimulam a aterotrombose expondo o material trombogênico dentro da placa, como os 
fosfolípidios, o fator tecidual e as moléculas da matriz, para as plaquetas e fatores de coagulação 
• Os agregados plaquetários formados nas superfícies expostas são estabilizados por uma rede de fibrina 
• O fator tecidual, expresso nas células musculares lisas vasculares e nos macrófagos da placa aterosclerótica é o iniciador 
celular primário da cascata de coagulação do sangue que leva à formação de fibrina 
• Os aterotrombos expandem-se rapidamente e podem preencher o lúmen em poucos minutos, levando à isquemia e 
infarto. 
• A causa da ruptura da placa ainda não está clara 
• Embora uma série de fatores contribua para a aterotrombose, a sequência precisa de eventos ainda não é conhecida. 
• Do mesmo modo, o papel preciso da ativação das vias de coagulação e plaquetas combinadas com a inibição da fibrinólise 
precisa ser definido. 
• A ruptura da placa ocorre frequentemente sem manifestações clínicas, refletindo possivelmente na variação da resposta 
trombótica dependendo da trombogenicidade de constituintes de placa expostas, hemorreologia local, ativação de 
plaquetas induzida pelo estresse de cisalhamento, atividade de coagulação sistêmica, função fibrinolítica e sensibilidade 
do órgão atingido para isquemia. 
CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DA DOENÇA ATEROSCLERÓTICA 
• As grandes artérias elásticas (p. ex., aorta, carótida e artérias ilíacas) e as médias e grandes artérias musculares (p. ex., 
coronárias, artérias renais e poplíteas) são os vasos mais comumente afetados por aterosclerose 
• A aterosclerose apresenta sinais e sintomas relacionados com a isquemia no coração, cérebro, rins e membros inferiores. 
o Infarto do miocárdio (ataque cardíaco), acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas da aorta e doença vascular 
periférica (gangrena das extremidades) são as principais consequências clínicas da aterosclerose 
• A história natural, as características morfológicas principais e os eventos patológicos mais importantes são 
esquematizados abaixo: 
 
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• Os resultados dos principais aspectos fisiopatológicos dependem do tamanho do vasos acometidos, do tamanho e 
estabilidade das placas e do grau de oclusão na parede dos vasos: 
o A oclusão dos pequenos vasos pode comprometer a perfusão dos tecidos. 
o A ruptura da placa aterosclerótica libera restos celulares, que podem evoluir para um quadro de trombose 
vascular aguda (muitas vezes catastrófico) ou de embolização distal (por destaque do trombo). 
o A destruição da parede vascular subjacente pode levar à formação de aneurismas, com ruptura secundária 
e/ou trombose 
• Um alto número de pessoas assintomáticas apresenta risco catastrófico para o evento coronariano 
• Os fatores que desencadeiam as alterações agudas na placa são complexos e incluem os intrínsecos (p. ex., 
composição e estrutura da placa) e extrínsecos (p. ex., pressão arterial). 
o Esses fatores combinados podem enfraquecer a integridade da placa, tornando-a incapaz de suportar forças 
de cisalhamento vascular. 
o A inflamação da placa promove o aumento da degradação do colágeno e a redução da sua síntese 
• As placas estáveis tendem a apresentar cápsula fibrosa densa, acúmulo mínimo de lipídios e 
pouca inflamação; por outro lado, as placas “vulneráveis” são instáveis e exibem cápsula fibrosa fina, centro rico em 
lipídios e infiltrado inflamatório relativamente denso 
ESTENOSE ATEROSCLERÓTICA 
• Nos estágios iniciais, a remodelação da média tende a preservar o diâmetro luminal por aumentar a circunferência 
do vaso 
• Devido aos limites da remodelação, entretanto, a expansão do ateroma pode apresentar consequências sobre o 
fluxo sanguíneo. 
o A estenose crítica é o ponto em que a oclusão limita significativamente o fluxo, e a demanda começa a 
exceder a oferta. Nas circulações da artéria coronariana (e em outras), isso ocorre em aproximadamente 
70% da oclusão fixa 
o Em repouso, os pacientes afetados apresentam perfusão cardíaca adequada, mas, ao mínimo esforço, a 
demanda excede a oferta, e a dor no peito se desenvolve devido à isquemia cardíaca (angina estável) 
o A hipoperfusão arterial crônica resultante da aterosclerose em vários leitos vasculares inclui isquemia 
intestinal, morte cardíaca súbita, DCI crônica, encefalopatia isquêmica e claudicação intermitente (sensação 
dolorosa na perna devido à isquemia). 
ALTERAÇÃO AGUDA DA PLACA 
• Erosão ou ruptura da placa normalmente desencadeia um quadro de trombose, evoluindo para a obstrução vascular 
parcial ou total e, muitas vezes, para o infarto tecidual 
 
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• As alterações da placa dividem-se em três categorias gerais: 
o Ruptura/fissura, expondo os constituintes da placa altamente trombogênicos 
o Erosão/ulceração, expondo ao sangue a membrana basal subepitelial trombogênica 
o Hemorragia no interior do ateroma, expandindo seu volume 
• Um alto número de pessoas assintomáticas apresenta risco catastrófico para o evento coronariano 
PRINCÍPIOS DA TERAPIA ANTIATEROSCLERÓTICA 
• O tratamento atual da aterosclerose visa controlar fatores de risco, mantendo a perfusão nas artérias afetadas. 
• Até o momento, as intervenções firmemente estabelecidas incluem a cessação do tabagismo, redução do LDL-colesterol 
pela dieta ou farmacológica e controle da pressão arterial 
• Os dados disponíveis também apoiam com veemência a intervenção voltada para a hiperglicemia, os baixos níveis de 
colesterol HDL, a hipertrigliceridemia, a obesidade e sedentarismo 
• .As estatinas claramente reduzemas lesões ateroscleróticas e inibem a sua progressão 
• A aspirina e outros inibidores de agregação plaquetária, os f3-bloqueadores e os inibidores da enzima conversora de 
angíotensinaâou os bloqueadores do receptor da angiotensina II também são parte da rotina de prevenção secundária 
da doença arterial coronariana 
• Os inibidores da agregação plaquetária são amplamente utilizados para a prevenção secundária da doença 
aterosclerótica cardiovascular. 
• A aspirina inibe a formação de prostaglandinas pró-agregatórias, enquanto outros inibidores de agregação de plaquetas 
modulam a expressão de moléculas de adesão de plaquetas. 
• A nitroglicerina e os compostos semelhantes que imitam a ação do óxido nítrico endógeno continuam a ser os 
vasodilatadores mais importantes utilizados na prevenção secundária

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