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Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 BASES DA TERAPEUTICA Aula 15: Fisiologia do Néfron e Diuréticos 01/05/2019 NÉFRON – UNIDADE FUNCIONAL A unidade funcional do rim é o néfron. Glomérulo e túbulos são estudados didaticamente separados, mas são interdependentes. Do ponto de vista quantitativo, a função tubular e glomerular, consegue ser mensurada. Se levar em consideração os rins recebendo 25% do débito cardíaco, isso dará um fluxo sanguíneo renal em 12000ml/minuto no adulto. A função do glomérulo é a produção do ultrafiltrado. E a função tubular é a reabsorção desse ultrafiltrado. O que sobrar é a urina = 1,5 a 2,5 litros/dia FUNÇÃO TUBULAR A função tubular didaticamente é dividida, pois temos áreas distintas com funções distintas nos túbulos. Saindo do glomérulo há o túbulo contorcido proximal em região de córtex renal. Esta é uma área onde ocorre a maioria da reabsorção dos elementos químicos a nível de túbulo. Em seguida, saindo do túbulo contorcido proximal, entra no ramo descendente que leva uma alça e um ramo ascendente, essa alça é chamada de Alça de Henle que possui uma porção espessa e uma porção delgada. A porção delgada é medular e a porção espessa é mais cortical. Saindo da Alça de Henle, há o túbulo contorcido distal em região cortical renal. Por fim, a última parte do túbulo que é o túbulo coletor e posteriormente, terá a via urinaria com a urina praticamente pronta para ser excretada. Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 MECANISMO DE CONCENTRAÇÃO URINÁRIA A concentração urinária é uma das funções mais importantes e isso acontece, pois ao longo de todo o túbulo, existem bombas que fazem a reabsorção de diferentes elementos químicos. O trabalho dessas bombas e a reabsorção dos elementos químicos mudam a concentração urinaria no lúmen deste túbulo que é a mola propulsora para que possa existir a dinâmica tubular até a parte de excreção final. DIURÉTICOS – OBJETIVOS • Aumentar o volume urinário • Natriurese (e Cl-): eliminação de sódio pela urina e também terá saída de cloro. A natriurese é o objetivo central de um diurético. Quando tem mais sódio, consequentemente, tem mais água e a pessoa urina mais. Então, aumenta o volume urinário e por conseguinte, diminui o volume de liquido extracelular (particularmente intravascular) e diminui o conteúdo corporal total de NaCl. TIPOS DE DIURÉTICOS • Inibidores de anidrase carbônica • Diuréticos osmóticos • Diuréticos de Alça • Diuréticos Tiazídicos Serão os mais focados • Diuréticos poupadores de K - Inibidores dos canais de Na do epitélio renal - Antagonistas de mineralocorticoides. PRINCIPAIS USOS CLÍNICOS • Estamos Edematosos - ICC - Doença renal e Insuficiência renal - Cirrose Hepática - Edema idiopático • Estados Não edematosos - Hipertensão - Nefrolitíase Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 DIURÉTICOS DE ALÇA Pode ser usado tanto por via oral quanto por via parenteral. Mecanismo de Ação: • Inibidores de Bomba de Íons no néfron. A Bomba de Íons no néfron mais importante se localiza na Alça de Henle no ramo ascendente espesso. Portanto, é um simporte – todos os íons no mesmo sentido. A função tubular é reabsortiva, então essa bomba é de reabsorção de sódio e potássio e 2 cloros. Portanto, se irá inibir esta bomba, será perdido pela urina: sódio, potássio e 2 cloros. Ao perder sódio a função é natriurética. Também há a inibição da reabsorção de cálcio e magnésio pelo túbulo, ou seja, sai mais cálcio e magnésio pela urina. Resumindo: Inibir Bomba de Íons na Alça de Henle ascendete espessa irá inibir reabsorção: sódio, potássio e 2 cloros + cálcio e magnésio. Fármacos: - Furosemida (Lasix®) → mais importante - Bumetanida (Burinax®) - Ácido etacrínico - Torsemida Figura 1 mostra a localização da Bomba Simporte Sódio, Clóro e Potássio. É localizada justaluminal, é uma bomba reabsortiva e quando esta bomba é inibida ocorrerá a natriurese (eliminação de sódio e cloro) e também a caliurese (eliminação do potássio conjuntamente. Figura 2 mostra o posicionamento em relação aos diversos segmentos do túbulo da Bomba que é inibida pelo diurético de Alça. CONSEQUÊNCIAS DA EXCREÇÃO URINÁRIA • Acentuada excreção de Na e Cl, portanto, é um potente diurético • Excreção de K • Secreção de H+ • Excreção de Ca e Mg • Conforme uso crônico, diminui a excreção de ácido úrico: isso pode levar a uma hiperuricemia, ou seja, pode descompensar um paciente que tem gota. • Bloqueia a capacidade de concentrar urina. Figura 1 Figura 2 Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 DADOS DE INTERESSE CLÍNICO • Interação medicamentosa importante com anti-inflamatório (AINES): os anti-inflamatórios diminuem a resposta de diurético de alça. Ex.: Paciente equilibrado com o controle hipertensivo e um dos medicamentos que ele usa é um diurético de alça. Por algum motivo sofre um trauma e alguém lhe prescreve um AINES. A interação deste medicamento com o diurético diminui a resposta do diurético e, esse paciente pode descompensar a sua pressão arterial. Portanto, é preciso ter atenção sobre as interações medicamentosas do paciente, pois caso contrário, você pode aumentar a dose anti-hipertensiva quando na verdade você deveria eliminar a interação medicamentosa. • Ototoxicidade, mas é reversível. • Hiperuricemia: quando quer que o paciente perca sódio pela urina, deve ter atenção ao seu sangue, pois pode ocorrer hiponatremia, ou seja, perdeu muito mais sódio do que devia. E também, perde muito liquido intravascular do que deveria podendo gerar no paciente hipotensão. • Hipopotasemia: atenção na dosagem de potássio, pois o diurético também deixa escapar potássio. OBS: Paciente que usa diurético deve ter dosagem de sódio e potássio em sua rotina de acompanhamento. • Hipercalciúria: deve ter atenção a perda de cálcio na urina. E no sangue é o contrário: Hipocalcemia. OBS: tomar cuidado com mulheres na menopausa, risco de osteoporose. Se precisar usar um diurético, é melhor usar um que poupa cálcio, pois este diurético de Alça não poupa. • Hipomagnesemia: tomar cuidado com a perda de magnésio. PRINCIPAIS USOS TERAPÊUTICOS • Edema agudo de pulmão: • ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva) • HAS • Síndrome Nefrótica • Ascite e Cirrose hepática DIURÉTICOS TIAZÍDICOS Como todo diurético, ele deve propiciar natriurese inibindo uma Bomba. Atua no túbulo contorcido distal, então não é um diurético potente, possui uma eficácia moderada, porque a grande absorção está no túbulo proximal, portanto, faz um trabalho mais fino, um trabalho final com relação a reabsorção dos íons. - A bomba é uma Bomba Reabsortiva de Sódio Cloro e, sendo reabsortiva, ao ser inibida, sódio e cloro são eliminados pela urina final. Fármacos: - Hidroclorotiazida → mais importante - Clortalidona Na figura mostra a Bomba Na/Cl (reabsortiva) que será inibida pelo fármaco. Ao ser inibida, por um ajuste intracelular, também acontece escape de potássio. Então, o escape de potássio pelos diuréticos Tiazídicos é indireto, não é igual aos diuréticos de Alça que são através da bomba. Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 EFEITOS SOBRE A EXCREÇÃO URINÁRIA • Excreção de Na e Cl • Excreção de K • Secreção de H+ • Quando usados de forma crônica, diminuem a excreção de Ca (poupa o cálcio) e de ácido úrico (pode descompensar o paciente com gota) OBS: Para mulheres em menopausa e precisa de um diurético para controle de pressão, os Tiazídicos são uma opção melhor! DADOS DE INTERESSE CLÍNICO •Não funcionam com TGF < 30-40 ml/minuto: Para taxa de filtração glomerular, creatinina muito baixa ( < 30-40ml/min), não tem utilidade. Portanto, os Tiazídicos possuem limitação em relação a função renal. Nefropata abaixo de 30 não se use tiazídico. • Disfunção erétil • Riscos de hiponatremia, hipopotassemia, alcalose, hipercalcemia, hiperuricemia O diurético Tiazídico por poupar a perda de cálcio na urina, ele pode facilitar o acompanhamento e o controle de pacientes formadores de cálculo urinário a base de cálcio. Então, existe uma indicação pontual para pacientes com cálculo urinário formados por cálcio e que tem hipercalciúria e poderá ser dado uma dose baixa de diurético tiazídico para fazer o controle da formação desse tipo de calculo renal. • Baixa tolerância à glicose = hiperglicemia • Hiperlipidemia (5-15% aumento colesterol) • Interação potencialmente letal com quinidina (antiarrítmico que prolonga o intervalo QT) PRINCIPAIS USOS TERAPÊUTICOS • HAS • Edema associado à cardiopatia, cirrose, nefropatas • Nefrolitíase com hipercalciúria • Osteoporose • Diabetes Insípido Nefrogênico Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 DIURÉTICOS POUPADORES DE K Antagonistas dos receptores de mineralocorticoides São antagonistas da Aldosterona, ou seja, são antagonistas dos receptores de mineralocorticoides. Qual é o mineralocorticoide do néfron? É a aldosterona. O que faz a aldosterona? Reabsorve sódio e secreta potássio. Então, irá impedir a ação da aldosterona. Se ela faz reabsorção de sódio e irá impedir essa reabsorção, então será feito natriurese. Se ela faz secreção de potássio e irá impedir essa secreção, então o potássio será poupado. OBS: Os outros diuréticos (tiazídicos e os de Alça) são perdedores de potássio. Atuam na porção final do túbulo contorcido distal e no coletor (mais importante), pois é no coletor que há o mecanismo de ação da aldosterona. A eficácia depende no nível endógeno de aldosterona da pessoa. Fármacos: - Espironolactona → mais importante - Eplerenona A aldosterona tem trabalho fundamental a nível de coletor, onde ela faz a reabsorção de sódio e a secreção de potássio e hidrogênio. Nesse sentido, será bloqueado esse sistema e ter natriurese e poupar potássio. ESPIRONOLACTONA DADOS DE INTERESSE CLÍNICO • Exibe afinidade para receptores de progesterona e androgênio, pois pode provocar alguns efeitos adversos como: disfunção erétil, ginecosmatia e irregularidades menstruais. • Risco de hiperpotassemia: pois ele é poupador de potássio • Contraindicação: portadores de ulceras pépticas PRINCIPAIS USOS TERAPÊUTICOS • Co-administrada com outros diuréticos no tratamento do edema e da HAS • Hiperaldosteronismo primário • Hiperaldosteronismo secundário Ex.: Tratamento de ICC, nesses pacientes o que tem aumentado a sobrevida é a Espironolactona, ou seja, diurético poupador de potássio. • Diurético de escolha na cirrose hepática Nesses casos, é necessário o uso isolado da Espironolactona Tathiane Francisco Alves TXIX – 5° semestre – 2020 ANTIDIURÉTICO VASOPRESSINA É mais conhecido como Hormônio Antidiurético e atua no coletor. Irá atuar com mecanismo de ação em cima de aquaporinas no coletor. Então, é um hormônio antidiurético, irá abrir alguns polos/aquaporinas para a passagem de água livre, ou seja, não mexe com eletrólitos. ATENÇÃO PARA INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS • AINES: aumenta a resposta do hormônio antidiurético • Lítio (usado nos transtornos do humor): inibe a resposta ao hormônio antidiurético, com isso, terá mais diurese • Álcool: também reduz a resposta do hormônio antidiurético, então provoca a diurese. É diferente de pessoa para pessoa. • Desmopressina (DDAVP) é o agonista seletivo: pode ser dado tanto por via oral como por via nasal. Ex.: Pode ser dado em situações de enurese (perda involuntária de urina durante o sono).
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