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Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 BASES DA TERAPÊUTICA Aula 8: Anti-inflamatórios HISTÓRIA • Em 1829, a casca do salgueiro foi isolada e sua atividade antipirética foi caracterizada, pela primeira vez por Leroux. Seu ingrediente ativo tinha como composto principal um glicosídeo amargo conhecido como salicina. • Em 1875, o salicilato de sódio foi usado pela primeira vez como antipirético, no tratamento da febre reumática (Insel, 1990; Vane e Botting 1996). • Em1893, Felix Hoffman, em busca de novos compostos com atividade antiinflamatória modificou a molécula de salicilato introduzindo um grupo acetil baseado em informações deixadas por Gerhardt de 1853. • Em 1899, Hermann Dreser, farmacologista chefe da Bayer, fez o lançamento comercial do ácido acetilsalicílico com o nome de aspirina, derivado de Spiracea, espécie de planta a partir do qual o composto foi isolado, sendo o primeiro antinflamatório não esteroidal (AINE) comercializado (Insel, 1990; Wallace, 1997). SPIRACEA DEFINIÇÃO A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades da lesão. FISIOPATOLOGIA LESÃO TISSULAR PERIFÉRICA Liberação de neuromediadores: citocinas, bradicininas, serotonina, prostaglandinas, leucotrienos e radicais livres. Estes promovem e facilitam a transmissão dolorosa. Hiperalgesia. → Alterações inflamatórias: edema, calor e vermelhidão (rubor). Liberação de neurotransmissores excitatórios: aspartato, glutamato e substância P. NÍVEL CENTRAL Os neurotransmissores acima citados são liberados no corno dorsal da medula espinhal. Ativam receptores NMDA (N-Metil-D-Aspartato). Provocam a atuação de 2° mensageiros: Fosfolipase C, AMP cíclico, fosfatidilinositol (IP-3). Promovem a abertura dos canais de cálcio aumentando o influxo destes íons para o interior das membranas celulares. O aumento do cálcio estimula a produção de outros mediadores químicos (óxido nítrico e metabólitos do ácido aracdônico). Além da formação de ONCOGENES (cfos, fos B, C jun, jun B e D). Estes alteram a transmissão do potencial de ação, sensibilização medular e fenômeno wind up (aumento da duração da resposta de certos neurônios). http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim http://pt.wikipedia.org/wiki/Homeot%C3%A9rmico http://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Celula http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_imunit%C3%A1rio Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 Quanto maior a intensidade do estímulo agressivo, maior a quantidade de receptores acionados. A transmissão dolorosa ascende através da medula espinhal e faz conexões com: formação reticular, hipotálamo, tálamo, núcleos da base, sistema límbico, córtex motor e somestésico. Transporte de substância P para as fibras nociceptivas periféricas, promovendo: ativação de fibras adrenérgicas, espasmos musculares reflexos, alterações imunes e neuroendócrinas, que provocam aumento da permeabilidade vascular, a atração de células fagocitárias e aumento da sensibilidade das fibras nociceptivas à ação dos neuromediadores. CICLOOXIGENASES-COX • São enzimas essenciais para a síntese de prostaglandinas a partir do ácido aracdônico (AA) liberado pelas fosfolipases A2 da membrana celular. Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 CLASSIFICAÇÃO COX Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 COX-1 COX-2 FARMACOCINÉTICA Todos os AINES (exceto Paracetamol) são ácidos fracos facilmente absorvidos no estômago e intestino. A velocidade de absorção está aumentada com o uso de comprimidos de rápida dissolução ou efervescentes. Ligam-se extensivamente às proteínas plasmáticas (95 – 99%). São metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins. MECANISMO DE AÇÃO - Inibição da síntese de prostaglandinas (PG): inibe a COX-1 ou COX-2 ou ambas, impedindo a formação de PG. Também antagonizam os receptores das PG. - Inibem a liberação de histamina dos mastócitos. - Inibem a migração de leucócitos PMN (polimorfonucleares) e monócitos, reduzindo a quimiotaxia. - Redução da permeabilidade capilar, diminuindo o edema e vermelhidão. - Inibem a liberação da PGE1 na área pré-óptica do hipotálamo anterior, inibindo o mecanismo da FEBRE. Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 USOS TERAPÊUTICOS • Inflamação: são as drogas de 1ª linha para inibir o processo inflamatório em doenças reumáticas e não- reumáticas, incluindo artrite reumatóide, osteoartrite, artrite psoríaca, espondilite anquilosante. Esses fármacos não revertem a progressão da doença reumática, mas retardam a destruição das cartilagens e ossos e aumentam a mobilidade das articulações. • Analgesia: é a melhor opção para o tratamento da dor leve a moderada. • Ação antipirética: os AINES diminuem a temperatura corporal elevada pela ação nos centros hipotalâmicos. • Outros: a Aspirina® (AAS) pode ser utilizada profilaticamente para reduzir a formação de trombos, profilaxia do infarto e de doenças coronarianas. CLASSIFICAÇÃO DOS AINES Inibidores não seletivos da COX Inibidores Preferenciais da COX Inibidores Seletivos da Cox Analgésicos e Antipiréticos com pouca ação anti-inflamatória → INIBIDORES NÃO-SELETIVOS DA COX SALICILATOS DERIVADOS DA PIRAZOLONA DERIVADOS INDÓLICOS DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO DERIVADOS DO ÁCIDO ANTRANÍLICO DERIVADOS DO ÁCIDO ARILACETIL DERIVDOS DO OXICAM DERIVADOS DO PIRROLOPIRROL → INIBIDORES PREFERENCIAIS DA COX-2 NIMESULIDA MELOXICAM NABUMETONA → INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 CELECOXIB ROFECOXIB VALDECOXIB ETORICOXIBE LUMIRACOXIB → INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 CELECOXIB ROFECOXIB VALDECOXIB ETORICOXIBE LUMIRACOXIB → ANALGÉSICOS –ANTIPIRÉTICOS COM POUCA AÇÃO ANTIINFLAMATÓRIA DERIVADOS DO PARAAMINOFENOL DERIVADOS DA PIRAZOLONA DERIVAOS DA BENZOXAZOCINA Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO: • Ácido salicílico e salicilato de metila (Gelol®): uso externo em casos de dores articulares e musculares. • Ácido acetil salicílico (AAS) [Aspirina®], salicilato de sódio (Salicetol®) e Diflunisal (DOR-BID®): V.O. FARMACOCINÉTICA: A forma não-ionizada é absorvida passivamente por difusão pelo TGI. Mais de 50% ligam-se às albuminas plasmáticas. Sofrem ampla distribuição. São metabolizados pelas enzimas hepáticas. Excretados pelos rins através da filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular. Reações Adversas: → Efeitos Gastrointestinais • Desconforto gástrico, náuseas, vômitos, por serem altamente irritantes para a mucosa gástrica; • Aumento da secreção ácida gástrica; • Hemorragias gástricas; • Úlceras, gastrite medicamentosa; • Fator: inibição das PGE2 e PGI2 – inibem a secreção ácida gástrica e promovem a secreção de muco citoprotetor. • → Alterações no tempo de coagulação: • Aumenta o tempo de coagulação por inibir a agregação plaquetária. → Hipersensibilidade • Urticárias; • Choque anafilático. → Alterações do Equilíbrio Ácido-base: • Hiperventilação pulmonar: maior consumo de O2 e maior produção de CO2: alcalose respiratória e aumento do pH sanguíneo; • Intoxicações graves: depressão do centro respiratório com diminuição ventilatória pulmonar, aumento de íons H+ no sangue, redução do pH sanguíneo e acidose respiratória. → Intoxicação Aguda: • Náuseas, vômitos; • Hiperventilação pulmonar – alterações do equilíbrio ácido-base; • Depressãodo centro respiratório, falência respiratória e choque circulatório; • Medidas: lavagem gástrica, administração EV de bicarbonato, administração de vitamina K e transfusão de sangue (em casos de choque). • → Intoxicação Crônica: • Distúrbios gastrointestinais; • Úlceras pépticas; • Alteração do tempo de coagulação; • Reações de hipersensibilidade. Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 DERIVADOS DA PIRAZOLONA: • Fenilbutazona (butazolidina)[BUTAZONA®], dipirona (NOVALGINA®), oxifenilbutazona (TANDERIL®) e feprazona (Zepelan®). São rapidamente absorvidas pelo TGI, metabolizadas pelo fígado e lentamente excretadas pelos rins. Mecanismo de ação: inibem a síntese e liberação de PGs; Reações Adversas: • Retenção de sódio, cloro e água a nível renal; • Aumento do volume plasmático; • Redução do volume urinário; • Alteração da dinâmica cardíaca; → Intoxicação aguda: • Náuseas, vômitos, estimulação do SNC e edema; → Intoxicação crônica: • Sintomas da intoxicação aguda; • Trombocitopenia, agranulocitose (bloqueio medular); • Icterícia, febre e lesões orais. DERIVADOS INDÓLICOS: • Indometacina (Indocid®) e sulindaco (Clinoril®); Ação anti-inflamatória de intensidade equivalente à da aspirina, ação antitérmica e analgésica comparável. Potente inibidor da síntese das PGs. Reações Adversas: Cefaleia, náuseas, vômitos, anorexia, dores abdominais, vertigens, leucopenia, hipersensibilidade; Sulindaco: pró-droga – baixa incidência de toxicidade TGI. DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO: • Naproxeno (Naprosyn®), ibuprofeno (Motrin®), cetoprofeno (Profenid®), fenoprofeno (Algipron®); Bem absorvidos pelo TGI. Acopla-se às proteínas plasmáticas (90%). É extensamente metabolizado pelo fígado. É excretado pelos rins. Potente inibidor das PGs. DERIVADOS DO ÁCIDO ANTRANÍLICO: • Ácido mefenâmico (Ponstan®) e ácido flufenâmico (Mobilisin®); • Ácido mefenâmico: anti-inflamatório, analgésico e antipirético; • Ácido flufenâmico: apenas antiinflamatório; São absorvidos lentamente pelo TGI. Possuem efeitos tóxicos (não devem ser utilizados por tempo prolongado). - Cefaleias, tonturas, perturbações gastrointestinais, agranulocitoses e reações de hipersensibilidade. DERIVADO DO ÁCIDO ARILACETIL: • Diclofenaco de sódio (Voltaren®, Biofenac®, Dorgen®) e de potássio (Cataflan®). Rapidamente absorvido por via oral e parenteral. O pico da concentração plasmática é alcançado dentro de 2 horas. Após absorção, liga-se a 99,7% das proteínas plasmáticas. Possui excelente atividade anti-inflamatória, analgésica e antitérmica. Tem sido recomendado até para analgesia pós-operatória em infusão IV contínua. Interações: aumenta as concentrações plasmáticas do lítio, digoxina e metotrexato (MTX), quando administrado concomitantemente. Em altas doses, inibe a agregação plaquetária. Tem que haver precaução na administração com outros antiagregantes plaquetários. → Contraindicação: portadores de úlceras, gastrites ou pessoas alérgicas ao fármaco. Não administrá-lo a crianças, hepatopatas, gestantes e lactantes. Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 Reações Adversas: • Sangramento, ulceração ou perfuração da parede intestinal. Hepatotoxicidade: pode evoluir para hepatite tóxica com ou sem icterícia. • Induração no local da aplicação da injeção IM, abscesso e necrose local. Deve administrar somente no GLÚTEO. • Insônia, irritabilidade, convulsões, visão borrada, diplopia. DERIVADOS DO OXICAM: • Piroxicam (Feldene®), tenoxicam (Tilatil®); Piroxicam: meia-vida longa, o que permite administração em dose única diária. É completamente absorvido pelo TGI, liga-se extensamente às proteínas plasmáticas (99%) e é excretado pela urina. Tem atividade analgésica, anti- inflamatória e antitérmica. - Sua atividade anti-inflamatória é superior à da Indometacina, Naproxeno e Fenilbutazona; - Sua atividade analgésica é superior à do Ibuprofeno, Naproxeno, Fenilbutazona e Fenoprofeno; • Ambos são indicados para inflamação reumática e não-reumática; • Provocam discrasias sanguíneas tais como púrpura, anemia, trombocitopenia e leucopenia; • Provocam lesões gástricas, náuseas, vômitos, diarréia, gastrite. • Aumentam o tempo de coagulação. → Contraindicações: • Portadores de úlceras e outros problemas do TGI; • Portadores de alterações da coagulação somente quando indispensável e sob rigorosa supervisão médica; • Não foi estabelecido o risco do uso em crianças, gestantes e lactantes. DERIVADOS PIRROLOPIRROL: CETOROLACO INIBIDORES PREFERENCIAIS DA COX-2 NIMESULIDA Seletividade relativa de COX-2. Liga-se a proteínas plasmáticas, metabolização hepática. Excreção urinária. Efeitos Adversos: Epigastralgia, pirose, náuseas, diarréia, exantema, prurido, sonolência, tontura MELOXICAM Efeitos gástricos são mais leves. Complicações com uso prolongado. Não há evidencias de que é mais seguro que os outros AINES. NABUMETONA Mais seletivo de COX-2. Sem evidencias de eficácia de sua segurança. Tathiane F. Alves TXIX – 5° semestre, 1° bimestre – 2020 INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 CELECOXIBE Seletividade para COX-2. Baixo potencial ulcerogênico. Efeitos Adversos: Dor abdominal, dispepsia, diarreia. ROFECOXIB-LUMIRACOXIB Mais seletivo (36 a 800x). Ulcera péptica é rara. Deve-se evitar em cardiopatias e hepatopatas. - PROIBIDO NO BRASIL VALDECOXIB-ETORICOXIBE Semelhante ao ROFECOXIB.
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