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MATERIAL POR @BIAEMEDICINA INTRODUÇÃO Imunoterapia é um conjunto de estratégias usadas na medicina para estimular ou melhorar a resposta imunológica em tratamentos de doenças como câncer, infecções e outras, assim como para minimizar os efeitos adversos em tratamentos muito agressivos como a quimioterapia, por exemplo. TIPOS DE IMUNOTERAPIA A imunoterapia é classificada em ativa e passiva, de acordo com as substâncias utilizadas e seus mecanismos de ação. ATIVA: usado um conjunto de estimulantes que visam restaurar a função imunológica, de modo a intensificar a resistência das células ao crescimento tumoral, para voltarem a ser aptas a reconhecê-las e atacá-las. PASSIVA: oferece componentes feitos em laboratório procurando proporcionar capacidade imunológica para combater a doença. VACINAS É um tipo de imunoterapia ativa. ANTÍGENOS TUMORAIS: Essa vacina pode ser feita de algumas formas: - Pode-se retirar células tumorais do paciente e depois reinseri-las mortas, com adjuvantes para que o sistema imune do paciente possa reconhecer os antígenos expressos nessas células. - Outra forma seria retirar a célula tumoral, purificar seus antígenos e reinseri-los com adjuvantes para ativar o sistema imunológico a formar uma resposta imune específica para os antígenos que elas expressam. - Outra forma seria aplicar células dendríticas do próprio paciente com plasmídeos que expressam antígeno tumoral. - Também podemos ter vacinas com DNA (fase experimental), que também são células transfectadas com plasmídeos que vão sintetizar antígenos tumorais. VACINAS COM GENES DE CITOCINAS: transfectar genes que sintetizem tanto citocinas quanto coestimuladores para as células do sistema imunológico. VACINAS COM VETORES VIRAIS: são usadas na prevenção de tumores causados por vírus com potencial oncogênico. Elas podem ser feitas com antígeno do vírus oncogênico ou com vírus vivo atenuado (ex: contra HPV e Hepatite B). OBS: A vacinação contra o câncer deve quebrar a tolerância imunológica adquirida pelas células tumorais. Assim, grandes quantidades de antígenos devem ser direcionadas para as células dendríticas (apresentadoras de antígenos mais eficazes). CITOCINAS Também podemos aumentar a imunidade de forma ativa com citocinas, fornecendo-as artificialmente. Podem aumentar a ativação de células dendríticas e de linfócitos T, principalmente TCD8+. Essas citocinas levam a uma ativação inespecífica do sistema imunológico, de onde podem sair células tumor-específicas. Uma terapia com resultados positivos tem sido a de IL-2 para tratamento de câncer de rim. Essa MATERIAL POR @BIAEMEDICINA citocina está relacionada à proliferação de clones de linfócitos T. Outra conhecida é a IFN-alfa (usado em alguns tipos de doenças hematológicas malignas) e associação com quimioterapia. ESTIMULAÇÃO INESPECÍFICA Tipo de imunoterapia ativa, em que as respostas imunes aos tumores podem ser estimuladas pela administração local de substâncias inflamatórias ou com tratamento sistêmico de substâncias que atuam como ativadoras policlonais de linfócitos. Elas ativam os linfócitos independente da sua especificidade. A aplicação da BCG intra- vesicular é aprovada para o tratamento de alguns tumores (tumor de bexiga em estágio inicial) O mycobacterium pode levar a uma ativação inespecífica do sistema imunológico e também pode ativar macrófagos, e nesse local as células podem combater células tumorais CHECKPOINTS IMUNOLÓGICOS Imunoterapias com checkpoints imunológicos são do tipo passivas. Há controvérsias se são passivas mesmo ou ativas. Se baseiam na utilização de anticorpos (passiva) com intuito de inibir uma via inibitória das células T (mecanismo ativo?). Em 2018 = prêmio Nobel baseado nessa terapia. O nosso sistema imunológico tem capacidade de diferenciar células normais e estranhas ao corpo. Isso permite que o sistema imune ataque as células estranhas e “tolere” as normais. Para isso, ele usa “checkpoints”, que são moléculas em células imunes que precisam ser ativadas ou inativadas para iniciar uma resposta imune. O bloqueio de vias inibitórias visa bloquear vias que são estimuladas na presença de tumores e impedem a ativação plena de linfócitos. Uma delas seria a molécula CTLA-4, expressa por linfócitos Treg na presença de tumores. Esse bloqueio é feito por anticorpos. Outra via é a via entre o PD-1 e PD-L1. Normalmente, o PD-1 atua como um tipo de “desligamento” que ajuda a impedir as células T de sua ativação plena quando se conecta ao PD- L1, proteína presente em algumas células normais e outras cancerosas (que possuem grandes quantidades). Assim, o bloqueio de uma dessas moléculas permitiria a atuação dos linfócitos. Essas terapias possuem vários efeitos colaterais, então não são comumente adotadas juntas. TERAPIA CELULAR ADOTIVA Consiste transferência de células imunológicas ou células tronco hematopoiéticas cultivadas e que têm atividade antitumoral. As células são tiradas do sangue do paciente ou de um tumor sólido. Elas são cultivadas num meio e depois reinseridas no paciente. Os principais exemplos são as células matadoras ativadas por linfocinas (LAK) e os linfócitos infiltrados nos tumores (TIL). Temos também as células dendríticas e células CAR T. A terapia por células CAR T é feita da seguinte forma: Pacientes são submetidos a uma série de testes e exames para determinar se a terapia de células CAR T é um tratamento apropriado As células são coletadas por aférese (retira sangue do corpo e separa componentes, nesse caso os linfócitos T). Os componentes sanguíneos restantes são retornados ao copo. As células coletadas são modificadas geneticamente (inserção de gene) para expressar receptores de antígenos quiméricos em sua superfície, para reconhecer as células tumorais. As células modificadas geneticamente são expandidas e congeladas para a infusão no paciente. Geralmente antes desse tratamento, o paciente é submetido à quimioterapia. Esse tratamento apresenta efeitos colaterais. ANTICORPOS ANTITUMORAIS MATERIAL POR @BIAEMEDICINA Anticorpos monoclonais são provenientes de um divisões celulares de único clone (uma célula B), sendo específicos para um único epítopo em um único antígeno. Os policlonais são provenientes de vários linfócitos B e específicos para diferentes epítopos no mesmo antígeno. A especificidade de anticorpos monoclonais permite a sua ligação a células cancerosas, buscando saídas para destruir as células cancerosas sem prejudicar as saudáveis. Células tumorais que são capazes de se replicar indefinidamente são fundidas a células de mamíferos que produzem um anticorpo específico que resulta no chamado hibridoma, e produzem continuamente anticorpos. Esses são os anticorpos chamados de monoclonais (vindos apenas da célula hibridoma). Os anticorpos produzidos por métodos convencionais ou de preparações com vários tipos de células são os anticorpos policlonais. Esses anticorpos atuam por opsonização, sinalizando as células tumorais para que sejam destruídas. Também atuam ativando o sistema complemento. Esses anticorpos podem atuar em ADCC (processo de citotoxidade celular mediada por anticorpos). EXEMPLOS DE ANTICORPOS MONOCLONAIS PARA O TRATAMENTO DO CÂNCER: Rituximabe linfomas (1997- EUA; Brasil 2010) Trastuzumabe câncer de mama (1998) Gentuzumabe leucemia mieloide aguda (2000) Alemtuzumabe leucemia linfoide crônica (2001) O mais recente anticorpo monoclonal é o Blinatumomab, no tratamento da leucemia linfoide aguda: É um tipo especial de anticorpo monoclonal pois pode ser anexado a duas proteínas diferentes simultaneamente. Uma parte dele se liga à proteína CD19 (encontradanas células B, incluindo algumas de leucemia e linfoma), e a outra parte é ligada à CD3 (encontrada nas células T). Ao se ligar a ambas as proteínas, ele induz o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas. Recentemente o SUS e os planos de saúde devem fornecer esse medicamento. IMUNIDADE X CRESCIMENTO TUMORAL O sistema imunológico também pode contribuir para o aparecimento de alguns tumores. O duplo papel pelo qual o sistema imunológico pode suprir e/ou promover o crescimento do câncer torna mais MATERIAL POR @BIAEMEDICINA difícil desenvolver vacinas, por exemplo, pois cabe identificar quais os antígenos mais adequados para usar. O sistema imune auxilia no aparecimento e proliferação de tumores em: SITUAÇÕES DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA: esôfago de Barret, em que o padrão crônico é caracterizado por um padrão fibrótico, podendo favorecer angiogênese (fatores de crescimento). INFECÇÕES CRÔNICAS: geram constante processo remodelação tecidual, em que pode abrir espaço para crescimento e disseminação do tumor (H. pylori/HBV/HCV). FUTURO E EDIÇÃO DE GENOMA Várias abordagens para a edição do genoma foram desenvolvidas, dentre elas o CRISPR- Cas9 (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, e sua proteína associada-9). Desenvolvido a partir de mecanismos moleculares do sistema imunológico bacteriano bactérias capturam fragmentos de DNA de vírus que as invadem e usam-nos para criar segmentos de DNA conhecidos como matrizes CRISPR, permitindo que elas criem uma espécie de “memória” para esse vírus – caso ele invada novamente, elas reconhecem esse DNA e utilizam a enzima Cas9 para fragmentar o DNA dele, desabilitando-o. A estrutura genética do CRISPR é constituída de repetições palindrômicas curtas, agrupadas e regularmente interespaçadas. As repetições e os espaçadores, quando transcritos, formam o RNA guia direciona a enzima Cas9 ao alvo. O sistema CRISPR possibilita a edição do genoma por meio da clivagem do DNA por uma endonuclease (Cas9), guiada a partir de uma sequência de RNA, capaz de se parear com as bases de uma sequência-alvo. Tanto a Cas9 quanto o RNA podem ser introduzidos in vitro e direcionados a locais específicos do genoma das células quebram a fita dupla. Assim, poderiam ser usados tanto para reparar mutações quanto para introduzir novas.
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