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Pr2 MT1 - Conceito de saúde

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Tutoria 02 - modulo 1 
 Problema: agora Jose? 
José, um médico recém-formado, morador do interior de Pernambuco, foi convidado pelo prefeito de sua 
cidade para ser o novo secretário de saúde. Assim que o mesmo assumiu o cargo, ele procurou conhecer a realidade 
de saúde da população local para poder identificar os principais problemas e criar estratégias. Entretanto, para isso, 
percebeu que tinha a necessidade de estudar sobre o assunto, a começar pelo conceito de saúde e o histórico 
recente da saúde no Brasil e no mundo. 
O secretário levantou dados, fez planilhas traçou metas e desenhou intervenções. 
Depois de passado meio mandato, o secretário percebeu que suas intervenções não foram tão efetivas 
quanto ele havia pensado, determinadas condições de saúde continuavam piorando. O secretário resolveu ler o que 
diz a Constituição Federal Brasileira acerca da questão da saúde e leu no artigo 196 os deveres do Estado 
relacionados a esta temática. 
Conversou com outros colegas mais experientes que o orientaram sobre a importância da relação da saúde 
da população com as condições de vida das mesmas. Orientaram, ainda, sobre a necessidade dos gestores da 
saúde em também se preocuparem com a questão dos princípios de promoção da saúde preconizados pela OMS, 
carta de Ottawa, declaração de Alma Ata, as conferências e os principais fóruns de saúde. 
O secretário conseguiu entender melhor as demandas de saúde da população e nos últimos anos do seu 
mandato melhorou o seu desempenho como gestor. Pensando no conceito ampliado da qualidade de vida, procurou 
otimizar os demais setores da administração pública através de ações ligadas aos determinantes sociais 
relacionados à educação, trabalho, meio ambiente, economia, justiça, transporte, lazer, produção e consumo de 
alimentos além do acesso aos serviços de saúde. 
Objetivos: 
1- Definir o conceito de saúde; 
2- Listar os princípios básicos da saúde; 
3- Relatar os históricos da saúde no Brasil e no mundo; 
4- Interpretar a CF (artigo 196) identificando os deveres do estado; 
5- Conhecer os órgãos e documentos (OMS, Carta de Ottawa, Declaração de Alma Ata); 
6- Compreender os impactos dos determinantes sociais na qualidade de vida (determinantes: educação, meio 
ambiente, trabalho, economia, justiça, transporte, lazer, alimentação); 
7- Acesso aos serviços de saúde. 
1 - Definir o conceito de saúde: 
Tecendo-se um breve comentário acerca da origem do termo saúde, este vem da raiz etimológica salus. No latim, 
esse termo designava o atributo principal dos inteiros, intactos, íntegros, e no grego salus provém do termo holos, 
no sentido de totalidade, raiz dos termos holismo, holístico. Ou seja, este termo refere-se ao todo. 
Os países que vinculados a organização das nações unidas (ONU) que criaram a organização mundial de saúde 
(OMS) em 1949 convencionaram afirmar que saúde é o completo bem estar físico, menta e social e não apenas a 
ausência de doenças. Ainda assim, muita controvérsia existe em torno de tal definição. Ainda atual e relevante, trata-
se de um ambicioso projeto que visa transformar a forma hegemônica de conceitualizar a saúde, desmedicaliza-la, 
passando a concebê-la como capacidade social para gozar a vida, ter prazer em viver e conquistar a qualidade de 
vida (Nájera, 1992). 
Existem vários conceitos de saúde: 
Conceito de saúde como problemática filosófica, (questões de vida, funcionalidade, competência, sofrimento, dor, 
aflição, incapacidade, restrições vitais e morte) oposição conceitual entre virtude e vicio, onde virtude significa 
“saúde, beleza” e vicio implica “doença, feiura”. - O sentimento da doença, este sim, será indubitável e inapelável; 
sentir-se mal significaria sempre ausência de saúde. (Kant, 1993). Nesse sentido tanto doença como saúde são 
normalidade, na medida em que ambas implicam uma norma de vida, sendo a saúde uma norma de vida superior e 
a doença uma norma de vida inferior. Canguilhem (1990) opõe-se á exclusão da saúde como objeto do campo 
cientifico, ele considera que a saúde se realize no genótipo, na história da vida do sujeito e na relação do individuo 
com o meio, daí por que a ideia de uma saúde filosófica não contradiz tomar a saúde como objeto cientifico. Enquanto 
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saúde filosófica compreende “saúde individual”, saúde cientifica seria a “saúde publica”, ou seja, saúde dos coletivos 
humanos, uma salubridade que se constitui em oposição à ideia de morbidade. 
Conceito de saúde como fenômeno natural, desse ponto de vista, a saúde pode ser conceituada como fato, evento, 
estado, situação, condição ou processo. Na concepção negativa, o termo saúde implica mera ausência de doenças, 
riscos, agravos e incapacidades. Na vertente positiva, saúde pode denotar desempenho, funcionalidades, 
capacidades e percepções. 
O filósofo norte-americano Christopher Boorse define “funcionamento normal” por referência ao termo 
“eficiência”, tomando o âmbito da população como base para sua definição de “normalidade estatística”. Assim, 
Boorse termina indicando que, além da inexistência de patologia, o conceito de saúde poderá implicar simplesmente 
normalidade, sempre no sentido de ausência de condições patológicas (Almeida-Filho & Jucá, 2002). Saúde como 
ausência de doença. Inicialmente, devemos assinalar que a quase totalidade dos autores que escreveram sobre o 
tema apresentam propostas marcadas por uma referência predominantemente biológica. 
VALORES NA SAÚDE Neste tópico, propomos a avaliação das bases lógicas, teóricas e metodológicas da 
concepção de saúde como valor: valor de uso, valor de troca, valor de vida. Ao indicar essa abordagem, 
consideramos que conceitos de saúde como valor em si, na perspectiva de estado ou situação altamente desejável 
para o ser humano, têm sido criticados por vários autores por seu caráter idealista ou utópico. 
Vida longeva e plena, com qualidade e desempenho, produtividade e satisfação, representa o ideal platônico 
da saúde como valor social e político que, em uma sociedade estruturalmente desigual e injusta, implicaria 
disparidades de acesso, distribuição e controle de recursos, bens e serviços. 
Portanto, a problematização da saúde da maneira aqui proposta pretende reafirmar que os gradientes 
socialmente perversos reproduzidos em nossas sociedades refletem interações entre diferenças biológicas, 
distinções sociais, inequidades no plano jurídico-político e iniquidades na esfera ético-moral, tendo sempre como 
expressão concreta, empiricamente constatável, desigualdades em saúde (Almeida-Filho 2009). 
A Teoria da Justiça de Rawls propõe igualdade de oportunidades e também de distribuição de valores, bens 
e serviços referentes a necessidades básicas socialmente referendadas. Entretanto, a saúde não é listada pelo autor 
como uma das liberdades básicas. Pelo contrário, Rawls define a saúde como um bem natural na medida em que 
depende dos recursos (endowments) individuais da saúde, ao mesmo tempo que demarca conceitualmente a justiça 
(justice) como uma categoria institucionalizada de justeza (fairness) e utiliza o termo “diferença” (difference) para 
designar soluções normativas que tomam a justiça como distribuição social compensatória de bens e recursos. De 
certo modo, a noção rawlsiana de equidade implica um componente estrutural do sistema de valores contratuais da 
sociedade burguesa, resultando em equivalência entre os conceitos de equidade e justiça e, correlativamente, entre 
a falta de equidade e a noção de injustiça. Esse padrão mostra-se simétrico e consistente em relação ao modo 
predominante de definição da saúde como ausência de doença no campo da pesquisaem saúde individual e coletiva, 
como vimos acima. Em síntese, equidade = ausência de injustiça; saúde = ausência de doença. 
Essa abordagem veio tornar-se o principal marco teórico sobre o conceito de saúde como valor social, 
focalizando principalmente a questão da distribuição desigual e as relações entre desigualdades de renda e de 
saúde. Como premissa básica, equidade em saúde equivaleria a justiça no que se refere à situação de saúde, 
qualidade de vida e sobrevivência posto que, idealmente, todos e todas têm direito a uma justa possibilidade de 
realizar seu pleno potencial de saúde e que ninguém estará em desvantagem para realizar esse direito, o que 
compreende uma capacidade coletiva de gerar saúde (Almeida-Filho, 2009). 
Apesar da insistente referência a noções positivas de justiça, justeza e escolha social, a problematização 
teórica e metodológica dos gradientes sociais em saúde prioriza a negação, operando conceitos de desigualdade e 
diferença em lugar de igualdade e equidade. Tal padrão mostra-se simétrico e consistente em relação ao modo 
predominante de definição da saúde como ausência de doença no campo da pesquisa em saúde individual e coletiva. 
Enfim, mediante os termos injustiça e doença, tanto a justiça como a saúde são tratadas como negatividade. 
Enfim, podemos analisar o conceito de saúde como um valor social e político das sociedades 
modernas. Seu reconhecimento como valor de uso, a partir do qual a vida faz sentido, e a crítica a seu valor 
de troca, quando consumida e desgastada nos processos de produção e consumo, pode engendrar uma 
nova práxis nessas sociedades. Como a moeda, a saúde não constitui um valor em si, mas se torna de fato 
um valor nos processos de intercâmbio. Dessa maneira, a saúde não é um poder que se encontra no corpo, 
nem sequer se refere ao organismo individual, mas trata-se de um mediador da interação cotidiana dos 
sujeitos sociais. Como desdobramento, será possível a investigação de efeitos dos processos sociais de 
produção da saúde-doença-cuidado. 
 
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Não se trata de conceito unívoco, contém mais de uma significação, que podem ser confundidas. Deve-se estar 
atento, não se deixar confundir. 
a) Sanidade, ausência de enfermidades em um ser vivo; 
b) Estado de capacidade, energia, disposição e vigor físico ou mental 
c) Sentir-se bem, ou ao menos, não se sentir mal 
d) Área do conhecimento e campo de estudo sobre a saúde, as ciências da saúde 
e) Atividade politica publica ou programa social governamental voltado para os cuidados com a saúde 
individual ou coletiva e para a administração desses serviços 
Quando se diz: a saúde é direito do cidadão e dever do Estado, funcionário da saúde, profissional da saúde ou 
orçamento da saúde, é como sentido de assistência ou cuidado com a saúde que o termo é utilizado. 
2- Listar os princípios básicos de saúde: 
cinco estratégias fundamentais para se alcançar plena saúde: política pública, ambiente saudável, reforço da ação 
comunitária, criação de habilidades pessoais e reorientação do serviço de saúde. 
A promoção da saúde deve ser compreendida como uma agenda integrada e multidisciplinar cujo objetivo primordial 
é fomentar mudanças em três níveis: assistência à saúde, gestão local de políticas públicas e proteção e 
desenvolvimento sociais para todos. 
Para realizar essas metas, diversas prioridades já foram definidas para a promoção da saúde no Brasil: promoção 
de hábitos alimentares saudáveis e atividade física, cessação e prevenção do tabagismo, redução da morbi-
mortalidade devida ao abuso de álcool e outras drogas, prevenção de acidentes de trânsito e promoção do 
desenvolvimento sustentável e de uma "cultura de paz". 
O desafio continua sendo o de desenvolver e implementar um arcabouço holístico para implementar a Política 
Nacional de Promoção da Saúde, levando em conta toda a gama de conceitos e princípios lançados na Conferência 
de Ottawa e adotados no Brasil pelo SUS: eqüidade, integralidade, co-responsabilidade, participação social, acesso 
à educação e informação e desenvolvimento sustentável. 
Diretrizes e princípios fundamentais do SUS 
As Diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde têm seu fundamento na CF e na Lei 8.080. 
Didaticamente, costumo tomar essas diretrizes e princípios unificados e separá-los quanto aos aspectos 
técnico assistenciais e os técnicos gerenciais que dizem respeito à organização administrativa do sistema. 
As diretrizes e princípios tecnoassistenciais da CF e Lei 8.080 são: universalidade, igualdade, equidade, 
integralidade, intersetorialidade, direito à informação, autonomia das pessoas, resolutividade e base 
epidemiológica. 
 
Equidade é a igualdade adjetivada pela justiça. Pela equidade buscamos tratar diferentemente os diferentes 
(equidade vertical) e igualmente os iguais (equidade horizontal). No SUS, só se pode fazer equidade e tratar 
diferentemente a partir das necessidades de saúde. Priorizar atenção e tratamentos só se por carências de saúde. 
Intersetorialidade – Não pensar saúde só como área de recuperação da saúde: consulta, remédio, especialista, 
exame, internação... Pensar saúde garantida por políticas econômicas e sociais que diminuam o risco de as pessoas 
ficarem doentes ou piorarem. 
Princípios e prática da promoção da saúde no Brasil - Antonio Ivo de Carvalho 
https://www.scielosp.org/article/csp/2008.v24n1/4-5/pt/ 
A saúde pública no Brasil - Gilson Carvalho https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142013000200002&script=sci_arttext 
 
 
 
 
https://www.scielosp.org/article/csp/2008.v24n1/4-5/pt/
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142013000200002&script=sci_arttext
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142013000200002&script=sci_arttext
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3- Relatar os históricos da saúde no Brasil e no mundo; 
MUNDO 
 
A concepção do que é saúde sofreu diversas modificações até chegar ao atual conceito mais adotado que é o da 
OMS → “um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença 
ou de enfermidade.” (OMS, 1946). A evolução histórica da saúde já passou por viés religiosos, sociais e 
econômicos. Partindo da premissa de saúde como concepção religiosa, a preocupação com a saúde de forma 
coletiva, veio com as primeiras epidemias, retratadas na bíblia como a lepra (atualmente hanseníase), que afetava 
a vida de muitas pessoas. A igreja exerceu grande influência na política e consequentemente na saúde, “a doença 
era tratada como um castigo divino.” Na idade média existia casas de assistência aos pobres, abrigos de viajantes 
e peregrinos. Um dos valores básicos que envolvia a existência dos hospitais do medievo era a caridade, pois 
cuidar dos doentes ou contribuir financeiramente para a manutenção destas casas significava a salvação das 
almas dos benfeitores. Com o aparecimento de novas doenças eles passaram a acreditar que as doenças 
poderiam passar de uma pessoa para outra. Nos anos de 1300, ao tempo da peste negra, quando um médico 
árabe fala que a doença podia ser contraída pelo contato, a visão dos cristãos medievais estava contextualizada 
pelo temor a doença. Passada essa era de domínio da igreja, surge a fase do racionalismo e de grande avanço 
cientifico, chamado de iluminismo. Os conhecimentos da ciência e saúde tiveram grande avanço. A partir de uma 
visão mais racional da doença, foi possível pensar maneiras de se evitar as epidemias da época. Com a liberação 
de pesquisas cientificas na época surgiram grandes descobertas. Uma delas foi a vacina, um marco histórico na 
prevenção a tuberculose, tétano, meningites, doenças que em épocas remotas eram capazes de dizimar 
populações.Tem-se nesse período também a descoberta do primeiro microscópio. Com o surgimento de grandes 
centros, surge consequentemente a desigualdade social e a falta de estrutura desses centros, a partir dai surge o 
contexto social na saúde da população, pois o crescimento desordenado nas cidades e dos núcleos de 
trabalhadores nem sempre contava com as mais perfeitas condições de habitação, saneamento básico, tratamento 
adequado de agua. Surgindo a preocupação dessas condições refletidas na saúde dos indivíduos. 
Percebendo-se então, que as questões sociais influenciavam nas condições de saúde da população, e pela 
primeira vez ouviu-se o termo medicina social, como afirma Sevalho (1993, p. 6) 
Nasce a medicina social no entrelaçamento de três movimentos apontados por Foucault(1979) no ambiente social, 
aplicado ao panorama mercantilista da Alemanha e da França do século XVIII e ao capitalismo incipiente da 
Inglaterra industrial do século XIX. 
A polícia médica alemã, uma medicina de Estado que instituiu medidas compulsórias de controle de doenças, a 
medicina urbana francesa, saneadora das cidades enquanto estruturas espaciais que buscavam uma nova 
identidade social, e, por último, uma medicina da força de trabalho na Inglaterra industrial, onde havia sido mais 
rápido o desenvolvimento de um proletariado. Destes movimentos surgiu a medicina social, impulsionada pelos 
revolucionários de 1848 e suas perspectivas de reformas econômicas e políticas, como uma empresa de 
intervenção sobre as condições de vida, sobre o meio socialmente organizado pelo modo devida capitalista 
conformado pela Revolução Industrial. 
E a medicina social só seria devidamente registrada na metade do século, como afirma-se: Acrescente-se que 
somente na metade do século XIX, em 1848, a expressão medicina social ganharia registro. Surgiu na França e, 
embora concomitante ao movimento geral que tomou conta da Europa, num processo de lutas pelas mudanças 
políticas e sociais. (NUNES, 1998, p.108) 
PORÉM 
Após esse período do capitalismo e com novas descobertas surge novas formas de entender a doença, de Louis 
Pasteur com a existência dos germes. A partir daí a saúde passou a ser biomédica centrada na doença e não no 
individuo. Foi somente a partir da segunda metade do século XIX, marcado pelas investigações de Pasteur e 
Koch, que se inauguraria a Era do Germe, e que transformaria dramaticamente a medicina de “uma profissão 
orientada para as pessoas para orientada para a doença.” A partir desse momento teve-se uma decadência da 
saúde pública, da preocupação com o contexto social e com as condições de vida da população. 
Porém, com o passar do tempo a saúde alternativa e a visão holística(inteira) da saúde voltaram a defendidas por 
muitos profissionais da saúde. Para tanto, passou-se a tratar a saúde como um conceito positivo e não tão somente 
como conceito de ausência de doença, conforme a mais clássica definição de saúde pública no ano de 1920, veja-
se: 
 
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Saúde Pública é a ciência e a arte de prevenir doenças e incapacidades, prolongar a vida e desenvolver a saúde 
física e mental, através de esforços organizados da comunidade para o saneamento do meio ambiente, o controle 
de infecções na comunidade, a educação dos indivíduos nos princípios da higiene pessoal e a organização de 
serviços médicos e paramédicos para o diagnóstico precoce e o tratamento precoce de doenças e o aperfeiçoamento 
da máquina social que irá assegurar a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à 
manutenção da saúde. (WINSLOW, 1920 apud ROUQUAYROL; ALMEIDAFILHO, 2003 p.29) 
 
No ano de 1946 surge o atual conceito de saúde proposto pela OMS, que a partir dele cresceu a importância das 
ciências sociais na abordagem a saúde. Razão que foram organizadas conferências como a de Alma-Ata e de 
Ottawa, com intuito de se pensar estratégias para promover a saúde em nível mundial e se chegar ao completo bem 
estar físico, metal e social. Principalmente, com a década de 60 marcada pelas alterações nos cenários políticos e 
apelos “sexo, drogas e rockn’roll” - e assim, a ampliação da compreensão da complexidade da garantia 
desse direito fundamental ao ser humano: a saúde, e a alteração de estratégias originaram o pensamento da 
promoção da saúde sendo um eixo fundamental para atingir a utopia de “Saúde para todos até o ano 2000” 
(MENICUCCI, 2007, p. 158) 
 
Depois dessas mobilizações iniciais começou discussões e conferências internacionais visando o aprimoramento 
dos conceitos e ideias de como fazer para a obtenção de sucesso nas metas estabelecidas por elas ALMA-ATA E 
OTTAWA (símbolos até hoje) 
 
As Nações Unidas reconhecem que a obtenção do mais alto nível de saúde é um dos direitos fundamentais de 
qualquer ser humano, sem distinção de raça, cor, sexo ou condição sócio-econômica. 
A Promoção da Saúde se baseia nesse direito humano fundamental e oferece um conceito positivo e inclusivo de 
saúde como um determinante de qualidade de vida, incluindo o bem estar mental e espiritual. 
Mesmo após a definição do conceito de saúde pela Organização Mundial de Saúde, ainda é muito forte a ideia 
curativista da saúde, uma vez que ainda hoje, tem-se o entendimento de que promoção da saúde é tratamento de 
uma doença.(BERRIDGE, 2000) 
 
Nesta breve exposição histórica, conclui-se que a história da saúde públicano mundo está diretamente ligada às 
situações políticas e econômicas que delineou a trajetória da saúde, as suas necessidades de reformulações e 
estabelecimento de metas ousadas para a garantia desta como direito fundamental ao ser humano. 
Pode-se perceber que o desafio da construção de uma saúde pública eficiente ainda é um desafio em quase todo o 
mundo, assim como a superação de outras violações aos direitos humanos, conforme aduz Bernardo (2012, p. 5): 
A globalização que aproxima os continentes e favorece uma discussão sobre a condição de saúde, que permite 
pensar estratégias para se trabalhar políticas de saúde para todos; é a mesma globalização embasada pelos 
princípios neoliberais, o que não permite que o público seja eficiente e que tem como diretriz fundamental o Estado 
mínimo. Dificultando a implementação de uma Saúde Pública de qualidade, com equidade e universalidade. 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/a-evolucao-historica 
BRASIL 
A história dos cuidados com saúde do brasileiro passa, necessariamente, pela filantropia. Mais ainda pelo cunho 
filantrópico religioso, a caridade. As pessoas eram atendidas pelas instituições e médicos filantropos. Paralelamente 
a isso, o Estado fazia algumas ações de saúde diante de epidemias, como ações de vacinação e/ou de saneamento 
básico. Assim ocorreu no final do século XIX e início do XX com o saneamento do Rio de Janeiro e a grande 
campanha de vacinação contra varíola. 
A história mais recente nos aponta alguns caminhos. O primeiro deles refere-se a um esforço de guerra na extração 
da borracha e do manganês. Foi criado um sistema de saúde para atender as populações envolvidas. Teve 
inspiração e financiamento dos Estados Unidos que iniciaram o projeto através de um programa de ajuda. Eram 
denominados como Serviços Especiais de Saúde Pública (Sesp), mais tarde transformado em Fundação Sesp. Foi 
o programa mais completo de atenção à saúde associada ao saneamento da história do país. A proposta era ousada. 
Foi, em quase todos os locais onde se implantou, o único recurso de saúde existente, principalmente nas regiões 
Norte e Nordeste. A inovação não era só na proposta de intervenção, mas também na gestão de pessoas. Já se 
trabalhava com uma equipe multidisciplinar dentro da disponibilidade da época. Organizava-se a partir de unidades 
denominadas mistas onde se fazia o atendimento básico, primeiro atendimento, urgência-emergência e internações 
hospitalares.https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/a-evolucao-historica
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O outro marco foi a 3a Conferência Nacional de Saúde no final de 1963 que coroava vários estudos para a criação 
de um sistema de saúde. Duas bandeiras dessa conferência: um sistema de saúde para todos (saúde direito de 
todos os cidadãos) e organizado descentralizadamente (protagonismo do município). 
Entre vários protagonistas envolvidos nesta luta destacavam-se alguns: os movimentos populares, cidadãos 
politizados de bairros periféricos que não possuíam nenhuma cobertura à saúde, buscavam por propostas concretas, 
algo que não ficasse apenas no discurso. Universidades, as faculdades de medicina com movimentos inovadores 
sentindo a necessidade de colocar estudantes em contato com a realidade local, médicos dedicados ao social. 
Partidos políticos progressistas na década de 1970 surgiram propostas de se comprometer com o social coincide o 
tempo com o movimento mundial que culminou na reunião de alma-ata e sua declaração com ênfase na atenção 
primaria à saúde. 
 Nasce aí o que se denominou Ações Integradas de Saúde (AIS). O cerne: parceria da previdência com a saúde 
pública municipal e estadual; prestação de cuidados, principalmente primários ambulatoriais; transferência de 
recursos da previdência para que fossem realizadas essas ações pelos Estados e municípios. A partir de 1987, as 
AIS foram aprimoradas com o que se denominou Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (Suds), que 
durou até 1991 quando se implantou o Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
A saúde pública no Brasil - Gilson Carvalho https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142013000200002&script=sci_arttext 
4- Interpretar a CF (artigo 196) identificando os deveres do estado; 
SUS como direito do cidadão e dever do Estado 
Como já visto, o Sistema Público de Saúde resultou de décadas de luta de um movimento que se denominou 
Movimento da Reforma Sanitária. Foi instituído pela Constituição Federal (CF) de 1988 e consolidado pelas Leis 
8.080 e 8.142. Esse Sistema foi denominado Sistema Único de Saúde (SUS). 
Algumas características desse sistema de saúde, começando pelo mais essencial, dizem respeito à colocação 
constitucional de que Saúde é Direito do Cidadão e Dever do Estado. 
A relevância pública dada à saúde declarada na CF tem o significado do destaque e proeminência da saúde entre 
tantas outras áreas e setores. Destaque-se que foram consideradas como de relevância pública tanto a saúde pública 
como a privada. Os juristas entendem nessa relevância pública uma limitação ao simples entendimento de que a 
saúde seja apenas, pura e simplesmente, um bem de mercado. Os serviços privados de saúde, além de serem de 
relevância pública, estão subordinados à Regulamentação, Fiscalização e CONTROLE DO SUS. Aí se incluem tanto 
o sistema privado lucrativo exercido por pessoas físicas ou jurídicas individuais ou coletivas, prestadoras ou 
proprietárias de planos, seguros, cooperativas e autogestão, quanto o sistema privado não lucrativo, filantrópico ou 
não. Incluem-se: hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios bioquímicos, de imagem e outros, de todas as 
profissões de saúde e com todas as ações de saúde. 
 
Objetivos do Sistema Único de Saúde 
Lamentavelmente, todas as vezes em que falamos dos objetivos da saúde pensamos em Tratar das Pessoas 
Doentes. Isso no público e no privado. Esquecemos que o maior objetivo da saúde é impedir que as pessoas 
adoeçam. 
Conseguimos incluir na CF e na Lei 8.080 outra visão desses objetivos. 
Na CF art.196 consta: "saúde é direito de todos e dever do Estado garantido mediante... o acesso igualitário às ações 
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". 
CF art.198: "atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais". 
CF art.200: "ao SUS compete, além de outras atribuições no termo da lei... (a listagem de várias ações do SUS)". 
A lei que regulamentou a CF foi a 8.080,5 que definiu, bem claramente, os objetivos do SUS: identificar e divulgar os 
condicionantes e determinantes da saúde; formular a política de saúde para promover os campos econômico e social, 
para diminuir o risco de agravos à saúde; fazer ações de saúde de promoção, proteção e recuperação integrando 
ações assistenciais e preventivas. 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142013000200002&script=sci_arttext
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A saúde deve fazer estudos epidemiológicos sobre os condicionantes e determinantes da saúde; trabalho, salário, 
comida, casa, meio ambiente, saneamento, educação, lazer, acesso aos bens e serviços essenciais e divulgá-los. 
Ao não identificar e divulgar as causas das doenças e seus condicionantes e determinantes, passa-se a atribuir à 
área de saúde a responsabilidade única pela falta de saúde. 
 
Formular a política de saúde de modo a promover, nos campos econômico e social, "o dever do Estado de garantir 
a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de 
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação" (Lei 8.080,2,1). Aqui se identifica o poder dos 
dirigentes do SUS de atuar na política de saúde, interferindo no campo econômico e social. 
 
Finalmente, o SUS tem que se dedicar às ações de assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
Funções do SUS: regular, fiscalizar, controlar e executar 
5- Conhecer os órgãos e documentos (OMS, Carta de Ottawa, 
Declaração de Alma Ata); 
CARTA DE OTTAWA 
Conclui-se que a Carta de Ottawa ainda permanece como peça central de direcionamento da estratégia de promoção 
à saúde em todo o mundo. Ela tem orientado as demais conferências, principalmente quando enfatiza a dimensão 
social e a importância de cinco estratégias fundamentais para se alcançar plena saúde: política pública, ambiente 
saudável, reforço da ação comunitária, criação de habilidades pessoais e reorientação do serviço de saúde. 
Na carta de Ottawa, a educação em saúde integra parcela do entendimento de promoção à saúde, abrangendo em 
seu conjunto cinco estratégias: políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, reorientação dos serviços 
de saúde, reforço da ação comunitária e desenvolvimento de habilidades pessoais. 
A discussão dessas idéias recebeu destaque na 8ª Conferência Nacional da Saúde em 1986, cujos conceitos e 
objetivos para a sociedade brasileira eram bastante semelhantes àqueles propostos durante a 1ª Conferência Global 
sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, Canadá, naquele mesmo ano. Os relatórios finais de ambas reuniões 
definiram a saúde não apenas como ausência de doença, mas concebendo-a em termos mais amplos, levando em 
conta outras necessidades básicas, inclusive um ambiente propício para crescimento e desenvolvimento e a busca 
da realização plena do potencial humano. 
Outro marco durante o mesmo período foi a 1ª Conferência Latino-Americana sobre Promoção da Saúde, sob os 
auspícios da Organização Pan-Americana da Saúde, em Bogotá, Colômbia, durante a qual mais de 500 
representantes de países membros discutiram estratégias coletivas para melhorar os padrões sanitários regionais e 
alcançar a eqüidade na saúde. 
 
A Carta de Ottawa de 1986 reafirma a importância da promoção à saúde e aponta, principalmente, a influência dos 
aspectos sociais sobre a saúde dos indivíduos e da população, caracterizando-secomo o "processo de capacitação 
da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no 
controle deste processo". 
 
Na carta de Ottawa, a educação em saúde integra parcela do entendimento de promoção à saúde, abrangendo em 
seu conjunto cinco estratégias: políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, reorientação dos serviços 
de saúde, reforço da ação comunitária e desenvolvimento de habilidades pessoais. Isto é reforçado com a divulgação 
e contribuição das Conferências Internacionais e Regionais que sucederam a Conferência de Ottawa, em 1986, tais 
como: a de Adelaide, em 1988,2 a de Sundsval, em 1991,2 a de Santa Fé de Bogotá, em 1992,2 a de Port of Spain, 
em 1993,3 a do Canadá, em 1996,4 a de Jacarta, em 1997,2 a conferência da Rede de Megapaíses, em 1998,2 a do 
México, em 2000,2 e a de Bangkok, em 2005.5 Entretanto, apesar dos avanços advindos destes eventos, ainda 
permanece uma visão simplificada de promoção à saúde. Prioriza-se a mudança de estilos de vida, do modelo 
tradicional da educação e da compreensão de que prevenção da doença é sinônimo de promoção à saúde. 
I Conferência Internacional sobre Promoção à Saúde, realizada em Ottawa, em novembro de 1986.1 Teve a 
participação de trinta e cinco países e resultou na Carta de Ottawa 
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A Carta de Ottawa sugere ações legislativas, fiscais e organizacionais visando à diminuição das desigualdades 
sociais e à melhoria da qualidade de vida da população. 
propõe a proteção do meio ambiente e a conservação dos recursos naturais como parte da estratégia de promoção 
à saúde. Para que isto ocorra, sugere ações que objetivem o monitoramento de mudanças das áreas tecnológicas, 
do trabalho, produção de energia e urbanização, que interferem na saúde da população. 
recomenda que a reorientação dos serviços de saúde deva voltar-se na direção de um enfoque na saúde e não na 
doença 
implementação de ações e recursos existentes na comunidade e que possam intensificar a auto-ajuda e o apoio 
social necessários ao desenvolvimento da participação popular nos assuntos de saúde, o empowerment comunitário. 
Desenvolvimento de habilidades pessoais: capacitar as pessoas para "aprenderem através da vida" e se "prepararem 
para todos os estágios" 
Na missão à China, observou-se que esses povos desenvolviam cuidados de saúde, não convencionais à 
abordagem médica, essencialmente no ambiente rural. Estas atividades, aparentemente bem sucedidas, tinham 
como pano de fundo a atenção primária de saúde, sendo suas idéias depois utilizadas e formalizadas na Declaração 
de Alma Ata, em 1978. 
“Informe Lalonde” que teve motivação política, técnica e econômica para enfrentar os aumentos do custo da saúde.13 
Foi o primeiro documento oficial a receber a denominação de promoção à saúde. Os fundamentos deste informe se 
encontravam no conceito de “campo da saúde” e introduzem os chamados “determinantes de saúde”. Este conceito 
contempla a decomposição do campo da saúde em quatros amplos componentes da saúde: a biologia humana 
(genética e função humana); o ambiente (natural e social), o estilo de vida (comportamento individual que afeta a 
saúde) e a organização dos serviços de saúde. O Informe Lalonde influenciou as políticas sanitárias de outros países 
como da Inglaterra e Estados Unidos e estabeleceu as bases para a conformação de um novo paradigma formalizado 
na URSS, na Conferência Internacional de Cuidados Primários de Saúde de Alma Ata, em 1978, com a proposta de 
“Saúde para Todos no ano 2000” e a “Estratégia de Atenção Primária de Saúde” 
II Conferência Internacional sobre Promoção à Saúde e a Declaração de Adelaide políticas públicas saudáveis: foi 
realizada em abril de 19882 e teve como tema central às políticas públicas voltadas para a saúde, reafirmando as 
cinco linhas de ação da Carta de Ottawa e da Declaração de Alma Ata. Enuncia que as políticas "caracterizam-se 
pelo interesse e preocupação explícitos de todas as áreas das políticas públicas em relação à saúde e à eqüidade e 
pelos compromissos com o impacto de tais políticas sobre a saúde da população". Identificou quatro áreas prioritárias 
para promover ações imediatas em políticas públicas saudáveis: apoio à saúde da mulher; alimentação e nutrição; 
tabaco e álcool; criação de ambientes favoráveis. 
III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde e a Declaração de Sundsval criação de ambientes favoráveis 
à saúde: este conclave evidencia a situação de extrema pobreza e privação, em um ambiente de risco a milhares de 
pessoas no planeta. Propõe a ação de diversos segmentos da sociedade a se engajarem no desenvolvimento de 
ambientes físicos, sociais, econômicos e políticos mais favoráveis à saúde. Reconhece, assim, que outros setores, 
oriundos das comunidades, dos governos, das ONGs e organizações internacionais, têm um papel fundamental na 
criação de ambientes favoráveis e de promoção da saúde. Ressalta que, para promover este ambiente favorável à 
saúde, é preciso englobar quatro aspectos importantes: a dimensão social; a dimensão política; a dimensão 
econômica e a necessidade de reconhecer e utilizar a capacidade e o conhecimento das mulheres em todos os 
setores, inclusive o político e o econômico 
IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde e a Declaração de Jacarta: realizada em Jacarta, em 1997, 
sendo a primeira a convidar representantes do setor privado. Resgata e atualiza a discussão sobre o "reforço da 
ação comunitária" definido na Carta de Ottawa. Destaca que a promoção à saúde deve ser realizada em conjunto 
com a população, e que para melhorar a capacidade das comunidades e promover a saúde, é necessário que as 
pessoas tenham direito de voz e mais acesso ao processo de tomada de decisão e às habilidades e conhecimentos 
essenciais para efetuar a mudança. 
VI Conferência Mundial de Promoção à Saúde A Carta de Bangkok: foi realizada na cidade de Bangkok (Tailândia), 
em agosto de 2005. Reforça as mudanças no contexto da saúde global, incluindo o crescimento das doenças 
transmissíveis e crônicas, no qual incluem as doenças cardíacas, câncer e diabetes. Levanta a necessidade de 
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nomear e controlar os efeitos da globalização na saúde como o aumento das iniqüidades, a rápida urbanização e a 
degradação do meio ambiente. Procura dar uma nova direção para a Promoção à Saúde, buscando alcançar saúde 
para todos através de quatro compromissos: desenvolvimento da agenda global, responsabilidade de todos os 
governos, meta principal da comunidade e da sociedade civil, necessidade para boa administração prática. 
ALMA ATA 
Na missão à China, observou-se que esses povos desenvolviam cuidados de saúde, não convencionais à 
abordagem médica, essencialmente no ambiente rural. Estas atividades, aparentemente bem sucedidas, tinham 
como pano de fundo a atenção primária de saúde, sendo suas ideias depois utilizadas e formalizadas na Declaração 
de Alma Ata, em 1978 
A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente entre os países desenvolvidos e 
em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é política, social e economicamente inaceitável e constitui por 
isso objeto da preocupação comum de todos os países. A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial 
para o contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz 
mundial. 
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, 
cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos efamílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país podem manter 
em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. 
Entre outras metas, ficaram estabelecidas também na Declaração de Alma-Ata (1978): 
VII-3. Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os principais problemas de saúde e sobre os 
métodos de prevenção e de luta correspondentes; a promoção da aportação de alimentos e de uma nutrição 
apropriada; um abastecimento adequado de água potável e saneamento básico; a assistência materno-infantil, com 
inclusão da planificação familiar; a imunização contra as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta 
contra enfermidades endêmicas locais; o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns; e a 
disponibilidade de medicamentos essenciais; 
VII-4. Inclui a participação, ademais do setor saúde, de todos os setores e campos de atividade conexas do 
desenvolvimento nacional e comunitário, em particular o agropecuário, a alimentação, a indústria, a educação, a 
habitação, as obras públicas, as comunicações e outros, exigindo os esforços coordenados de todos estes setores; 
VII-5. Exige e fomenta, em grau máximo, a autorresponsabilidade e a participação da comunidade e do indivíduo na 
planificação, organização, funcionamento e controle da atenção primária de saúde. Na verdade, o texto da 
Declaração de Alma-Ata, ao ampliar a visão do cuidado da saúde. 
Feita as citações acima, é possível confirmar a indissociabilidade dos fatores sociais, econômicos e culturais para 
atingir uma saúde pública de qualidade e com equidade. Envolvendo assim todos os setores da sociedade, inclusive 
a sociedade civil. 
OMS 
Uma das questões abordadas por diplomatas que se reuniram para criar as Nações Unidas em 1945 foi a 
possibilidade de estabelecer uma organização global de saúde. 
A Constituição da OMS entrou em vigor em 7 de abril de 
1948, data em que comemoramos todos os anos durante o Dia Mundial da Saúde. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_alma_ata.pdf 
https://www.who.int/es/about/who-we-are/history 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072006000200021&script=sci_arttext 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_alma_ata.pdf
https://www.who.int/es/about/who-we-are/history
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6- Compreender os impactos dos determinantes sociais na qualidade de 
vida (determinantes: educação, meio ambiente, trabalho, economia, 
justiça, transporte, lazer, alimentação); 
Promoção da Saúde, segundo o Glossário do Ministério da Saúde, é "o processo de capacitação da comunidade 
para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste 
processo… indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar 
favoravelmente o meio ambiente". Mais comumente, dizemos que promover a saúde é trabalhar nas causas do 
adoecer, com participação efetiva das pessoas como sujeitos e atores de sua própria vida e saúde. 
A promoção à saúde tem exercido uma crescente influência na organização do sistema de saúde de diversos países 
e regiões do mundo. A partir da realização das conferências internacionais e regionais, tem-se observado uma 
evolução progressiva, mas também contraditória, com relação as suas premissas e estratégias. Essas contradições 
originam-se das diversas concepções de promoção à saúde que podem ser reunidas em dois grandes grupos: o 
comportamental, de mudanças de estilo de vida e aquela que busca articular o tema da saúde com a temática das 
condições e qualidade de vida. 
Neste sentido, adotamos como enfoque de promoção à saúde a tendência que defende ações intersetoriais e 
valorizam a saúde como qualidade de vida da população. Destaca-se, ainda a importância de se trabalhar em 
conjunto com as cinco estratégias de promoção à saúde: políticas públicas, criação de ambientes saudáveis, reforço 
da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos serviços de saúde. A articulação 
entre estes campos de ação representa uma força maior que poderá impulsionar transformações na realidade de 
saúde da população. 
O grande desafio da promoção à saúde, principalmente no contexto latino americano é a de mudança de cenário, 
no qual ainda prevalece uma enorme desigualdade social com deterioração das condições de vida da maioria da 
população, junto com o aumento dos riscos para a saúde e diminuição dos recursos para enfrentá-los. A luta por 
saúde equivale à melhoria da qualidade de vida (renda, educação, transporte, lazer, habitação e outros) e deve estar 
presente nas principais estratégias de promoção à saúde. 
Assim, para que a estratégia de política pública tenha coerência e efetivação prática para a promoção à 
saúde, não pode ser pensada como uma iniciativa exclusiva do Estado. Deve ser elaborada com os diversos 
segmentos da sociedade, envolvendo a sociedade civil, os setores públicos e privados. A participação da 
sociedade neste processo implica a luta pela saúde com diminuição das iniquidades existentes no acesso a 
bens e serviços, principalmente no contexto latino-americano cujas evidências são ainda maiores. 
Alcançar equidade se constitui como um dos recursos fundamentais para a saúde, sendo um dos focos da 
promoção à saúde, em que as ações permitam a capacitação das pessoas para exercerem o controle dos 
fatores determinantes da sua saúde. 
A criação de espaços saudáveis, como cidades, comunidades, territórios, famílias dependem dos projetos e 
ações da promoção à saúde. Neste cenário que confluem múltiplos atores é relevante destacar ainda, a 
importância da relação de diálogo, do empowerment entre os profissionais e usuários do sistema de saúde. 
Os profissionais neste processo têm o importante papel de conhecer o conjunto das premissas e promover o 
diálogo com a comunidade, resgatando e valorizando sua cultura, seus valores, sua condição de vida. Além 
disso, devem estar preparados para intervir e ajudar a compreender a realidade de saúde da população, 
estimulando a sua participação e elaborando estratégias que visam melhorar as suas condições de vida e 
saúde. Devem buscar ações intersetoriais para atuar nos diversos fatores que interferem na saúde como 
educação, saneamento, habitação, emprego, renda e outros. 
A partir da realização das conferências internacionais e regionais, tem se observado uma evolução 
progressiva, mas também contraditória, com relação as suas premissas e estratégias. Essas contradições 
originam-se das diversas concepções de promoção à saúde que podem ser reunidas em dois grandes 
grupos: o comportamental, de mudanças de estilo de vida e aquela que busca articular o tema da saúde com 
a temática das condições e qualidade de vida. 
Promoção à saúde: trajetória histórica de suas concepções - Ivonete T.S. Buss HeidmannI; Maria Cecília 
Puntel de AlmeidaII; Astrid Eggert BoehsIII; Antonio de Miranda WosnyIV; Marisa Monticelli 
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