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aula1_economia_audit_TCE_CE_85493

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Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 01 
Prof. Francisco Mariotti 
 
1 
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AULA UM 
Olá! 
 
 E aí, como você está? Pronto para iniciar os estudos? Se sim, ótimo, pois 
esta é mais uma motivação para um ótimo desempenho em prova. 
 
 Bem, nesta primeira aula do curso abordaremos os seguintes itens do 
conteúdo programático: 
 
Funções de governo na Economia: estabilizadora, distributiva e alocativa. 
Falhas de Mercado: externalidades, bens públicos, competição imperfeita, 
recursos comuns. 
 
 Vamos à aula, 
 
 Um grande abraço, 
 
Mariotti 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 01 
Prof. Francisco Mariotti 
 
2 
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1. Funções de governo na Economia: estabilizadora, distributiva e 
alocativa 
 
 O setor público, comumente conhecido como governo, possui grande 
participação nas sociedades atuais. Sua existência é decorrente da 
necessidade de regulação da atividade econômica, em que de um lado 
encontram-se empresas produzindo bens e serviços e, do outro lado, as 
famílias, responsáveis pelo consumo destes bens e serviços. 
 
 A participação do governo nas inter-relações entre os agentes 
privados pressupõe a necessidade de financiamento das atividades por este 
realizadas. O estudo desta mesma atividade é denominado na literatura 
econômica de Economia do Setor Público, também chamada de Finanças 
Públicas. O conceito microeconômico das Finanças Públicas relaciona-se às 
políticas específicas (ou pontuais) realizadas pelo governo, a exemplo da 
imposição de um tributo em um determinado setor da atividade econômica. 
No conceito macroeconômico, o termo finanças públicas associa-se ao 
estudo dos diversos impactos que as políticas econômicas individualizadas 
(políticas microeconômicas) geram sobre a sociedade. 
 
Grande estudioso da atividade interventiva governamental, Musgrave1 
destaca que “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido tradicionalmente 
aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que envolvem o uso 
de medidas de tributação e de dispêndios públicos”. 
 
A definição acima baseia-se no fato de que a necessidade da atuação 
econômica do poder público prende-se na constatação de que a simples 
existência do sistema de mercado (consumidores versus produtores) não 
 
1
 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo. Atlas, 1974. 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 01 
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3 
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consegue cumprir adequadamente algumas tarefas e funções que visam o 
bem-estar da população. A maneira pela qual o Estado intervém no processo 
econômico é dependente da série de instrumentos que este dispõe, inclusive 
em termos do financiamento de suas atividades. 
 
 Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange 
a emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua 
gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio 
Estado. Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de 
receitas, obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu 
endividamento ou por força do seu poder tributário. Uma vez captados os 
recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio. 
 
 As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como 
receita derivada do poder coercitivo do Estado, e o endividamento público, 
representado pela emissão e resgate de títulos da dívida pública. 
 
 A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente 
determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem 
condições de mobilizar da sociedade. Deste ponto, ressalta-se o porquê da 
tributação constituir um dos principais condicionantes do endividamento 
público. 
 
2. Funções do Estado. Evolução das funções do Governo 
 
As Funções do Estado e sua intervenção na economia derivam de duas 
correntes de pensamento econômico. São elas a visão clássica e a visão 
intervencionista (Keynesiana). 
 
 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 01 
Prof. Francisco Mariotti 
 
4 
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2.1 Visão Clássica 
 
A visão clássica, advinda do século XIX, defendia o que se poderia 
chamar de Estado mínimo, ou seja, a atividade estatal deveria ser voltada 
apenas para as funções típicas do Estado. De outro modo, a atividade do setor 
público voltar-se-ia ao expressamente disposto em seu orçamento, sendo a 
atividade empresarial desenvolvida basicamente pela iniciativa privada. Cabe 
destacar, de todo modo, que a necessidade de construção de uma infra-
estrutura mínima tornava-se necessária no contexto do Estado clássico, como 
forma de sustentar a própria atividade estatal. A presença do Estado seria 
representada apenas pelo controle da Segurança Nacional do país, pela 
Segurança Pública, bem como pelos serviços de natureza social não atendidos 
pelo setor privado. 
 
 Ainda segundo a visão do Estado mínimo, este delimitaria a sua atuação 
aos chamados bens públicos e semipúblicos, que seriam aqueles cujo 
consumo por parte de um indivíduo não limitaria o consumo pelos demais 
indivíduos. Um bom exemplo de bem público2 é a Segurança Nacional, onde 
o serviço é disponibilizado a todos os habitantes de determinado país sem 
qualquer distinção. 
 
 Concernente às Finanças Públicas, o Estado clássico deveria voltar-se 
para um orçamento equilibrado e reduzido. Assim sendo, as fontes de 
recursos para a atividade estatal seriam aquelas oriundas da tributação 
sobre a sociedade, abrindo-se mão do recurso do endividamento público 
(constituição de dívidas). 
 
 
2
 Os conceitos referentes às bens públicos, semipúblicos e privados serão tratados de forma pormenorizada nos tópico 
seguintes da aula. 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 01 
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5 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco MariottiConforme será visto no ponto seguinte da aula, a proposta de Estado 
mínimo seria aquele voltado basicamente ao atendimento da função 
alocativa, em que o próprio Estado fornece à atividade privada e, em geral 
à sociedade, a estrutura para seu desenvolvimento econômico e social. 
 
2.2 Visão Intervencionista ou Keynesiana 
 
No início do século XX, mais especificamente com a chamada Grande 
Depressão, que foi o período em que a economia norte-americana passou por 
um grande período de recessão econômica, com grande aumento do 
desemprego e queda na produção de bens e serviços, uma nova defesa na 
dimensão da atuação do Estado passa a existir. 
 
Com o nível de oferta agregada – representada pela oferta de bens e 
serviços pelas empresas - muito superior ao da demanda agregada – consumo 
realizado pelas famílias -, John Maynard Keynes, influente economista inglês, 
realizou a proposição, posteriormente chamada de visão keynesiana, de que 
o Estado deveria intervir na economia de forma a estimular a demanda 
agregada. Esta intervenção se daria pelo que hoje chamamos de Política Fiscal, 
na qual o Estado, antes apenas regulador e oferecedor de bens públicos, 
deveria aumentar os seus gastos, comprando o excedente de produção como 
forma de minimizar e, se possível, contribuir para a geração de emprego e 
renda. 
 
 A visão de Keynes propugnava que o Estado deveria intervir de forma 
a evitar o aparecimento de crises sistêmicas, atuando diretamente na 
demanda agregada através da realização de investimentos e no controle 
inflacionário diante de excessos de procura por bens e serviços pelos 
consumidores. 
 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
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Adendo: Com a Primeira Grande Guerra, os americanos ficaram responsáveis 
em prover de bens e serviços as arrasadas economias européias. Esta provisão 
de recursos fazia com que toda a produção industrial tivesse destino, fosse 
pelo consumo interno do país, fosse pelo consumo externo. Na medida em que 
as economias se reerguiam, diminuía-se a necessidade por bens importados, o 
que culminou no excesso de oferta pelas empresas americanas. Este excesso 
levou a queda no preço das ações das empresas na bolsa de valores, ficando 
assim conhecido o chamado crash da bolsa, e o grande aumento do nível de 
desemprego acompanhado de uma recessão profunda no país. 
 
 O papel defendido e realizado pelo Estado diante da crise econômica de 
1929 demonstrou a necessidade de novas funções a serem atendidas. Estas se 
relacionam a melhor (re)distribuição dos rendimentos (riqueza) da sociedade 
e, ao mesmo tempo, o papel de promovedor da estabilização macroeconômica, 
uma vez que a atuação isolada da iniciativa privada não se mostrou suficiente 
para contornar a crise econômica à época. 
 
 Por fim, mas não menos importante, refere-se ao fato de que a visão 
intervencionista do Estado no processo econômico passa a considerar a 
possibilidade de auferir receita pública não só através da tributação, mas 
também por meio da constituição de dívidas, com destinação de atendimento 
especial às despesas de cunho social. 
 
 É importante destacar que muito embora a geração de dívida pública seja 
um componente importante do orçamento governamental, mesmo visão 
intervencionista no processo econômico já propugnava a chamada “regra de 
ouro”, em que a constituição de dívida não deveria ser destinada ao 
pagamento de despesas de pessoal, uma das classificações das despesas 
correntes. 
 
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 Por fim, cabe considerar que a visão keynesiana de intervenção no 
processo econômico já sugeria a geração de déficits orçamentários3 em 
períodos de recessão econômica como forma de estimular a atividade 
econômica, e com a geração de superávits em períodos de crescimento para 
“acerto” das contas. 
 
 2.3 Outras visões da Intervenção Estatal 
 
 2.3.1 Visão Marxista 
 
 De volta à análise sobre as funções do Governo, podemos dizer que com 
o grande crescimento da atividade privada já no século XIX, geradora de 
lucros, passaram a existir na Economia questionamentos referentes à 
distribuição da riqueza nas mãos de uma pequena fatia da sociedade. Tratava-
se do chamado pensamento marxista, fundamentado na idéia de que o 
Estado deveria atuar diretamente na redistribuição igualitária da renda entre a 
população. 
 
Este pensamento teve grande eco em países como a França, que 
passaram a conviver com o chamado Socialismo democrático. 
 
2.3.2 O Constitucionalismo Financeiro 
 
Segundo os defensores desta visão, não haveria problemas quanto ao 
tamanho da participação do Estado no processo econômico, haja vista que boa 
parte dos países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Finlândia) apresentavam 
 
3
 Conforme veremos no curso, um déficit nas contas públicas é gerado quando o total de despesas é superior às receitas. 
Este déficit , quando ocorrido, é financiado pela constituição de dívida pública. Em nível federal tal papel 
(financiamento de déficit) cabe ao Tesouro Nacional e, em nível subnacional (Estados, DF e Municípios) tal papel cabe 
aos Tesouros (secretárias de Fazenda) de cada ente, respeitados, por todos (União, Estados, DF e Municípios) uma série 
de regras impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
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participação acima de 60%. O problema principal estava relacionado ao 
tamanho da dívida pública e o consequente peso dos encargos da dívida (juros 
e atualização monetária) sobre a despesa pública. A existência de regimes 
democráticos europeus que elevaram consideravelmente a dívida pública em 
mais de 100% do Produto Interno Bruto (países como Portugal, Grécia e 
Espanha), e que, por conseguinte, passaram a ter elevados gastos com juros 
da dívida, sendo tomados por uma grande crise econômica. 
 
O conceito de constitucionalismo financeiro é, pois, a defesa de 
imposição constitucional de regras rígidas sobre a geração de dívida, de forma 
a reduzir o poder discricionário do poder Executivo de elevar ano a ano as 
despesas públicas com gastos financeiros. 
 
No Brasil, muito embora existam disposições na Constituição Federal com 
relação às Finanças Públicas (art. 165 e seguintes), o principal instrumento de 
condução da atividade financeira estatal, dentre estas as regras relacionadas à 
composição de dívida, é a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, a qual 
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal. 
 
 Como forma de verificar como o tema que por ora trabalhamosé 
normalmente cobrado em prova, veja então uma questão que elucida uma 
possível cobrança em prova: 
 
(AFC/STN – ESAF/2008) Sobre a Escola Clássica (Liberalismo) é 
correto afirmar: 
a) trata-se de um sistema econômico baseado na livre-empresa, mas com 
acentuada participação do Estado na promoção de benefícios sociais, com o 
objetivo de proporcionar padrões de vida mínimos, desenvolver a produção de 
bens e serviços sociais, controlar o ciclo econômico e ajustar o total da 
produção, considerando os custos e as rendas sociais. 
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b) admite, por princípio, que a ação do Estado deve restringir-se ao mínimo 
indispensável, como a defesa militar, a manutenção da ordem, a distribuição 
da justiça e pouco mais, pois a iniciativa privada faz melhor uso dos recursos 
públicos. 
c) deu-se a partir das décadas de 1980 e 1990, a reboque da crise fiscal, do 
início do processo de globalização da economia e da ineficiência do Estado na 
produção de bens e serviços. 
d) de caráter nacionalista e intervencionista, preconiza para o Estado uma 
política econômica e financeira fundada na maior posse de dinheiro e metais 
preciosos, acreditando que nisso reside a base da prosperidade. 
e) corresponde fundamentalmente às diretrizes estatais aplicadas nos países 
desenvolvidos por governos social-democratas. Nos Estados Unidos, certos 
aspectos de seu desenvolvimento ocorreram, particularmente, no período de 
vigência do New Deal. 
 
Comentários: 
 
a) A Escola clássica não se tratava de um sistema econômico, mas sim de um 
pensamento econômico, que de fato defendia a chamada livre-empresa, 
realizando negócios com consumidores de forma a gerar o equilíbrio de 
mercado. Adiciona-se que a Escola Clássica defendia a existência de um Estado 
mínimo, sem intervenção direta no ciclo econômico e no controle da produção. 
Resposta incorreta 
 
b) Trata-se da própria definição do pensamento econômico que defende a 
participação do Estado no processo econômico, restringindo-se esta ao mínimo 
indispensável. 
Resposta correta 
 
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c) Não se trata de uma visão econômica recente, mas advinda ainda do século 
XIX. 
Resposta incorreta 
 
d) No mesmo sentido, não se trata de uma política de caráter nacionalista, e 
tão quanto intervencionista. 
Resposta incorreta 
 
e) Está diretamente associado ao pensamento Keynesiano de intervenção do 
Estado no processo econômico. O New Deal consistiu na série de programas 
implementados nos EUA no início da década de 1930, objetivando promover a 
recuperação e a reforma da economia americana assolada pela grande 
depressão. 
Resposta incorreta 
 
Gabarito: letra “b”. 
 
 Conforme ficou elucidado na abordagem anterior, a participação do 
Estado na Economia ampliou-se consideravelmente a partir do século XIX, 
ocasionada especialmente pela II Revolução Industrial e pelas Guerras 
ocorridas ao longo do século XX. 
 
 O Estado que antes se voltava apenas ao atendimento das demandas 
que não encontravam oferta na atividade privada (visão clássica), tais como 
defesa, justiça, saúde, passa agora a ser importante ator do processo 
Econômico (visão keynesiana), estimulando e contraindo a demanda 
agregada conforme as necessidades de estímulo ao processo econômico. A 
evolução da atuação estatal ao longo do século XX permitiu o estabelecimento 
de funções básicas a que os governos, responsáveis pela adoção de políticas 
econômicas e sociais, deveriam direcionar suas atividades, buscando atuar 
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diretamente no intuito de minimizar os impactos negativos gerados pelo que a 
literatura define por falhas de mercado. 
 
3. A função do bem-estar; políticas alocativas, distributivas e de 
estabilização. 
 
Conforme abordado no item anterior, com a evolução do processo 
econômico nas sociedades modernas, passou-se a se considerar uma maior 
ação estatal de cunho intervencionista, buscando a eficiência nas relações 
econômicas existentes na sociedade. Com a falta de uma solução de mercado, 
ou seja, uma auto-regulação, verificou-se que o governo deveria assumir uma 
postura mais ativa, buscando minimizar os problemas conhecidos como “Falhas 
de Mercado”, situação na qual a simples interação entre consumidores e 
produtores não levava a melhor alocação possível dos recursos econômicos. 
 
A ação governamental deve buscar a eficiência econômica, permitindo 
ainda que a sociedade atinja o mais alto padrão de bem-estar possível. Com 
base neste entendimento, e previamente à abordagem das funções 
governamentais, passemos a uma análise um pouco mais detalhada do que se 
define por eficiência econômica e, conjuntamente, bem estar de uma 
sociedade. Estes pontos podem, sem sombra de dúvidas, virem a ser cobrados 
em prova. 
 
3.1 O bem-estar de uma sociedade e a eficiência econômica 
 
O processo econômico é baseado na interação entre consumidores e 
produtores, sendo pautado na existência de estruturas de mercado 
responsáveis pela produção e oferecimento de bens e serviços. Estas 
estruturas são determinadas em função do número de empresas atuantes nos 
diferentes mercados. 
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O mercado concorrencial é representado pela existência de um grande 
número de vendedores, de tal sorte que uma empresa isoladamente não 
afeta os níveis de oferta de bens e serviços e, por consequência, o preço de 
equilíbrio do mercado. 
 
No mercado de concorrência perfeita não existem externalidades4, as 
quais representam as ações de consumidores e produtores não refletidas 
nos preços dos bens e serviços oferecidos em um mercado. É o caso, por 
exemplo, da produção realizada por uma empresa, que gera, por 
consequência, a poluição do meio ambiente. Esta poluição poderia ser 
ignorada pelo produtor, caso não existisse a intervenção do governo. Outro 
tipo de externalidade, mas associada aos consumidores, refere-se, por 
exemplo, às regras existentes em áreas residenciais, especialmente em 
condomínios, em que os moradores devem agir no sentidode não reduzir o 
valor da propriedade dos outros vizinhos. 
 
Em decorrência da inexistência de externalidades, afirma-se que o 
mercado concorrencial é o melhor exemplo de um mercado em que 
prevalece a eficiência econômica. 
 
Mercado Concorrencial = Eficiência Econômica 
 
Cabe destacar que uma alocação de bens e insumos em uma economia 
será eficiente em termos econômicos se não existir outra alocação factível 
de bens e insumos que possa melhorar a situação de alguns consumidores, 
sem piorar a situação dos demais. Trata-se da alocação chamada PARETO5 
EFICIENTE. 
 
4
 Faremos uma análise mais aprofundada sobre as externalidades ainda nesta aula. 
5
 Conceito econômico desenvolvido pelo Economista italiano Vilfredo Pareto. 
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De outro modo, uma alocação de bens e insumos será PARETO 
INEFICIENTE em termos econômicos caso exista uma alocação alternativa 
dos mesmos bens e insumos escassos na economia que proporcione a todos os 
consumidores melhorias em relação à alocação inicial. 
 
Desta forma, podemos dizer que para qualquer alocação ineficiente, 
sempre poderemos encontrar uma alocação eficiente. É como se disséssemos 
que a economia não está extraindo tudo o que pode obter dos seus recursos 
escassos. 
 
Posta a definição de eficiência no equilíbrio competitivo, algumas 
condições devem ser atendidas para que esta se realize: 
 
a. consideradas as quantidades de bens e serviços consumidos pelas 
famílias, não existe outro modo de realocação dessas quantidades 
entre as mesmas famílias que aumente o bem-estar com relação ao 
equilíbrio competitivo. Trata-se do que chamamos de eficiência na 
troca; 
 
b. consideradas as quantidades de trabalho e capital (insumos utilizados 
no processo produtivo) utilizados pelas empresas, não existe outro 
modo de realocação dessas quantidades entre empresas que aumente 
a quantidade oferecida de bens e serviços em relação a alocação do 
equilíbrio competitivo. É o que chamamos de eficiência na 
produção. 
Destaca-se que existe eficiência na produção quando uma expansão 
de produção em um mercado (ex: alimentos) torna necessária a 
redução de produção em outro mercado (ex: energia elétrica), afinal o 
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termo “Economia” só existe porque os recursos em uma sociedade 
são escassos. Se já está sendo auferido o máximo possível de 
alimentos, só será possível aumentar caso diminua a produção de 
energia elétrica, conforme dissemos acima; 
 
c. considera-se ainda que os totais de trabalho e capital disponíveis na 
economia não hão de deixar os consumidores em melhor situação ao 
se produzir mais de um produto e menos de outro. Trata-se de dizer 
que a alocação de bens e insumos na economia satisfaz a condição de 
eficiência da substituição. 
 
Quando atingidos todos os critérios que definem a eficiência econômica, 
quais sejam a eficiência na troca, a eficiência na produção e a eficiência na 
substituição, torna-se possível o efetivo bem-estar de uma sociedade. Sobre 
esta base, inclusive, sustenta-se o denominado Primeiro Teorema 
Econômico do Bem-estar. Segundo este: 
 
“A alocação de bens e insumos que resulta de um equilíbrio geral competitivo é 
eficiente em termos econômicos. Isto é, dado os recursos escassos disponíveis na 
economia, não existe outra alocação factível de bens e insumos que poderia 
melhorar simultaneamente todos os consumidores”. 
 
Quando é atingida a eficiência econômica, passa-se a considerar que os 
consumidores encontram-se no melhor nível de utilidade possível, pois se 
assim fosse diferente a distribuição dos recursos (da renda) e da própria 
utilidade seria diferente. A chamada Fronteira de Possibilidade de 
Utilidade mostra o padrão de utilidades que resulta das várias alocações de 
bens e insumos eficientes em termos econômicos das famílias A e B, conforme 
o gráfico abaixo: 
 
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O ponto “A” da Fronteira de Possibilidades de Utilidade abaixo 
destacada representa um padrão de utilidades dentro de um equilíbrio 
competitivo. Destaca-se assim que diferentes alocações eficientes em 
termos econômicos resultam em diferentes distribuições de utilidade, 
conforme demonstrado também pelo ponto “B”. 
 
 
 
Um exemplo bastante interessante e que inclusive já foi utilizado em 
questões de concursos, refere-se à idéia de um planejador econômico que, por 
meio da redistribuição dos recursos econômicos, poderia tornar “mais igual” os 
níveis de utilidade alcançados por cada uma das famílias “A” e “B” analisadas 
até agora. Esta realocação poderia levar a um ponto como o ponto “C” na 
Fronteira de Utilidade, de forma a tornar mais equânime a utilidade obtida por 
cada uma das famílias. 
 
Destaca-se que o planejador poderia atingir a distribuição desejada de 
utilidade primeiramente através da redistribuição do estoque disponível de 
trabalho a capital e, posteriormente, deixando a economia atingir a eficiência 
no equilíbrio geral competitivo. 
 
É em função do que acabamos de dizer que se encontra o fundamento do 
chamado Segundo Teorema Econômico do Bem-estar. Diz o Teorema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
B 
Utilidade das Famíl. A 
Utilidade das Famíl. B 
C 
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“Qualquer alocação de bens e insumos eficiente em termos econômicos pode 
ser atingida como um equilíbrio geral competitivo por meio de uma realocação 
dos recursos escassos da economia”. 
 
Um equilíbrio eficiente pode ser guiado por meio do que Adam Smith6 
denominou de Teoria da “Mão Invisível”, em que, num sistema de mercado, 
cada indivíduo, agindo no sentido de maximizar o seu bem-estar, acaba por 
contribuir para o bem-estar dos demais. Cabe destacar que inexistem critérios 
objetivos para medição do bem-estar, aos quais possam ser feitas 
comparações relevantes sobre o próprio conceito. 
 
De todo modo, vejamos alguns aspectos importantes: uma situação 
ótima no sentido de Pareto decorre quando não existir qualquer alternativaque 
agrade mais a todos os indivíduos. Nesta situação verifica-se que todos os 
resultados que não sejam ótimos de Pareto não são interessantes, por haver 
uma alternativa que todos preferem. 
 
Destaca-se ainda, entretanto, que o critério de Pareto não leva em 
consideração aspectos coma a distribuição de bem-estar em uma sociedade. 
Imaginemos que existam 5 unidades para serem divididas entre dois 
indivíduos. Se um receber 3 unidades e o outro 2 unidade, esta situação é 
 
6
 Adam Smith é o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. 
Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", a sua obra mais conhecida, e que 
continua sendo usada como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das 
nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse (self-interest), promoviam o 
crescimento econômico e a inovação tecnológica. 
 
Adam Smith ilustrou bem seu pensamento ao afirmar "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do 
cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu "auto-interesse". 
 
Assim acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. 
A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a 
constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores. 
 
Fonte: Wikipedia 
 
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ótima no sentido de Pareto, uma vez que não existe uma alternativa que 
ambos prefiram. 
 
Não obstante o acima descrito, e voltando à análise da mão invisível do 
mercado, o entendimento de um resultado econômico por agentes que 
procuram maximizar o seu bem-estar individual corresponde à noção de 
equilíbrio competitivo. Vejamos o que seria isso: 
 
Um equilíbrio competitivo é uma situação na qual: 
 
i. cada um dos indivíduos, considerando os preços como sendo fixos, 
escolhe as quantidades de bens que pretende produzir, vender e 
comprar no sentido de obter o melhor para si, respeitando suas 
preferências, dentro das possibilidades do seu orçamento; e 
 
ii. verifica-se a igualdade entre a oferta e a procura, isto é, para cada 
produto, a soma das quantidades procuradas para compra é igual à 
soma das quantidades oferecidas para venda. 
 
No conceito de equilíbrio competitivo, tem-se que a existência de um 
sistema de preços que leva a que os indivíduos, para maximizarem a sua 
satisfação, escolham quantidades a produzir, vender e comprar consistentes 
com uma igualdade entre a oferta e a procura. 
 
O Primeiro Teorema do Bem-Estar afirma que a situação de equilíbrio 
competitivo é ótima no sentido de Pareto. Assim sendo, que não existe uma 
situação que seja melhor para todos os indivíduos. Já o segundo Teorema do 
Bem-estar afirma que qualquer situação ótima de Pareto pode ser atingida 
como um equilíbrio competitivo, sendo apenas necessária uma determinada 
redistribuição inicial de bens. 
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Com base nestes pressupostos, e considerando a existência da “Mão-
Invisível”, se um resultado Ótimo de Pareto for especialmente pretendido, 
existe uma redistribuição inicial de bens que leva a que esse seja o resultado 
correspondente ao equilíbrio competitivo da economia. 
 
No próximo item passamos a analisar de que maneira o governo busca 
promover o mais alto nível de bem-estar em uma sociedade. Para isso, 
analisaremos as funções governamentais, orientadoras da atividade de 
intervenção estatal no processo econômico. 
 
3.2 As funções governamentais 
 
A forma pela qual o governo realiza a sua atividade interventiva é 
representada pela série de despesas a realizar, as quais são suportadas pelos 
recursos captados na sociedade, sejam eles por meio do seu poder de império, 
a exemplo dos tributos, seja através da constituição de dívida. A estrutura de 
receitas e despesas é formatada ano a ano, estando consubstanciada por meio 
do orçamento do governo. 
 
O orçamento público constitui peça chave no processo de intervenção 
governamental. A pouco, ao estudarmos a evolução do papel do governo, 
pudemos constatar que a atividade interventiva sofreu uma série de adições, 
as quais passaram a constituir as chamadas funções governamentais, 
orientadoras das políticas públicas de caráter econômico e social. 
 
O grande estudioso das Finanças Públicas, Richard Musgrave7, propôs 
uma classificação das funções econômicas do Estado, as quais se tornaram 
 
7
 Seu trabalho, denominado Teoria de Finanças Públicas, teve grande impacto sobre as orientações dos governos no seu 
processo de intervenção da atividade econômica. 
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clássicas no gênero. Também chamadas de funções fiscais, o autor as intitula 
como sendo as próprias funções do orçamento. São elas: 
 
1. Promover ajustamentos na alocação de recursos (também conhecida 
como função alocativa ou de afetação); 
 
2. Promover ajustamentos na distribuição de renda (também conhecida 
função distributiva); 
 
3. Manter a estabilidade econômica (também conhecida função 
estabilizadora) 
 
A base de intervenção do Estado no processo econômico é associada às 
funções básicas que este deve exercer. Vejamos então cada uma delas nos 
subitens a seguir. 
 
3.2.1 Função Alocativa 
 
A função alocativa ou de afetação é aquela que atribui ao Estado a 
responsabilidade pela alocação dos recursos existentes na economia quando, 
pela livre iniciativa de mercado, isto não ocorrer. Um bom exemplo desta 
função é representado pela iniciativa do Estado em realizar obras que trarão 
grandes benefícios à população. Um caso polêmico, mas revestido da função 
básica de alocação dos recursos pelo Estado é a transposição do Rio São 
Francisco, que, mesmo podendo trazer custos ambientais e sociais negativos 
para parte da população do Sertão Nordestino, resultará em um significativo 
aumento do bem-estar da própria população, levando água, saúde e riqueza a 
uma região bastante castigada pela seca. 
 
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3.2.2 Função Distributiva 
 
A função (re)distributiva é representada pela melhoria na chamada 
distribuição da renda gerada na economia. Políticas de tributação progressiva 
da renda (quem ganha mais, paga mais tributos proporcionalmente à sua 
renda/riqueza) com a consequente adoção por parte do governo de programas 
de transferência de renda representam claramente uma política distributiva do 
governo, retirando, a princípio, daqueles que ganham mais e repassando 
àqueles que ganham menos. 
 
A função distributiva governamental é implementada no país por meio de 
políticas públicas que visam conceder benefícios às famílias de menor poder 
aquisitivo. Dentre estes benefícios incluem-se à realização de transferências de 
recursos públicos, a exemplo do Programa Bolsa Família. O Programa foi criado 
para apoiar as famílias mais pobres e garantir a elas o direito à alimentação e 
o acesso à educação e à saúde. Este visa à inclusão social desta faixa da 
população brasileira, por meio da transferência de renda e da garantia de 
acesso a serviços essenciais. Em todo o Brasil, quase 14 milhões de famílias 
são atendidas pelo Bolsa Família. 
 
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda que 
atende famílias pobres (renda mensal por pessoa entre R$ 77,01 e R$ 154) 
e extremamente pobres (renda mensal por pessoa de até R$ 77). Ele possui 
vários tipos de benefícios, utilizados para compor a parcela mensal que os 
beneficiários recebem. 
 
Ainda pode ser considerada uma política adotada pelo governo no 
atendimento à função distributiva a imposição de tributação incidente sobre 
a renda e a propriedade. Tributando mais aqueles que ganham mais, o 
governo busca a arrecadação de recursos visando distribuir estes mesmos 
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recursos para, entre outras formas, poder realizar transferências à 
população de mais baixa renda. 
 
Não menos importante, a atuação política de concessão de subsídio à 
compra da casa própria, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida, 
constitui mais um dos instrumentos governamentais de atendimento à sua 
função distributiva. A concessão do benefício no valor de até R$ 17 mil 
tende a permitir o acesso da classe menos favorecida à moradia, gerando, 
de outra forma, a melhoria do padrão de vida desta faixa da população. 
 
 
Um importante conceito utilizado na economia refere-se à mensuração da 
demanda agregada, a qual inclui à série de agentes envolvidos no 
processo econômico e que são responsáveis pela compra de bens e 
serviços produzidos. 
 
Em termos de fórmula matemática, podemos afirmar que a demanda 
agregada é formada pelas seguintes variáveis: 
 
Demanda Agregada = 
 
Consumo (C) + Investimento (I) + Gastos do Governo (G) + Exportações (X) – 
Importações (M) 
 
O consumo é representado pela série de bens e serviços comprados pelos 
indivíduos, sejam eles os próprios bens de consumo, a exemplo de uma 
roupa ou um perfume, como no caso de um bem de consumo durável, a 
exemplo de um automóvel; 
 
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Os investimentos referem-se os gastos realizados pelas empresas com a 
compra de máquinas e equipamentos destinados à ampliação da sua 
capacidade produtiva; 
 
Os gastos do governo são representados por todas as compras 
realizadas pelo próprio governo tanto para a manutenção de sua estrutura, 
a exemplo da compra de matérias de expediente, como também da 
realização de investimentos públicos, a exemplo da construção de 
estradas, escolas, hospitais, portos e aeroportos. 
 
As exportações referem-se às vendas de bens e serviços produzidos no 
país, mas destinados ao mercado consumidor externo. Dentre as 
exportações temos a venda de produtos básicos, comumente conhecidos 
como commodities, a exemplo de minério de ferro, petróleo, soja, bem 
como de diversos outros produtos acabados, a exemplo de automóveis e, 
também, de serviços como consultorias e assessorias prestadas no 
exterior. 
 
As importações referem-se às compras de bens e serviços realizados por 
consumidores e empresas brasileiras de produtos advindos do exterior. 
Nas importações incluem-se a compra de automóveis importados e 
diversos outros bens e serviços. 
 
Em economia, é comum definirmos a Demanda Agregada como sendo 
também chamada de Produto Interno Bruto – PIB, uma vez que o 
somatório das variáveis componentes (consumo, investimento, gastos do 
governo, exportações e importações) corresponde ao total de riqueza gerada 
e consumida pelo país durante um determinado período de tempo. 
 
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3.2.3 Função Estabilizadora 
 
A função estabilizadora está diretamente associada às políticas fiscal e 
monetária realizadas pelo governo. A política fiscal é implementada tanto por 
meio do aumento dos gastos do governo como pela redução dos tributos. A 
diferença encontra-se apenas em qual a variável impactada diretamente. No 
caso do aumento dos gastos, a variável estimulada inicialmente é a próprio 
gasto (DA = Y = C + I + G + X – M). Sua disseminação se dá pelos diferentes 
ramos da economia. O ciclo é baseado no gasto inicialmente realizado em 
determinado setor (ex: Construção Civil) gerando emprego e renda. Como 
resultado da renda e do emprego gerado neste setor, os trabalhadores 
aumentam a sua demanda nos demais setores da economia, gerando novos 
impactos em termos de crescimento da renda. No caso da redução dos 
tributos, o resultado se dá nas variáveis consumo dos trabalhadores e no 
investimento das empresas. Com maior renda disponível os trabalhadores 
aumentam o seu consumo, estimulando as empresas a investirem mais, 
gerando impactos sobre a oferta de bens e serviços (oferta agregada). Esse 
ciclo se multiplica gerando impactos novamente sobre toda a economia. 
 
Adicionalmente à política fiscal, a política monetária realizada pelo Banco 
Central visa controlar o excesso de moeda na economia, fazendo que a 
circulação desta seja suficiente para dar lastro às transações de bens e 
serviços no mercado real. 
 
Um excesso de dinheiro em circulação pode provocar uma corrida por 
produtos e serviços acima da capacidade de oferta pelas empresas. Nesta 
situação poderão ocorrer picos inflacionários, prejudicando o poder de compra 
da moeda nacional e, consequentemente, dos trabalhadores. Na situação 
contrária, em que haja uma falta de moeda no processo econômico, e queseja 
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justamente esta moeda a responsável por dar lastro as negociações de bens e 
serviços, gerando uma redução significativa do consumo das famílias e, por 
conseguinte, dos investimentos realizados pelas empresas. O impacto final 
dar-se-á sobre a geração de riqueza na economia, representado pela queda no 
nível de atividade econômica (Produto Interno Bruto). 
 
Os principais instrumentos de política monetária são os depósitos 
compulsórios, o chamado redesconto e as operações de mercado aberto. 
 
Para todo depósito à vista depositado pela população em suas contas 
correntes, uma fração deste valor deve ser depositado de forma compulsória 
pelos bancos junto ao BACEN. O objetivo do depósito compulsório está em 
permitir que Autoridade Monetária regule o excesso de dinheiro disponível às 
Instituições Financeiras para a realização de empréstimos e financiamentos. 
Assim, quando o Banco Central realiza uma política monetária de redução das 
alíquotas do recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista, visando o 
estímulo à atividade econômica (PIB), pode-se concluir que está sendo 
realizada uma política monetária expansionista dos meios de pagamento. 
 
Em situações que em é nítida a probabilidade de geração de aumento de 
preços devido ao excesso de crédito concedido pelos bancos aos agentes 
econômicos, o BACEN pode promover um aumento da alíquota sobre os 
recolhimentos compulsórios, reduzindo assim o efeito multiplicador do excesso 
de crédito em circulação. 
 
Já as operações de redesconto consistem no que é definido por 
assistência financeira de liquidez. As instituições financeiras bancos realizam 
a intermediação de recursos entre os agentes poupadores e devedores de 
recursos, cobrando por isto uma determinada taxa de juros. Ocorre que em 
algumas situações estas instituições podem se encontrar diante de 
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problemas de liquidez, em que são feitos sucessivos saques dos clientes 
credores e, conjuntamente, o não pagamento dos recursos financeiros 
tomados por parte dos clientes devedores. Diante desta situação um banco 
acaba por necessitar de assistência financeira, solicitando ao BACEN a 
utilização de linha de Redesconto. 
 
Este tipo de operação de empréstimo realizada pelo BACEN é de 
caráter emergencial, tendo a si associada à cobrança de uma taxa de juros 
punitiva ao banco tomador dos recursos, já que se entende que a 
necessidade de recursos foi derivada em maior parte pela falta de 
administração responsável dos recursos de terceiros pelo banco. 
 
Destaca-se que quando a autoridade monetária deseja realizar uma 
política monetária expansionista, ela pode reduzir a taxa de juros cobrada 
sobre as operações de redesconto, o que por si só estimula os bancos a 
emprestarem mais, uma vez que sabem que, em caso de necessidade, 
poderão obter recursos com taxa de juros menos punitiva. 
 
Por fim, com relação às operações de mercado aberto, estas se 
constituem na colocação (venda) e retirada (recompra) de títulos públicos 
federais junto aos bancos. Denomina-se de gerência da dívida pública pelo fato 
de que os títulos públicos federais em circulação no mercado financeiro são 
todos emitidos pelo Tesouro Nacional, sendo a emissão condicionadora da 
geração de dívida pública8. 
 
 
8
 Cabe destacar que muito embora a emissão de títulos pelo Tesouro Nacional provoque a imediata elevação da dívida 
pública, existem duas vertentes de emissão. A primeira relaciona-se efetivamente com o repasse dos títulos ao BACEN 
com o objetivo de permitir à Autoridade Monetária a realização da própria política monetária. Já a segunda relaciona-se 
com a captação de recursos destinados ao atendimento das necessidades do governo. Não se trata de venda ao BACEN, 
mas às instituições financeiras que aplicam seus recursos em um ativo lastreado na taxa básica de juros (Taxa Selic). 
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A colocação (compra) de títulos públicos aos bancos consiste na retirada 
de fundos a serem utilizados pelos bancos na forma de empréstimos e 
financiamentos à população em geral. O objetivo da venda dos títulos públicos 
pelo BACEN está em controlar a liquidez da economia, evitando com que haja 
um excesso de recursos potenciais geradores de processo inflacionário. Os 
títulos públicos pagam aos bancos proprietários uma taxa de juros 
remuneratórios, o que faz com que estes tenham interesse em aceitar a oferta 
por parte do BACEN. 
 
Destaca-se que o resultado da própria colocação dos títulos públicos é o 
aumento dos juros, uma vez que ocorre uma redução da oferta de moeda no 
mercado monetário. Conforme vimos, este aumento dos juros tende por si só a 
reduzir o consumo, especialmente aquele gerador de inflação. 
 
Diferentemente, a retirada (recompra) de títulos públicos consiste na 
ampliação da oferta de moeda na economia, o que tende a reduzir a taxa de 
juros. Destaca-se ainda que a diminuição dos juros estimula o aumento dos 
investimentos das empresas, gerando maiores gastos com a compra de bens 
de capital, o que promove por consequência o aumento da oferta de bens e 
serviços e, também, do consumo. 
 
As operações de mercado aberto consistem no instrumento de política 
monetária mais efetivo no controle da liquidez da economia, dado que o seu 
resultado dar-se de forma imediata, a partir de negociações em sistema on-
line realizadas entre o BACEN e os bancos. O depósito compulsório é calculado 
e recolhido quinzenalmente, o que tende a torná-lo um instrumento menos 
eficiente em termos de liquidez imediata. Não obstante, o Redesconto possui 
caráter emergencial, sendo caracterizado como o instrumento de política 
monetária de menor uso e de menor efetividade. 
 
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Assim sendo, e de forma resumida, pode-se dizer que a função 
estabilizadora tem o papel de promoção do crescimento sustentado da 
economia do país, combinada com a busca pela manutenção do nível constante 
dos preços e o estimuloà geração de renda e emprego via estímulo ao crédito. 
 
 
Digno de destaque são as diferenças existentes entre as políticas fiscal e 
monetária e seus impactos diretos sobre a economia. A política fiscal tem o 
caráter de ter seu objetivo direcionado, atingindo inicialmente o setor no qual 
o governo deseja estimular. Ocorre, no entanto, que toda esta política deve 
ser pautada na estruturação do orçamento anual, necessitando de tempo e 
aprovação por parte do poder legislativo. Por outro lado, ao apontarmos as 
vantagens da política monetária, podemos verificar que sua eficácia é 
imediata, uma vez que as decisões da autoridade monetária quanto ao 
controle da liquidez são tomadas diariamente. De forma contrária, as 
desvantagens se encontram no fato de que a política monetária tem caráter 
nacional, não atingindo um setor econômico específico, nos moldes da política 
fiscal. 
 
3.2.4 Adendo: A função reguladora 
 
Com a o processo de desestatização implementado pelo Estado 
brasileiro no fim dos anos 70, e intensificado a partir dos anos 90, surgiu a 
necessidade de que este mesmo Estado passasse a controlar as atividades 
em que antes atuava de forma direta, constituindo para isso uma série de 
Agências que passaram a ter como missão a regulação dos serviços 
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públicos concedidos à iniciativa privada, nos moldes dos regimes de 
concessão de rodovias, portos, distribuição de energia elétrica e telefonia. 
 
A referida função é pouco citada nas bibliografias que versam sobre 
as funções governamentais tradicionais. De todo modo a mesma função 
tem sido presença constante em provas de concurso, além de já ser 
considerada uma função governamental propriamente dita. 
 
Vejamos agora, a título de fixação de conteúdo, outra questão: 
 
(APO/SEFAZ-SP – ESAF/2009) A atuação do governo na economia tem 
como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de 
promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação 
pode se dar das seguintes formas, exceto: 
a) complemento da iniciativa privada. 
b) compra de bens e serviços do setor público. 
c) atuação sobre a formação de preços. 
d) fornecimento de bens e de serviços públicos. 
e) compra de bens e serviços do setor privado. 
 
Comentários: 
 
Essa questão a princípio parece ser pouco objetiva em termos das respostas 
disponíveis, uma vez que algumas assertivas visam mais confundir o candidato 
do que qualquer outra coisa. Vejamos a análise de cada uma das assertivas: 
 
a) O complemento da iniciativa privada pode estar ligado, por exemplo, à 
participação do governo no processo de melhoria no processo produtivo 
implementado por determinada empresa. Ex: A implantação de um pólo 
produtivo, em região pouco explorada economicamente, imputa ao Estado a 
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necessidade de complementar, em termos de infra-estrutura, a atividade 
privada. A construção de uma rodovia/ferrovia para escoamento da produção 
pode ser considerada como um atendimento por parte do governo dentro da 
sua função alocativa. 
Opção correta 
 
b) A compra de bens e serviços do setor público não gera resultados em 
termos de estímulo à atividade econômica uma vez que a própria ação do 
gasto fica restrita à atividade estatal. Uma segunda questão é o fato de que a 
participação do Estado no processo econômico visa estimular a maior interação 
entre consumidores e produtores, o que, a princípio, não ocorreria na situação 
em análise. 
Opção Incorreta – gabarito 
 
c) O processo de atuação sobre a formação de preços está diretamente ligado 
a mais nova função governamental, qual seja a função reguladora. Nesta 
assertiva o termo “formação de preços” parece não estar associado à subida 
ou queda de preços devido ao problema inflacionário, o que caracterizaria a 
função estabilizadora, mas sim à formação de preços a partir das chamadas 
estruturas de mercado, tais como o monopólio, o oligopólio e outras. 
Adicionalmente, esta intervenção pode ainda estar relacionada à participação 
das chamadas agências reguladoras na formação dos preços que remunerarão 
a atividade exploratória concedida à iniciativa privada. 
Opção correta 
 
d) O fornecimento de bens e serviços públicos pode ser entendido como o 
oferecimento pelo Estado daquelas atividades associadas a própria existência 
de uma sociedade organizada, tais como justiça, educação, serviço policial e 
forças armadas. 
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Opção correta 
 
e) A compra de bens e serviços do setor privado é a própria caracterização de 
uma política fiscal expansionista, na qual o Estado se utiliza dos recursos 
captados da sociedade por meio de tributos para realizar o aumento de gastos 
públicos, o que tende a estimular a demanda agregada, gerando impactos 
positivos sobre a renda e o emprego. 
Opção correta 
 
A evolução das funções do governo é baseada, entre outros motivos, no 
processo de mudanças ocorridas no mundo especialmente a partir do século 
XX, momento no qual, conforme já estudamos, se consolidou a necessidade de 
atuação governamental no processo econômico. 
 
4. Falhas de Mercado: externalidades, bens públicos, competição 
imperfeita, recursos comuns. 
 
 Pode-se interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo 
ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar “mercado” como sendo o 
local onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo 
de atingir, respectivamente, o maior bem-estar possível, derivado da sua 
renda de trabalhador, e a maximização do lucro, obtido pela produção e venda 
dos mesmos bens e serviços. 
 
 Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação 
Econômica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado: 
 
 "Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo 
econômico a uma situação social ótima. Um aspecto importante disto é que se 
deixa de incluir, nos custos e nos preços, os efeitos externos (externalidades) 
ou a redução dos lucros de outros agentes que não aqueles diretamente 
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envolvidos nas transações de mercado e atividades afins. Com relação aos 
bens e serviços ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à 
poluição, à exploração dos recursos e à degradação de ecossistemas. Assim, as 
falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto 
interesse da sociedade" (OECD, 1994). 
 
 As Falhas de Mercado são representadas por toda alocação ineficiente 
de recursos econômicos, derivada das transações ocorridas entre os 
componentes da sociedade. As Falhas são identificadas tanto pela produção em 
excesso quanto pela falta de produção de bens e serviços ofertados à 
sociedade. 
 
 Assim sendo, como o Estado deveria intervir na economia de forma a 
evitar distorções prejudiciais a consumidores e produtores? A chamada teoria 
do bem-estar econômico, conhecida como welfare economics, e de certo modo 
já abordada por nós, afirma que os mercados perfeitamente competitivos, sem 
interferência governamental, promovem a alocação eficiente de recursos entre 
os agentes econômicos, de tal maneira que é impossível melhorar a situação 
de um indivíduo sem piorar a de outro. Trata-se do conceito chamado “Ótimo 
de Pareto”. 
 
 A grande questão, entretanto, é que a definição da situação de “Ótimo de 
Pareto” é dificilmente alcançada, especialmente pela existência de Falhas de 
Mercado. 
 
 De forma ampliada às falhas citadas no conteúdo programático disposto 
no edital, estas são divididas em: 
 
a) Bens Públicos; 
b) Externalidades; 
c) Assimetria de Informações; 
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d) Monopólios Naturais; 
e) Poder de Mercado; 
f) Riscos Pesados; 
g) Mercados Incompletos; e 
h) Desemprego e Inflação; 
 
 4.1 Bens Públicos 
 
 Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, 
tendo a caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um 
grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. 
Destaca-se que para este tipo de bem, mesmo que alguns se beneficiem mais 
do que outros, todos podem desfrutá-lo. 
 
 De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são definidos em 
função da sua não rivalidade no consumo e da impossibilidade de 
exclusão ao seu acesso. Para compreendermos um pouco mais estas 
características inerentes aos bens públicos, vejamos: 
 
 O consumo realizado de um bem (ou serviço) será considerado rival se o 
próprio consumo por parte de um indivíduo impossibilita o outro indivíduo de 
consumi-lo. De forma objetiva, caso o indivíduo A se alimente de uma laranja, 
o indivíduo B não poderá fazê-lo, para a mesma laranja, da mesma forma. 
Cabe destacar que a característica de não rivalidade não significa que o 
consumo de ser igual por parte dos dois indivíduos. Neste sentido, partindo-se 
do princípio de que a defesa nacional de um país é considerada um bem 
(serviço) público, alguns habitantes em região de fronteira, especialmente de 
áreas conflituosas, poderão se beneficiar mais do que os habitantes de uma 
zona sem conflito. 
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 São considerados exemplos de bens públicos tangíveis as praças e as 
ruas de uma cidade. Como bens públicos intangíveis, temos a segurança 
pública, a justiça e a defesa nacional de um país. 
 
 Com relação a não exclusividade de um bem público, também podemos 
tecer, algumas informações importantes. Um bem, serviço ou recurso natural é 
sujeito à exclusão caso for possível impedir um indivíduo de consumi-lo. Uma 
questão importante, e que serve de exemplo a característica de não exclusão é 
a de que quando colocado à disposição da população de um determinado 
bairro o policiamento extensivo (bem público), todos serão beneficiados pela 
decisão governamental. 
 
 A existência do princípio da não-exclusão no consumo dos bens públicos 
é um dos importantes fatores, se não o maior deles, que leva a existência de 
Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que como o governo não consegue 
mensurar o “quantum” do bem público está sendo consumindo por cada 
indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus imposto à sociedade na forma da 
tributação, que é justamente a fonte de recursos para o oferecimento de bens 
públicos. 
 
 Considerando as definições ora narradas, e realizando um prévio resumo, 
pode-se considerar que um bem público é aquele que, para a totalidade dos 
indivíduos, não existe rivalidade no consumo e em que a exclusão do consumo 
pelos indivíduos não é possível. 
 
 Destaco a vocês que, em verdade, não havendo rivalidade no consumo, 
o custo adicional9 de se ter mais um indivíduo consumindo-o é nulo. Veja que 
 
9
 Também chamado na microeconomia de custo marginal. 
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essa informação é válida porque todos usufruem o quanto querem, e desta 
forma não haveria, como no caso do bem privado, como o governo, oferecedor 
do bem, cobrar pela disponibilização deste à sociedade. 
 
 No mesmo sentido que o custo adicional de consumo é nulo, o custo 
adicional de provisão de um mesmo bem público pelo governo também será 
nulo, visto que o próprio custo de oferecimento (a defesa nacional) já é dado. 
 
 Não existindo rivalidade e, ao mesmo tempo, não havendo exclusão no 
consumo de um bem público, tende a aparecer na economia a existência de 
comportamentos oportunistas, também chamados “free riders” ou caronas, 
os quais se beneficiam dos bens públicos sem pagar nada por isso, alegando 
que não precisam do bem oferecido ou simplesmente por não pagarem a 
tributação imposta aos mesmos por conta do consumo. 
 
 
Imaginemos que a construção e a manutenção das estradas sejam pagas por 
meio de contribuições voluntárias pelos motoristas. Muito embora todo 
motorista possa desejar estradas em ótimo estado de conservação, sua 
contribuição individual tem pouco efeito para tal fim. Dessa maneira, qual 
seria então o seu incentivo para realizar contribuições com esse fim? O 
benefício acaba sendo muito baixo perto do custo da contribuição. Está aí o 
porquê de o governo atuar, muitas vezes, no financiamento da construção e 
manutenção das estradas, gerando, por consequência, o problema do 
“carona” por conta dos usuários motoristas. Se todos os motoristas passassem 
a pensar desta forma, inexistiriam estradas. 
 
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A melhor forma encontrada, nestes casos, é simplesmente permitir a 
utilização das estradas mediante o pagamento de pedágios, o que nivelaria a 
contribuição tanto aos já contribuintes quanto aos não contribuintes 
“caronas”. 
 
 De acordo com o exemplo destacado acima, pode-se afirmar que, para 
que o mercado privado possa funcionar adequadamente, um dos quesitos será 
a validade do princípio da exclusão, podendo o consumo ser mensurado para 
cada um dos consumidores. 
 
 Por fim, destaco que um relevante aspecto inerente aos bens públicos 
refere-se à relação existente entre o custo marginal de sua produção pelo 
governo e o benefício marginal decorrente do oferecimento, também pelo 
governo público, à sociedade. A produção de um bem público, a exemplo de 
uma praça, possui um custo único, ou seja, independentemente da quantidade 
produzida, ou mesmo da quantidade consumida pela sociedade, o preço é o 
mesmo. Assim sendo, a verificação quanto à produção ideal de um bem 
público está associada ao ponto em que o custo de produção social iguala-se 
ao benefício social que este mesmo bem fornece à sociedade. Por ser difícil a 
precificação de um bem público, o atingimento do ponto ideal é bem mais 
teórico do que prático. 
 
 4.1.1 Adendo: O Bem Privado (Não caracterizado como uma Falha 
de Mercado) 
 
 Considerando as informações descritas acima, podemos conceituar o 
chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo não pode ser 
compartilhado simultaneamente por quaisquer dois ou mais usuários, em 
função dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa 
a ser válido o princípio da exclusão. 
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 Um bom exemplo de um bem privado seria a contratação de uma 
empresa de vigilância privada que atenderia a determinado condomínio de 
moradores. Considerando que a segurança deve atender somente um círculo 
restrito de moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomínio, mas 
sem impactos para este, de nada se poderá cobrar da empresa de vigilância. 
 
 É aquele velho ditado, só desfruta quem paga! 
 
 4.1.2 Bens Semi-Públicos ou Meritórios 
 
 Os chamados bens semi-públicos são aqueles bens que possuem 
associados a si o princípio da exclusão. 
 
 Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pág. 412) encontramos outra 
definição para os bens semi-públicos: 
 
 “São os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo 
setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a 
população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poder pagar 
o preço correspondente: é o caso de educação e saúde”. 
 
 Os bens semi-públicos são também chamados de meritórios pelo fato 
de serem disponibilizados (oferecido) às pessoas que adquirem mérito para tal. 
Um bom exemplo é a Universidade Pública. Somente aqueles que possuem o 
mérito de passar no vestibular é que terão a si concedidos o mérito de cursar 
gratuitamente o ensino superior. 
 
 Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia, que o ensino 
superior também é oferecido pela iniciativa privada, sendo, no entanto, 
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passível de cobrança, ficando assim garantido o princípio da exclusão. 
Outrossim, o objetivo lógico do governo é o de garantir o direito ao ensino 
público gratuito à população, exigindo, em contrapartida, o mérito de passar 
no vestibular. 
 
Box Adicional10: 
 
 
As definições de bens públicos e semi-públicos são variáveis em 
decorrência dos usos dos bens e do mercado no qual este é ofertado. 
 
Bens Públicos: 
 
Em decorrência da impossibilidade de exclusão, que implica que os 
indivíduos não podem ser privados dos benefícios do bem ou serviço, 
mesmo se não tiverem contribuído para o seu financiamento, geram 
algumas conclusões. 
 
Um exemplo de bem que apresenta essa característica é um espetáculo 
pirotécnico, que pode ser visto pelas pessoas de quintais, jardins e praças 
públicas. Isto dificulta a provisão privada desse tipo de evento porque a 
impossibilidade de exclusão impede que sejam cobrados ingressos para 
financiar os custos, incluindo-se aí os lucros do organizador. Afinal, porque 
pagaríamos por esse show, se podemos vê-lo gratuitamente? 
 
Portanto, nenhum empresário privado se interessaria pela sua produção e, 
então, apesar da forte demanda, o espetáculo poderia não ser produzido. 
 
10
 Fração de artigo de Maria da Conceição Sampaio de Souza – com alterações). 
 
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A impossibilidade de exclusão, ao inviabilizar o uso do sistema de preço 
para racionar o consumo, reduz os incentivos para o pagamento 
voluntário dos bens públicos. Essa relutância em contribuir, 
voluntariamente, para financiar esses bens é conhecida como o problema 
do “carona” (free rider). 
 
A não rivalidade no consumo é outra característica do bem público. Isto 
implica que uma vez que o bem está disponível, o custo marginal de 
provê-lo, para um indivíduo adicional, é nulo. Considere, por exemplo, o 
caso do espetáculo pirotécnico. O custo do espetáculo, uma vez 
determinado, não é alterado pelo fato de um grupo adicional de turistas 
decidir vê-lo. Ademais, essa decisão dos turistas em nada reduz o 
usufruto do evento pelos habitantes locais. Portanto, o custo marginal de 
provisão do espetáculo para esses espectadores adicionais é zero. Isso 
representa um franco contraste com os bens privados, que se 
caracterizam por níveis elevados de rivalidade no consumo. De fato, 
quando ocupamos um lugar, por exemplo, no cinema ou no teatro, este 
lugar deixa de estar disponível para outras pessoas. 
 
Bens Semi-Públicos 
 
A definição de bem público, anteriormente discutida, não é absoluta, mas 
varia com as condições de uso, de mercado e com o estado da tecnologia. 
Esse serviço, quando usado nos domicílios privados, é um bem 
eminentemente privado: caso a conta de energia não seja paga, o serviço 
é suspenso e, portanto, os usuários são excluídos do seu consumo. Por 
outro lado, trata-se de um bem cujo consumo é rival. Quando eu consumo 
uma determinada quantidade de quilowatts, ela já não mais está 
disponível para os demais consumidores.

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