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Elementos Indesejáveis no Ferro Fundido Cinzento e Nodular

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Elementos Indesejáveis no Ferro Fundido Cinzento e Nodular 
por Robert Bigge, Instituto de Pesquisa do Ferro Fundido 
 
Mais e mais os aços baixa liga estão sendo produzidos nos dias de hoje. Estes aços estão 
encontrando seu caminho em suas pátios de carga. Alguns dos elementos que entram no seu 
processo nem mesmo são verificados com o seu equipamento de análise química padrão. A 
concentração destes elementos que provocam efeitos adversos pode ser tão baixa que pode não 
ser detectada com os espectrometros ópticos. 
Um efeito importante dos elementos indesejáveis é que eles alteram a temperatura do eutético 
da grafita e do ferro branco. Se tudo o mais, tal como a velocidade de resfriamento e o nível de 
inoculação permanecerem o mesmo, isto pode conduzir a problemas graves. A figura 1 é um 
diagrama de equilíbrio de fase idealizado. Este diagrama pode ser considerado como um mapa 
de rodovias para as estruturas que se formam durante o resfriamento do ferro líquido para o 
sólido. 
 
 
Figura 1 – Influência de diversos elementos sobre as temperaturas para os eutéticos ferro-grafita 
e ferro-carboneto de ferro. 
No mundo real, a temperatura do ferro cai abaixo da temperatura de equilíbrio antes do início 
da solidificação. Isto ocorre porque é necessário alguma coisa para iniciar a solidificação. Se a 
temperatura do ferro cai abaixo da temperatura eutética ferro-carboneto de ferro antes da 
solidificação se iniciar, existe energia diferencial suficiente para provocar a formação 
carbonetos. Esta solidificação inicial libera energia suficiente para aumentar a temperatura do 
líquido remanescente acima do eutético carboneto de ferro e o resto do líquido se solidifica 
como austenita e grafita eutética. A inoculação é utilizada para proporcionar núcleos para a 
solidificação começar a uma temperatura mais alta prevenindo a formação de carbonetos. 
 
Figura 2 – Curva de resfriamento de solidificação representando as condições para o ferro 
mesclado em um ferro mau nucleado e resfriado rapidamente. 
 
Se a situação mostrada na figura 2 ocorrer, então os carbonetos de ferro se formarão nas áreas 
superrefriadas das peças fundidas. Estes locais geralmente são cantos e bordas onde as taxas de 
extração de calor são muito elevadas. Se os elementos indesejáveis afetarem ambas as 
temperaturas eutéticas e causar a eleveção ou a aproximação das mesmas, os carbonetos de 
ferro irão se formar. 
A figura 3 é um exemplo de formações de carbonets nos cantos do fundido que fazem com que 
o trabalho da usinagem seja muito infeliz. 
O diagrama de fases representado na figura 4 mostra o efeito de vários elementos nas 
temperaturas do eutetico ferro-grafita e do eutetico ferro-carboneto de ferro. Alguns elementos 
tais como o cromo, um estabilizador de carboneto, causam a aproximação das duas 
temperaturas em conjunto. O elementos considerados grafitizantes, tais como o silício, 
aumentam o intervalo entre estas duas temperaturas. 
 
Figura 3 – Carbonetos eutéticos no canto de uma seção fina de ferro fundido nodular. Ataque 
Picral 4%, 75X. 
 
 
Figura 4 - Efeito de vários elementos nas temperaturas do eutético ferro-grafita e do eutético 
ferro-carboneto de ferro. 
Em 2005 Kanno e outros apresentaram um artigoo no Congresso de Fundição da AFS no qual 
eles mostraram os efeitos de muitos elementos sobre o que eles chamaram de DTE, isto é, a 
diferença de temperatura entre o eutético ferro-grafita e o eutético ferro-carboneto de ferro. No 
ferro "normal" essa diferença normalmente é de 35 a 45°C. A figura 5 mostra que um pequeno 
aumento no teor de alguns elementos pode fazer uma diferença muito grande. Se for levada em 
conta a segregação destes elementos para o último líquido a solidificar, este efeito pode ser 
bastante dramático. 
 
 
Figura 5 – Efeitos dos elementos de liga sobre a DTE. 
 
 
A tabela 1 faz parte do mesmo artigo e pode ser útil para dar uma ideia dos efeitos dos elementos 
indesejáveis ou residuais sobre as temperaturas do eutético ferro-grafita e do eutético ferro-
carboneto de ferro. 
 Como solidificação do ferro líquido original tem lugar, o ferro sólido pode não ser capaz de 
prender tanto de alguns elementos como o líquido faz. Estes elementos são forçados para fora 
e para dentro o líquido restante. Isto aumenta a sua concentração no líquido e pode aumentar 
ou diminuir o grafite e ferro branco temperatura eutética de o líquido restante. 
Tabela 1 – Efeito de vários elementos na temperatura eutética da grafita e da cementita e no 
coeficiente de distribuição. 
E
le
m
e
n
to
 
Presente Artigo 
Valor 
Calculado (6) 
Valor Calculado (7. Kagawa, 1986) 
TEG 
°C / % 
TEC 
°C / % 
DTE 
°C / % 
E.R.* 
°C / % 
Atividade de 
C (∆C / X) 
Px 
(A / L) 
Px 
(C / L) 
Px 
(C / A) 
DTE 
°C / % 
Si 4,7 -11,6 16,3 0,28 – 2,44 + 0,29 1,71 0,00 0,00 28,18 
Al 13,9 -1,8 15,7 0 – 0,49 + 0,215 1,15 0,03 0,03 17,85 
(C) 10,2 5,7 4,5 CE < 3,5 + 0,62 - - - - 
Cu 2,7 -1,4 4,1 0,08 – 2,63 + 0,075 1,57 0,12 0,08 10,36 
Co 1,8 -0,7 2,5 0 – 3,18 + 0,03 1,18 0,59 0,50 3,62 
P -28,9 -31,1 2,2 0,07 – 0,35 + 0,345 0,15 0,08 0,53 -1,67 
Ni 1,0 -1,1 2,1 0,15 – 2,57 + 0,05 1,46 0,43 0,29 7,47 
C 0,0 0,0 0,0 CE > 3,5 + 0,62 - - - - 
Sb -5,2 -5,1 -0,1 0 – 2,40 + 0,115 - - - - 
Mo -17,7 -14,5 -3,2 0,06 – 1,87 - 0,012 0,41 0,60 1,46 - 2,03 
Mn -4,0 -0,75 -3,25 0,44 – 2,69 - 0,03 0,70 1,03 1,47 - 4,91 
W -6,1 -2,8 -3,3 0,22 – 2,11 + 0,0015 0,26 0,42 1,62 - 0,98 
Sn -9,3 -6,0 -3,3 0 – 2,86 + 0,10 - - - - 
Nb -3,7 0,0 -3,7 0,38 – 1,37 - 0,14 - - - - 
S -20,5 -10,3 -10,2 0,16 – 0,44 + 0,41 - - - - 
Cr -10,5 5,9 -16,4 0,11 – 1,69 - 0,06 0,53 1,96 3,70 -16,36 
V -14,8 3,3 -18,1 0 – 1,29 - 0,095 - - - - 
(S) -50,0 -18,0 -32,0 0,45 – 0,64 + 0,41 - - - - 
B -80,3 -26,0 -54,3 0 – 0,50 + 0,465 0,06 0,22 3,67 - 15,74 
E.R.* significa a faixa experimental. 
 
Quando a solidificação do ferro líquido original ocorre, o ferro sólido pode não ser capaz de 
prender alguns elementos tanto quanto o líquido faz. Estes elementos são forçados para fora e 
para dentro do líquido restante. Isto aumenta a sua concentração no líquido e pode aumentar ou 
diminuir a temperatura eutética da grafita e do ferro branco para o líquido restante. 
A figura 6 mostra uma situação idealizada onde o último líquido não se solidifica antes que a 
temperatura fique abaixo da temperatura eutética do ferro branco (carboneto de ferro). Isto pode 
ser causado pela elevação da temperatura eutética do carboneto de ferro pelos elementos que 
são forçados para dentro do líquido restante. Este situação vai produzir carbonetos no último 
ferro a se solidificar nas áreas de contorno das celulas eutéticas ou nos centros térmicos das 
peças fundidas. 
Nesta situação, o aumento da concentração de elementos no líquido aumenta a temperatura 
eutética do carboneto de ferro para o ponto que está acima da temperatura do líquido e este 
último se solidifica na forma de carbonetos. 
A figura 7 é um exemplo de coquilhamento inverso. Ele ocorre no centro térmico ou no último 
local a se solidificar. Quando uma operação de usinagem encontra uma dessas estruturas, 
normalmente pode ocorrer a quebra da ferramenta. Isto pode parecer extremo, mas o mesmo 
tipo de enriquecimetno do líquido com elementos indesejáveis pode levar a formação de 
carbonetos em contorno de célula que podem ser muito difíceis de detectar e podem afetar a 
usinagem de maneira adversa. 
 
Figura 6 - Curva de resfriamento de solidificação representando as condições para o ferro que 
se solidifica abaixo da temperatura eutética do carboneto de ferro. 
 
 
Figura 7 – Forma acicular de coquilhamento inverso presente no centro de uma barra de ferro 
nodular de 30 mm de diâmetro. Ataque Picral 4%, 100X. 
Gostaria de discutir vários elementos específicos que nós temos visto nos últimos anos. Alguns 
elementos, tal como o chumbo, também afetam a forma da grafita na solidificação. O chumbo 
é encontrado em muitos lugares. Os aços deusinagem fácil são ligados ao chumbo, O latão em 
desuso pode conter altos teores de chumbo, e alguns rolamentos que usam metal Babbitt podem 
conter teores muito altos de chumbo. 
O chumbo em concentrações muito pequenas, afeta a forma da grafita. A figura 8 mostra uma 
forma de grafita lamelar chamada grafita de Widmanstätten. Quando pequenas quantidades de 
chumbo contaminam o metal líquido que contém alguma quantidade de hidrogênio, este tipo 
de grafita pode se formar. A grafita de Widmanstätten tem efeitos prejudiciais sobre as 
propriedades mecânicas. Outros elementos, tais como o telúrio e o bismuto em quantidades 
muito pequenas também podem promover esta forma de grafita. Estes dois elementos são 
usados extensivamente na produção de ferro fundido maleável para garantir uma estrutura 
totalmente ledeburítica (ferro branco) no estado bruto de fundição. O uso em quantidades 
significativas de sucata fundida de ferrovia pode contaminar o fundido com esses elementos. 
 
Figura 8 – Grafita de Widmanstätten. A) Ataque Picral 4%, 100X. B) MEV, 580X. 
 
O bismuto é por vezes adicionado ao ferro fundido nodular em pequenas quantidades e 
balanceado com o cério. Isso é feito para promover alta contagem de nódulos em ferros 
nodulares de seção pesada. 
O cério e os elementos terras-raras frequentemente são adicionados ao ferro nodular 
principalmente para neutralizar elementos tais como o chumbo, o telúrio, o antimônio, o 
bismuto, etc. Esses elementos, quando combinados com os elementos terras raras, não 
degradam as propriedades mecânicas. 
Lalich, em um artigo publicado em 1974, indicou que o tipo de adição de terras-raras utilizado 
pode determinar o teor adequado de cério. Quando se utiliza material terras-raras de alto cério, 
o teor d cério deve ser de aproximadamente 0,015%. Se o material terras-raras for de baixo 
cério tal como ‘mischmetal’, o teor de cério deve ser aproximadamente a metade desse teor. O 
lantânio é outro terras-raras adicionado aproximadamente em igual quantidadade quando o 
‘mischmetal’ é usado. 
 
Figura 9 – Diagrama composto que compara os efeitos de adições altas e adições baixas de 
cério e terras-raras sobre a contagem de nódulos de grafita. 
 
Nos gráficos mostrados nas figuras 9 e 10, parece que adições de terras-raras contendo baixo 
cério pode ser um material melhor. Em um teor total constante de terras-raras, seções menores 
foram produzidas isentas de carbonetos quando foram usados materiais terras-raras com baixo 
teor de cério. O cério é um potente estabilizador de carbonetos e embora uma pequena 
quantidade possa ser benéfica, o excesso pode levar a formação de carbonetos particularmente 
quando os teores de magnésio são elevados. 
 
Figura 10 – Contagem de nódulos de grafita e teor de carbonetos em função da proporção 
cério/lantânio. 
Freqüentemente, na verdade, quase todo ferro fundido nodular contém uma pequena quantidade 
de cério ou elementos terras-raras. Este é tipicamente adicionado para neutralizar elementos 
indesejáveis que podem ser absorvidos a partir da sucata de aço e dos retornos de fundição. O 
velho ditado "Um pouco é bom, mas muito nem sempre é melhor!" aplica-se a esta prática. Se 
uma carga muito pura com teores residuais muito baixos está sendor usada, muito cério pode 
causar a formação de grafita ‘chunky’ (grafita em grumos). 
Como pode ser visto na figura 11 à direita, a grafita chunky é uma grafita interligada e tende a 
reduzir as propriedades mecânicas muito rapidamente. O cério é também um elemento muito 
potente como estabilizador de carbonetos e se ele fica alto demais, especialmente quando os 
teores de magnésio são elevados, pode haver formação de carbonetos. 
 
Figura 11 – Grafita chunky. A) Ataque Picral 4%, 100X. B) MEV, 1840X. 
 
O titânio é algumas vezes adicionado ao ferro intencionalmente. Quando usado adequadamente, 
isto pode ser benéfico. O titânio tem ainda sido usado para produzir o ferro fundido vermicular. 
Quando adicionado ao ferro nodular ele restringe o crescimento dos nódulos e faz com que a 
grafita cresça na forma vermicular. Isso é bom para a produção do ferro vermicular, mas ruim 
para a produção do ferro nodular. A figura 12 mostra o efeito de níveis crescentes de titânio no 
teor de magnésio que é necessário para produzir o ferro nodular. Acima de cerca de 0,09 a 0,1% 
de titânio, é difícil, se não impossível, produzir ferro nodular com microestruturas aceitáveis. 
Como mencionado acima, o titânio é utilizado para produzir o ferro fundido vermicular. A 
desvantagem de usar titânio para produzir ferro vermicular é que o titânio forma carbonitretos. 
Estes carbonitretos são muito duros e diminuem a vida útil da ferramenta durante a usinagem. 
Em algumas aplicações isto pode ser bom, porque esses mesmos carbonitretos de titânio 
melhoram a resistência ao desgaste. 
No ferro fundido cinzento, o titânio é adicionado para controlar os defeitos de pinholes de 
nitrogênio. Isto é bastante eficaz e exige uma adição de titânio de aproximadamente 0,025 a 
0,035%. Quando se usa a adição de titânio para este propósito, é comum ter que reduzir o CE 
do ferro, porque o nitrogênio é um estabilizador de perlita e quando ele é neutralizado pelo 
titânio, formam-se quantidades maiores de ferrita que promovem a redução da dureza e da 
resistência. O titânio também promove o superresfriamento da grafita, o que pode promover 
níveis mais elevados de ferrita. Frequentemente, é necessária uma redução de 0,1 a 0,2% no CE 
é para compensar. É possível que um outro elemento estabilizador de perlita possa ser 
adicionado mas isto seria um custo adicional. Lembre-se que quando oteor de titânio fica acima 
de 0,035%, ele pode começar a afetar a forma da grafita e irá promover grafitas com estruturas 
superrefriadas. 
 
 
Figura 12 - Efeito de níveis crescentes de titânio no teor de magnésio que é necessário para 
produzir o ferro nodular. 
 
 
Um último elemento que vem causando problemas recorrentes é o boro. Este tem sido um 
problema para os produtores que tentam fazer classes perlíticas de ferro nodular. Uma teoria 
sugeriu que a causa de teores muito baixos de boro tornarem difícil a produção do ferro nodular 
perlítico é que o boro prende o nitrogênio, o qual é um potente estabilizador de perlita. Estes 
mesmos nitretos de boro também podem atuar como núcleos de grafita que precipitam durante 
a solidificação. Isso aumentaria potencialmente a contagem de nódulos e, contagem de nódulos 
maiores podem levar a maiores quantidades de ferrita e, portanto, menor dureza. 
Uma fundição relatou os dados apresentados na figura 13. Eles estavam tentando produzir o 
ferro nodular classe 80-55-06. Quando os teores de boro ficaram acima de 0,001% houve 
problemas com baixos níveis de dureza Brinell. Mesmo quando eles aumentaram suas adições 
de liga de cobre, eles não conseguiram manter com sucesso as peças vazadas na faixa de dureza 
requerida. 
Figura 13 – Variação da dureza Brinell em função do teor de boro. 
 
Esta fundição agora monitora seus níveis de boro e, com base em suas análises, eles ajustam 
suas adições de liga. Quando eles excediam 0,0009%, mesmo trabalhando com ferro nodular 
de classe perlítica eles só produzem classes ferríticas. Já vimos isso acontecer em numerosas 
fundições ao longo dos últimos anos. 
 
Tabela 2 – Ajuste dos teores de liga e escolha da classe em função da análise do boro. 
Teor de Boro 
(espectrômetro) 
Cu (%) Mn (%) 
< 0,0003% (3 ppm) 0,35 a 0,40 0,30 a 0,35 
0,0003 a 0,0006% 0,40 a 0,45 0,30 a 0,35 
0,0006 a 0,0009% 0,50 a 0,55 0,35 a 0,40 
> 0,0009% Ir para classe 65-45-12 
 
A figura 14 é um diagrama da curva TTT que usamos para determinar as microestruturas que 
se formam no resfriamento do ferro. Este diagrama descreve o que acontece durante o 
resfriamento contínuo do ferro através da região eutetóide. A região eutetóide é a faixa de 
temperatura onde a austenita que é formada durante a solidificação se transforma em ferrita e 
perlita.Esta região de temperatura também é afetada por mudanças nas ligas. As ligas movem 
essas curvas para cima e para baixo porém de forma mais significativa para a direita. A ferrita 
começa a se formar quando a temperatura do ferro cai abaixo da temperatura crítica superior e 
se a temperatura do ferro permanecer acima da temperatura crítica inferior tempo suficiente 
para a transformação ocorrer, uma microestrutura ferrítica irá acontecer. Se a austenita não se 
transformar completamente neste tempo e a temperatura cair abaixo da temperatura crítica 
inferior, a austenita irá se transformar em perlita. 
 
 Figura 14 – Representação do diagrama da curva TTT para alguns tipos de resfriamento. 
 
 
Figura 15 – Diagrama TTT para resfriamento contínuo. 
 
As ligas têm diferentes efeitos sobre a temperatura crítica superior e inferior. Estas linhas estão 
marcadas na figura 14 como Ac1 para a temperatura crítica inferior e Ac3 para a temperatura 
crítica superior. Estas fórmulas podem ser usadas para calcular estas temperaturas. Estes efeitos 
de liga podem expandir a região onde a ferrita começa a se formar. Se isso acontecer, então na 
mesma taxa de resfriamento, potencialmente mais ferrita seria formada antes da temperatura 
crítica inferior na qual a transformação da perlita começa. 
Os números nos círculos na parte inferior da Figura 15 são os valores esperados de dureza da 
matriz. Se a taxa de resfriamento e a composição química normal produzem uma dureza de 244 
HB, então, voltando por esta curva até 463°C, o tempo resultante para o ferro resfriar é de 
aproximadamente 6 a 7 minutos. A microestrutura esperada da matriz a partir do gráfico de 
metade do resfriamento na parte inferior é de 45% de ferrita e 55% de perlita. 
 
 
Figura 16 – Microestrutura da matriz após resfriamento contínuo (desconsiderando a austenita 
não-transformada). 
 
O eixo X (eixo do tempo) para o gráfico da figura 16 é chamado de resfriamento da metade do 
tempo. Isto é, o tempo que leva para a temperatura do ferro resfriar a partir da temperatura 
eutetóide, neste caso 900°C, a meio caminho da temperatura ambiente. Para uma temperatura 
eutetóide de 900°C esta temperatura seria de 463°C. Este gráfico é para um ferro fundido 
nodular normal. 
Na figura abaixo está a curva TTT quando o boro é de 0,0023% ou 23 ppm no ferro. Com o 
mesmo tempo de metado do resfiramento como na curva anterior e com os mesmos 6 a 7 
minutos, a microestrutura esperada seria de aproximadamente 60% de ferrita e 40% de perlita 
e a dureza esperada seria de 212HB. Isto é muito próximo do efeito relatado em diversas 
fundições. 
 
Figura 17 – Diagrama TTT para resfriamento contínuo. 
 
 
Figura 18 – Microestrutura da matriz após resfriamento contínuo (desconsiderando a austenita 
não-transformada). 
 
Houve um aumento significativo nos aços microligados. Uma classe que tem sido usada 
extensivamente é o Aço Livre de Intersticiais (Aço IF). Este é um aço de muito baixo carbono 
que tem muito boa conformabilidade. A utilização destes aços permite que chapas mais finas 
sejam conformadas em formatos mais complexos. Este tipo de aço é usado em painéis de 
carroçaria. O boro é adicionado a este tipo de aço para melhorar a plasticidade (deformação). 
Outro tipo de aço usado muito extensivamente é o Aço de Endurecimento ao Fogo (Aço BH). 
Este tipo de aço também é ligado ao boro para promover a transformação da matriz do aço 
quando a tinta fica cozida. Esta transformação permite melhorar a resistência dos entalhes nos 
painéis da carroçaria e, assim, chapas de aço mais finas podem ser usadas proporcionando maior 
redução de peso. Aços ao boro de alta resistência também são utilizados para conformar a 
estrutura ao redor do compartimento de passageiros. Acredita-se que esses tipos de aço estão 
encontrando seu caminho em outros produtos seja pelo projeto ou substituindo outras classes 
de aço de baixo carbono. O teor de boro nos Aços IF e nos Aços BH é algo em torno de 0,002 
a 0,004%. Se for utilizado 40% deste tipo de aço na carga do forno, altos níveis de boro podem 
ser facilmente alcançados pelas fundições. A Figura 19 mostra os tipos de chapas de aço que 
estão sendo produzidas. 
 
 
Figura 19 – Aplicação dos tipos de chapas de aço. 
 
Tabela 3 - Tipos de aços. 
Tipo Descrição 
IF Livre de interstíciais 
BH Endurecimento ao fogo 
HSLA Alta resistência – Baixa liga 
CMn Carbono – Manganês 
DP Dupla fase 
Boro Aço ao boro 
TRIP Plasticidade induzida por transformação 
MART Martensítico 
TWIP Plasticidade induzida por maclação 
 
 
A figura 20 mostra algumas áreas de uma carroceria de automóvel onde estão sendo usados 
diferentes tipos de aço. 
 
O problema boro: 
• Recentemente, teores muito baixos de boro têm sido cada vez mais encontrados em ferro 
fundido nodular em vários fundições; 
• O boro está sendo usado muito mais extensivamente no aço; 
• Este elemento está se tornando um problema muito grave. 
 
Solução para o boro? 
 • Pode ser diluído aumentando a quantidade de ferro-gusa; 
 • Pesquisas sugerem que o boro possa ser escorificado; 
 • Precisamos continuar pesquisando para encontrar uma solução para este problema, pois os 
produtores de aço não irão parar de produzi-lo. 
 
Figura 20 – Diferentes tipos de aços que compõe a carroceira de automóveis. 
Conclusões 
• Alterações relativamente pequenas na concentração de elementos indesejáveis podem 
ter um efeito profundo sobre a qualidade do ferro fundido. 
• Cada vez mais estes elementos estão sendo adicionados aos aços que estão sendo 
produzidos os quais encontram o seu destino nos pátios de das fundições. 
• A concentração de alguns destes elementos pode ser igual ou inferior ao nível de 
detecção dos espectrômetros em uso. 
• Existe uma grande quantidade de informações publicadas na literatura que podem ajudar 
a resolver algum problema. Frequentemente, para um problema específico que foi 
resolvido no passado tem-se uma solução publicada na literatura. 
 
Para encerrar, eu só quero apontar um trabalho feito por Gary Ruff 30 anos atrás, quando ele 
era um aluno de graduação. O documento foi publicado em 1976 na ‘AFS Transactions’ e o 
título é “Control of Graphite Structure and Its Effect on Mechanical Properties of Gray Iron” 
(Controle da Estrutura da Grafita e Seus Efeitos nas Propriedades Mecânicas do Ferro Fundido 
Cinzento). O artigo em si é muito interessante, mas o que eu achei mais útil foi uma lista de 
referências muito extensa e o apêndice em anexo a este documento. Eu gostaria de sugerir a 
todos fazerem uma cópia para sua própria referência. Obviamente, essa lista é mais direcionada 
para o ferro fundido cinzento e ao longo dos últimos 30 anos ainda mais trabalhos foram 
publicados porém não estão referenciados neste artigo. Esta referência é ainda muito útil para 
verificar os efeitos potenciais de diferentes elementos. 
Gary listou os elementos químicos e os efeitos relacionados de cada um destes elementos com 
a referência ao artigo que relatava o efeito. Este é um documento muito útil que permite acesso 
rápido a mais velha informação que pode ser avaliada para a sua aplicabilidade em questões 
atuais. 
 
 
Referência das Figuras 
 
Figuras 2,3,4,7 - “A Modern Approach to Alloying Gray Iron”, J.F Janowak & R.B. Gundlach; 
AFS Transactions 1982. 
Figuras 5,6 - “Effects of Alloying Elements on the Eutectic Temperature in Cast Iron”, T. 
Kanno, et.al.; AFS Trans. 2005. 
Figura 8 - “Nodular (SG) iron - Possible Structural Defects and Their Prevention”, BCIRA 
Journal; September 1981. 
Figuras 9,11 - “Abnormal Graphite in Cast Iron”, BCIRA Broadsheet 138-2. 
Figura 10 - “Effective Use of Rare Earths in Magnesium Treated Ductile Cast Irons”, Lalich; 
AFS Trans. 1974. 
Figura 12 -“The Sorelmetal Book of Ductile Iron”, QIT, First Printing 2004. 
Figura 13 - ICRI Member Foundry data, undated. 
Figura 14 - “Phase Transformation Kinetics and Hardenability of Medium-Carbon Steels”, 
Witold W. Cias, undated. 
Figuras15, 16 - “Heat Treatment of Nodular Cast Iron-Transformation Diagrams”, Rohrig & 
Fairhurst, 1979. 
Figuras 17, 18 - “Steel - The Basics”, Corus Automotive Engineering, date unknown.

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