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Desempenho de fundidos pesados de ferro nodular para moinhos de vento. Resumo: O principal objetivo do presente trabalho é revisar as características específicas e as condições de performance obtidas por fundidos de ferro nodular (em inglês, Dl) pesados, tipicamente aplicados na indústria de moinhos de vento, em peças tais como alojamentos de cubos e rotores. Os requisitos para as propriedades de alto impacto a baixas temperaturas em ferro nodular são parte da norma EN-GJS-400-18U- LT (SRN 1563), comumente chamado de GGG 40.3 (DIN 1693). O fator de influência perlítica (Px) e o fator de ação anti-nodularizante (K1) foram descobertos como tendo uma importante influência na estrutura e nas propriedades mecânicas, assim como têm os teores de Mn e P, a adição de terras raras e o poder de inoculação. A presença de ferro gusa de alta pureza na carga é extremamente benéfica, não apenas para controlar os complexos fatores Px e K1, mas também para melhorar a “qualidade metalúrgica” do ferro fundido. A correlação dos limites de C e Si com o módulo da seção é muito importante para limitar a flotação do nódulo da grafita. As grafitas maciças (chunky) e as de superfície degenerada são as morfologias de grafita mais controladas nos fundidos de moinhos de vento. O trabalho conclui com a composição química, procedimentos de fusão, ligas de Mg e sistemas inoculantes peculiares ótimos, bem como soluções práticas para limitar a degeneração da grafita e para assegurar fundidos da maior integridade, usados tipicamente neste campo. Introdução: Por todo mundo as pessoas precisam se preparar para novas formas de energia. O aumento significativo no consumo de energia pede por fontes sustentáveis que não criem mais gases de efeito estufa, poluição e resíduos para as futuras gerações. A potência dos ventos é uma fonte de energia renovável, previsível e limpa. Uma capacidade substancial pode ser construída rapidamente, oferecendo a independência energética demandada pelas maiores economias e de crescimento mais rápido do mundo. A indústria da energia dos ventos tem experimentado um crescimento fantástico em anos recentes. É esperado que a parcela de energia consumida dos ventos atualmente em cerca de 1% irá crescer para no mínimo 20% até 2020. As metas de energia renovável da União Europeia e da China irão dar conta de 20% e 15%, respectivamente, em 2020, e se espera que os EUA adotem objetivos similares. Essas metas significam que a capacidade instalada está com projetos para crescer de 75.000 MW em 2006, para no mínimo 1.000.000 MW em 2020, o que se traduz em um crescimento anual de 20%. Atualmente, a energia eólica é a mais limpa e a melhor opção para se reduzir as emissões de CO2. Apenas uma das turbinas de vento V90-3.0 MW pode evitar o lançamento na atmosfera de 5.000 toneladas de emissões de CO2, durante todo ano [1]. Na primavera de 2008, os chefes de estado europeus decretaram um pacote de medidas ambientais e energéticas, que impõe que 20% do consumo de energia europeu em 2020 deverá ser de energia renovável. Esse objetivo agregador pela energia renovável vai ter um grande impacto no fornecimento futuro de energia da Europa e ao mesmo tempo oferecer paz de espírito aos investidores em energia renovável. Ao mesmo tempo, é um sinal de que a liderança europeia está comprometida em assegurar que o desenvolvimento positivo na indústria do vento continue. A energia dos ventos é logicamente competitiva no mercado liberalizado. O custo de produção por kWh tem sido reduzido em mais de 80% dentro dos últimos 20 anos e é esperado que essa tendência continue resultando em uma tecnologia completamente competitiva em 7 a 10 anos. Hoje as turbinas de vento em bons locais de vento já podem competir com novas plantas combinadas de calor e energia (cogeração ou CHP, em inglês), mas o vento ainda não pode competir nos termos atuais do mercado. Os preços nas bolsas de energia europeias refletem o atual excesso de capacidade energética e o fato da maioria das instalações de energia já estarem depreciadas e pagas pelos clientes. Além disso, os custos para a saúde e o meio ambiente não são calculados dentro do preço do kWh para as tecnologias energéticas individuais. A energia eólica seria completamente competitiva hoje, se esses custos fossem considerados [2]. 1 – Fundidos de Ferro Nodular na Indústria de Moinhos de Vento Os fundidos de ferro nodular estão atuando em papel fundamental nessa importante indústria. Todas as vantagens do ferro nodular têm contribuído para o crescimento dessa engenharia de materiais. Alguns desses fundidos têm vindo de novas aplicações e projetos, mas muitos têm chegado como resultado de conversões a partir de outros materiais e possivelmente outros métodos de dar forma. O material primário que tem sido substituído é o aço, na forma de fundidos, forjados e peças soldadas. Entretanto, o ferro nodular também tem substituído fundidos de ferro cinzento, ferro maleável, e alumínio, provando que o ferro nodular é muito efetivo em custos. O ferro nodular feito conforme a norma alemã DIN 1693, classificação GGG 40.3 é o material da escolha de muitos dos maiores fabricantes mundiais de turbinas de moinhos de vento, tal como para a diversidade de fundidos de alojamentos de cubos e rotores (Figura 1). A necessidade de alcançar o desempenho ótimo e seguro nessas unidades torna imperativo que apenas fundidos de ferro nodular da mais alta integridade e em completa conformidade com a especificação possam ser aceitos. Os requisitos para as propriedades de alto impacto em baixas temperaturas do ferro nodular para o florescente mercado de energia dos ventos são parte da Norma Europeia EN-GJS-400-18U-LT, comumente referida como GGG 40.3. Essa norma não apenas tem os requisitos mecânicos normais para o ferro ferrítico, mas também os requisitos do ensaio Charpy para entalhes em V a -20°C (-4°F) conforme tabela 1. Para atender as propriedades de impacto a baixas temperaturas a fundição precisa produzir componentes de ferro nodular ferrítico que precisam estar livres de fases de contorno de células, tais como fosfetos e carbonetos, caso contrário, as propriedades de impacto não serão atingidas. Outras características metalúrgicas tais como alta contagem de nódulos, inoculação efetiva e tempo de vazamento são fundamentais para minimizar as fases de contorno de células prejudiciais, mas a composição do metal é uma consideração primária. Além disso, nesse metal está a sucata de aço que possivelmente tem elementos de liga, tais como P, V, Ti, Cr, Mo, B, Mn e Cr, que podem resultar em fases de carbonetos ou fosfetos que segregam nos contornos das células. Isso agora já é um problema a ser resolvido e será um desafio ainda maior no futuro, visto que a demanda por elementos de liga nos aços aumentará nos anos que virão [3]. As demandas das normas de qualidade dos fundidos exigidas pelos produtores das turbinas de vento são também fortes. Cada fundido é testado por ultrassom em áreas especificadas para garantir que estejam livres dos defeitos de porosidade e inclusão. Além disso, é feito o exame radiográfico para confirmar a integridade de cada fundido. O alcance de forma consistente das combinações mínimas das especificações de resistência à tração e escoamento, alongamento e as propriedades de resistência ao impacto em baixas temperaturas na classificação de totalmente ferrítico da EN-GJS-400-18U-LT/ GGG 40.3 é muito apertada. Isso aliado ao fato de que um tratamento térmico de recozimento completo desses grandes fundidos é muito caro, a fundição precisa fazer todo esforço para atingir a especificação diretamente na condição de bruto de fundição. Isso requer um alto grau de controle metalúrgico na preparação do ferro nodular líquido para um controle de composição preciso, bem como um processamento do metal líquido para garantir a nodularidade correta, moldagem cuidadosa e preparaçãodo macho e supervisão estrita sobre o vazamento e extração do fundido do molde [4]. 2 - Controle da Composição Química do Ferro Nodular para Fundidos de Moinhos de Vento Porque os ferros nodulares têm uma composição química complexa, um controle rigoroso é necessário para todos os elementos que afetam a estrutura e o comportamento desses materiais [5]. Um fator crítico é a distribuição dos elementos durante a solidificação, tanto dentro da célula eutética (Si, Ni e Cu), quanto dentro das regiões intercelulares (P, Mn, Ti, Cr, Mo e V). O último grupo de elementos promove a formação dos carbonetos, estabiliza a perlita em ferros ferríticos e afeta a formação de grafita lamelar intercelular. Com respeito à obtenção de estruturas ferríticas no ferro nodular, o mais importante são aqueles elementos que estabilizam a perlita, com um efeito cumulativo dado pelo fator de influência perlítica, tal como Px [6] (Figura 2a). Entretanto, outros elementos também promovem a perlita, notavelmente P, que tem o efeito de uma ordem de magnitude mais potente que Mn, enquanto o Ni tem o mesmo nível de influência do Cr (Figura 2b) [7,8]. A influência anti-nodularizante dos elementos também precisa ser considerada ao assegurar níveis aceitáveis de nodularidade, definidos para o ferro nodular como > 80% de grafita nodular (NG) e < 20% de grafita vermicular (VG), sem nenhuma grafita lamelar (LG). O controle da composição se torna crítico quando os níveis mais altos de nodularidade da grafita estão especificados (até 100% NG), como é o caso de fundidos de moinhos de vento e ainda mais quando a máxima compactação da grafita nodular (NG) necessitar ser alcançada (por exemplo, para ferros do tipo K da ASTM). Geralmente, em ferros tratados com Mg, o fator anti-nodulizante complexo K1 (Thieman) não deve ser maior do que 1.0, como resultado das diferentes combinações dos elementos representativos (Figura 2c) [6,9]. Um grupo importante de elementos anti-nodulizantes são aqueles que favorecem a ocorrência de grafita lamelar (LG) intercelular (Bi, Pb, Sb, As, Cd, Al, Sn e Cu). Com relação ao ferro nodular, a influência importante é exercida por ambos os elementos que formam a ferrita (Si) e os elementos que formam a perlita (Ni, Cu, Sn, Mo e V). A presença do Si fortalece a ferrita, mas, com efeito, também há um decréscimo importante no alongamento (efeito fragilizador), enquanto o Ni aumenta a resistência à tração e resistência ao escoamento, com nenhuma influência negativa óbvia sobre o alongamento. Consequentemente o Ni está frequentemente presente no ferro nodular ferrítico, quando a obtenção da resistência à tração com o alto alongamento se torna problemática. Foi descoberto [5] que a influência do Mn é dependente do P e do nível dos elementos residuais. As condições básicas para se obter uma estrutura ferrítica na condição conforme fundido, assim como é requerido pela especificação da classificação do ferro nodular 400-18, é de que P < 0,03%, Mn < 0,20% e Px < 2.0. Nos mesmos níveis baixos de Mn e P, o aumento do teor dos elementos residuais (Px > 2.0) conduz a presença da perlita na condição de conforme fundido, embora a estrutura ferrítica seja obtida após um curto tratamento térmico de recozimento. Teores de P e Mn altos (P 0,04% – 0,045%) e (Mn 0,25% – 0,35%) conduzem a uma estrutura de perlita estabilizada, mesmo com baixos teores de elementos residuais (Px < 2.0). A ação anti-nodulizante dos elementos residuais até um nível correspondente a Ki = 2.0 pode ser contra-atacada pela adição de terras raras, sendo tais adições benéficas para Ki < 1,2 e podem ser vistas como compulsórias para Ki > 1,2 [5]. Para muitas fundições a sucata de aço é um componente essencial da carga (Tabela 2), pois se trata de material de custo menor. Entretanto, ela também é um importante fator de contribuição para os elementos residuais. O ferro gusa de alta pureza, a despeito de seu alto custo, é muito atrativo por ser o que menos contribui para os elementos residuais e com o potencial de melhorar a nucleação da grafita e a qualidade metalúrgica do ferro fundido. Ele também expande a faixa de sucata de aço que pode ser tolerada devido ao seu gerenciamento dos níveis dos elementos residuais. A presença de ferro gusa de alta pureza na carga é altamente benéfica, não apenas para controlar os fatores complexos Px e Ki, mas também para melhorar a “qualidade metalúrgica” do banho metálico. Foi descoberto que o uso de ferro gusa de alta pureza torna possível lidar com níveis mais altos de Px ou adições de inoculação menos poderosas [10-12]. A qualidade dos retornos de ferro nodular produzidos com o ferro gusa de alta pureza transmite benefício para a nova produção, mesmo em períodos sem o ferro gusa de alta pureza na carga. Foi mostrado que os principais fatores de influência na necessidade do ferro gusa de alta pureza na carga metálica comum são como segue: (a) Matriz metálica: Ferrítica: de 15% - 40% de ferro gusa de alta pureza x Perlítica / Ferrítica: 5% - 20% de ferro gusa de alta pureza; (b) Participação dos retornos de ferro nodular: Quanto menos retorno de ferro nodular, maior a necessidade de ferro gusa de alta pureza; (c) Nível A de alongamento: Quanto mais alto A, maior será a adição de ferro gusa de alta pureza; (d) Qualidade da sucata de aço: Quanto menor a qualidade, maior a necessidade de ferro gusa de alta pureza (Figura 3) [11]. 3 DEGENERAÇÃO DA GRAFITA EM FUNDIDOS PESADOS DE FERRO NODULAR 3.1 FLOTAÇÃO DO NÓDULO DA GRAFITA Na faixa da composição hipereutética, a primeira fase formada durante a solidificação deve ser a grafita primária começando próximo ao nível da temperatura liquidus da grafita e com o crescimento continuando até o começo da temperatura de solidificação do eutético. Depois de atingir um tamanho crítico, os esferóides de grafita podem flutuar no metal fundido e produzir camadas de flotação nas regiões superiores de um fundido de ferro nodular (Figura 4.2) [13]. A flotação é normalmente revelada pela presença de man- chas escuras na superfície superior. Usualmente, é uma grande concentração de nódulos (incluindo alguns nódulos hipereutéticos explodidos e filamentos de escória). Como uma falha superficial compreende um acabamento superficial deficiente e bolhas em combinação com escória, a seção espessa com uma velocidade mais lenta de solidificação é tipicamente responsável por esse defeito, o que reduz as propriedades de tração. Nas áreas críticas, ela pode ter um efeito devastador nas propriedades de fadiga, extremamente importantes para os fundidos de moinhos de vento. Uma correlação entre os limites de C e Si com o módulo da seção é muito importante. A esse respeito, um carbono equivalente (CE) deve ser considerado, para limitar a tendência de flotação do nódulo da grafita. 3.2 DESVIOS CENSURÁVEIS DA FORMA DE GRAFITA ESFEROIDAL EM FUNDIDOS PESADOS DE FERRO NODULAR A estrutura dos fundidos de ferro nodular usualmente não apenas inclui partículas de grafita esferoidal, mas também outros desvios indesejados de maior nível de compactação, tais como irregular (Figura 4.1), explodida (Figura 4.3), maciça (Figura 4.4), em espiga (Figura 4.5), floco intercelular (Figura 4.6) e vermicular (Figura 4.7) com muitas e diferentes causas [13-15]. A maior parte dessas morfologias da grafita está usualmente presente em fundidos pesados de ferro nodular, com efeitos prejudiciais nas propriedades mecânicas. A grafita maciça no centro térmico dos fundidos e a grafita de superfície degenerada (Figura 4.8) são as morfologias de grafita mais controladas em fundidos de moinhos de vento. Grafita maciça ocorre nos centros térmicos das seções dos fundidos pesados – aqueles com seções maiores do que 50 mm. O resultado dessa forma de grafita é que as propriedades nessas áreas defeituosas são dramaticamente reduzidas. A estrutura de matriz resultanteé ferrítica dando menores resistências à tração e ao escoamento. A grande proximidade entre as partículas de grafita também reduz o alongamento e a resistência ao impacto. Altas concentrações (para o tamanho da seção) dos seguintes elementos são as causas usuais: Ce, Ca, Si e/ou Ni [13-16]. O excesso de Ce, na ausência de elementos residuais (aqueles que promovem a grafita em flocos), em seções pesadas de ferro nodular regular irá quase sempre gerar a grafita maciça. A maior parte das ligas de MgFeSi contém algum teor de terras raras, especialmente como o Ce, para contra-atacar os efeitos dos elementos antinodulizantes, para promover alta contagem de nódulos e para diminuir a incidência de carbonetos. Isso é usualmente bom para seções finas das peças, mas não funciona em todos os tamanhos de seção. Se a fundição precisa manter um excesso de Ce e ele não pode ser facilmente removido pela mudança do tratamento das ligas, então a adição de um elemento formador de grafita em flocos pode ser necessária para a grafita maciça em fundidos pesados. A adição tanto de Be (até cerca de 0,030%) ou Sb (até cerca de 0,008%) poderia prevenir a formação da grafita degenerada, resultar em um aumento da contagem de nódulos e nodularidade da grafita melhorada [17]. A camada superficial dos fundidos de ferro nodular (usualmente de espessura de 0,1 a 3,0 mm) pode incluir diferentes variantes das morfologias da grafita, desde uma mistura de várias formas de grafita [nodular em compactação variável, vermicular, lamelar, etc.] até uma clara transição, tal como [13]: Lamelar -> Vermicular -> Nodular irregular -> Nodular regular Usualmente, a estrutura da camada superficial inclui três diferentes estratos: • Camada externa: flocos finos de grafita • Segunda camada: flocos e/ou partículas de vermicular • Terceira camada: grafita nodular, aproximadamente a estrutura normal. A formação da grafita degenerada acompanha os defeitos de escória (Figura 4.9), inclusive na camada superficial. Moldes de areia ligados quimicamente (auto-curável, cura frio e caixa fria) são geralmente usados para a produção de fundidos de ferro nodular, especialmente de grande módulos, tais como os fundidos de moinhos de vento. Os sistemas de aglomerantes furânicos ou fenólicos catalisados por ácidos de cura-frio são muito atrativos em fundições de ferro nodular, devido à ocorrência de moldes fortes, e a possibilidade de uso da massalotagem diretamente aplicada, respectivamente. Sendo favoráveis para a produção de fundidos de ferro nodular, a tecnologia de moldes de resina também pode contribuir para a degeneração da grafita na superfície da grafita esferoidal do ferro fundido, como uma camada de grafita em flocos (lamelar). Esse defeito pode ocorrer com qualquer técnica de moldagem, mas ele apresenta características peculiares para cada uma delas, também com contribuições importantes de outros fatores. Alta contaminação e/ou baixo Mg residual produz uma quantidade relativamente maior de flocos de grafita. Quando a micro–porosidade, grafita não nodular, filamentos de escória e outras imperfeições estão na superfície, todas as propriedades são reduzidas, mas, as propriedades de fadiga são significativamente afetadas. A contribuição de enxofre do ácido p-toluenossulfônico (PTSA, em inglês) foi identificada como o primeiro fator favorável para a degeneração da grafita na interface metal-molde. Os fatores mais importantes para se obter 5 < 0,15% (ou mesmo 5 < 0,07%) no molde e para diminuir a profundidade da camada superficial, são como segue [13]: • Diminuir a adição de PTSA, idealmente menos de 50% da resina; • Adição suficiente de nodulizante, mas usualmente sem eliminação do defeito; • Menor temperatura de vazamento, usualmente menor do que 1.350 °C; • Misturadores com melhor manutenção e calibração, uso menor de areia reciclada, usualmente menos do que 70%; • Uma classificação efetiva de tamanho no sistema de recuperação de areia; • Composição de CaO/Mg/talco na proteção do molde, com contribuição na dessulfuração; • Cobertura protetora do molde de alta densidade, mas com eficiência limitada; • Ácido fosfórico em mistura com o PTSA, mas com a possível absorção de P. A influência do oxigênio também precisa ser considerada na tecnologia de molde de resina, inclusive para os sistemas que incluem 5, especialmente devido ao fluxo turbulento, resina para cura frio baseadas em água, reação Mg-sílica ou formação de escória. A reação MgS-O é possível e a regeneração de 5 resultante irá sustentar uma perda suplementar de Mg. Resinas baseadas em Nitrogênio têm um profundo efeito na frequência e severidade dos defeitos de bolhas de gás superficiais, mas uma influência limitada na degeneração da grafita superficial. Um excesso de 60 ppm de N é suspeito de causar a grafita em floco e matriz perlítica, mas sua influência negativa pode ser limitada pela adição de Ti, terras raras ou Zr. 4 SOLUÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE FUNDIDOS DE FERRO NODULAR PARA MOINHOS DE VENTO 4.1 A COMPOSIÇÃO QUÍMICA FINAL DO FERRO NODULAR (a) Os efeitos adversos da segregação de elementos associados com uma grande seção fundida resfriada lentamente podem ser reduzidos pelo controle da pureza dos materiais da carga e o aumento do número de nódulos de grafita ou a contagem das células eutéticas, respectivamente. (b) O balanço entre o carbono equivalente (CE) e o teor de Si tem de ser alcançado; alto o suficiente para prover uma contagem satisfatória de nódulos (usualmente mais de 60 nódulos/mm2), mas baixo o suficiente para prevenir a formação de flotações de grafita e grafita maciça no centro térmico dos fundidos. Geralmente, uma faixa de 4,2% a 4,3% de CE (3,4% a 3,6% de C e até 2,2% de Si) é recomendada. (c) De forma a obter uma seção pesada de alta qualidade em fundidos de ferro nodular é necessário que o teor de P seja limitado a 0,03%, o teor de Mn até 0,02%, o teor de Cr até 0,05%, o teor de Ti até 0,025% e o fator cumulativo de influência perlítica (Px) até 2,0. (d) Uma faixa de teor inicial de S, antes do tratamento de nodulização, de 0,005% a 0,015% é benéfica para controlar a recuperação do tratamento com Mg, nucleação da grafita de nodular e a formação da fase de inclusões. (e) Uma faixa de teor de Mg final de 0,04% a 0,05% deve ser obtida em fundidos pesados; um Mg maior favoreceria a degeneração da grafita e aumentaria a quantidade de carbonetos intercelulares. (f) A ação antinodulizante dos elementos residuais (Bi, Pb, Sb, As, AI, Sn, etc.) até um nível correspondente a K1 = 2,0 poderia ser contra-atacada por adições de terras raras: essas adições são benéficas para K1 < 1,2 e pode ser usada como compulsória para K1 > 1,2. 4.2 MATERIAIS DA CARGA METÁLICA (a) Tem que haver um compromisso entre usar uma carga que seja suficientemente pura para evitar efeitos severos de segregação, e o uso de uma carga que é tão pura que resulte em grafita maciça ou grafita explodida. (b) Controle da composição química da sucata de aço, que tem possivelmente os seguintes elementos: P, V, Ti, Cr, Mo, B e Mn, o que pode resultar em fases de carbonetos ou fosfetos que se segregam nas fronteiras das células. Isso agora é um problema a ser resolvido e será um desafio ainda maior no futuro, pois haverá um aumento dos elementos de liga nos aços. Até 50% de sucata de chapas finas de aço (Mn<0,2%) na carga é uma referência. (c) O ferro gusa especial de alta pureza (tipo “Sorel metal”), que resulta da redução do minério de ilmenita (ou titanato de ferro, óxidos de Ti-Fe), tem um papel importante em capacitar as fundições para consistentemente atingir a qualidade e todas as especifi- cações dos ferros fundidos nodulares de GGG 40.3/ EM-GJS-400-1 8U-LT, na condição de conforme fundido. A alta pureza e consistência desse ferro gusa peculiar é de alto valor, além dos outros conhecidos benefícios, especialmente para melhorar a “qualidade metalúrgica”do ferro líquido. Cerca de 30% a 40% de adição desse ferro gusa de alta pureza na carga do forno deve ser considerado como referência. (d) Até 30% de retorno de ferro nodular, tipicamente de produtos de ferro nodular ferrítico, são normalmente usados. 4.3 MATERIAIS DE CORREÇÃO (a) Usualmente, até 1,2% de adição de C no banho metálico é registrado, como um recarburante grafítico, com uma alta recuperação de C e alta contribuição de elementos prejudiciais. (b) Dependendo da constituição da carga metálica e os parâmetros dos tratamentos posteriores (tratamento com Mg e inoculação), a liga de FeSi poderá ser usada para con- trolar o teor de Si no ferro vazado, usualmente em menos do que 1% de Si. Precisa ser escolhido o FeSi de classificação para fundição na adição do forno, com baixo teor de Ca e AI. A espera do banho na temperatura de superaquecimento de no mínimo 1580 °C por 10 minutos, depois da adição do FeSi no banho é benéfica. (c) O pré-condicionamento do ferro base durante o período de vazamento é útil para melhorar a nodularidade e aumentar a contagem de nódulos, tal como a adição de 0,1% de material de alta pureza de carbono grafítico, com tamanho de partículas entre granulometrias -20/84+ ou de AI, Zr, pré-condicionador patenteado de Ca-FeSi [19]. 4.4 LIGAS E PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO COM MG As ligas mestras com Mg usadas na produção de ferro nodular normalmente são relacionadas com o sistema FeSi/Mg-Ca-Al-TR, em composições químicas variadas, dependendo da técnica de tratamento, da qualidade do ferro base fundido (Si, S, ele- mentos antinodulizantes, etc.), do tempo de espera, das características dos fundidos de ferro nodular, etc. Tipicamente para os fundidos pesados de ferro nodular na indústria de moinhos de vento, temos: (a) Baixo teor de Mg (usualmente menos do que 7% na liga mestra), de acordo com o nível baixo de S no ferro base (usualmente menor do 0,02% de S). (b) Baixo teor de terras raras, usualmente menos do que 0,5% de terras raras na liga mestra, de acordo com a baixa ocorrência de elementos antinodulizantes no ferro base (carga de alta pureza) e efeitos negativos do teor excessivo de terras raras, especialmente para o ferro base de alta pureza, com a promoção de grafitas maciças e explodidas nesses casos. A contribuição dos terras raras precisa ser considerada, para a produção de um ferro base de menor qualidade. É possível evitar as terras raras, mas apenas em condições especiais. (c) Baixo teor de Ca (usualmente menos de 0,5 de Ca na liga mestra), como elemento que promove a grafita maciça no ferro base de alta pureza. A contribuição do Ca precisa ser considerada para um ferro base de baixa qualidade. O tratamento com Mg precisa ser de acordo com o alto volume de ferro tratado, a necessidade de limitar a contribuição do Si (que promove a grafita maciça e a fragilização da ferrita em baixas temperaturas) e controlar a recuperação do Mg (nível baixo, mas consistente de Mg), para ter uma alta resistência à perda de poder de inoculação (tempos longos de espera e de solidificação), e finalmente, baixa temperatura de vazamento. (d) O método da cobertura em panela Tundish é recomendado para essa produção, como uma oportunidade para tratar um alto volume de ferro líquido em condições controladas. 4.5 LIGAS E PROCEDIMENTOS DE INOCULAÇÃO Na produção de fundidos pesados de ferro nodular, os objetivos da inoculação são totalmente diferentes, quando comparados com a produção de fundidos médios e especialmente de paredes finas. Geralmente, dois objetivos importantes precisam ser considerados: (a) A recuperação da nodularidade da grafita, em condições críticas de produção dos fundidos: perda intensiva de poder de inoculação (tempos longos de espera e de solidi- ficação), nível baixo de Mg final residual (tipicamente para fundidos pesados, com forte controle da morfologia da grafita), temperatura baixa de vazamento. (b) Para obter uma contagem mínima de nódulos nas seções de fundidos pesados (mais de 60 nódulos/mm2), para limitar a segregação entre células eutéticas (ocorrência de grafita lamelar, carbonetos e de perlita) e formação de grafita maciça, respectivamente. A composição química dos inoculantes precisa assegurar uma alta resistência à perda de poder de inoculação, a recuperação de nodularidade da grafita e evitar a grafita maciça / explodida. Uma composição química especial dos inoculantes precisa ser considerada para aplicações de temperatura baixa do metal (menor do que 1350°C). Sistemas de Sr-FeSi e Ba-FeSi (teor de Ca limitado) são normalmente usados. A técnica de inoculação precisa estar em acordo com as características especiais desses fundidos. Normalmente os procedimentos de inoculação tardia são usados, tal como adição no jato de inoculante granulado (durante o enchimento do molde, tamanho do grão de 0,2 a 0,7 mm), adição de inoculante na bacia de vazamento (nas formas granular ou de inserto), aplicação na câmara de reação (normalmente na forma de grãos). A proporção de adição limitada de inoculantes é tipicamente de 0,15% a 0,30%, em relação ao ferro tratado. 4.6 INTERAÇÕES QUÍMICAS ESPECIAIS EM FUNDIDOS PESADOS DE FERRO NODULAR Dois grupos de elementos ativos são normalmente associados no ferro nodular para essa aplicação: elementos nodulizantes (Mg, terras raras) e antinodulizantes (Sb, Sn, Bi ou Pb). Para um forte controle do balanço das influências contraditórias desses elementos, é possível capitalizar sobre os efeitos benéficos da presença dos terras raras, tais como a melhoria da nodularidade da grafita e contagem de nódulos, sem a ocorrência de grafitas maciça e/ou explodida. Por essa razão, ao menos um elemento do segundo grupo é adicionado durante o procedimento de inoculação, em um teor muito baixo, tal como até 0,005% de Bi ou Pb e 0,01% de Sb ou Sn. Efeitos esperados nas estruturas de fundidos de moinhos de vento: alta nodularidade da grafita e contagem de nódulos e baixa incidência de morfologias indesejáveis de grafita. 4.7 MOLDAGEM E VAZAMENTO DO FERRO Moldes de areia ligados quimicamente (auto-curável, cura frio e caixa fria) são geralmente usados para a produção de fundidos de ferro nodular, devido à ocorrência de moldes fortes, e à possibilidade de uso da massalotagem diretamente aplicada, uma vez que um menor número e menores massalotes serão suficientes, ou mesmo um projeto sem massalote pode ser considerado (com um rendimento metálico no fundido de 90%). De forma a reduzir a ocorrência de defeitos nos fundidos, especialmente a degeneração da grafita, algumas soluções são recomendadas: (a) Baixo teor de S no molde (menos de 0,10% de S), especialmente com menor adição de ácido p-toluenossulfônico (PTSA, em inglês) em menos do que 50% da resina, mis- turadores com melhor manutenção e calibração, uso menor de areia reciclada (menos do que 70%), uma classificação efetiva de tamanho no sistema de recuperação de areia, etc. (b) O ácido fosfórico é também considerado na mistura ou mesmo na substituição do ácido p-toluenossulfônico PTSA, de forma a reduzir a incidência e presença de S no sistema, TAM como um mix de 3 compostos de ácidos (1/3 de cada ácido USA, fosfórico e lático). (c) A proteção de molde com a composição CaO/MgO, com a contribuição da dessulfurização, como uma camada de CaO/MgO para parar o S e óxido de Zr para solução refratária. A temperatura de vazamento baixa, normalmente menor do que 1350°C é necessária para fundidos de ferro nodular, não apenas para controlar a nodularidade da grafita, mas também para capitalizar sobre a ação da expansão da grafita, para a redução de defeitos de contração e necessidade de massalotagem, respectivamente. FONTE : Revista ABIFA Fundição & Matérias-Primas | Edição Especial | CADERNO TÉCNICOS 2011 | ANO XIV | DEZEMBRO DE 2011 | EDIÇÃO 139 | pag. 504 à pag. 519.
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