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RESUMO MEDICINA LEGAL APOSTILA 01 2 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias INTRODUÇÃO A medicina legal é uma matéria que está intimamente ligada à perícia. Com isso, tudo o que se refere à perícia, tanto no âmbito do Código de Processo Civil quanto do Código de Processo Penal, aplica-se à medicina legal. Contudo, existem diferenças, visto que as causas/processos cíveis (no qual se incluem processos trabalhistas, eleitorais, entre outros) dizem respeito, em regra, a questões patrimoniais ou direito de cidadania - interesses privados; já as causas processuais penais se referem a questões que envolvem, em regra, liberdade das pessoas - interesses públicos. Vejamos as principais diferenças, a depender de cada área: PERÍCIA CÍVEL X PERÍCIA CRIMINAL Perícia cível (CPC) ≠ Perícia criminal (CPP) - Perícia a ser realizada com data e hora marcada - Perícia não é realizada com data e hora marcada; (O perito oficial será, como regra, acionado imediatamente para realizar a perícia. Ex.: perícia em local de crime; médico legista plantonista) - Realizada por PERITO JUDICIAL/ PERITO DO JUÍZO (profissional liberal/ técnico privado com formação específica, o qual é nomeado pelo juízo) - Realizada por PERITO OFICIAL/CRIMINAL/LEGISTA (servidor público concursado, com formação específica para realizar a perícia) - Pagamento dos honorários cabe às partes interessadas ou rateado entre elas; - Pagamento do salário do servidor público (interesse público – custo do Estado); - O cargo de perito oficial, na Polícia Federal, exige dedicação exclusiva, com exceção de um cargo de magistério (público ou privado); (Obs.: no âmbito dos Estados, não há óbice de que os peritos oficiais estaduais possam se inscrever para atuar também como peritos judiciais). - Convocado/nomeado pelo juízo para atuar em um determinado e específico processo; - Perito oficial será designado pelo Chefe da Perícia Criminal; - A perícia ocorre somente na fase processual; - A perícia pode ocorrer na fase pré- processual ou processual; - Interesse particular. - Interesse público. OBS: Na persecução penal a perícia é, em regra, acionada na fase pré-processual/ fase inquisitorial (antes do processo). OBS: Lei 12.030/2009 (Lei da Perícia Oficial) lei que define quem são os peritos oficiais, ou seja, aqueles que atuam especificamente na esfera criminal. OBS: O médico/perito legista é um perito oficial, conforme a Lei 12.030/09. 3 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias OBS: Contraditório pericial perfeito = no processo cível, além do perito judicial, o qual será convocado pelo juízo para realizar a perícia em dia e hora previamente marcados, deve o juiz intimar as partes para cientificá-las quanto ao dia e horário designados para a realização do exame. Na oportunidade, oportunizará às partes a possibilidade destas poderem indicar seus assistentes técnicos (a fim de assistir/acompanhar a realização do exame pericial). Isto é, no processo cível, há a possibilidade de assistentes técnicos acompanharem/presenciarem a realização da perícia no momento da sua realização. Tais assistentes podem fazer apontamentos quanto aos métodos realizados na perícia, apresentar quesitos, etc, por isso é chamado de contraditório pericial perfeito, já que eles podem atuar no momento exato em que a paerícia está se sendo realizada. Diferentemente, na persecução penal, os assistentes técnicos somente podem atuar após à expedição do laudo pericial oficial, e não durante a realização do exame, conforme o CPP. Neste caso, chama-se de contraditório pericial questionável., ou seja, apenas é admitido assistente técnico, na área criminal, na fase processual (posteriormente à realização do laudo técnico, por isso é chamado de contraditório pericial questionável), visto que na fase pré-processual ainda não existem partes, o que inviabiliza a presença de assistentes técnicos, os quais são contratados por estas. Aqui, o assistente será indicado pela parte, o juiz irá admiti-lo no processo e dará acesso ao assistente a todos os instrumentos/provas/metodologias/e até ao próprio perito que realizou o exame. CUIDADO!!! não confundir os termos: perito oficial = perito criminal // perito judicial = perito “cível” ou do juízo. ATENÇÃO: o próprio CPC preconiza que, após à realização do exame, o perito judicial emitirá LAUDO PERICIAL e os assistentes técnicos produzirão seus PARECERES. No caso do Laudo Pericial ser conflitante com algum dos pareceres técnicos, o juiz decidirá qual prevalecerá, fundamentadamente. PERGUNTA: Qual a diferença entre o parecer e laudo pericial? R: O laudo pericial, realizado preferencialmente por profissional da área específica, deve, obrigatoriamente, responder aos quesitos com fundamento em metodologia científica. Por outro lado, o parecer técnico/pericial não está adstrito apenas à métodos/ conhecimentos científicos, ou seja, pode ser fundamentado exclusivamente na experiência profissional técnica reconhecida do parecerista, porém não exclui a possibilidade de também ser respaldado em métodos científicos. PERGUNTA: LAUDO X PARECER: qual tem mais valor jurídico? R: A valoração do Laudo e do Parecer fica totalmente à critério do Juízo, dependendo, na prática, da qualidade técnica da peça pericial (existem Laudos 4 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias muito bem construído e Pareceres muito bem construídos, assim como Laudo péssimos e Pareceres péssimos). ATENÇÃO! Não confunda: O conhecimento/ metodologia científica aplicada no exame pericial é o mesmo, tanta na área criminal quanto na área cível, o que difere é a dinâmica processual utilizada. Assim, infere-se que é errônea/equivocada a afirmativa de que sempre o perito oficial tem mais conhecimento científico do que o perito judicial (em tese, as formações dos Peritos Oficiais são excelentes, mas também podem existir Peritos Judiciais com bastante qualidade e reconhecimento). OBS: Caso o exame pericial seja realizado na fase investigativa, embora não exista ainda partes (e sim indiciado e suposta vítima), o delegado não poderá negar acesso ao advogado do laudo pericial realizado ou a qualquer peça do Inquérito Policial, salvo em caso de segredo de justiça. Pegunta: O delegado é obrigado a aceitar solicitação de juntada de quesitos para realização de exame pericial, na fase pré-processual, formulada por advogado? R: aA autoridade policial não está vinculada a aceitar, porque na fase investigativa não há contraditório, mas nada impede que ele aceite, uma vez que, certamente, o advogado irá requerer ao juízo na fase processual, que, por sua vez, não irá indeferir, em virtude do Princípio da Ampla Defesa. Trata-se, pois, de uma faculdade. Artigos no CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (perito judicial) : Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido. § 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadaspor entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. Comentário: No processo cível, quando a perícia for solicitada pelo Estado, caso em que este atue como parte (Fazenda Pública, Ministério Público, Defensoria Pública) ou tiver envolvimento de parte economicamente insuficiente, o juiz poderá solicitar que o exame pericial seja realizado por entidade pública ou a perícia será paga por orçamento próprio do Poder Judiciário, devendo o custo ser restituído ao final, pelo vencido. 5 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. Comentário: Pagamento dos honorários dos peritos, possibilidades: Quando apenas 1 parte solicita a perícia -> pagamento adiantado por ela; Quando a solicitada por ambas as partes ou determinada de ofício -> o custo será rateado entre as partes. Art. 156, §1º: Os peritos judiciais serão nomeados entre os profissionais habilitados e inscritos em cadastro mantido pelo Tribunal ao qual o juiz esteja vinculado Art. 156, §2º: 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Comentário: Onde não houver perito inscrito a nomeação será de livre escolha do juiz, devendo recair sobre profissional detentor de conhecimento necessário. Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. Comentário: O perito deve cumprir o prazo designado pelo juiz, podendo escusar- se do encargo por motivo legítimo no prazo de 15 dias. Tal prazo de 15 dias refere- se à apresentação de justificativa quanto à recusa de executar a perícia. Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. Comentário: O perito que prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos e ficará inabilitado pelo prazo de 2 a 5 anos, independentemente das 6 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias demais sanções legais. Ou seja, caso o perito judicial, ao elaborar o exame, preste informações inverídicas, poderá ser responsabilizado civilmente (por eventuais danos causados), administrativamente (pode ficar inabilitado pelo prazo de 2 a 5 anos do exercício, mediante determinação do juiz) e criminalmente (crime de falsa perícia). Obs: tal regra valerá tanto para o perito oficial quanto judicial. Art. 464, §3º: A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. Comentário: O juiz pode determinar a produção de prova técnica simplificada através da inquirição de especialista/perito em juízo.O juiz pode apenas intimar o perito para que ele compareça em audiência para que responda sobre pontos que ficaram duvidosos. Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Comentário: O impedimento ou suspeição poderá ser arguido no prazo de 15 dias, contados a partir do descobrimento do impedimento ou suspeição; O perito judicial também está sujeito às regras de impedimento e suspeição aplicadas aos magistrados. Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I - proposta de honorários; II - currículo, com comprovação de especialização; III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. Comentário: O perito deve apresentar proposta de honorários, currículo comprovado e contatos até o prazo de 5 dias da nomeação. 7 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias Art. 465, § 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. Comentário:As partes terão 5 dias para manifestar-se sobre os honorários, podendo o juiz autorizar o pagamento imediato de até 50%, devendo o restante ser pago após a entrega do laudo; Art. 465, §5º: Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração incialmente arbitrada; Artigos comentados sobre perícia no Código de Processo Penal : Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. Comentário: Para ser feita a reprodução simulada dos fatos, a autoridade policial terá 3 fontes de informações: as testemunhas, a vítima ou suspeito e a perícia, sendo esta última a fonte mais confiável. Na prática, a reprodução simulada é conduzida pelo perito oficial, o qual, ao final, emitirá o exame/laudo de reprodução simulada. Assim, nota-se que a reprodução simulada é uma espécie de exame pericial Prazo para realização do exame pericial http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/L8862.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/L8862.htm#art1 8 by Santynna Laet e Edson Pacheco @santalaet @pachecopericias Obs: Processo cível perícia deve ser realizada no prazo a ser definido pelo juiz (prazo judicial). Processo penal perícia deve ser realizada no prazo de 10 dias, podendos ser prorrogadopor prazo indeterminado, a requerimento do perito oficial, com a justificativa devida (prazo legal). Porém, no âmbito do processo penal, na prática, esse prazo dependerá se o réu está preso ou não: a) Réu preso: o prazo de 10 dias deve ser atendido para realização do exame; b) Réu solto: Normalmente o perito solicita prorrogação do prazo, em razão do excesso de demanda.
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