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@medicaemformacao Fibromialgia Definição A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por queixa de dor musculoesquelética generaliza e crônica (superior a três meses) que se associa a alterações neuropsicológicas típicas. Epidemiologia Acomete principalmente as mulheres (9 : 1) e pessoas com maior nível educacional e financeiro. Os sintomas iniciais comumente se manifestam entre 30 e 50 anos, mas também pode acometer idosos, crianças e adolescentes (não havendo diferença entre meninos e meninas). Não é uma doença ocupacional, apesar de ser frequentemente utilizada como justificativa para afastamento do trabalho e aposentadoria. Etiopatogenia A fibromialgia representa um estado de dor crônica que é processado de maneira diferente pelo sistema nervoso central. Contudo, a patogenia da fibromialgia também envolve alterações comportamentais, neuroendócrinas e imunológicas. Os pacientes apresentam redução do limiar doloroso (alodinia), resposta aumentada aos estímulos dolorosos (hiperalgesia) e aumento da duração da dor após o estímulo (dor persistente). Alterações nos neurotransmissores: diminuição dos níveis de serotonina no sono e no líquor, além de elevação da substância algogênica P (associada ao aumento da percepção da dor) no líquor. Não existem alterações histológicas convincentes nos órgãos acometidos (bursas, tendões e músculos), apesar de poder haver a presença de nódulos nos locais dolorosos. Alguns achados são interpretados como sendo resultado da redução da microcirculação local, que causa hipóxia das fibras musculares e redução da reserva energética muscular. Rafaela Ezequiel Leite Página de 1 4 @medicaemformacao Manifestações Clínicas Síndrome de dor e dolorimento à palpação, generalizada e associada a rigidez articular, fadiga e distúrbios do sono. O início dos sintomas é insidioso e a dor pode ser relatada como queimação, peso, contusão ou exaustão local. A dor (ampla e difusa) se inicia na nuca, pescoço e ombros. Intensidade da dor: moderada a forte e, por vezes, incapacitante. Ao exame físico, percebe-se dor à palpação em outros locais que não foram observados antes pelo paciente e dificuldade dos mesmos em localizar a dor com precisão. Localizações mais comuns: esqueleto axial, cintura escapular e cintura pélvica. Mas, há ampla variação na localização da dor. A dor pode estar associada a uma rigidez articular matinal de curta duração (inferior a 15 minutos), diferindo da rigidez articular encontrada na artrite reumatoide. A fadiga é notada sobretudo no período da manhã e no final do dia, sendo agravada por atividades físicas e intelectuais. Se associa a astenia, mal estar geral, sensação de resfriado, redução da libido e fraqueza muscular. Distúrbios do sono: dificuldade em conciliar o sono, insônia intermediária (sono leve), insônia terminal, cansaço ao despertar. Também pode haver relato de edema articular, embora o exame físico não indique tal alteração, ou seja, é uma queixa subjetiva de edema (induz a diagnósticos diferenciais errôneos). Parestesias: podem estar presentes, inclusive com distribuição em membros não associados aos locais da dor, na face e na língua. Mas, de modo geral, a parestesia é sentida nas extremidades. Cefaleia: queixa clínica comum que ocorre sob a forma de hemicrania (enxaqueca), dor na nuca, na região frontal, periorbitária ou holocraniana. Outros sintomas: tonteira (relacionada as alterações de humor), zumbido, depressão, ansiedade, irritabilidade, dificuldade em se concentrar, alterações do hábito intestinal (varia de constipação à diarreia), náuseas e vômitos, dor epigástrica e flatulências, queixa subjetiva de cianose (falso fenômeno de Reynaud). A fibromialgia pode se associar a qualquer doença sistêmica e a concomitância com artrite reumatoide e osteoartrite, por exemplo, não invalida o diagnóstico. Rafaela Ezequiel Leite Página de 2 4 @medicaemformacao Por vezes, o paciente possui a grande maioria dos sintomas da doença e, ao exame físico, não apresenta os pontos gatilhos. Nesses casos, pode haver dor muscular difusa à palpação dos grupos musculares, assim, não se deve excluir o diagnóstico de fibromialgia. Exame Físico Objetivos: excluir outras doenças reumáticas e identificar a presença dos tender points. Não há sinais de sinovite, tenossinovite ou tendinite. A força muscular está normal e o exame de sensibilidade e de reflexos tendinosos não revela alterações sugestivas de neuropatia periférica ou radiculopatia. A única alteração no exame físico é a presença dos tender points que são pontos bastante sensíveis à digitopressão, quando comparados com outras partes do corpo. Tender Points: 1. Região suboccipital. 2. Cervical lateral. 3. Ponto médio da borda superior do trapézio. 4. Região supraescapular. 5. Junção condrocostal da segunda costela. 6. Epicôndilo lateral. 7. Região glútea laterossuperior. 8. Região do trocânter maior. 9. Região medial acima do joelho. Observação: o comprometimento é sempre bilateral, resultando em 18 pontos no total. A palpação desses pontos deve ser feita com a polpa do polegar, com força suficiente para alterar a coloração da unha de rosa para branca e, caracteristicamente, desencadeia uma dor intensa de origem muscular e/ou aponeurótica. Nódulos musculares: pontos de consistência aumentada nos músculos, geralmente coincidentes com os tender points, devido ao espasmo muscular. Outros achados incomuns: dermografismo, hipersensibilidade cutânea e hiperemia reativa ao estímulo cutâneo. Diagnóstico Investigação Laboratorial e Imaginologia: são irrelevantes na fibromialgia, sendo úteis apenas para exclusão de outras condições clínicas. É indicado realizar as provas de função tireoidiana Rafaela Ezequiel Leite Página de 3 4 @medicaemformacao para auxiliar no diagnóstico diferencial em pacientes com suspeita de hipotireoidismo. Exames de imagem da coluna vertebral estão indicados nos casos de dor localizada em um segmento da coluna e cuja semiologia oriente para outras possibilidades diagnósticas. A polissonografia pode estar alterada em pacientes com fibromialgia, indicado que o sono não é reparador. Outros achados: redução do sono tipo REM, movimento periódico dos membros e síndrome das pernas inquietas. Exames laboratoriais e radiográficos devem ser solicitados de forma criteriosa durante a investigação do paciente para identificar eventuais comorbidades associadas, que podem estar “desencadeado” a fibromialgia. Assim, atualmente, nenhum exame complementar confirma o diagnóstico de fibromialgia Diagnóstico Clínico: Tratamento Atividade Física: Apresenta efeito analgésico por estimular a liberação de endorfinas, funcionando como antidepressivo e proporcionando sensação de bem- estar generalizado. Os exercícios mais adequados são os aeróbios (baixo impacto), como a dança, natação e hidroginástica. A orientação é exercitar-se pelo menos 3 a 4 vezes por semana, iniciar de forma leve e aumentar gradativamente a intensidade. Acupuntura e Massoterapia: atuam na redução da dor de forma transitória. Terapia Farmacológica: Antidepressivos: Amitriptilina: geralmente é a primeira escolha, devendo ser prescrita em baixas doses (25 a 50 mg/dia), tomadas antes de dormir. Miorrelaxantes: Ciclobenzapina: eficaz no alívio das dores e melhora do sono. Prescrita na dose de 5 a 20mg e administrada à noite durante um curto período (2-3 semanas). É recomendada no início do tratamento e em casos de reagudização da dor. Hipnóticos: atuam como anticonvulsivantes, ansiolíticos, sedativos e miorrelaxantes. Observação: as novas drogas aprovadas para serem utilizados na fibromialgia são a duloxetina, milnacipram, gabapentina e pregabalina. Rafaela Ezequiel Leite Página de 4 4 Fonte: MedCurso, 2019.
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