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Poesia Religiosa Imagem de Nossa Senhora das Maravilhas trazida em 1552 nas caravelas portuguesas, por Dom Pero Fernandes Sardinha. XIX - Ao Braço do Menino Jesus de Nossa Senhora Das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram - Gregório de Matos O todo sem a parte, não é todo; Cultismo / Antítese A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte faz o todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo todo. Paradoxo Em todo o Sacramento está Deus todo, Religiosidade E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo. O braço de Jesus não seja parte, Pois que feito Jesus em partes todo, Assiste cada parte em sua parte. Não se sabendo parte desse todo, Um braço que lhe acharam sendo parte, Nos diz as partes todas desse todo. A história por trás do poema Como relata um sermão pregado pelo jesuíta Antônio de Sá na Igreja da Sé da Bahia no ano de 1660, diante da estátua de Nossa Senhora das Maravilhas, que no ano de 1624 num gesto sacrílego, alguém profanou e furtou a imagem, arrancando dos braços de Maria, o Menino Jesus e espalhando as partes por diversas localidades da então pequena cidade de Salvador. A igreja da Sé da Bahia, onde a imagem fora colocada, foi a primeira sede da igreja católica no Brasil. A dimensão sobrenatural da imagem deriva do sacrifício redentor do próprio Cristo: não se trata de um poder mágico, mas da expressão do afeto e do intelecto da Pessoa divina. O jogo de palavras é o pilar desse poema. Imagine o corpo de Jesus, ele representa o todo. O braço separado representa a parte. Mas se as partes (membros) formam o corpo, então não se diga que são partes, mas o corpo. Deus está inteiro em qualquer parte assistindo-nos, observando nossas ações. Mesmo sendo feito de partes, em qualquer lugar sempre está inteiro. Cada parte de Jesus é tão importante que representa o todo. Gregório diz que o braço (de Jesus) é parte, mas também é todo. Tenta mostrar que com uma parte do todo, podemos encontrar o todo por inteiro.
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