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Projeto Político Pedagógico: Articulação entre Currículo, Gestão e Avaliação

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- -1
CURRÍCULO: TEORIA E PRÁTICA
ARTICULAÇÃO ENTRE CURRÍCULO, GESTÃO 
DO CURRÍCULO, APRENDIZAGEM, PROJETO 
PEDAGÓGICO E AVALIAÇÃO
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Compreender quais são os espaços de interseção entre currículo, projeto pedagógico e avaliação e como essas
dimensões se articulam, no “currículo real”;
2. analisar o papel da avaliação da aprendizagem escolar e da avaliação institucional do currículo na apreensão
de sentidos que emergem da práxis e indicam pistas, redimensionando e ressignificando os atos de currículo.
“O Projeto Educativo é, claramente, um documento de planificação escolar que poderíamos
caracterizar do seguinte modo: de longo prazo quanto à sua duração; integral quanto à sua
amplitude, na medida em que abarca todos os aspectos da realidade escolar; flexível e aberto;
democrático porque elaborado de forma participativa e resultado de consenso.”
(GANDIN apud VASCONCELLOS, 2000, p. 169)
O Projeto Político Pedagógico, como o próprio nome anuncia, se constitui numa ação política e pedagógica. Ação
política porque é através dele que se decidirá o rumo, a intenção educativa. Envolve processos decisórios que
implicam em uma tomada de consciência sobre onde se está e para onde se quer ir, em um posicionamento sobre
que pessoas que se pretende formar, a partir de que visão de sociedade, de cultura, de conhecimento, de homem
/mulher.
Ação pedagógica porque é através da pedagogia, das diversas ações cotidianas, dos atos de currículo, que o
projeto se concretizará, deixará de ser apenas um ideal político e passará a ser ato educativo.
Contudo, a política e a pedagogia são dois eixos intercambiantes, interdependentes, híbridos, pois, como ressalta
Gandin, referenciado em Silva (1994), “obviamente a fronteira entre esses dois aspectos não é precisa e nem
deve ser; é preciso combinar uma pedagogia da política e uma política da pedagogia” (GANDIN, 1994).
Nesta aula, vamos entender o que é o PPP, como se concebe este planejamento institucional coletivo, que fatores
estão em jogo durante sua elaboração, concretização e avaliação.
- -3
1 Afinal, o que é um Projeto Político Pedagógico?
Há várias formas de entender o PPP. Podemos entendê-lo apenas como um plano curricular mais global da
escola, no qual encontramos, sinteticamente, a intenção pedagógica da escola (as bases filosóficas), os
conhecimentos (os princípios epistemológicos e conteúdos), a metodologia, as formas como pretende avaliar os
alunos e a própria instituição.
Contudo, este documento pode assumir uma dimensão ampliada quando compreendemos que ele pode ser um
instrumento político através do qual podem ser feitas escolhas que repercutirão na vida e nos rumos dos
diferentes agentes que participam e se relacionam, direta, ou indiretamente com a instituição escolar: alunos,
suas famílias, diversos profissionais da escola (professores, supervisores pedagógicos, diretores e demais
funcionários) e comunidade na qual a escola se insere.
Desde a sua elaboração até sua concretização, as decisões tomadas definirão um caminho educacional que
afetará a vida destas pessoas e terá um papel na construção das identidades destes agentes sociais.
Pelo seu caráter político e social, e pelas implicações entre as instâncias políticas e pedagógicas, o caminho a ser
seguido só terá sentido se for um caminho de todos, com todos e para todos. Os diferentes agentes estão
implicados no caminho e, por isso mesmo, seria pouco democrático se não participassem da definição deste
caminho. Veja a definição de dimensão coletiva do PPP segundo Vasconcellos (2000):
“O Projeto Político Pedagógico (ou Projeto Educativo) é um plano global da instituição. Pode ser
entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo,
que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define o tipo de ação educativa que se quer
realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade.
É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de
transformação. [...] Tem, portanto, este valor de articulação da prática, de memória do significado da
ação, de elemento de referência para a caminhada. O Projeto Político Pedagógico envolve também
uma construção coletiva de conhecimento. Construído participativamente, é uma tentativa, no
âmbito da educação, de resgatar o sentido humano, científico e libertador do conhecimento.” (ibid, p.
169)
- -4
Muitas escolas elaboraram seu Projeto Político Pedagógico apenas para atender à orientação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, de 1996, para cumprir uma determinação legal. Contudo, a elaboração deste
documento, dependendo da forma como é conduzida, pode representar uma ação política significativa da
comunidade escolar, um passo importante para a construção coletiva de um projeto educacional.
Partimos do pressuposto de que o PPP é uma construção coletiva e participativa que só tem sentido se leva a
uma mudança que contribuirá para a melhoria do processo educativo, sendo uma interferência nas práticas
escolares locais e podendo também gerar outras influências. Assim, a sua elaboração surge a partir da
necessidade de se repensar a escola e pode ser identificada ou sugerida por diferentes grupos da comunidade
escolar. Mas dependerá da sensibilidade e compromisso da direção de perceber os indicativos desta necessidade.
Caso a direção seja resistente a mudanças, o processo pode ser mais complexo e trabalhoso, e sua concretização
dependerá de um processo de negociação política dos diferentes agentes de forma a transpor os obstáculos e
mecanismos que dificultam sua construção coletiva.
2 Para saber aonde ir é preciso saber onde estamos e o que 
pensamos sobre os possíveis caminhos...
Para envolver, representativamente, todos os agentes da comunidade escolar para o começo desta empreitada,
que nem sempre é fácil e que pode durar um tempo relativamente longo (em torno de quatro anos) é preciso
sensibilizá-los. A sensibilização implica em diversas ações: esclarecer o que é o PPP, divulgar a intenção de
elaborá-lo coletivamente, encontrar formas de envolver cada grupo social da comunidade escolar, definir
critérios para que haja uma representatividade dos diferentes grupos.
O processo de construção e operacionalização do PPP é um processo complexo e envolve diversas dificuldades,
tais como a participação dos possíveis autores, a disponibilidade de tempo para a realização de encontros
sistemáticos, a mediação de conflitos inerentes ao processo de construção democrática coletiva, o risco de não o
concluir ou de, depois de concluído, se tornar apenas um documento desprovido de utilidade e
representatividade, tendo um sentido apenas burocrático.
A vitalidade do PPP como documento de identidade da escola dependerá do real envolvimento de toda a
comunidade escolar na sua construção e do esforço de todos para torná-lo um instrumento de participação
política tendo em vista uma educação que atenda aos seus anseios. Dependerá também de sua constante revisão
e atualização.
- -5
Gandin (1994) sugere que a elaboração do Projeto Político Pedagógico ocorra de acordo com os princípios de
gestão democrática e considera o Planejamento Participativo uma ferramenta que propicia a construção dos
ideais coletivos das escolas, através de três momentos distintos, mas integrados:
a indicação de um horizonte ou referencial;
a construção de um diagnóstico que julgue a prática à luz do referencial;
a programação de ações concretas.
3 Vamos analisar mais detalhadamente cada uma destas 
etapas de elaboração do PPP
3.1 Referencial: Posicionamento sobre a intenção educativa
Segundo Vasconcellos, este momento representa “a tomada de posição da instituição que planeja em relação à
sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o ‘rumo’, o horizonte, a
direção que a instituição escolheu [...]. Implica, portanto,opção e fundamentação”.
Sem dúvida, a definição sobre os rumos que se quer para a escola implica numa reflexão filosófica e teórica que
fundamente o delineamento do ideal de escola, o “querer” institucional. Vasconcellos (2000) sugere que a
elaboração do Marco Referencial se subdivida em três partes:
M a r c o
situacional
é o momento de análise da realidade mais ampla na qual a instituição está inserida, dos
elementos estruturais que a condicionam e aos seus agentes. Envolve reflexões sobre a
sociedade na qual vivemos, sobre os rumos atuais da educação, sobre o papel da escola na
sociedade contemporânea.
M a r c o
doutrinal
representa a definição do ideal geral da instituição, os fundamentos filosóficos que
nortearão o PPP. Envolve reflexões sobre que tipo de sociedade se deseja, que pessoas
pretendemos formar, qual a razão de ser da escola e seu papel na sociedade, quais suas
intenções educativas.
compreende a tomada de posição quanto às ações concretas a serem realizadas. Inclui o
que desejamos em três dimensões do cotidiano escolar:
- -6
M a r c o
operativo
Pedagógica – as intenções relativas ao currículo, aos processos de planejamento, aos
objetivos, aos conhecimentos, à metodologia, à avaliação, às relações entre professor-aluno
e alunos entre si, à relação entre as práticas escolares e políticas públicas.
Comunitária – as intenções sobre as diversas formas de relacionamento e formas de
participação intra e extraescolares, envolvendo os diferentes agentes e grupos sociais
(alunos – professores – funcionários - direção – coordenação/supervisão - famílias –
comunidade).
Administrativa – as intenções relativas à estrutura e organização da escola, serviços,
espaço físico, obtenção e gerenciamento de recursos financeiros.
A definição dos rumos desejados envolve conscientização do ponto de partida institucional e social da escola e o
que se quer alcançar. Para isso, é preciso uma reflexão profunda sobre:
• A instituição que existe - a identidade da instituição: dados gerais (localização, nome, documentos legais 
que contenham ano de criação, níveis de ensino, número de professores, alunos, funcionários por nível); 
dados históricos (quando e como surgiu, significado do nome, razão de seu surgimento);
• Os percursos institucionais já trilhados: em que pressupostos filosóficos, epistemológicos e 
metodológicos foi pautada; que rumos a instituição tomou e por quê; que mudanças sofreu ao longo dos 
tempos; quem são seus agentes sociais; que “culturas escolares” vêm produzindo; que conhecimentos 
têm priorizado e por quê, que estratégias de ensino têm sido adotadas, que projetos realiza.
Como se situa a instituição hoje:
1. quais seus princípios e práticas, as finalidades da educação que realiza; 
2. quais seus agentes sociais;
3. como se dá a formação dos profissionais;
4. que instâncias de participação possui e como funcionam;
5. como se dão as relações sociais entre os agentes da escola e da escola com a comunidade;
6. como se dá a gestão da escola, quem decide, quem executa;
7. como se dá a avaliação da aprendizagem dos alunos;
8. qual o nível de satisfação dos professores, alunos, famílias e funcionários com o trabalho realizado;
9. como tem repercutido o trabalho na situação de aprendizagem dos alunos (aprovação, reprovação, evasão);
10. como se dá a avaliação institucional; que problemas e conflitos a instituição enfrenta.
•
•
- -7
3.2 Diagnóstico: Busca e identificação das necessidades: o que precisamos 
para chegar onde queremos?
A partir da análise crítica da realidade da escola e da comunidade na qual se insere, é possível ter mais clareza do
que precisa ser modificado para que as intenções educativas não fiquem no plano das ideias e do papel e se
concretizem em ações.
Na etapa anterior, é possível colher dados sobre a realidade institucional, sobre o contexto social e cultural dos
alunos e refletir sobre o que se deseja, delinear um ideal coletivo. Saber aonde se quer ir é um passo
fundamental, mas não suficiente.
Para chegar, para de fato interferir na realidade, é necessário fazer um diagnóstico que possibilite uma análise
crítica sobre a distância entre onde se estar e aonde se deseja chegar. Este diagnóstico será fundamental para se
definir metas possíveis.
Para chegar, para de fato interferir na realidade, é necessário fazer um diagnóstico que possibilite uma análise
crítica sobre a distância entre onde se está e aonde se deseja chegar. Este diagnóstico será fundamental para se
definir metas possíveis.
Para que esta análise produza resultados e contribua para a construção de um projeto consistente, será
necessário fundamentá-la com teoria. O diagnóstico envolve três movimentos fundamentais:
• 1 - refletir sobre o que se traçou como intenções educativas na etapa do marco referencial;
• 2 - buscar fundamentação teórico-filosófica para compreender melhor as razões dos problemas 
enfrentados na escola e o que é necessário para que a distância entre as intenções (o ideal) e o que se tem 
seja menor;
• 3 - traçar com clareza as necessidades institucionais para se chegar ao ideal almejado.
3.3 Programação: A projeção do futuro: que ações serão necessárias para 
aproximar a instituição do ideal delineado coletivamente?
A terceira etapa representa o momento de planejamento institucional, a elaboração do plano de ação que tem
como objetivo diminuir as distâncias entre o que se quer e o que se faz concretamente na escola. O ponto de
partida para esta etapa são os levantamentos feitos nas etapas anteriores: aonde se quer chegar e o que é preciso
para se chegar. Além disso, é preciso não perder de vista que a escola está inserida num sistema educacional
mais amplo, regido por leis, diretrizes, políticas curriculares e políticas públicas de avaliação e é preciso um
posicionamento da escola sobre como pretende lidar com estas exigências que transcendem o espaço escolar,
mas que interferem diretamente na autonomia da escola e em suas práticas.
•
•
•
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É fundamental que os subitens no marco referencial (marcos situacional, doutrinal e operacional) se relacionem
de forma coerente e consistente na elaboração do plano de ação e que as diferentes instâncias (pedagógica,
comunitária e administrativa) estejam integradas.
A partir do que estudamos nas aulas anteriores, percebe-se a relevância desta etapa, pois nela serão
contemplados alguns aspectos bastante importantes do currículo:
• A realidade cultural dos alunos e da comunidade será considerada na seleção dos conhecimentos? 
Como? A abordagem intercultural será considerada na prática educativa?
• Como lidar com as tensões entre a particularidade (a especificidade do contexto sociocultural dos 
alunos) e a universalidade (os conteúdos que são exigidos na sociedade, os conhecimentos valorizados 
socialmente)?
• Qual a forma de organização curricular que melhor atende às intenções educativas expressas no PPP 
(por séries, ciclos, por objetivos de aprendizagem, por projetos de trabalho, por temas geradores, por 
problemas etc.).
4 Avaliar ou medir?
Assim como o PPP é uma ação que parte do ponto em que está a instituição para fazer uma projeção de onde se
quer chegar, a avaliação da aprendizagem escolar também é uma atividade que tem como objetivo obter dados
sobre a aprendizagem dos alunos (em que ponto estão) para traçar rumos e ações que promovam melhorias no
processo de ensino-aprendizagem.
É através destes dados que o professor pode rever seus objetivos de ensino, tanto grupais como individuais,
planejar ações educativas futuras. Portanto, avaliar é muito mais que medir. As notas e conceitos, quando
utilizados, são apenas indicadores do estado atual da aprendizagem dos alunos.
A avaliação é um aspecto fundamental do PPP. A forma como os alunos serão avaliados, os instrumentos que
serão utilizados, a periodicidade em que será feita devem estar em consonância com a concepção de avaliação
assumida pela instituição e com seus propósitos filosóficos eepistemológicos.
O que tem prevalecido nas práticas escolares brasileiras: práticas avaliativas voltadas para a medição do
desempenho dos alunos ou práticas avaliativas a serviço da aprendizagem?
A avaliação da aprendizagem escolar, no Brasil, vem assumindo diferentes nuances e enfoques no meio
acadêmico e escolar ao longo do tempo.
Luckesi (2005) analisa que as práticas avaliativas centradas nos exames são herança das pedagogias dos séculos
XVI e XVII, período histórico do processo de ascensão e consolidação da sociedade burguesa. Ressalta o papel da
Pedagogia Jesuítica e da Pedagogia Comeniana na constituição dessa representação de avaliação, caracterizada
pela ritualização das provas e exames, que assumiam caráter solene através da constituição de bancas
examinadoras e da divulgação pública dos resultados, acompanhada de manifestações de orgulho, valorização e
•
•
•
- -9
premiação para os alunos bem sucedidos e de repúdio, hostilização e humilhação para os alunos mal sucedidos.
A função da avaliação era predominantemente classificatória, seletiva, moralizadora e disciplinadora.
O modelo classificatório, hierarquizante e seletivo de avaliação começa a ser criticado e problematizado. Muito
se produz neste período sobre a
avaliação da aprendizagem escolar. Diversos autores, dentre os quais destaco Esteban (2000), Luckesi (2005) e
Perrenoud (2005), contribuem para a sistematização conceitual das representações de avaliação da
aprendizagem escolar. Esses autores colocam em evidência as lógicas de avaliação presentes na escola, que
sintetizo em duas categorias:
• a) a avaliação a serviço somente da atribuição de valor ao desempenho do aluno a partir de um padrão 
previamente definido;
• b) a avaliação a serviço do processo de ensino-aprendizagem, considerando os resultados como 
elementos indicadores do caminho a ser percorrido pelo aluno em seu processo de aprendizagem e pelo 
professor, em seu processo de ensino.
Esses autores apontam, também, para a importância da avaliação da aprendizagem escolar no processo de
democratização do ensino por seu papel nos processos de seletividade/inserção, promoção/retenção e,
consequentemente, nos processos de inclusão/exclusão social.
Assim, a decisão sobre que concepção de avaliação pautará a prática escolar é uma decisão política, pois definirá
direta ou indiretamente o fracasso ou sucesso escolar dos alunos. Os instrumentos utilizados (trabalhos,
atividades e exercícios diversos, provas, testes, registros qualitativos dos alunos e dos professores sobre o
processo de aprendizagem como relatórios, portfólios, memoriais, questionários, autoavaliações etc.) e a forma
como se inserem no processo educativo também muito nos dizem sobre a ideia de avaliação na qual se
sustentam e também terão implicações na prática educativa e na construção das identidades dos alunos.
Partindo-se dessas premissas, pensar a avaliação é pensar no processo de ensino-aprendizagem e na sua
vinculação com a maneira como se ensina e como se aprende. É também pensar nas suas implicações políticas e
sociais. A avaliação é apenas a ponta de um “iceberg pedagógico”, contudo muitas vezes é através dela que
algumas contradições tornam-se visíveis, palpáveis e nos instigam a olhar mais profundamente para os diversos
aspectos a ela relacionados.
Além disso, é fundamental uma reflexão sobre os níveis de autonomia e autogestão das escolas frente aos
sistemas de avaliação das redes de ensino nas quais se inserem, como SAEB, PROVA BRASIL, ENEM, ENADE,
PROVA RIO, entre outras. Se, por um lado, estes sistemas avaliativos cumprem um papel social importante de
aferir a qualidade de ensino, por outro, eles muitas vezes interferem nas escolhas do que ensinar, bem como do
que e como avaliar, comprometendo os processos decisórios da escola e sua autonomia administrativa e
pedagógica.
•
•
- -10
A avaliação não se restringe à aprendizagem dos alunos. É um instrumento fundamental de participação política
dos diferentes integrantes da comunidade escolar e também deve ser utilizada como instrumento de reflexão
sobre os rumos institucionais.
Para isso, é interessante que o PPP também contemple outras instâncias de avaliação:
• avaliação dos processos de ensino-aprendizagem;
• avaliação da gestão;
• avaliação do corpo docente;
• avaliação da própria implantação do PPP.
• Processo democrático
Se considerarmos que o processo democrático deve considerar as diferentes vozes e pontos de vista,
esses processos avaliativos devem envolver alunos, funcionários, famílias, professores, supervisores,
coordenadores, diretores e comunidade, PPP, currículo e avaliação são aspectos interdependentes,
interrelacionados, que integram a prática pedagógica e podem estar a serviço de uma educação mais
democrática e mais justa.
Para isso, é preciso que os professores/as, como “artesãos do currículo”, e os diferentes agentes da
comunidade escolar desenvolvam um olhar crítico sobre eles, e atuem reflexivamente, atribuindo-lhes
sentidos coerentes com as pessoas que pretendem formar e com a sociedade que pretendem ajudar a
construir.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• A disciplina “Currículo” na formação de professores: diferentes enfoques e suas implicações na prática 
docente;
• o enfoque multicultural de currículo e sua importância na formação docente;
• o protagonismo docente na construção do currículo como um dos eixos da formação prévia e continuada.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou as relações entre Projeto Político Pedagógico, currículo e avaliação e compreendeu a 
importância deste documento nos diferentes atos de currículo que constituem a prática pedagógica;
• refletiu sobre as dimensões da avaliação como instrumento de direcionamento da prática escolar, seja 
na perspectiva da análise da aprendizagem dos alunos ou do projeto institucional.
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	Olá!
	
	1 Afinal, o que é um Projeto Político Pedagógico?
	2 Para saber aonde ir é preciso saber onde estamos e o que pensamos sobre os possíveis caminhos...
	3 Vamos analisar mais detalhadamente cada uma destas etapas de elaboração do PPP
	3.1 Referencial: Posicionamento sobre a intenção educativa
	3.2 Diagnóstico: Busca e identificação das necessidades: o que precisamos para chegar onde queremos?
	3.3 Programação: A projeção do futuro: que ações serão necessárias para aproximar a instituição do ideal delineado coletivamente?
	4 Avaliar ou medir?
	Processo democrático
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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