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Hematopoiese Células hematopoiéticas e células endoteliais estão entre os primeiros tipos de células que se diferenciam em um fenótipo funcional no embrião. Nos seres humanos, a primeira evidência da formação de sangue e de vasos sanguíneos é observada no mesoderma esplâncnico extraembrionário do saco vitelínico, na forma de agrupamentos de células de hemangioblastos que se desenvolvem na região adjacente ao endoderma. Isso acontece por volta do 17° dia de desenvolvimento embrionário. Como isso acontece? Células do mesoderma indiferenciado, em um determinado momento, passam a expressar genes e fatores proteicos que fazem com que elas se desenvolvam e se diferenciem em agregados de células chamados de agregados hemangioblásticos. Esses grupamentos celulares de hemangioblastos são progenitores hematopoiéticos e endoteliais. Diversas linhagens celulares surgem de dentro desses agrupamentos de hemangioblastos, incluindo progenitores de células hematopoiéticas e células precursoras endoteliais (EPCs). As células endoteliais posteriormente irão envolver agregados de células sanguíneas, formando o que se conhece como ilhotas sanguíneas. Nessas ilhotas, é possível visualizar mais na periferia as células precursoras endoteliais (EPCs) e mais na região central as células progenitoras hematopoiéticas. As células sanguíneas que se formam nas ilhotas de sangue do saco vitelínico são, principalmente, eritrócitos primitivos. O saco vitelínico é o primeiro fornecedor de células sanguíneas para a circulação embrionária. As células fornecidas são predominantemente eritrócitos nucleados que contêm hemoglobina embrionária (eritrócitos primitivos). Ou seja, diferentemente das hemácias dos adultos que não possuem núcleo, os primeiros eritrócitos formados no saco vitelínico têm núcleo. Também se formam megacariócitos e macrófagos na parede do saco vitelínico, mas o local exato do seu precursor não é conhecido. Algumas das células endoteliais do saco vitelínico surgem de hemangioblastos, mas a maioria se diferencia a partir de EPCs em proliferação. As células endoteliais em diferenciação se organizam em pequenos vasos capilares por meio de um processo denominado vasculogênese. Esses pequenos capilares se alongam e se interconectam, estabelecendo uma rede vascular primária inicial. Até o final da 3ª semana, essa rede vasculariza por completo o saco vitelínico, o pedículo de conexão e as vilosidades coriônicas. Um pouco depois do 17° dia de desenvolvimento, os eritrócitos vão ser formados e vai começar a haver circulação sanguínea. Esses eritrócitos produzidos do saco vitelínico vão, então, colonizar o fígado. Isso é chamado de primeira colonização hepática, já que é o fornecimento de eritrócitos primitivos nucleados contendo hemoglobina embrionária. Depois, acontece a segunda colonização hepática, sob a qual o fígado vai começar a produzir células-tronco hematopoiéticas definitivas. Então são produzidos eritrócitos definitivos (anucleados, que tem hemoglobina fetal), além de células da linhagem mieloide e linfoide. É nessa segunda colonização que vamos ter células do sangue de origem intraembrionária (a primeira colonização veio de células do saco vitelínico, que é extraembrionário). Lesão Celular, Morte Celular e Adaptações Circulação fetal Embriologia 3 Essas células de origem intraembrionária vêm de uma região denominada região Aorta-Gônada-Mesonefro (AGM). Essa é uma região da aorta que fica próxima à região de desenvolvimento das gônadas e dos rins. É nessa região que vão se desenvolver células hematopoiéticas a partir da parede ventral da aorta dorsal, sendo que essas células já são uma linhagem hematopoiética definitiva. Elas surgem por volta do 27° dia e desaparecem por volta do 40° dia de desenvolvimento. Essas células que vão colonizar o fígado pela segunda vez. OBS.: é só nesse período que a aorta vai fornecer células hematopoiéticas, porque depois deste período, ela para de fornecer essas células e nunca mais essas células vão ser originadas novamente. A mudança da geração de eritroblastos nucleados primitivos para eritrócitos enucleados que sintetizam hemoglobina fetal (eritrócitos definitivos) ocorre até a 5ª semana de gestação. Essa mudança ocorre no instante em que o fígado é colonizado por células-tronco hematopoiéticas definitivas (HSCs), células que têm o potencial de gerar todas as linhagens de células hematopoiéticas do adulto, incluindo células eritroides, mieloides e linfoides. As HSCs colonizam a medula óssea e fornecem células sanguíneas já na 10ª ou 11ª semana, mas a maior parte da carga hematopoiética ainda é carregada pelo fígado até o nascimento. Portanto, as células hematopoiéticas extraembrionárias primitivas servem, principalmente, para prover um suprimento de sangue precoce, mas necessário, para o embrião em desenvolvimento até que os órgãos hematopoiéticos intraembrionários que contêm HSCs possam assumir a tarefa. Resumindo: O Primeiro local de hematopoiese é o saco vitelínico. O segundo local, por sua vez, é a AGM. Já o terceiro local é o fígado, já que após essa segunda colonização, ele assume como órgão hematopoiético. Esse órgão permanece como o principal órgão hematopoiético do embrião e do feto até o início da hematopoiese na medula óssea, próximo ao parto. Posteriormente, o sítio definitivo de hematopoiese é estabelecido, sendo este a medula óssea. Enquanto o saco vitelínico é o primeiro local de hematopoiese, a hemoglobina produzida é a hemoglobina embrionária. Quando o fígado passa a ser o local de hematopoiese, os eritrócitos vão ser produzidos com hemoglobina fetal. Já quando essa hematopoiese é assumida pela medula óssea, a hemoglobina dos eritrócitos produzidos passa a ser hemoglobina do adulto. Vascularização intraembrionária No 18° dia, os vasos sanguíneos começam a se desenvolver no mesoderma esplâncnico intraembrionário. Ao contrário da formação de vasos sanguíneos no mesoderma extraembrionário (“a casquinha vira vaso e o centro vira células sanguíneas primitivas”), a formação de vasos sanguíneos no mesoderma intraembrionário, com exceção da região da AGM, não está associada à hematopoiese (ou seja, a formação desses vasos não tem relação com a produção das células sanguíneas, pois eles vão receber essas células, mas não vão formá-las). Substâncias indutoras secretadas pelo endoderma subjacente causam a diferenciação de algumas células do mesoderma esplâncnico em células precursoras endoteliais (EPCs) (ou angioblastos) que se desenvolvem em células endoteliais achatadas e se unem para formar pequenas estruturas vesiculares. Essas estruturas vesiculares, por sua vez, se unem em longos tubos ou vasos. Esse processo é denominado vasculogênese. Esses cordões de tubos ou vasos se desenvolvem em todo o mesoderma intraembrionário e se unem para formar uma rede extensa de vasos que estabelece a configuração inicial do sistema circulatório do embrião. Essa rede cresce e se espalha por todo o embrião por meio de quatro processos principais: 1) formação, migração e união contínua de células precursoras endoteliais (EPCs); 2) angiogênese, brotamento e ramificação de novos vasos a partir de cordões endoteliais já existentes; 3) intussuscepção vascular (angiogênese sem brotamento), em que vasos existentes são divididos para gerar vasos adicionais; 4) intercalação de novas EPCs nas paredes dos vasos existentes. Quando o plexo vascular já está formado no embrião, ele deve ser remodelado para acomodar o crescimento do embrião e se desenvolver em um sistema de artérias e veias. A conclusão e a contínua remodelação dos vasos sanguíneos requer angiogênese. Com frequência, o termo angiogênese é inadequadamente trocado por vasculogênese. Entretanto,a angiogênese é um processo diferente. Angiogênese é a expansão e remodelação do sistema vascular por meio de células endoteliais existentes e vasos gerados por vasculogênese. A expansão por angiogênese ocorre pelo brotamento ou por intussuscepção vascular, uma divisão ou fusão de vasos existentes. Vasculogênese X angiogênese A formação do sistema vascular embrionário envolve dois processos, a vasculogênese e a angiogênese. A vasculogênese é a formação de novos canais vasculares pela união de precursores individuais celulares (angioblastos). A angiogênese é a formação de novos vasos pelo brotamento e ramificação de vasos preexistentes. Resumindo: Sistema venoso primitivo Do saco vitelínico vai um par de veias, as veias vitelinas direita e esquerda, para o seio venoso. Do cordão umbilical vai um par de veias, as veias umbilicais direita e esquerda. Além disso, o outro par de veias que vai para o seio venoso feto é a veia cardinal comum esquerda e direita. As veias cardinais comuns são formadas pela união da veia cardinal anterior e veia cardinal posterior. Essas veias se unem, formando a veia cardinal comum esquerda e a veia cardinal comum direita, que, por sua vez, conflui para o seio venoso. O embrião apresenta, então, três sistemas venosos principais, que executam diferentes funções: 1. sistema vitelino (veias vitelinas): drena o trato gastrointestinal (TGI) e derivados do intestino. 2. sistema umbilical (veias umbilicais): carrega sangue oxigenado da placenta para o embrião/feto. 3. sistema cardinal (veias cardinais): drena a cabeça, pescoço e parede corporal. Todos os três sistemas são inicialmente simétricos bilateralmente e convergem para os cornos direito e esquerdo do seio venoso. Entretanto, o deslocamento do retorno sistêmico venoso para o átrio direito durante o desenvolvimento embrionário inicia uma remodelação radical que reformata esses sistemas para gerar os padrões adultos, ou seja, esse sistema que antes era simétrico, agora deixa de ser por causa do deslocamento do retorno sistêmico para o átrio direito (AD). Ocorre, por exemplo, uma involução das estruturas do lado esquerdo. ➔ Sistema vitelino: Inicialmente, temos um par de veias vitelinas, a veia vitelina direita e a veia vitelina esquerda. Posteriormente, a veia vitelina esquerda vai involuir e vai sumir. Por outro lado, a veia vitelina direita vai se desenvolver, formando sinusoides hepáticos (todos os sinusoides e toda a vascularização hepática é derivada principalmente da veia vitelina direita). Além disso, como o seio venoso vai formar parte do átrio direito, a veia vitelina direita vai acabar formando a porção terminal da veia cava inferior. A veia vitelina direita também vai forma outras estruturas, como a veia porta, como o ducto venoso (o sangue oxigenado que vem da veia umbilical é desviado para a veia cava inferior por meio do ducto venoso. Esse sangue oxigenado é, então, mandado para o coração, sem passar pelos capilares hepáticos), além de veias que drenam o TGI, como esôfago, estomago, intestinos... ➔ Sistema umbilical: Inicialmente, temos duas veias umbilicais, a direita e a esquerda, sendo que cambas confluem para o seio venoso. Elas têm a função de trazer o sangue oxigenado da placenta para o feto. Com o tempo, a veia umbilical direita vai involuir, enquanto que a esquerda vai se desenvolver. Essa veia umbilical esquerda vai perder conexão com o corno do seio venoso esquerdo (a parte próxima do seio venoso se degenera). A partir de então, ela passa a fazer conexão com o ducto venoso (que foi formado lá no sistema vitelino), ou seja, ela forma uma nova anastomose com o ducto venoso, o que faz com que o sangue oxigenado da placenta chegue ao coração pelo ducto venoso. Além disso, como a veia umbilical direita involuiu, a veia umbilical esquerda passa a ser a única que vai transportar sangue oxigenado da placenta para o embrião. ➔ Sistema cardinal: Inicialmente, temos um par de veias cardinais comuns, a veia cardinal comum esquerda e a veia cardinal comum direita. Cada veia cardinal comum é formada pela confluência de uma veia cardinal anterior com uma veia cardinal posterior. Ou seja, elas se unem próximo ao coração, formando as veias cardinais comuns D e E, que drenam para os cornos do seio venoso. Entretanto, com o tempo, vai acontecendo um processo de remodelação venosa que modifica a simetria bilateral desse sistema venoso. O fluxo sanguíneo do retorno venoso é deslocado para o átrio direito, o lado esquerdo da veia cardinal comum vai involuir e o lado direito vai se desenvolver, contribuindo, principalmente, para a formação das veias cavas. Originalmente as veias cavas anteriores drenam o sangue da região superior do corpo para os cornos do seio venoso através das veias cardinais comuns direita e esquerda. Como acontece a remodelação venosa, a veia cardinal anterior esquerda vai degenerar a comunicação que ela possui com a cardinal comum e, consequentemente, com o seio venoso. Posteriormente, o que restou dessa veia cardinal anterior esquerda vai estabelecer uma nova comunicação, sendo esta nova comunicação, uma anastomose que é chamada de veia braquiocefálica esquerda. Desta forma, todo o sangue que esta veia drena, vai para a veia cardinal anterior direita, através de uma anastomose chamada de veia braquiocefálica esquerda. Além disso, as regiões mais craniais das veias cardinais anteriores (D e E) vão se ramificar e originar as veias jugulares internas e externas. Outro ponto importante é que essas ramificações que vão acontecendo a partir das porções craniais das veias cardinais anteriores também originam as veias subclávias e outras veias da região da cabeça. Ademais, a veia cardinal anterior direita irá se desenvolver e formar a veia cava superior juntamente com a veia cardinal comum direita. Outro fator importante é que, junto com o desenvolvimento do sistema cardinal, também há o desenvolvimento do sistema subcardinal e do sistema supracardinal. As veias subcardinais esquerda e direita brotam a partir da base das veias cardinais posteriores e se conectam umas às outras por meio de anastomoses. Com o tempo, elas também vão sofrer remodelamento devido ao deslocamento do fluxo sanguíneo do retorno venoso. A veia subcardinal direita, por exemplo, vai perder sua conexão com a veia cardinal posterior direita, já que esta está se degenerando. Essa veia subcardinal direita (em azul escuro) vai, então, desenvolver uma anastomose com parte da veia vitelina direita (em verde), logo abaixo do coração, formando, assim, parte da veia cava inferior (entre fígado e rins). A veia subcardinal esquerda, por sua vez, vai involuir e regredir em sua maior parte. A parte restante, localizada mais caudalmente, vai formar as veias renais, as veias suprarrenais e as veias gonodais. Além de dar origem ao sistema subcardinal, o sistema cardinal também dá origem ao sistema supracardinal. Este sistema é formado por um par de veias supracardinais que brotam, também, a partir de veias cardinais posteriores. Esse sistema supracardinal na região abdominal é importante pois a veia supracardinal direita vai ajudar a formar o segmento da veia cava inferior logo abaixo dos rins. Já na região torácica, esse sistema supracardinal é importante para formar as veias intercostais e a veia ázigos (elas vão drenar a parte torácica do corpo do indivíduo). Outro ponto importante sobre o sistema cardinal é que as porções mais craniais das veias cardinais posteriores perdem sua conexão com o coração e degeneram. O que resta fica localizado nas regiões mais caudais, sendo que essas porçõesmais caudais das veias cardinais posteriores formam a veia ilíaca comum, a veia ilíaca interna e a externa. Além disso, a porção caudal da veia cardinal posterior direita forma parte da veia cava inferior. Resumindo: A veia cava inferior é formada, então, por 4 porções embriologicamente distintas: segmento vitelino direito da veia cava inferior da região mais próxima ao coração + segmento subcardinal da veia cava inferior logo a baixo do semento vitelino + segmento supracardinal da veia cava inferior logo abaixo do subcardinal + segmento cardinal posterior da veia cava inferior. Artérias dos arcos faríngeos Após o trato de saída, a luz do coração é contínua com uma região que chamamos de saco aórtico. Deste saco aórtico vão partir artérias da região de cabeça e pescoço do embrião que nós chamamos de artérias dos arcos faríngeos. Essas artérias dos arcos faríngeos se comunicam com as aortas dorsais direita e esquerda, sendo que estas, posteriormente, vão se unir, formando a aorta dorsal comum (ela vai ser a aorta descendente). São 5 pares de artérias dos arcos faríngeos, o 1° par, 2° par, 3° par, 4° par e o 6° par (o 5° par não chega a se desenvolver). É importante lembrar que não vão estar todos presentes simultaneamente, enquanto uns desenvolvem, outros regridem. Essas artérias dos arcos faríngeos são importantes para formar estruturas que vão vascularizar cabeça e pescoço. Essas artérias dos arcos faríngeos vão sofrer um intenso processo de remodelação para formar importantes artérias da região cranial. a) O 1° par de artérias dos arcos faríngeos vai dar origem às artérias axilares (responsável por irrigar orelha, dentes, mm. Dos olhos e face). b) O segundo par de artérias dos arcos faríngeos, por sua vez, vai dar origem às artérias estapédicas. c) O terceiro par de artéria dos arcos faríngeos vai dar origem às artérias carótidas (comuns, internas e externas), que fazem a irrigação da cabeça d) O quarto par de artéria dos arcos faríngeos vai dar origem ao arco aórtico e à parte proximal da aorta descendente, além da artéria subclávia direita e) O sexto par dos arcos faríngeos vai formar o ducto arterioso (desvia o sangue do tronco pulmonar para a aorta descendente) e também vai dar origem às artérias pulmonares D e E. Artérias vitelinas As artérias vitelinas esquerda e direita saem do saco vitelínico e fazem conexão com o corpo do embrião. Essas artérias vitelinas, ao entrar no corpo do embrião, se anastomosam com a superfície ventral da aorta dorsal comum, formando o plexo arterial vitelino. Posteriormente, essas artérias vitelinas perdem a conexão com o saco vitelino e só “sobra” a parte das artérias vitelinas que fizeram anastomose com a aorta dorsal. Essa região de anastomose das artérias vitelinas com a aorta dorsal vai formar a ramificação do TGI, ou seja, basicamente toda a vascularização arterial do TGI é derivada das artérias vitelinas. Exemplos: os ramos craniais ao diafragma vão vascularizar o esôfago, enquanto que na região do TGI, vão ser formados ramos caudais ao diafragma, como artéria celíaca, artéria mesentérica superior e artéria mesentérica inferior. Aortas dorsais Existem duas aortas dorsais, uma direita e outra esquerda. Elas vão se fundir e formar a aorta dorsal comum/única. Desta aorta vão partir inúmeros ramos na região torácica, na região cranial e na região mais caudal, que vão ser importantes para formar a vascularização arterial que parte da aorta. Exemplos: os ramos cervicais dessa aorta dorsal comum vão formar as artérias vertebrais; os ramos torácicos dessa aorta dorsal comum vão formar as artérias intercostais; e os ramos lombares e sacrais vão formar as artérias lombares e sacrais. Estes ramos fazem a vascularização do tubo neural, epímeros, hipômeros e pele. Por exemplo, brotamentos laterais da aorda dorsal comum (aorta descendente) vão vascularizar as glandulas adrenais, as gônadas, os rins, a parede e alguns membros do corpo, entre outros. Artérias umbilicais As porções proximais das artérias umbilicais vão formar parte das artérias ilíacas e das artérias vesicais superiores (que participam da vascularização da bexiga) Circulação fetal Sangue oxigenado vem da placenta, entra no embrião pela veia umbilical esquerda, uma vez que a direita degenerou, vai para o ducto venoso, já que essa veia umbilical esquerda se anastomosa com o ducto venoso. Este, por sua vez, leva a maior parte desse sangue oxigenado direto para a veia cava inferior e desta vai para o átrio direito (AD). Lembrando que durante o período fetal o coração possui forame oval, esse sangue que chega no átrio direito vai passar por esse forame e vai para o átrio esquerdo (AE). Do AE esse sangue vai para o ventrículo esquerdo (VE). Deste ventrículo esse sangue sai pela aorta para a circulação sistêmica. Entretanto, uma pequena parte desse sangue oxigenado passa do átrio direito para o ventrículo direito. O sangue que chega no ventrículo direito vai para a circulação pulmonar (porém, durante o período fetal, os pulmões estão pouco desenvolvidos, os alvéolos estão colapsados e a vascularização é pouco desenvolvida, então a resistência pulmonar é muito alta e não acontece trocas gasosas), só que antes de ir para os pulmões, existe um ducto arterioso que desvia a maior parte desse sangue para circulação sistêmica. Da circulação sistêmica, o sangue volta para a placenta por meio das artérias umbilicais. ***OBS.: Então o ducto venoso, o forame oval e o ducto arterioso são estruturas vasculares extremamente importantes para a circulação fetal, já que eles vão garantir que a maior parte do sangue oxigenado tenha prioridade para cair na circulação sistêmica, permitindo que chegue uma maior quantidade de sangue oxigenado e de nutrientes para o desenvolvimento do feto. Ao nascimento: Quando o indivíduo nasce, ele começa a respirar, os alvéolos, então, se enchem de oxigênio, ocorre uma dilatação dos vasos sanguíneos na região pulmonar e a resistência vascular diminui. Além disso, como agora o indivíduo tem que realizar trocas gasosas, a prioridade passa a ser a circulação pulmonar, fazendo com que o fluxo pulmonar aumente e ocorra o estabelecimento da circulação pulmonar. Com esse estabelecimento da circulação pulmonar, a pressão no AE aumenta e no AD diminui, o que causa o fechamento do forame oval (acontece até os 3 meses após o nascimento). Outra coisa que também acontece é a obstrução do ducto arterioso (de 3 a 4 dias). Esta obstrução tem que acontecer rapidamente porque caso isso não aconteça, o sangue que deveria ir para o pulmão vai ser desviado para a aorta, impedindo que as trocas gasosas ocorram corretamente no pulmão. Além disso, há ausência da circulação placentária, já que o bebê já nasceu, o que causa obstrução do ducto venoso, já que não há sangue vindo da placenta mais. As três estruturas que eram importantes para o desenvolvimento fetal são obstruídas após o nascimento: ➔ O ducto venoso, após o nascimento, vai formar o ligamento venoso. ➔ A região onde tinha o forame oval vai formar a fossa oval. ➔ O ducto arterioso vai formar o ligamento arterioso Obs.: ligamento redondo do fígado é um resquício da veia umbilical, ligamento venoso é resquício do ducto venoso e a fossa oval é resquício do forame oval. Após nascimento: pulmão → AE → VE → circulação sistêmica → AD → VD → pulmão → AE
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