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Princípios da Cosmetologia
Aula 6: Nomenclatura das matérias-primas cosméticas
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Apresentação
Nas últimas aulas, estudamos a legislação que regulamenta os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes (HPPC) no Brasil segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é o órgão responsável por regulamentar e fiscalizar este segmento de atividades no país. Nesta aula, abordaremos outro assunto importante: a nomenclatura das matérias-primas que compõem as formulações cosméticas.
Objetivos
· Conhecer a legislação referente à nomenclatura das matérias-primas que constituem as formulações cosméticas;
· Esclarecer o funcionamento do sistema de nomenclatura de matérias-primas de uso cosmético.
 Sistemas de nomenclatura
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Fonte: Shutterstock
Existem mais de 16 mil ingredientes ou matérias-primas que são utilizados na fabricação de produtos cosméticos. Muitos deles, além de possuírem mais de uma denominação química, podem conter também diversos nomes comerciais, além de funcionalidades diferentes.
A química descreve e identifica as substâncias por meio de suas fórmulas químicas. Porém, para uma mesma fórmula, pode haver denominações diferentes e – ainda assim – corretas para designar a mesma substância. Isso depende, na verdade, de características e propriedades físico-químicas da molécula.
a) Cloreto de cetilpiridínio
Observe o que acontece com este componente bastante utilizado tanto na indústria cosmética quanto na farmacêutica. Ele possui diversas funções; entre elas, três finalidades podem ser destacadas:
Antisséptico
Substância química que impede ou evita a contaminação e proliferação microbiológica, contendo o processo infeccioso.
Conservante
Substância adicionada a um determinado produto com a finalidade de aumentar o tempo de vida útil e a estabilidade do produto, evitando a proliferação microbiana.
Tensoativo catiônico
Reduz a tensão superficial entre os líquidos.
Além de apresentar funções diferentes, o cloreto de cetilpiridínio também possui uma série de denominações químicas e comerciais diferentes. De acordo com a International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), órgão internacional responsável pela nomenclatura das substâncias químicas, sua estrutura química é a seguinte:
· Fórmula estrutural: C21H38NCl;
· IUPAC: N-hexadecylpyridinium chloride;
· INCI: Cetylpyridinium chloride;
O cloreto de cetilpiridínio também possui outras denominações:
· Cloreto de cetiltrimetilamônio;
· Cloreto de 1-cetiltrimetilamônio;
· Cloreto de cetrimônio;
· Cloreto de hexadecilpiridínio;
· Cloreto de 1-hexadecilpiridínio
· Quaternário de amônio (trata-se de uma definição mais genérica).
Atenção
Além da denominação internacional padronizada pela IUPAC e pelas demais nomenclaturas químicas, os ingredientes cosméticos ainda são conhecidos pelos nomes comerciais dos produtos que os contêm.
 
As indústrias químicas fabricantes ou as distribuidoras de matérias-primas apresentam nomes comerciais próprios para a criação das suas marcas e a fidelização dos seus clientes. Isso, no entanto, também gera uma grande confusão para o consumidor.
Exemplo
Eis os nomes comerciais do cloreto de cetilpiridínio: Dehyquart a (da marca Basf), Hesterquat 16 (Hester), Aetty Ct-50 (Capuani), Quatercap C1650 (Brasil) e Ammonyx Cetac (Stepan).
Para ilustrar ainda melhor essa questão referente à diversidade de denominações das substâncias químicas, observemos mais dois exemplos.
b) Propilenoglicol
Trata-se de uma substância química muito utilizada em preparações farmacêuticas e cosméticas. É um composto orgânico incolor, viscoso, hidrofílico e com excelentes propriedades umectantes em função de sua alta higroscopicidade. Ele apresenta a seguinte fórmula química e estrutural:
· Fórmula estrutural: C21H38NCl;
· IUPAC: N-hexadecylpyridinium chloride;
· INCI: Cetylpyridinium chloride;
Esta substância também pode ser encontrada com as seguintes denominações:
· α-propilenoglicol;
· 1,2 propanodiol;
· 1,2 dihidroxipropano;
· Metil-etil glicol;
· Metilenoglicol.
Atenção
O propilenoglicol ainda contém os seguintes nomes comerciais: Sirlene e Dowfrost, ambos da
empresa Dow.
c) Acetato de tocoferol
Vitamina lipossolúvel, esta substância tem como principal função uma importante atividade antioxidante.
O acetato de tocoferol também é conhecido como:
· α-tocoferol;
· α-acetato de tocoferol;
· Tocoferil;
· Vitamina E;
· Acetato de vitamina E.
A estrutura química do acetato de tocoferol está representada a seguir:
· Fórmula estrutural: C31H52O3;
· IUPAC: (2R)-2,5,7,8-tetramethyl-2-[(4R,8R)-4,8,12-trimethyltridecyl]-3,4-dihydrochromen-6-yl acetate;
· INCI: Tocopheryl acetate.
 INCI
Pense bem: se a diversidade de informações apresentada nesta aula existe em um só ingrediente, imagine em 16 mil deles?
Diante dessas questões, a Anvisa viu-se na obrigação de adotar um sistema de nomenclatura que padronizasse as informações e mantivesse o Brasil em consonância com o Mercosul e a Comissão Europeia.
Em 2005, a agência, então, cita pela primeira vez o International Nomenclature of Cosmetic Ingredient (INCI) como o sistema oficial para a rotulagem das preparações cosméticas comercializadas no país. Essa menção é feita na RDC nº 211/2005 (já revogada pela RDC nº 07/2015, que, como vimos nas aulas anteriores, é a resolução atualmente em vigor).
Mas o que é o INCI?
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O INCI é um sistema internacional de codificação de nomenclatura de ingredientes cosméticos. Reconhecido e adotado mundialmente, ele tem a finalidade de padronizar a descrição dos ingredientes na rotulagem de produtos cosméticos. Representado pela Food and Drug Administration (FDA), pela Comissão Europeia e pelos ministérios da saúde do Canadá e do Japão, um comitê internacional é responsável pelo sistema e por suas nomenclaturas.
Quais as vantagens do emprego da INCI?
	CONSUMIDOR
	Permite que o consumidor identifique, de forma mais clara, os ingredientes de uma formulação em qualquer lugar do mundo. Além disso, devido à grande diversidade de sinônimos relacionados a um único ingrediente, os erros de interpretação na leitura de componentes podem ser minimizados.
	VIGILÂNCIA SANITÁRIA
	A adoção desta nomenclatura possibilitará uma maior agilidade na identificação dos ingredientes dos produtos cosméticos de forma clara, correta e precisa.
	COMUNIDADE CIENTÍFICA
	A utilização de uma nomenclatura padronizada torna mais fácil o trabalho de profissionais como médicos e farmacêuticos no aconselhamento dos consumidores, além de garantir a atualização mais dinâmica do conhecimento científico.
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Para maiores informações sobre o INCI e sua utilização no Brasil, a Anvisa criou uma nota técnica para esclarecer dúvidas e regularizar o uso do sistema, já que não existe uma legislação específica para a sua regulamentação.
Leitura
Conheça mais sobre a nota técnica da Anvisa sobre o INCI.
· É preciso esclarecer que a adoção do INCI tem o objetivo de tornar a identificação dos componentes das formulações cosméticas clara, precisa e imediata em qualquer parte do mundo – além de, principalmente, resguardar e proteger a saúde da população.
· Quando ele foi adotado pela Anvisa em 2005, surgiram muitos questionamentos da população e dos consumidores, assim como de empresas fabricantes, importadoras e distribuidoras de HPPC, sobre a utilização da língua inglesa nos rótulos dos produtos cosméticos.
· Mas é preciso ressaltar que a adoção desse tipo de linguagem e nomenclatura não é exclusiva dos produtos cosméticos.
Exemplo
· O Codex Alimentarius serve como padronização para os aditivos alimentares;
· O Index Color, para os corantes;
· A Nomenclatura Linné, para as substâncias de origem vegetal.
Dessa forma, a adoção do INCI para os produtos cosméticos não se trata da simples utilização do idioma inglês nos rótulos dos produtos, mas sim de uma nomenclatura internacional para padronizar a descrição dos ingredientes cosméticos. São adotadas neles regras internacionais específicas, garantindo,assim, uma maior segurança nas informações dados a seu consumidor.
Exemplo
Para compreender melhor essa necessidade de padronização, vejamos este caso:
 
Uma indústria brasileira de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes exporta seus produtos para toda a América Latina. Nesse caso, ela teria de ter pelo menos dois rótulos diferentes, um em português e outro em espanhol.
 
Imagine uma grande multinacional com parque fabril no Brasil a exportar os seus itens para o mundo todo?
 
Já imaginou se, para cada produto e país diferente, ela precisasse de um rótulo diferente?
 
Além disso, seria comum o consumidor se deparar com os mesmos produtos e rótulos diferentes em mais de um idioma, o que só geraria dúvidas e confusão.
Outra confusão muito comum é o fato de muitos acharem que a nomenclatura dos produtos está no idioma inglês. Não é bem isso o que acontece. O INCI não usa um idioma específico, e sim uma nomenclatura padronizada.
Exemplo
Países que não tem o inglês como idioma oficial, como Brasil, Argentina, Uruguai, Portugal, Espanha, Holanda e França, já adotam o INCI.
 
Ainda assim, nações de língua inglesa, como Inglaterra e Estados Unidos, também precisaram se adaptar às novas regras, já que a nomenclatura anteriormente usada por eles não correspondia exatamente à do INCI.
O que precisa ficar claro para todos, portanto, é que o INCI não se trata de uma simples tradução de nomenclatura, mas de uma forma padronizada de se descrever as substâncias químicas.
Exemplo
Vamos observar agora o caso do Quaternium-82, uma denominação química mais complexa para o nome de um ingrediente cosmético muito utilizado na composição de diversos produtos. Trata-se de um sal de quaternário de amônio comumente usado como agente antiestético em preparações capilares, como é o caso dos condicionadores.
 
Além dos nomes comerciais Amonyl DM e Stepanquat ML, o Quaternium-82 pode apresentar as seguintes nomenclaturas:
 
· Sulfato de [2-[bis(2-hidroxipropil)amino]etil]bis(2- hidroxipropil)(metil) amonio e metilo, dioleato (éster);
· Dioleato de sulfato de [2-[bis(2- hidroxipropil)amino]etil]bis(2-hidroxipropil)(metil)amônio e metil;
· [2-[bis(2- hydroxypropyl)amino]ethyl]bis(2-hydroxypropyl)(methyl)ammonium methyl sulphate, dioleate (ester).
 
A partir da adoção do INCI, ele passa a ser descrito e representado nos rótulos dos produtos cosméticos apenas como Quaternium-82.
Se essa escolha se desse pela simples tradução da nomenclatura, sua descrição não seria Quaternium-82, e sim o nome completo do produto traduzido para o inglês.
 Atividade
1. Defina, com suas palavras, o que é o INCI.
Gabarito sugerido
2. Qual legislação regulamenta a utilização do INCI no Brasil?
Gabarito sugerido
3. Cite duas vantagens do emprego da INCI.
Gabarito sugerido
Referências
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Créditos
Redator: Bernardo Monteiro
Designer Instrucional: Daniele Pires
Web Designer: Rodrigo Quintela
Administrador do LMS: Rostan Luiz