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PROJETO INTEGRADOR: OFICINA DE CONSTRUÇÕES INTEGRADAS AO MEIO AMBIENTE BARDAVIRA, Soraya Macario.1 PEREIRA, Allan Miranda.2 1. RESUMO Sustentabilidade é um assunto que vem e tornando recorrente no dia-a-dia , pois é muito importante que haja mudanças nos hábitos e na consciência de todos, e na construção civil e esse trabalho isso não é diferente, pois vemos tópicos importantes para a discussão do tema, explicando as inovações e novas formas de lidar com esses materiais que vem sendo mal destinados. 2. INTRODUÇÃO A indústria brasileira da construção assume cada vez mais sua importância no contexto mundial e nos dias de hoje, o Brasil ocupa a quarta posição do mundo, em número de empreendimentos com certificados de sustentabilidade. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promove-se uma verdadeira inovação nos canteiros de obra com a contratação de profissionais do sexo feminino e com a geração de empregos com níveis cada vez maiores de qualificação, o que muda para sempre o perfil de todos os profissionais. Devido a sua grande importância, a construção civil e seus profissionais precisam se adequar às mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais, fonte da matéria-prima do setor, exige-se novas formas de organização empresarial e política. O modelo a ser buscado é o do desenvolvimento humano, da inovação tecnológica e do uso e reúso equilibrado de recursos disponíveis. Para essa transformação, é preciso que haja mudanças em termos de regulamentação, mercado, de produtos e insumos, mensuração de lucros e perdas e que se torna realidade à medida que se passa a encarar os desafios da cadeia produtiva da construção não mais sob uma lógica de custos, mas de oportunidades. 1 Docente no Centro Universitário ENIAC. Email: 241752020@eniac.edu.br 2 Discente no Centro Universitário ENIAC. Email: allan.miranda@eniac.edu.br Atualidade, para o setor, os resíduos da construção civil (RCC) representam um desses grandes desafios e o seu gerenciamento durante a produção das edificações promove nos canteiros de obra uma realidade vinculada ao modelo de gestão de cada empresa construtora. É necessário que haja uma ampliação do entendimento de gestão empresarial e uni-lo aos conceitos de gestão ambiental, além um novo modelo para o gerenciamento dos canteiros de obra que seja capaz de viabilizar o gerenciamento de RCC e contribuir, de maneira produtiva, para o grave problema de administração de resíduos sólidos nas cidades brasileiras. A partir da relevância do tema no cenário brasileiro dos RCC e dos resíduos em geral, a Lei 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos que dispõe sobre princípios, objetivos e instrumentos envolvendo as responsabilidades dos geradores de resíduos e do poder público, bem como diretrizes para a gestão integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos no país. Buscam-se ações voltadas à soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável. É preciso então atuar dentro dessa realidade que atualmente é muito ruim, sob a ótica ambiental, tanto em relação à empresa como em seus canteiros de obra, e promover mudanças a partir do alcance possível de cada empresa; já não há tempo para aguardar saltos qualitativos a partir de um número cada vez mais expressivo de empreendimentos em execução o e a executar em um mercado aquecido e acelerado. Torna-se necessário e urgente buscar soluções e investir, com velocidades diferentes em cada empresa, mas sempre visando o futuro para esse segmento: empreendimentos com certificado de sustentabilidade. 3. OBJETIVO - Realizar um estudo de construções civis e seus impactos ambientais. Auditoria, normatização e certificações – Apresentação das técnicas para auditoria, normas e certificações; Gestão Ambiental e Tratamento de Resíduos – Apresenta as técnicas de gerenciamento no tratamento de resíduos; Organização do Trabalho na Construção Civil – Organização de produção, enxuta e econômica; - Segurança do Trabalho e Ergonomia – Apresentação das normas vigentes de segurança do trabalho; 4. METODOLOGIA -Pesquisa na bibliografia referente ao assunto; -Análise da dados 5. DESENVOLVIMENTO 5.1 Resíduos Sólidos Resíduo, do latim residuu, que significa aquilo que sobra de qualquer substância, entrou para o jargão dos sanitaristas na década de 1960, em substituição ao desgastado termo lixo. O substantivo resíduo, tão logo passou a fazer parte do linguajar técnico, foi seguido do adjetivo sólido, a fim de diferenciar os resíduos sólidos dos restos líquidos lançados com os esgotos sanitários, como das emissões gasosas das chaminés. Segundo a NBR 10004 (ABNT, 200 4), os resíduos sólidos são definidos como: “Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de ativ idades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível” Para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), entende-se por resíduos sólidos: “Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se pro põe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente in viáveis em face da melhor tecnologia disponível”. Resíduos representam ineficiência produtiva, custos financeiros e riscos à saúde e a o meio ambiente, portanto a redução se configura em maior segurança, maior eficiência e melhor saúde ambiental e financeira e a não geração no estado ótimo de produção, sem desperdício. Para entender resíduos, o conjunto de normas técnicas da ABNT NBR 10004 /10005/10006/10007 se constitui em uma ferramenta fundamental. A NBR 10004 classifica os resíduos em dois grandes grupos: os perigosos e os não perigosos, sendo que estes últimos ainda subdividem‐se em inertes e não inertes. As a mostras de resíduos sólidos se caracterizam pela heterogeneidade e a amostragem correta visa minimizar este aspecto. Conhecer o tipo de resíduo gerado em um determinado processo é fundamental para adoção de estratégias de não geração e de redução. As estratégias de minimização referem-se fundamentalmente à redução, ao reúso (uso sem processamento) e à reciclagem (uso após algum tipo de tratamento), ou seja, relaciona-se aos populares 3Rs. A redução deve ser preferencialmente a dotada antes das demais. Os resíduos sólidos são classificados pela PNRS (BRASIL, 2010) quanto à origem e à periculosidade. Quanto à origem os resíduos sólidos podem ser classificados como: a)domiciliares, b)de limpeza urbana, c)sólidos urbanos (os englobados por “a” e “b”), d)de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços (exceto os referidos em “b”, “e”, “g” , “h” e “j”), e) dos serviços públicos de saneamento básico (exceto os referidos em “c”), f )industriais, g)serviços de saúde, h)da construção civil, i)agrossilvopastoris, j)de serviços de transportes e k)de mineração. Quanto à periculosidade classificam-se como: a)perigosos: aqueles que,em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica e b) não perigosos: aqueles não enquadrados em “a”. A PNRS (BRASIL, 2010) considera ainda que resíduos da construção civil são aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. Relata Viana (2010) que para os da Construção Civil (RCC) e les obedecem primeiro à classificação de resíduos só lidos, suas normativas e trato, cuidados e destinação e depois, mais especificamente, suas próprias normativas. 5.2 Legislação O Brasil, até 2002, não contava com políticas públicas para gestão dos resíduos gerados pelo setor da construção civil e o fato de esses resíduos serem compostos de vários materiais com suas respectivas propriedades e características tornava inviável sua generalização como material. Em 2002 , diante de um contexto ambiental, econômico e social que exigia regulamentação para o setor, a Resolução n º 307/2002 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2002) foi o ponto de partida para a legislação de RCC no Brasil. Para isso, “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos par a gestão dos resíduos da construção civil. E também definindo o que é resíduos da construção civil: “São os provenientes de construções, reformas , reparos e demolições de obra de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos tais como: tijolos , blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e com pensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comum ente chamados de entulhos de obra, caliça ou metralha”. Para a classificação dos RCC a Resolução n º 307/2002 do CONAMA em seu artigo 3º estabelece quatro classes de resíduos e a Resolução nº 448/2012 do CONAMA, que altera a n º 307/2002, estabelece em seu artigo 10º a destinação dos resíduos de construção civil após triagem. O Quadro 1 mostra as classificações e destinações de RCC. Quadro 1 – Classes de RCC e destinação por classe segundo a Resolução CONAMA 30 7/2002 alterada pelas resoluções CONAMA 348/2 004, 431/2011 e 448/2012. Fonte: CONAMA, MMA (2013) Na Resolução 448/201 2 do CONAMA define -se no artigo 4º que “os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. Em seu parágrafo primeiro fica estabelecido que “os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de “bota fora", em encostas, corpos d 'água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei”. Em seu artigo 6º a Resolução 448/2012 do CONAMA estabelece que deverão constar do Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil “as diretrizes técnicas e procedimentos [...] para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores”. Em seu artigo 8º estabelece que “os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e a destinação ambientalmente adequados dos resíduos”. A Resolução 448/2012 do CONAMA substituiu o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PIGRCC) pelo Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC), com data para elaboração pelos municípios até janeiro de 2013. Com prazos descumpridos mais uma vez, continuam as Prefeituras com a responsabilidade para resolver o planejamento e a administração da grande geração e deposição irregular de RCC n as cidades brasileiras e, para os geradores, de cumprir sua responsabilidade e assumir seu papel quanto ao gerenciamento de RCC. A Resolução 448/2012 do CONAMA dá ênfase à necessidade de triagem dos RCC para destinação conforme sua classe, aos procedimentos necessários para manejo e destinação ambientalmente adequados desses resíduos e define área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT). ATT é a área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando normas operacionais específicas, de modo a evitar da nos ou riscos à saúde pública e à segurança e para minimizar os impactos ambientais adversos. Ainda pela Resolução 4 48/2012 do CONAMA resíduos têm destinação por Classe e, especificamente os de Classe B deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados às áreas de armazenamento temporário, de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Para a NBR 15 113 (ABNT, 20 04) não se recomenda a deposição de resíduos de gesso (Classe B) em aterro sanitário ou de RCC. Mesmo com essas recomendações, riscos para o meio ambiente e a saúde pública continuam ocorrendo em função de deposição irregular. Dado o montante de resíduo de gesso e o impacto por ele gerado, é importante considerar que o gesso é solúvel em água e pode contaminar os mananciais e o sub solo. Assim a disposição de gesso em aterro sanitário não é prática recomendada, exceto quando enclausurado e sem contato com matéria orgânica e água. 5.3 Perda de materiais Os Resíduos da Construção Civil (RCC) gerados em canteiros de obra e acondicionados em caçambas, coletados por empresas transportadoras de entulho e destinados a áreas definidas pelo poder público, atravessam as distâncias entre as áreas de recebimento e os centros urbanos acompanhados pela falta de conscientização dos impactos causados ao meio ambiente. Associam-se a esse fator a falta e a dificuldade de fiscalização que potencializa a clandestinidade e, quando os resíduos são dispostos irregularmente, o poder público se encarrega de coletá-los e enviá-los às áreas licencia das. Mas a disposição clandestina coloca em risco a saúde do cidadão, de grada a paisagem urbana, compromete a drenagem urbana e a estabilidade das encostas. Por essas razões, é no processo de produção do edifício, na origem do problema com características peculiares que a geração de resíduos deve ser enfrentada. Demonstrado pelo nível de perdas e desperdícios e pela cultura vigente no setor, é comum encontrar-se em canteiros de obra de uma mesma cidade empresas que se preocupam e outras que não se preocupam com seu gerenciamento de RCC, seu destino, tampouco com sua não geração e/ou redução. Como consequência, também não priorizam a implantação de melhorias e inovações tecnológicas simples nos seus canteiros, que podem vir a contribuir com esse gerenciamento e, consequentemente, com o controle de perdas e desperdícios desse tipo de resíduo. As perdas podem ser classificadas de acordo com a possibilidade de serem controladas e conforme sua natureza, como demonstra o Quadro 2. Quadro 3 – Classificação das perdas Fonte: MIRANDA (2014) O Quadro 3 apresenta um estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil em que se identificam os principais materiais utilizados e respectivos resíduos gerados. Quadro 3 – Estudo de entradas e saídas da indústria da construção civil Entradas Processo Saídas Máquinas e implementos, madeira, telha, prego, cimento, areia, brita, arame galvanizado, água, energia elétrica.1. Serviços iniciais Aterro, aparas de madeira, restos de tijolos, restos de arame, pregos, embalagens de papelão, serragem, ruído e vibrações Energia elétrica, água, brita, cimento, areia, aço, arame recozido, madeira, pregos 2. Infraestrutura Água residuária, restos de arame e aço, pó, terra aparas de madeira, embalagens de papelão e serragem, vibrações e ruído Energia elétrica, água, madeira, pregos, papelão, escora metálica, cimento, areia, brita, arame recozido, aço. 3. Superestrutura Água residuária, restos de arame e aço, pó serragem, aparas de madeira, embalagens de papelão vibrações de ruído Cimento, areia, impermeabilizante, tinta, carboplástico, mástique asfáltico, água e e energia elétrica 4. Impermeabilização Água residuária, embalagens plásticas e de papelão, resíduos químicos (argamassa), vibrações e ruído Água, energia elétrica, cimento, cal, tijolo 5. Alvenaria Água residuária, restos de tijolos, embalagens plásticas e de papelão e ruído Energia elétrica, madeira, pregos, estruturas metálicas, telhas e parafusos 6. Cobertura Aparas de madeira, restos de tijolos, serragem, aparas metálicas e ruido Cimento, areia, cal, água, energia elétrica e azulejos 7. Revestimento Água residuária, restos de azulejos, embalagens plásticas e papelão e ruído Água, energia elétrica, madeira, parafusos, pregos, cimento, cal, areia e ferro 8. Esquadrias Água residuária, aparas de madeira, limalhas de ferro e ruído Canalizações elétricas e fios 9. Instalações Elétricas Aparas de canalizações e aparas de fios Água energia elétrica, areia, cimento, tijolo, brita, madeira, pregos, aço, arame recozido, pasta lubrificante, adesivo para PVC, tubo de PVC, massa calefação. 10. Instalações Hidrossanitárias Embalagens plásticas e de papelão, pó, resíduos de argamassa, água residuária Brita, cimento, areia, cal, água energia elétrica, cerâmica 11. Revestimento de pisos Água residuária, restos de cerâmica e madeira, embalagens plásticas e de papelão, sobra de padras naturais, pó de madeira, resíduos de cola em embalagens e ruído Vidro, cal, gesso e água 12. Vidros Água residuária, resíduos e argamassa, embalagens plásticas e aparas e cacos de vidro Massa corrida tinta látex selado de base látex, tinta acrílica, tinta a óleo, solvente, água, verniz e grafiatto 13. Pintura Água residuária, embalagens plásticas e de papelão, vasilhames plásticos e de metal, gases, pó, embalagens de metal Cimento, areia, brita, aço, água, energia elétrica, arame, madeira, prego, cal, tijolo 14.Serviços externos Água residuária, embalagens plásticas e de papelão, aparas de arame, resíduos de tijolos, aparas de madeira, serragem e ruído Água, produtos químicos, sabão em pó, detergentes 15. Serviços finais de acabamento Embalagens plásticas e de papelão, sobra de estopas Água, plantas ornamentais, terra preta, seixos rolantes 16. Paisagismo e jardinagem Terra preta, restos de planta Fonte: MIRANDA (2014) Comumente o conceito de perdas relaciona-se ao desperdício de materiais, porém é necessário entender que as perdas estendem-se além deste conceito e qualquer ineficiência no processo deve ser considerada como perdas: da ocorrência de desperdícios de materiais quanto à execução de tarefas desnecessárias, gerando custos adicionais sem agregar valor, até a falta de planejamento e gerenciamento adequados. O esforço para melhoria do desempenho na construção civil deve considerar o conceito mais amplo de perdas, isto é, visa à minimização do dispêndio de quaisquer recursos que não agregam valor ao produto, sejam eles vinculados às atividades de conversão ou fluxo, porém são os desperdícios que resultam em volume de resíduos. Em qualquer processo, devido à variabilidade natural, é inevitável que ocorra certo volume de perdas e a fração das perdas que excede a este limite mínimo característico da tecnologia é considerada desperdício. 5.3 Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil (GRCC) O Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001 determina novas e importantes diretrizes para o desenvolvimento sustentável dos aglomerados urbanos no País. O documento prevê a necessidade de proteção e preservação do meio ambiente natural e construído, com uma justa distribuição dos benefícios e os ônus decorrentes da urbanização, exigindo que os municípios adotem políticas setoriais articuladas e sintonizadas com o seu Plano Diretor. Uma dessas políticas setoriais que pode ser destacada é a que trata da gestão dos resíduos sólidos, nos quais se enquadram os resíduos da construção civil. Por proteção e preservação do meio ambiente entende-se toda e qualquer atividade que não altere as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. O conceito de gerenciamento refere-se aos aspectos tecnológicos e operacionais e envolve fatores administrativos, econômicos, ambientais de desempenho, como a produtividade e a qualidade. É a realização do que a gestão delibera, por meio da ação administrativa de planejamento e controle de todas as etapas do processo, na qual a gestão pode ser definida com a atividade relacionada à tomada de decisões estratégicas e à organização do setor para uma determinada finalidade, envolvendo instituições, políticas, instrumentos e meios. Modelos de gestão ambiental voltados para as organizações como a Produção Mais Limpa, também conhecida pela sigla P+L, significam a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos, produtos e serviços a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia e reduzir os riscos para os homens e o meio ambiente. É, antes de tudo, uma ação econômica porque baseia-se no fato de que qualquer resíduo de qualquer sistema produtivo só pode ser proveniente das matérias-primas ou insumos de produção utilizadas no processo. Todos os resíduos ontem eram matéria-prima e foram comprados e pagos como tais. Desta forma, analisando-se unicamente o custo econômico que envolve RCC, estaria justificado o investimento em gerenciamento de RCC pelos grandes e pequenos geradores e a gestão pela municipalidade, isso sem ainda contabilizar o dano ambiental, social e de saúde pública. No Brasil as estimativas para geração de RCC variam entre 230 kg/hab/ano e 760 kg/hab/ano e para mediana na amostra pesquisada cerca de 510 kg/hab/ano. Coletivamente o setor da construção é responsável por um terço do consumo de recursos naturais, incluindo 12% de todo o uso de água doce e pela produção de até 40% de resíduos sólidos ou resíduos da construção civil (RCC), aproximadamente 90% desses RCC são potencialmente recicláveis quando segregados na fonte geradora, prática ainda pouco usada nesse segmento. Portanto, em média, 40% dos resíduos produzidos nas cidades brasileiras são provenientes da construção civil e apenas 10% desse total são reaproveitados. Para a parcela de 25% dos grandes geradores, as empresas construtoras em geral, o gerenciamento de RCC já é considerado parte integrante de qualquer processo que vise qualidade, produtividade e redução de custos para as empresas, a partir de seus empreendimentos. Quando fala -se na melhoria da qualidade para o setor da construção civil, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) visa apoiar o esforço brasileiro de modernização do setor no aumento da qualidade e produtividade e redução de custos na construção habitacional. O Programa trabalha para articular os vários segmentos s da cadeia produtiva:desde a indústria de materiais à s empresas construtoras, bem como outras instâncias governamentais, os agentes financiadores e promotores, entre outros. Para as empresas é a oportunidade de aumentar sua competitividade por meio da redução de desperdícios, melhor formação dos profissionais, acesso a projetos, materiais e componentes de melhor qualidade e adequação às normas técnicas. A base do Programa tem início na implantação de um sistema evolutivo de qualidade, o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obra da Construção Civil– SiAC, que tem por objetivo fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e mecanismos de melhoria da qualidade de projetos e obra. As estratégias das empresas na direção desta qualidade para o setor têm-se dado através de dois caminhos: primeiro através da implantação de programas de gestão de qualidade e posterior certificação, pelas normas da série ISO 9000, e segundo, através da implantação de programas de racionalização construtiva. Racionalização construtiva é um processo que abarca o conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros, disponíveis na construção em todas as suas fases. Ao incorporar-se princípios de racionalização construtiva e construtibilidade de projetos, destaca-se a necessidade de se reformular como os projetos vêm sendo conduzidos, ou seja, gerenciados. A primeira experiência com gerenciamento de RCC em canteiros de obra tem seu marco no pioneirismo do Programa de Gestão Ambienta l de Resíduos em Canteiros de Obra em São Paulo, experiência essa divulgada em forma de Manual e intitulada Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil: A Experiência do SindusCon-SP. Implantada em um grupo-piloto de onze construtoras, a metodologia do Programa Obra Limpa contou com a assessoria técnica das empresas, Informações e Técnicas (I&T) e Obra Limpa Comércio e Serviços Ltda, e foi iniciada pelo grupo -piloto de construtoras em janeiro de 2003 e concluída em agosto de 2004. Como vantagens identificadas após a implantação do Programa foram observadas melhorias na organização da obra, conscientização ambiental, redução de custos, melhoria na administração dos resíduos, adequação à legislação e melhoria na imagem institucional da construtora As dificuldade s relatadas em SindusCon/SP para implantação desse gerenciamento no grupo -piloto foram: baixo com prometimento da direção de algumas obras (engenheiros), dificuldade na articulação com produtores e aplicadores de insumos, presença de empresas de transporte não licenciadas no Departamento de Limpeza Urbana d a Pref eitura de São Paulo, carência de áreas de reciclagem (ARs) e ATTs, ausência de legislação de fiscalização e penalidade, pelo não cumprimento da Resolu ção 307/2002 do CONAMA. A avaliação final pelo SindusCon /SP demonstrou ser positiva a iniciativa e ressaltou a necessidade da continuidade de ações junto aos órgãos municipais na definição dos Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, programas estes que possibilitam a implantação das ATTs e dos Aterros da Construção Civil, se ja pela elaboração das legislações pertinentes ou pelo incentivo a novos negócios, como a reciclagem dos resíduos. Hoje essa iniciativa serve como referência para que a implantação da gestão ambiental de resíduos da construção civil nos canteiros de obras, assim denominada no resultado do grupo-piloto em 2005, possa tornar-se realidade. A solução passa pela efetiva participação da cadeia produtiva e envolve construtoras, incorporadoras, projetistas, transportadores, ATTs, aterros, recicladoras, fabricantes, órgãos públicos e entidades de pesquisa. A iniciativa do SindusCon/SP em 2005 promoveu a elaboração de outros manuais voltados à implementação de PGRCC pelos SindusCon`s, como os de Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Sergipe, Pernambuco, bem como por instituições, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas (SEB RAE), Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA), Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, entre outras iniciativas no Brasil. A principal dificuldade a pontada pelas empresas para implantar gestão de RCC é sensibilizar a mão de obra no que se refere à segregação desses resíduos. Treinamento com educação ambiental e programas de alfabetização no próprio canteiro são iniciativas que visam atender essa questão, mas destacar como fundamental a participação ativa desses trabalhadores nas mudanças pretendidas em seus canteiros de obra talvez seja o maior desafio das empresas. Surge assim mais um desafio para o gerenciamento de RCC: capacitar trabalhadores tradicionais da construção civil para esse novo processo dentro de uma realidade de alta rotatividade e baixa qualificação da mão de obra, historicamente conhecida. O mesmo autor afirma que práticas estão sendo incorporadas em algumas empresas, como a redução da espessura de revestimento; controle do transporte e armazenamento de materiais; uso de placas de gesso acartonado sem argamassa; uso de peças metálicas pré-acabadas e moldadas conforme projeto e montadas no local, com pouca geração de resíduos e construções modulares em geral. São as implementações possíveis dentro de um processo complexo e que ainda demandará tempo para os ajustes necessários quanto ao gerenciamento de RCC, em cada empresa. 5.4 Construção Sustentável A sustentabilidade na Construção não encerra seu foco apenas nas empresas construtoras; os impactos provocados pelo setor têm início antes mesmo da produção de qualquer material. Têm início desde a extração de matérias-primas e se estendem até o fim da vida útil do empreendimento, dos produtos construídos. Cadeia Produtiva da Construção envolve todos os elos desse complexo produtivo e é composta (i) pelas construtoras, incorporadoras e prestadoras de serviços auxiliares da construção, que realizam obras e edificações; (ii) por vários segmentos da indústria, os que produzem materiais de construção; (iii) por segmentos do comércio varejista e atacadista; e (iv) por várias atividades de prestação de serviços, tais como serviços técnico-profissionais, financeiros e seguros. A indústria da Construção Civil é o núcleo dentro da cadeia produtiva. Isso ocorre não só pela sua elevada participação no valor da produção e do emprego gerados em toda a cadeia, mas também por ser o destino da produção dos demais segmentos desenvolvidos. Dessa maneira, a indústria da Construção Civil determina, em grande medida, o nível de atividade de todos os setores que a circundam. Observa-se na Figura 1 que a Cadeia Produtiva da Construção envolve todos os elos desse complexo produtivo e a porcentagem de 64,7% é composta pelas construtoras, incorporadoras e prestadoras de serviços auxiliares da construção, que realizam obra e edificações. Incluir esse importante fatia de participação na promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva é um desafio para o setor. Figura 1 – Composição da Cadeia Produtiva da Construção Na perspectiva econômica, a cadeia produtiva é responsável pela configuração do sistema produtivo de um país e sua importância é relevante, para que o país enfrente a crise econômica internacional. No Brasil, o crescimento real do setor foi da ordem de 15,3%, registrado entre 2009 -10, e o pagamento total em impostos foi de R$ 62,5 bilhões em impostos. Assim, a Cadeia Produtiva da Construção tem um importante papel na promoção da sustentabilidade e seus impactos ambientais quando apresentados em escala global, mostram-se significativos: a ) a cadeia tem emissões de gases de efeito estufa significativos – a produção de cimento é responsável por 5% e o usode energia em edifícios, 33% e b) grandes empreendimentos de infraestrutura geram pressão sobre diferentes ecossistemas. Um dos principais desafios da cadeia diz respeito à informalidade, tanto de empresas quanto de trabalhadores, uma questão central e social.; como a participação na promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva passa pelas empresas formais, essa empresas consideram ser essa uma competição injusta no presente: retiram-se recursos dessas em presas formais que poderiam ser investidos no desenvolvimento de tecnologias e processos e limita-se o desenvolvimento da cadeia produtiva. O desafio da sustentabilidade assumiu há alguns anos papel de destaque na agenda da Indústria da Construção no Brasil. O setor está cada vez mais consciente da relevância do seu papel no contexto da mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas e da necessidade de melhoria das condições de vida no planeta. Já existem suficientes estudos em nível nacional e mundial que avaliam os impactos positivos e negativos gerados pela indústria da Construção e do mercado imobiliário sobre o meio ambiente, a sociedade e a economia. É grande a pressão sobre as empresas da cadeia produtiva da construção para atuarem de acordo com os princípios da sustentabilidade. O governo vem trabalhando nos âmbitos federal, estadual e municipal para regular o setor e estimular a melhoria de desempenho em diferentes temas. Cresce o número de municípios com legislações que obrigam os empreendimentos à medição individualizada de água e gás, aquecimento solar de água e à elaboração de um programa de gerenciamento de resíduos para a obtenção de Alvará de. Construção ou Habite-se. Em um processo de reversão para o ambiente construído surge o para digma da construção sustentável. No âmbito da Agenda 21 a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento é definida como " um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica". Mas o conceito vai além da sustentabilidade ambiental quando pensado no contexto do desenvolvimento sustentável, integrando-se a sustentabilidade econômica e social; São os princípios básicos desse tipo de construção: a) Aproveitamento de condições naturais locais; b) Utilizar o mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; c) Implantação e análise do entorno; d) Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar; e) Qualidade ambiental interna e externa; f) Gestão sustentável da implantação da obra; g) Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; h) Uso de matérias-primas que contribuam com a ecoeficiência do processo; i) Redução do consumo energético; j) Redução do consumo de água; k) Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; l) Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; m) Educação ambiental para conscientização dos envolvidos no processo. O conceito de construção sustentável passa a ser inserido em todo o ciclo de vida do empreendimento, desde sua concepção até sua requalificação (retrofit), desconstrução ou demolição e mesmo considerando que a etapa de construção é apenas uma pequena fração do ciclo de vida do edifício, é e la a responsável por todo o seu posterior desempenho. Estudos para cada fase da obra demonstrando seus impactos ambientais e como estes impactos devem ser trabalhados concluem o ciclo, para se obter um empreendimento com um a ideia sustentável, uma implantação sustentável e uma moradia sustentável No Guia Selo Azul Caixa, conclui-se que a construção sustentável irá exigir das empresas esforço similar realizado para a implantação dos sistemas de gestão da qualidade: compromisso da direção da empresa, estabelecimento de políticas, metas progressivas e indicadores constantemente atualizados, formação de recursos humanos, evolução contínua. Seu conceito amplia do escopo tradicional: qualidade, prazo, tecnologia e custo com preocupações sociais e ambientais. No conjunto de iniciativas necessárias ao avanço da construção sustentável no país, a gestão de resíduos é, provavelmente, a que mais rápido pode oferecer resultados significativos. A superação de desafios internos e externos a o longo da cadeia produtiva é urgente, no sentido de assegurar avanços no estágio atual de gestão de resíduos sólidos do setor como: a promoção e a implementação da autorregulação; o exercício efetivo e obrigatório da logística reversa e a formalização de fluxos de forma que esteja explícita a matriz de responsabilidades no pós-obra, exigindo-se a plena legalidade de atuação dos agentes transportadores e receptores. Entende-se por logística reversa “. procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” A ideia de sustentabilidade impulsiona a inovação, estimula a busca por novas tecnologias e promove o surgimento de novos nichos de mercado. Faz-se necessário, para isso, que a cadeia produtiva promova a transição do modelo empresarial atual rumo às inevitáveis demandas contemporâneas 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vemos que já está havendo uma mudança de percepção de consciência que na construção civil através de iniciativas de ação, mapeamento dos problemas na construção e destinação dos materiais de uma melhor forma resultante das suas atividades, mas este tema ainda é um desafio, pois existe vários problemas a serem enfrentados para implantação dessa nova rotina no dia-a-dia do canteiro de obras e tornar a construção sustentável uma realidade em todo setor da construção. 7. FONTES CONSULTADAS BRASIL. Casa Civil. Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, Regulamenta os arts. 182 e183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União em 11 de julho de 200 1. ______.Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Publica da no DOU no 136, de 17 de julho de 2002, Seção 1, páginas 95-96. ______. Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras providências. Publicado no DOU de 3 de agosto de 2010. ______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. 1978. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/legislacao/ norma-regulamentadora-n-18-1.htm. A cesso em: 02 novembro. 2020. CIBC. Câmara Brasileira da Industria da Construção. Desempenho de Edificações Habitacionais: Guia Orientativo para Atendimento à Norma ABNT NBR 15575/2013. Câmara Brasileira da Industria da Construção. 2013. MIRANDA, Maria Z. C. Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil: Uma Análise em Canteiros de Obras de Edifícios Residenciais em Cuiabá – MT. Dissertação de Mestrado. UFMT, Cuiabá, 2014.
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