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Atos Processuais 1. FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS Forma é o que dá eficácia e validade ao ato processual, de modo que se deve observar o tempo, o lugar e o modo de fazê-lo, sob pena de nulidade processual. O NCPC prevê o Princípio da Liberdade das Formas, que diz que os atos processuais independem de forma determinada, exceto quando houver exigência da lei. Prevê também o Princípio da Instrumentalidade das formas, que aponta a validade do ato realizado, mesmo de outra forma, contanto que preencha sua finalidade essencial. Assim sendo, só há que se falar em nulidade, quando configurado prejuízo em decorrência da pratica desse ato. • Primazia Do Mérito: a nulidade só deverá ser reconhecida em último caso. Sempre que possível, a causa deverá ter o mérito julgado. Quando o juiz decidir o mérito em favor da parte que se aproveitará da declaração de nulidade, o juiz não ordenará que conserte o ao ou o pratique novamente. Serve tanto para o 1° grau, quanto para o grau recursal. • Princípio Da Publicidade: a regra é que os atos processuais sejam publicizados, porém, existem aqueles que deverão correr em segredo de justiça Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - Em que o exija o interesse público ou social; II - Que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Os atos processuais devem ser realizados: • Dias úteis: de segunda à sexta • Horários: das 06:00h até às 20:00h • Feriados: para a lei, além dos previstos, são também feriados – sábados, domingos e dias onde não há expediente forense • Processo eletrônico: o ato pode ser realizado a qualquer hora do dia • Processo Físico: a petição deverá ser protocolada nos horários de funcionamento dos fóruns e tribunais OBS: NJP (Negócio Jurídico Processual) >> inovação do NCPC - as partes podem acordar mudanças nos procedimentos, para ajustá-los à causa e convencionar sobre ônus, poderes, faculdades e deveres processuais. Tudo isso, sob a avaliação do juiz, que deverá controlar a validade desses atos. 2. ATOS DOS JUÍZES • SENTENÇA (art. 203, §1º): pronunciamento através do qual o juiz, com ou sem resolução do mérito, dá fim à fase de conhecimento ou extingue a execução. • DECISÃO INTERLOCUTÓRIA (art. 203, §2º): todo procedimento de natureza judicial, de natureza decisória, mas que não é sentença. • DESPACHOS (art. 203, §3º): são os demais pronunciamentos do juiz, praticados durante todo o processo, de ofício ou a requerimento das partes. • ACÓRDÃOS (art. 204): decisões tomadas por um colegiado, proferidas em sede de Tribunal. • DECISÃO MONOCRÁTICA (art. 932, III, IV e V): é aquela tomada por um desembargador ou ministro (em se de tribunal), porém, sempre de forma individual 3. PRAZOS O NCPC prevê que os atos praticados antes do prazo, serão sempre tempestivos. 3.1 Contagem dos prazos • PRAZOS PRIOCESSUAIS (art. 219): Contam-se apenas os dias úteis, somente com relação aos prazos processuais. Não se aplica essa contagem para prazos de direito material (prescrição e decadência). Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. • RECESSO FORENSE (art. 220, §1º) Haverá suspensão de prazo entre os dias 20/dezembro e 20/janeiro, período em que não haverá expediente forense, quando deverá ser concedido período de descanso para os advogados. Apesar do recesso para os advogados, o Poder Judiciário funciona normalmente. Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput . • FORMA DE CONTAGEM DOS PRAZOS: • PRAZOS PARA JUÍZES E AUXILIARES: OBS: em qualquer grau de jurisdição, o juiz pode (por decisão motivada e justificada), estender (por igual período) o prazo para a publicação de sentença. • PRAZO EM DOBRO PARA LITISCONSORTES COM ADVOGADOS DIFERENTES (art. 229): para todas as manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independente de requerimento. OBS: o prazo em dobro não se aplica ao processo eletrônico. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 4. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS O NCPC prevê a existência de 4 tipos de cartas (art. 237): • Carta Precatória: utilizada em comarcas diferentes III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa . Disponibilização no diário oficial . Publicação no dia útil subsequente (exclusão do 1º e inclusão do término. . Despachos: até 5 dias . Decisões Interlocutórias: em 10 dias . Sentenças: em 30 dias Art. 219, CPC Art. 226 e 227, CPC • Carta Rogatória: utilizada entre países diferentes II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro; • Carta de Ordem: utilizada entre graus de jurisdição diferentes I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do art. 236 ; Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial. § 1º Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. • Carta Arbitral: utilizada entre o Poder Judiciário e o juízo arbitral IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. 4.1 Citação É o ato pelo qual o réu (interessado ou executado), é CONVOCADO para fazer parte de uma relação processual. A citação pode ser feita de 5 formas: . Por correio – é a regra . Por Oficial de justiça . Por Escrivão . Por Edital . Por meio eletrônico Art. 238, CPC http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art236%C2%A72 OBS: EXCEÇÃO À REGRA – envio pelos correios (art. 247) a) Quando se tratar de ações em que o Estado faça parte b) Quando o citando for incapaz c) Quando houver pessoa de Direito Público d) Quando o citando residir em local de difícil acesso, mesmo que do serviço postal e) Quando o autor requerer, desde a inicial (de forma justificada), para que ela seja feita de outra forma. • CITAÇÃO POR ESCRIVÃO: ou pelo chefe de Secretaria, se o citando comparecer em cartório (art. 246, III) • CITAÇÃO DE EMPRESAS: as empresas públicas e privadas devem manter cadastro dos sistemas de processos em autos eletrônicos, para que possam receber as citações e intimações, que serão, preferencialmente, feitas pelo meio eletrônico. Essa regra não se aplica às microempresas e empresas de pequeno porte (art. 246, §1°10). • CITAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA: se não acontecer por meios eletrônicos, também é válida se for entregue à pessoa com poder de gerência e a funcionário responsávelpelo recebimento de correspondências (art. 248, §2º) • CITAÇÃO DE PESSOAS FÍSICAS EM CONDOMÍNIOS: edilícios ou loteamentos (com controle de acesso). Será válida a citação entregue a funcionário da portaria, responsável pelo recebimento da correspondência. OBS: o porteiro poderá negar-se a receber a correspondência, declarando por escrito, que o destinatário da correspondência está ausente (art. 248, §4º). A jurisprudência entende que, havendo a assinatura do porteio no AR, o ato será válido. • CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA: (ou mandado) será realizada quando não for possível a citação por correio ou quando ela for infrutífera (art. 249). • CITAÇÃO POR HORA CERTA: quando por duas vezes, o oficial de justiça tiver tentado entregar a citação, no domicílio do citando, sem encontrá-lo. Havendo suspeita de ocultação, deve citar qualquer pessoa da família ou vizinho e deverá voltar no dia útil subsequente, para efetuar a citação por hora certa (art. 252) • CITAÇÃO POR EDITAL: a) feita quando o citando for desconhecido ou incerto (quando infrutíferas as tentativas de localização do citando) b) quando for ignorado, incerto ou inacessível o local em que o citando se encontre c) nos demais casos expressos em por lei d) NCPC: Edital por internet: não mais em jornal. Tanto na pagina do tribunal, quando nas plataformas do CNJ (art. 257, II) • CITAÇÃO POR EDITAL: a parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para a citação por edital, poderá ser condenada ao pagamento de multas de 5 salários mínimos (art. 258). • NECESSIDADE DE PUBLICAÇÃO DE EDITAL (art. 259): a) na ação de usucapião de imóvel; b) na ação de recuperação ou substituição de título ao portador; c) em qualquer ação em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos. 4.2 Intimação Ato pelo qual SE DÁ A CIÊNCIA, para alguém, dos atos do processo (art. 269), para fazer ou deixar de fazer algo. • Pode o advogado dar ciência para o advogado da parte contrária: através de correio, juntando as cópias da intimação e do AR. Deverá constar cópia do despacho, da decisão ou da sentença. • Sempre que possível, as intimações serão feitas por meio eletrônico • INTIMAÇÃO EM NOME DE SOCIEDADE DE ADVOGADOS: desde inscrita nos quadros da OAB, seja feita em nome da sociedade ou em nome de um só advogado (art 272, §1º e §2º). Se houver requerimento expresso para que as citações se façam em nome de apenas um advogado, somente quando destinadas a ele, serão válidas, sob pena de nulidade. 5. VALOR DA CAUSA Toda demanda judicial, terá um valor atribuído a ela. Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. A fixação do valor da causa segue dois critérios: a) Fixação Legal Ou Obrigatória: o legislador já atribuiu o valor, previamente b) Fixação Voluntária: fixado livremente, a partir da estimativa do autor São as hipóteses de fixação do valor da causa, conforme o art. 292: Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. Também há a hipótese de fixação legal em legislação extravagante. EX: Lei de Inquilinato (Lei n°8.245/91) – na ação de despejo, o valor da causa em 12 vezes o valor mensal do aluguel. Se o valor da causa estiver errado, o juiz pode corrigi-lo de oficio, inclusive, intimando o autor para que o corrija, recolhendo as custas faltantes. Para impugnar o valor da causa, deixa de existir uma peça específica e passa-se a ser cabível a discussão, na forma de preliminar de contestação (art. 293)
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