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Autoimunidade Resposta imune específica contra um antígeno ou uma série de antígenos próprios. Tipos Localizadas (órgão-específicas) e sistêmicas (não órgão-específicas). A localização do antígeno determina onde uma doença se situa no espectro. Um indivíduo pode ter mais de uma doença autoimune. Como os linfócitos reconhecem os antígenos? Receptores de membrana (proteínas) produzidas de acordo com regulação gênica. Os fatores que contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade são a suscetibilidade genética e os desencadeadores ambientais, como infecções e lesão tecidual local. • Susceptibilidade genética (potencial de produzir anticorpos contra autoantígenos); • Falhas na autotolerância (Eliminação ou regulação inadequadas das células T ou B, levando ao desequilíbrio entre ativação e controle de linfócitos, é a causa subjacente a todas as doenças autoimune); • Fatores hormonais; • Ambientais; • Superantígenos: exibição anormal de autoantígenos Genes + falhas + gatilhos = tríade das doenças autoimunes Propagação do epítopo: fenômeno no qual ocorre uma liberação e alteração de antígenos outros teciduais, na ativação de linfócitos específicos para esses outros antígenos e na exacerbação da doença, frente a uma resposta iniciada contra um autoantígeno que lesiona tecidos. Isso explica que uma vez desenvolvida a doença autoimune, esta pode se tronar prolongada e se autoperpetuar. Associados a genes que regulam: • MHC(ex: complexo HLA em humanos); • Fagocitose; • Imunidade inata (ex.: sistema complemento); • Supressão de respostas imunes; • Apoptose; • Ativação de resposta citotóxica; Resumindo: é muito difícil de se tratar devido a quantidade de genes envolvidos (poligênico). A maioria das doenças autoimunes é poligênica, e numerosos genes de suscetibilidade contribuem para o seu desenvolvimento. A maior contribuição vem de genes do MHC; acredita-se que outros genes influenciem a seleção ou regulação de linfócitos autorreativos. Fatores ambientais podem atuar como gatilhos Infecções podem predispor à autoimunidade por meio de diversos mecanismos, incluindo a expressão elevada de coestimuladores nos tecidos e reações cruzadas entre antígenos de microrganismos e autoantígenos. Algumas infecções podem proteger indivíduos da autoimunidade por mecanismos desconhecidos. Além disso, infecção pode desencadear recidiva da doença autoimune. Mecanismos: • Ativação expectadora • Mimetismo molecular • Alteração da ignorância imunológica Todos esses têm o intuito de permitir a ativação dos linfócitos autorreativos, seja produzindo anticorpos, seja atacando autoantígenos. • Ativação expectadora Infecções teciduais podem induzir respostas imunológicas locais → recrutamento de leucócitos para tecidos → ativação de APCs teciduais. APCs expressam coestimuladores e secretam citocinas ativadoras de células T que não são específicas para o patógeno infeccioso e sim autoantígenos (ativação bystander), são os linfócitos autorreativos. Superantígenos: produção exacerbada de resposta inflamatória Ex: Diabetes tipo I após uma infecção por Epstein barr virus (EBV) • Alteração da ignorância imunológica Alterações anatômicas em tecidos, causadas por inflamação (possivelmente secundárias a infecções), lesão isquêmica ou trauma, podem levar à exposição de autoantígenos que normalmente são ocultos ao sistema imunológico. Tecidos que não tem macrófagos e células dendríticas (APCs), nos quais são “invisíveis “pelo sistema imune, esses são protegidos, possuem sítios de privilégio. Dessa maneira, após lesão há liberação de DAMPS, no qual pode atacar antígenos que antigamente eram ignorados, seja liberando antígenos, seja destruindo barreiras que limitam o acesso de LT a sítios de privilégio. Ex: uveíte e orquite pós-traumáticas. • Mimetismo molecular Microorganismos podem conter proteínas antigênicas que reagem de maneira cruzada com antígenos próprios e então as respostas imunológicas contra os patógenos podem resultar em reações contra os autoantígenos. Os microorganismos imitam ou reagem cruzadamente com proteínas do organismo. Dessa forma a resposta imunológica atuará em respostas contra os microrganismos infecciosos e contra os antígenos próprios. ex: homologia entre proteínas miocárdicas e proteínas estreptocócicas. Exemplos Espondilite anquilosante (após infecção da bactéria Klebsiella pneumoniae) Febre reumática aguda pós infecção por S. pyogenes: • 3 a 4% dos pacientes desenvolvem poliartrite, cardite e coreia • Proteína M estreptocócica compartilha homologia com a miosina cardíaca Aparência típica de um eritema marginado nas costas de uma criança com febre reumática aguda. Cortesia do Professor Mike South, Royal Children’s Hospital Melbourne; usado com permissão, Fonte: BMJ Practice. Síndrome de Guillain-Barré • Danos à bainha de mielina e células de Schwann presentes nos nervos sensoriais e motores, mediada pela resposta imunológica. • De distribuição mundial, incidência anual em torno de 1 a 2 casos/100.000 habitantes, com leve preponderância para o sexo masculino. • Causa mais frequente de paralisia flácida, no contexto neuromuscular. • ⅔ dos casos de Guillain-Barré têm história de gastroenterite ou doença respiratória (like Flu) antes do início dos sintomas neurológicos. • Paralisia com recuperação Caso clínico 1 Paciente de 34 anos, sexo masculino, apresentou quadro de exantema, prurido, febre e artralgia, que se resolveu em 72h com o uso de sintomáticos. Após 10 dias, passou a apresentar parestesias em membros inferiores, que evoluiu para membros superiores em 24h. Paciente não buscou ajuda médica por julgar tratar-se de “câimbras” devido a falta de atividade física regular. Após 4 dias, o quadro evoluiu com fraqueza nos membros inferiores, impedindo a deambulação. Exame neurológico: Força muscular grau V/V em membros superiores e grau III/V em membros inferiores. Hipoestesia tátil e dolorosa nos quatro membros, com padrão de bota e luva. Hipopalestesia em membros inferiores, até o tornozelo. Após questionado o paciente relata infecção por Chikungunya vírus (CHIKV) há 8 meses atrás, que evoluiu para melhora em 3 semanas. A equipe médica iniciou o protocolo de tratamento para Síndrome de Guillain-Barré. Perguntas e respostas 1-Qual resposta imune é ativada? - Adquirida humoral (anticorpos) e celular 2-A doença é órgão-específica ou inespecífica? -Específica. 3- Qual a correlação entre o quadro infeccioso prévio e o desenvolvimento da doença? -A infecção serviu como gatilho por mimetismo molecular. 4- Quais reações de hipersensibilidade associadas a esta patologia? -II e IV. Caso clínico 2 Sexo feminino, 25 anos, branca, dona de casa; Queixa Principal: Dor nas articulações há quatro meses. História Clínica: Paciente refere que há cerca de quatro meses vem apresentando dores nas articulações, de caráter migratório, simétrico, com piora ao acordar, que permanece por até 30 min, sem deformação articular, associado a calor, rubor e edema locais. Nega trauma. Nega febre, perda de peso, astenia. Presença de Eritema malar. Eritema malar: eritema fixo, plano ou elevado nas eminências malares, tendendo a poupar a região nasolabial. A ficha clínica prévia do paciente relata tratamento bem sucedido de linfoma Hodkgin com quimioterapia ABVD e imunoterapia há 3 anos, sem relatos de reicidiva. Exame laboratorial: Anti FAN reagente (anticorpo anti fator nuclear). Anti- DNA Reagente (anticorpo anti DNA). Perguntas e respostas 1. Qual resposta imune é ativada? -Adquirida humoral (anticorpos) 2. A doença é órgão-específica ou inespecífica?-Sistêmica. 3. Quais reações de hipersensibilidade associadas a esta patologia? -III. 4. Qual a correlação entre o quadro prévio de câncer e o desenvolvimento da doença? * -A morte celular pelo tratamento antitumoral levou à lise celular e liberação de antígenos próprios e formação de imunocomplexos. Referências • BMJ, Best Pratice. Disponível em : BMJ • ROITT, Fundamentos da imunologia , 13º edição , CAP 19. Disponível em : Link da minha biblioteca • ABBAS, Imunologia celular e molecular, cap 15. Disponível em: Link da minha biblioteca • MALE, David. Imunologia, 8ª edição, cap 20. Disponível em: Link da minha biblioteca https://bestpractice.bmj.com/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733885/cfi/6/64!/4@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733885/cfi/6/64!/4@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595150355/cfi/6/46!/4/2/4/2@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151451/cfi/6/62!/4/2/2/2@0:0
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