Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO L[IQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: O líquido cefalorraquidiano (LCR) apresenta três funções associadas ao funcionamento do sistema nervoso: a distribuição de nutrientes, a retirada de metabólitos e a proteção do SNC, representando uma barreira de proteção quando associado às meninges. Adultos possuem um volume total de140 a 170 ml de líquor, ao passo que recém-nascidos comportam apenas 10 a 60 ml dessa substância. As meninges cefalorraquidianas são membranas fibrosas que têm como papel principal a proteção do encéfalo e da medula, dividindo-se em dura-máter, mais fibrosa e resistente, aracnoide-máter, região delicada e avascular, e pia-máter, camada mais delicada repleta de vasos sanguíneos, em contato íntimo com as estruturas do sistema nervoso. O líquido cefalorraquidiano está inserido no espaço subaracnóideo de ambas as regiões. A produção do LCR se dá nos ventrículos, principalmente no 3º e 4º ventrículos, a um ritmo médio de 20 ml/hora. Esse fenômeno inicia-se no plexo coroide, conjunto de vasos sanguíneos cobertos por uma camada epitelial, nos seguintes passos: O sangue sofre filtração passiva no epitélio coroidal, numa taxa proporcional ao gradiente de pressão hidrostática entre o sangue e o líquido intersticial; O ultrafiltrado é secretado ativamente pelo epitélio do plexo coroide, etapa que envolve bombas, cotransportadores, aquaporinas e canais iônicos, podendo sofrer modulação pela ação de neurotransmissores e hormônios. Após a secreção, o líquido cefalorraquidiano será distribuído ao longo do encéfalo por meio do aqueduto mesencefálico e dos forames de Magendie e Luschka, e rumo à medula espinhal. A reabsorção do líquor permite que os metabólitos por ele coletados sejam depurados rumo ao sangue, favorecendo sua excreção. Esse movimento de retorno se dá por meio da interação com os vilos aracnoides, projeções dessa camada junto aos seios venosos da dura-máter. IMPORTÂCIA MEDICAMENTOSA DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: A punção do líquor pode ser utilizada sob diversos aspectos na prática médica cotidiana, como a administração de anestesias, exemplificadas pela raquidiana e epidural, a infusão de medicamentos, como quimioterápicos e antibióticos, e o diagnóstico de determinadas doenças, como: Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Quadros infecciosos do sistema nervoso central, como meningites; Doenças inflamatórias do sistema nervoso, a exemplo da esclerose múltipla e da síndrome de Guillain-Barré; Manifestações oncológicas, como a leucemia e neoplasias; Imunodeficiências; Doenças desmielinizantes; Neurocisticercose. Além de atuar no diagnóstico diferencial de diveras doenças, esse procedimento pode também ser empregado como forma de tratamento ou controle de determinadas condições, por meio da descompressão do sistema ventricular e da infusão direta de medicamentos. Esse procedimento deve ser realizado em um hospital ou em uma clínica que possua a estrutura necessária para acompanhar o paciente durante esse exame invasivo, garantindo a execução segura dessa coleta. A indicação da desse exame deve ser realizada conforme o quadro clinico do paciente, havendo uma lista de comorbidades que contraindicam a sua execução, a saber: Insuficiência cardíaca congênita grave: a posição de decúbito lateral necessária para a coleta do material pode agravar a sintomatologia dessa condição, sendo necessário avaliar a possibilidade de realizar o exame na posição sentada; Sinais de herniação cerebral; Pressão intracraniana (PIC) elevada associada a manifestações neurológicas focais, como perda de movimento, sensação ou função de um ponto localizado; Distúrbios de coagulação ou a utilização de anticoagulantes: promovem a formação de hematomas espinais; Cirurgias prévias para colocação de próteses ou equipamentos de suporte na região lombar (exige avaliação radiológica). A análise do LCR ocorre em três períodos de fundamental importância para o fornecimento de resultados adequados, a fase pré-analítica (desde a indicação do exame até o armazenamento da amostra), a fase analítica (realização dos testes propostos), e a fase pós-analítica (avaliação e liberação do laudo). FASE PRÉ-ANALÍTICA DA PUNÇÃO DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: A fase pré-analítica se subdivide em etapas graduais que devem ser executadas com cuidado de modo a garantir a segurança geral do paciente Cadastro do paciente: Sua função é entender a necessidade do paciente na realização do exame. Devem ser registrados o nome e a idade do examinado, o nome do médico solicitante, o tipo de amostra necessária, a data e o horário da coleta, a justificativa para realização do procedimento (dados clínicos que induzem a necessidade de analisar o LCR), e o Termo De Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Cadastro dos exames: Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO A função dessa etapa é entender a necessidade do solicitante e sua relação com o tipo de análise laboratorial que deve ser realizado com a amostra de LCR, seja ela bioquímica, sorológica, microbiológica ou citológica. Separação e identificação dos tubos: Devem ser escolhidos três tubos de ensaio transparentes, com tampa de rosca para a realização adequada do exame, pois materiais e métodos incorretos de acondicionamento podem acabar afetando o resultado final da amostra. Cada tubo deve ser obrigatoriamente rotulado com as informações do paciente e do exame realizado (data de coleta, procedimento de análise). O tubo utilizado para avaliações citológicas deve ser o terceiro, pois garante uma amostra mais limpa, com menor possibilidade de contaminação por punções traumáticas ou por outros tipos celulares distintos. Coleta do material: Existem diversas vias de coleta do LCR em indivíduos adultos saudáveis, a saber: o Punção lombar: Essa é a via de acesso mais difundida para a realização da punção do LCR, sendo realizada nos espaços de L3 a L5. Nesse método não há risco de lesões vasculares graves, sendo a forma de identificação mais precisa para patologias em regiões abaixo da cisterna Magna e neoplasias. Há um elevado poder de discriminação entre doenças inflamatórias ou infecciosas crônicas, como quadros de desmielinização, baseando-se em taxas elevadas de globulinas. Os testes imunológicos realizados com essas amostras são padronizados o Punção suboccipital: A punção por essa via é realizada logo acima do Atlas (vértebra C1), permitindo o acesso direto à cisterna cerebromedular, conhecida também como Magna. Esse processo de coleta é relativamente simples e rápido, não sendo afetado por alterações osteoarticulares da região cervical, além de apresentar menor risco de herniações intracranianas. A ocorrência de cefaleia é reduzida após a realização desse método de coleta, representando uma vantagem em relação à punção lombar, principalmente quando o paciente se movimenta intensamente após o procedimento. o Punção ventricular: A punção ventricular é um meio mais delicado de extração e avaliação do líquor, extraído diretamente do terceiro ventrículo, devendo ser realizada por um anestesista Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO ou um neurologista (assim como no tópico anterior), em um centro cirúrgico. Esse não é o sítio de escolha inicial para realizar uma punção do líquido cefalorraquidiano, tendo emprego mais adequado em neonatos ou lactentes que ainda não tenham consolidado o fechamento da fontanela anterior, ou em casos de hidrocefalia, nos quaissistemas de derivação ventricular podem ser empregados como tratamento. Material utilizado: o Agulha própria para coleta espinhal (deve possuir estilete, com calibre entre 20 a 22G); O comprimento da agulha varia conforme a faixa etária do paciente o Tubos para coleta (transparentes, com tampa de rosca e fundo com apoio, informando marcação de volume, que orbita entre 8 e 15 mL); Ao menos três tubos devem ser fornecidos para acondicionar o volume de líquor necessário às análises sugeridas. o Manômetro (em casos nos quais é necessário avaliar a pressão intracraniana); o Solução asséptica como clorexidina ou povidine com iodo a 1%; o Luvas estéreis; o Campos cirúrgicos estéreis. Coleta do material (punção lombar): O paciente é colocado em decúbito lateral, com os joelhos flexionados em direção ao tórax (posição fetal). O profissional deve identificar as cristas ilíacas, associando-as com os processos espinhosos vertebrais. Após a demarcação do local de punção, o profissional realiza, com movimentos circulares concêntricos em expansão (de dentro para fora), a antissepsia da pele adjacente ao sítio de punção, colocando os campos cirúrgicos a seguir. É necessário, no entanto, retirar o excesso de iodo do local exato onde será feita a punção, de modo a impedir seu contato com o LCR. A região de coleta é anestesiada por via cutânea e subcutânea com xilocaína. Quando essas medicações fizerem efeito, a agulha escolhida para a punção deve ser Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO inserida, com ângulo de 15º e com seu bisel seguindo o sentido sagital, o que impede a ruptura das fibras e diminui a possibilidade de extravasamento do líquor após o procedimento. Devem ser atravessadas as seguintes camadas até que a agulha atinja o espaço subaracnóideo: o Pele e tecido subcutâneo; o Ligamento supraespinal; o Ligamento interespinal; o Ligamento amarelo; o Espaço epidural posterior; o Dura-máter; o Espaço subaracnoidal. Ao penetrar o ligamento amarelo, o profissional responsável pelo exame escutará um “estalo”, devendo então inserir o cateter por mais 2 mm, quando será necessário retirar o mandril para verificar o fluxo de LCR (gotas translúcidas e fluidas), que será amparado pelos tubos de ensaio. É válido ressaltar que a sucção da amostra é totalmente contraindicada, pois a pressão negativa pode causar cefaleias. Com o preenchimento dos tubos de ensaio, o médico deve recolocar o mandril e retirar o cateter, que deve ser descartado assim como todos os demais equipamentos utilizados no processo. O local da punção deve ser pressionado por alguns minutos, solicitando-se ao paciente que permaneça em repouso por entre 8 a 48 horas. Complicações: Possíveis complicações desse procedimento incluem sangramentos durante ou após a coleta, cefaleia pós- punção, dor localizada, extravasamento de LCR, herniação cerebelar, infecções e formação de cistos. Armazenamento e transporte da amostra: A forma de acondicionar as amostras coletadas irá ser dependente do tipo de exame realizado, com análises bioquímicas e sorológicas necessitando de congelamento (-20ºC), microbiológicas sendo armazenadas em temperatura ambiente (25ºC) e citológicas requerendo acondicionamento refrigerado (4ºC) caso não seja realizada em até uma hora. Em todas as situações nas quais é necessário modificar a temperatura do LCR, o prazo máximo de conservação é de 5 horas. Os três tubos de material geralmente são direcionados da seguinte forma: Tubo 1: Bioquímico + imunológico; Tubo 2: Microbiológico; Tubo 3: Citológico. o O exame físico do líquido cerebrospinal é feito por meio da observação de todos os três tubos ETAPA ANALÍTICA DA PUNÇÃO DO LCR: A análise do líquido cefalorraquidiano conta com diversas etapas de processamento, a saber: EXAME FÍSICO: Essa etapa avalia a cor e o aspecto do LCR, que idealmente é transparente, em viscosidade semelhante à de “água de pedra”, mas pode, patologicamente, ser contaminado por outras substâncias que lhe conferem distintas apresentações. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO A xantocromia corresponde a uma pigmentação amarelada no líquor, decorrente da presença anormal de bilirrubina, proteínas ou hemoglobina. O LCR eritrocrômico pode tanto indicar hemorragias quanto acidentes de punção, sendo necessário excluir essa última possibilidade por meio da diminuição da coloração ao longo dos tubos e do teste de centrifugação imediato, sendo que amostras com sobrenadante positivo forma contaminadas durante a coleta. Caso o material coagule, também há indícios de punção traumática. A respeito do aspecto do líquor, ele pode se tornar ligeiramente opalescente em algumas formas de meningite tuberculosa e, raramente, em meningites luéticas. Quando se torna totalmente turva, a amostra pode indicar uma inflamação meníngea aguda provocada por estafilococos estreptococos ou meningococos, ao passo que LCR purulento é encontrado na fase final de meningites agudas, sendo amarelado em quadros resultantes de cocos, e azulado quando em meningites piociânicas. Quando o líquido cefalorraquidiano for transparente, ele deverá ser submetido à contagem sem diluição e sobreposição, processo que pode ser substituído pela adição de solução salina em caso de alterações no aspecto físico dessa substância (dilui em solução salina). PRESSÃO LIQUÓRICA: Avalia o volume de LCR circulante através de um manômetro. Os valores normais oscilam entre 90 a 150 mL, com três renovações diárias; Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO TESTE BIOQUÍMICO: PROTEÍNAS: A quantidade de proteínas presentes no LCR normal é baixa, com valor de referência oscilando entre 15 a 45 mg/dL. Elevações nesses índices são sugestivas de quadros como meningites e encefalites, relacionada com o aumento na produção de IgG, e lesões traumáticas, condições que levem a um aumento na pressão intracraniana, assim como neoplasias e hemorragias. Todas essas situações tornam as meninges mais permeáveis à difusão de solutos plasmáticos, refletindo diretamente na composição do líquido. A avaliação das proteínas depende do espectrofotômetro, que faz a medição da capacidade da luz em atravessar um meio sem sofrer refração (sem chocar-se com moléculas difusas). Além da análise geral do caráter proteico do líquor, é feita a distinção de diversas frações, evidenciadas principalmente pelo processo de eletroforese de proteínas, que expressa a relação IgG/Albumina, esta última não sendo produzia pelo SNC. O aumento isolado de imunoglobulinas sugere a ocorrência de uma infecção, porém se essa substância passa a ser evidente junto à albumina, há indícios de alterações na barreira hematoencefálica. GLICOSE: A glicose é naturalmente encontrada no LCR, porém em quantidades equivalentes a 60 a 70% dos valores séricos (valor de referência), o que justifica a necessidade de realizar uma punção venosa duas horas antes da coleta do líquor. A elevação dessa substância pode estar associada ao aumento da concentração plasmática de glicose, ao passo que sua redução pode ser resultante de quadros de meningite bacteriana, uma vez que as bactérias e os leucócitos consomem intensamente essa reserva energética. Em quadros virais, esses números geralmente encontram-se aumentados, o que auxilia no diagnóstico diferencial dessas manifestações. Uma grande diminuição no nível de glicose presente no líquor pode alterar o mecanismo de transporte de nutrientes, sendo decorrente da grande utilização desse composto por células encefálicas. LACTATO: O lactato pode ser analisado paraidentificar a presença de meningite, com quadros bacterianos, tuberculosos e micóticos apresentando níveis séricos desse composto superiores a 25 mg/dL. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Além do papel na identificação de uma doença, o lactato pode ser usado como forma de controle terapêutico, uma vez que eles caem quando o tratamento com antibióticos para irritações meníngeas é eficaz. A elevação nos níveis de lactato pode ocorrer por falta de oxigenação e destruição tecidual, com uma grande probabilidade de serem encontrados falsos resultados em amostras xantocrômicas. De forma contrária à glicose, o valor sérico desse composto não interfere na dinâmica do LCR GLUTAMINA: A glutamina é produzida no SNC por meio das células do encéfalo, decorrentes da amônia e do alfa-cetoglutarato, não sendo analisada no sangue. Os valores de referência oscilam entre 8 a 18 mg/dL. Esse é um composto mais estável que a amônia, sendo bastante produzido em doenças com acometimento hepático, que geram aumento de seu substrato. Caso a concentração de glutamina esteja superior a 35 mg/dL, o paciente pode apresentar distúrbios de consciência, o que explica a capacidade de uso desse método de análise para diagnosticar comas de origem desconhecida. O aumento de sua presença no LCR está relacionado ao aumento do metabolismo anaeróbio da glicose, e à acidose dos tecidos adjacentes, representando uma boa forma de distinguir quadros bacterianos e virais. ENZIMAS: A análise do líquor permite a dosagem de diversas enzimas, como a lactato- desidrogenase (LDH), que tem caráter tipicamente intracelular, e quando está presente no LCR, indica destruição dessas células. Suas diversas frações podem indicar lesões em tecidos específicos, a saber: LD1 e LD2: Tecido encefálico; LD2 e LD3: Linfócitos; LD4 e LD5: Neutrófilos. o A presença dessas duas combinações é um método de confirmar a presença de células do sistema imune no líquor. A dosagem de creatina-quinase (CK-BB) é um indicador de prognóstico para paradas cardíacas quando inferior a 17 mg/dL. A Adenosina-Deaminase (ADA) é outra substância que pode ser identificada na análise enzimática do líquido cerebrospinal, mesmo que seja amplamente distribuída pelo corpo humano. Esse composto é responsável por metabolizar purinas (bases nitrogenadas), transformando a adenosina em inosina. Esse processo tem como finalidade a garantia da proliferação e da manutenção de linfócitos, estando aumentada em pacientes com distúrbios autoimunes. A ADA pode ser identificada em pacientes com meningite tuberculose ou bacteriana, neoplasias, neurosarcoidose, neurobrucelose, linfomas, leucemia, neurocriptococose, neurossífilis e nas manifestações neurológicas do HIV. EXAME CITOLÓGICO: A análise citológica do líquor deve ser feita o mais rapidamente possível, pois as células podem se degradar facilmente. Conta-se a quantidade de estruturas presentes por milímetro cúbico em equipamentos conhecidas como câmara de Fuchs- Rosental ou a câmara de Neubauer. A amostra empregada não é diluída, a menos que seja evidente celularidade acentuada. A contagem celular total contempla a identificação de hemácias e leucócitos, que se degradam a partir de uma hora da coleta, com até 40% da totalidade celular sendo desintegrada em duas horas. Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO Os valores de referência para leucócitos variam conforme a idade, com recém- nascidos e crianças podendo apresentar até 30 glóbulos brancos por microlitro, e adultos apresentando entre 0 a 5 por microlitro. A presença de cada tipo leucocitário deve ser apontada, uma vez que cada um deles apresenta uma “utilidade” específica no combate às infecções, respondendo a classes patogênicas distintas. EXAME MICROBIOLÓGICO: Os exames microbiológicos baseiam-se principalmente na aglutinação do látex, na coloração de Gram e de Ziehl-Neelsen (a mesma usada na baciloscopia), para identificar agentes bacterianos específicos. EXAME IMUNOLÓGICO: A realização de testes imunológicos tem como finalidade identificar a presença de epítopos patogênicos difundidos no líquor. Os tipos de análise mais comuns são por meio de ELISA e da imunofluorescência. As principais infecções avaliadas são: Neurossífilis: FTA-ABS e VDRL; Neurocisticercose: imunofluorescência;; Neurotoxoplasmose (menos comum): ELISA e imunofluorescência; Citomegalovírus e Epstein-Barr (causa mononucleose ou sapinho): ELISA; HIV e HTLV: ELISA. RESUMINDO A ANÁLISE CLÍNICA DO LÍQUOR: Exame físico: verifica se a cor e o aspecto do LCR são regulares ou se sugerem alguma patologia (verificada posteriormente); Exame bioquímico: busca por alterações metabólicas na amostra que possam comprovar a presença de determinado acometimento, avaliando proteínas totais, glicose, lactato, glutamina e ADA; Exame microbiológico: a proposta desse segmento é identificar o agente patogênico, utilizando métodos de cultura e coloração específicos; Exame citológico: avalia a presença e a quantidade de marcadores celulares típicos de manifestações patológicas, como leucócitos e hemácias, sendo também utilizado para identificar fungos do tipo Cryptococcus por meio da prova Júlia Figueirêdo – LPI MÓDULO PERCEPÇÃO, CONSCIÊNCIA E EMOÇÃO da tinta da China (análise amostral sobre nanquim); Exame imunológico: busca por imunoglobulinas do tipo IgG para toxoplasma, Taenia solium e sífilis, principalmente. Os “X” em Gram indicam exame não reagente É necessário salientar que, por vezes, o diagnóstico dos quadros de meningite depende de múltiplas áreas testadas após a punção liquórica, determinadas por meio da presença de substratos específicos para cada tipo de agente etiológico.
Compartilhar