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Resumo - Diagnóstico Laboratorial de Doenças Infecciosas e ISTs

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Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO DAS DOENÇAS 
INFECCIOSAS: 
INTERAÇÃO ENTRE ANTÍGENO E ANTICORPO: 
Antígenos são quaisquer moléculas ou 
microrganismos capazes de ligarem-se a 
linfócitos T ou a um anticorpo, podendo ou 
não induzir respostas imunes (nem todo 
antígeno é um imunógeno). Os anticorpos, 
por sua vez, são glicoproteínas 
(imunoglobulinas) produzidas por célula B e 
atuantes como seus receptores BCR. 
A maneira mais simples de proteção 
exercida por anticorpos é a neutralização, 
processo no qual a imunoglobulina se liga ao 
patógeno de forma a bloquear seu acesso às 
células-alvo para infecção ou destruição, 
processo que culmina na fagocitose da 
ameaça. Cada isotipo de glicoproteína tem 
suas características especiais, sendo 
produzidos de forma específica para o 
antígeno que induziu a resposta. Na 
molécula de imunoglobulina existem duas 
grandes regiões, a Fab, extremamente 
variável, responsável pela junção ao epítopo 
antigênico, e a Fc, que determina a classe do 
anticorpo conforme seus conectores de 
superfície. A interação entre antígeno e 
anticorpo pode ter avidez variável, 
aumentando conforme a capacidade das 
porções variáveis em detectar múltiplos 
epítopos de um mesmo patógeno. 
 
O linfócito B é capaz de reconhecer o 
antígeno diretamente pela ligação com 
receptores em sua superfície, como IgM 
monomérica e IgD. Após o reconhecimento, 
há uma seleção de imunoglobulinas: o 
epítopo ligado à IgM forma um complexo, 
que é então fagocitado pelo linfócito. Este 
complexo dentro da célula vai até ao núcleo 
e ativa genes específicos para produzir 
endonucleases, que são enzimas que vão 
deletar genes de diversas imunoglobulinas e 
deixar somente um isotipo específico. Esse 
isotipo, como por exemplo a IgG, é produzido 
pelo gene e lhe são acrescentadas as 
características que a tornam específicas 
contra o antígeno. Após isso, as 
imunoglobulinas específicas são liberadas. 
 
DINÂMICA DA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS (IGG E 
IGM): 
A titulação sorológica de IgM e IgG é 
utilizada tradicionalmente para diagnosticar 
patologias em suas fases iniciais, de forma a 
permitir uma indicação terapêutica 
direcionada, aumentando as chances de 
sucesso do tratamento e reduzindo os 
sintomas manifestados. 
Em novas infecções, os primeiros anticorpos 
produzidos são as IgM, que decaem em 
número à medida que a ameaça é 
controlada, momento no qual as IgG, 
imunoglobulinas de memória, têm sua 
produção intensificada, criando um registro 
vitalício para reconhecimento antigênico. 
As interações entre essas duas 
glicoproteínas podem ser utilizadas para 
verificar o estado de proteção do paciente 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
em relação ao antígeno em análise, podendo 
apresentar os seguintes resultados: 
 IgG negativo e IgM negativo: o indivíduo 
nunca entrou em contato com o patógeno 
(nunca teve a doença e nunca tomou a 
vacina), estando susceptível àquela 
doença; 
 IgG negativo e IgM positivo: a infecção 
está em seu estágio agudo, num período 
de dias a semanas desde o início do 
quadro; 
 IgG positivo e IgM positivo: a infecção é 
recente, havendo se passado semanas a 
meses do início das manifestações 
clínicas; 
 IgG positivo e IgM negativo: infecção 
antiga, após meses ou anos do início do 
quadro ou sucesso vacinal. Representa a 
imunização do indivíduo conta a doença. 
 
SENSIBILIDADE E ESPE CIFICIDADE: 
Os conceitos de sensibilidade e 
especificidade referem-se à performance 
dos testes diagnósticos, sendo avaliados 
junto a outras três características, valor 
preditivo (positivo e negativo), acurácia e 
razão de verossimilhança (positiva ou 
negativa). 
A sensibilidade diz respeito à probabilidade 
de que sejam encontrados resultados 
positivos nos doentes (verdadeiro positivo), 
reagindo a dosagens sutis do antígeno 
analisado. Esse dado pode ser calculado 
pela razão entre o número de doentes com 
resultado positivo pelo total de indivíduos 
afetados. 
A especificidade é a probabilidade de que 
haja resultados negativos nos não-doentes 
(verdadeiro negativo), reagindo somente a 
um tipo definido de antígeno. Pode ser 
calculada pelo número de indivíduos com 
resultado negativo dividido pelo total de não-
doentes. 
Sensibilidade e especificidade descrevem a 
proporção do resultado positivo ou negativo 
em quem, sabidamente está, ou não, 
acometido pelo patógeno. Por este motivo é 
necessário outro exame, considerado como 
padrão-ouro, na diferenciação entre doente e 
não-doente. Ainda que não apresentem 
relevância clínica como método principal de 
diagnóstico, esses critérios se fazem de 
fundamental importância para a definição de 
novos testes. 
AIDS: 
A AIDS é uma doença retroviral causada 
pelo vírus da imunodeficiência humana 
(HIV). Ela é caracterizada por infecção e 
depleção dos linfócitos T CD4+ e 
imunossupressão acentuada, causando 
infecções oportunistas, neoplasias 
secundárias e manifestações neurológicas. 
Apesar de a maior parte das pessoas 
infectadas estarem na África, os aumentos 
mais rápidos na incidência da infecção na 
última década ocorreram nos países do 
Sudeste Asiático, incluindo Tailândia, Índia e 
Indonésia. 
VÍRUS HIV: 
O HIV é um retrovírus humano pertencente à 
família lentivírus, que também inclui o vírus 
da imunodeficiência felina, o vírus da 
imunodeficiência símia, o vírus visna caprino 
e o vírus da anemia infecciosa equina. Duas 
formas diferentes sob o aspecto genético, 
mas antigenicamente relacionadas do HIV, 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
chamadas de HIV-1 e HIV-2, foram isoladas 
de pacientes com AIDS. O HIV-1 é o tipo 
mais comum associado à AIDS nos Estados 
Unidos, Europa e África Central, enquanto o 
HIV-2 causa doença semelhante, sobretudo 
na África Ocidental. 
De forma semelhante a outros retrovírus, o 
HIV apresenta vírion esférico com núcleo 
cônico e eletrodenso cercado por um 
envelope lipídico derivado da membrana 
plasmática da célula hospedeira. O núcleo 
do vírus contém: p24, a proteína principal do 
capsídeo (geralmente colocada como alvo 
para anticorpos nos mecanismos 
diagnósticos para essa doença), p7/p9, a 
proteína do capsídeo nuclear, duas cópias 
do RNA do genoma e três enzimas virais 
(protease, transcriptase reversa e integrase). 
O núcleo viral é cercado por uma matriz 
proteica, denominada p17, localizada abaixo 
do envelope do vírion. O envelope viral é 
pontuado por duas glicoproteínas virais 
(gp120 e gp41), decisivas para que o HIV 
infecte as células. 
O genoma proviral HIV-1 contém os genes 
gag, pol e env, que codificam as diversas 
proteínas virais. Os produtos dos genes gag 
e pol são inicialmente traduzidos a proteínas 
precursoras grandes que devem ser clivadas 
pela protease viraI para produzir as proteínas 
maduras. 
 
Além desses três genes-padrão, o HIV 
contém outros genes, nomeados por 3 letras, 
que agem na regulação da síntese e 
montagem das partículas virais. Os produtos 
de gene tat (transativador) são decisivos 
para a replicação viral, aumentando 1.000 
vezes a transcrição dos genes virais. A 
proteína nef estimula a atividade de quinase 
intracelular (afetando a ativação da célula T, 
replicação e infectividade virais) e reduz a 
expressão de CD4 e moléculas MHC na 
superfície das células infectadas, ao passo 
que a progressão da infecção pelo HIV in 
vivo depende do gene nef. 
A elevada taxa de variação no 
sequenciamento do ácido nucleico do vírus 
HIV se deve à fidelidade relativamente baixa 
da polimerase viral, com estimativas de um 
erro para cada 105 nucleotídeos replicados. 
As principais variações estão agrupadas em 
determinadas regiões das glicoproteínas do 
envelope. Como a resposta imunológica 
contra o HIV-1 é dirigida contra o seu 
envelope, essa variabilidadena estrutura 
antigênica representa uma grande barreira 
para o desenvolvimento de uma vacina. 
Baseando-se na análise genômica, o HIV-1 
divide-se em dois grupos, denominados M 
(major) e O (outlier), sendo o primeiro o mais 
frequente em todo o mundo, ordenado em 
categorias designadas de A a J segundo sua 
distribuição geográfica. 
 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: 
A entrada do HIV nas células exige a 
presença dos linfócitos T CD4, que age como 
um receptor de alta afinidade para o vírus, 
condição essa que explica o tropismo viral 
por esse tipo celular e sua capacidade de 
infecção. Entretanto, a ligação com o CD4 
não é suficiente para que haja infecção; o 
gp120 do envelope do HIV também deve se 
ligar a outras moléculas de superfície (co-
receptores) para facilitar sua entrada na 
célula. Dois receptores de quimiocina, CCR5 
e CXCR4, desempenham esse papel. 
Inicialmente a gp120 se liga aos linfócitos T 
auxiliares, conexão que expõe na molécula 
um novo sítio de reconhecimento para os 
receptores secundários (CXCR4 em células 
T, CCR5 em macrófagos). O gp41 sofre uma 
alteração de conformação que permite sua 
inserção na membrana-alvo, e esse 
processo facilita a fusão do vírus com a 
célula. Após a fusão, o núcleo viral, contendo 
o genoma do HIV, entra no citoplasma da 
célula. 
 
Uma vez internalizado, ocorre a transcrição 
reversa do genoma viral, ocasionando a 
formação do DNA complementar (cDNA). 
Nas células T em repouso, o cDNA proviraI 
pode permanecer no citoplasma em forma 
epissômica linear. Entretanto, nas células 
PrT em proliferação, o cDNA entra no núcleo 
e se integra ao genoma da célula. Após a 
interação, o provírus permanece sem ser 
transcrito por meses ou anos e a infecção se 
torna latente. Por outro lado, o DNA proviral 
pode ser transcrito para formar partículas 
virais completas que são liberadas por 
brotamento da membrana celular. Essas 
infecções produtivas, associadas a extenso 
brotamento viral, levam à morte celular. É 
importante salientar que, apesar de o HIV-1 
conseguir infectar células T em repouso, o 
início da transcrição do DNA virótico (e, 
consequentemente, da infecção produtiva) 
só ocorre quando a célula afetada é ativada 
pela exposição a antígenos ou citocinas. 
Assim, as respostas imunológicas a 
infecções e outros estímulos promovem a 
morte das células T infectadas pelo HIV. 
 
MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
Na infecção inicial pelo HIV observa-se 
importante aumento da carga viral e de 
antígeno p24, posteriormente inibido pela 
ativação da resposta imune. Períodos de 
incubação, que variam de alguns dias a 3 
meses, têm sido descritos, e a 
soroconversão ocorre entre 1 e 10 semanas 
após o início da doença. Anticorpos contra o 
HIV-1 podem ser detectados por teste de 
imunofluorescência em períodos de 2 a 8 
dias após o início da infecção, testes de 
radioimunoprecipitação e Western blot 
podem ser reativos em períodos de 2 
semanas de doença clínica, enquanto testes 
imunoenzimáticos tornam-se reativos 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
posteriormente, em períodos médios de 31 a 
58 dias. A seguir, é estabelecida uma 
condição de equilíbrio entre vírus e 
hospedeiro, variável de pessoa a pessoa e 
que pode ser preditiva de um curso clínico de 
longa duração. Em adultos, períodos médios 
anteriores ao desenvolvimento da AIDS têm 
sido estimados em 10 anos, na ausência de 
terapia. Nessa fase, indivíduos infectados 
geralmente apresentam baixos e 
persistentes níveis de viremia e depleção 
gradual de linfócitos T CD4 que, na ausência 
de tratamento, pode levar a uma grave 
imunodeficiência e ao aparecimento de 
infecções oportunistas, neoplasias e morte. 
No estágio final da doença, são observados 
novamente níveis elevados da carga virai e 
antígeno p24. 
Os testes aplicados ao diagnóstico da 
infecção pelo HIV, pela pesquisa de 
anticorpos circulantes, podem apresentar 
diferentes abordagens metodológicas, como 
os métodos imunoenzimáticos (Enzyme 
Linked Immunosorbent Assay [ELISA]), o 
método quimioluminescente e outros tipos de 
testes, como a aglutinação, que emprega 
antígenos ligados a partículas de látex, 
gelatina ou hemácias, e de revelação direta. 
Os imunoenzimáticos, mais comumente 
utilizados, empregam antígenos adsorvidos 
em fases sólidas, que podem ser proteínas 
recombinantes obtidas por engenharia 
genética, peptídeos quimicamente 
sintetizados ou o próprio vírus inativado. 
Esses métodos são, preferencialmente, 
utilizados para rastreamento em bancos de 
sangue e amostras sorológicas de indivíduos 
com sintomatologia sugestiva ou 
assintomáticos e com história de situação de 
risco. Os testes comercializados atualmente 
apresentam elevada sensibilidade e 
especificidade, com índices de 98 a 99%, e a 
possibilidade de automação permite a 
análise de um grande número de amostras 
em pequeno intervalo de tempo. Um teste 
sorológico reativo para anti-HIV em uma 
primeira amostra, deverá ser repetido, com a 
mesma amostra, por metodologia de 
diferente procedência. Se for reativo 
novamente, deve-se considerar o resultado 
positivo. Os métodos de Western blot e 
imunofluorescência em células fixadas são 
amplamente utilizados como testes 
confirmatórios, em função de sua 
especificidade. 
O Western blot é um método com elevada 
sensibilidade e especificidade que permite 
identificar anticorpos contra os diferentes 
constituintes do HIV. A metodologia do teste 
utiliza antígenos do vírus, obtido em cultura 
de linhagem celular ou sinteticamente 
obtidos, separados em distintas regiões, por 
eletroforese de acordo com seu peso 
molecular. A transferência para uma 
membrana de nitrocelulose permite a reação 
entre os antígenos fixados na membrana e 
os anticorpos, presentes no soro ou plasma 
de indivíduos infectados. A ausência de 
reações específicas para os diferentes 
antígenos do HIV confirma a reação 
negativa, e padrões que não atendam ao 
critério de positividade estabelecido são 
considerados indeterminados, que podem 
ser observados em indivíduos com 
soroconversão precoce, fase avançada de 
infecção, por reatividade cruzada com 
aloanticorpos (gravidez e indivíduos 
politransfundidos) ou autoanticorpos 
(neoplasias e doenças autoimunes). 
Métodos moleculares também podem ser 
usados para identificar e quantificar a 
presença de RNA viral e de cDNA. A 
determinação qualitativa do ou DNA proviral 
é feita pela reação em cadeia da polimerase 
(PCR). Ela se aplica à confirmação de 
resultados de testes imunoenzimáticos 
reativos e Western blot indeterminados, que 
requerem avaliações clínicas e 
acompanhamento laboratorial, com a coleta 
de novas amostras. O método permite a 
amplificação exponencial de sequências do 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
ácido nucleico, com elevadas especificidade 
e sensibilidade. 
A carga viral traduz o número de partículas 
virais no sangue periférico e, por meio de 
metodologias de amplificação do ácido 
nucleico ou sondas marcadas, pode ser 
estimada pela quantificação direta do RNA 
viral no plasma de pacientes infectados. A 
avaliação da carga viral permite estabelecer 
o estágio da infecção viral e o risco de 
evolução à AIDS, indicar o início da terapia 
antirretroviral e monitorar a resposta à 
terapia, e pode, com ressalvas, ser utilizado 
como teste confirmador. 
JANELA IMUNOLÓGICA: 
Três fases refletem a dinâmica da infecção 
do corpo humano pelo HIV, a saber: 
 
 Fase aguda: é o período referente à 
resposta imune inicial de um adulto 
saudável à contaminação pelo vírus, se 
apresentando de 3 a 6 semanas após o 
contato. Com caráter autolimitante, 
desenvolve sintomas inespecíficos como 
dor de garganta, mialgia, febre e 
erupções cutâneas, podendo tambémmanifestar casos de meningite asséptica. 
Essa fase é caracterizada pelo alto nível 
de produção viral, viremia e colonização 
dos tecidos linfoides periféricos, com 
redução das células T CD4. Uma reação 
imune específica contra o HIV logo é 
desenvolvida, evidenciada pela 
conversão sorológica e aumento dos CTL 
específicos para o vírus, tudo ocorrendo 
entre 3 a 17 semanas após a exposição. 
Por mais que o número de linfócitos T 
auxiliares volte ao normal e a viremia seja 
reduzida, isso não representa o fim da 
infecção, uma vez que o vírus permanece 
se replicando nos órgãos linfoides; 
 Fase crônica: intermediária, representa o 
período de contenção relativa do vírus. O 
sistema imune do hospedeiro permanece 
intacto, mas a replicação viral permanece 
constante, fazendo com que essa fase 
seja capaz de perdurar por anos. Os 
pacientes podem apresentar-se 
assintomáticos, mas também é possível 
observar linfadenopatia persistente ou 
infecções oportunistas de menor 
complexidade, como candidíase e 
herpes-zóster. A proliferação viral se 
mantém constante nos tecidos linfoides, 
estando firmemente associada à perda 
de linfócitos T helper, ainda que sua 
redução no sangue periférico não seja tão 
visível. Após um tempo prolongado e 
variável, o número de células CD4 
começa a declinar, sua proporção de 
linfócitos sobreviventes infectados com o 
HIV aumenta e as defesas do hospedeiro 
começam a se enfraquecer. A 
linfadenopatia persistente com 
manifestação sintomática (febre, erupção 
cutânea e fadiga) indica o início do 
estresse imunológico, deflagrando o 
início da fase de crise, com elevado 
aumento populacional do vírus; 
 Fase de crise: momento de ruptura das 
defesas do organismo, com aumento 
acentuado da viremia e manifestações 
clínicas da doença. Os sinais 
apresentados pelos pacientes são febre 
por mais de um mês, fadiga, perda de 
peso e diarreia. A titulação de linfócitos T 
CD4 cai drasticamente, com menos de 
500 células/µL. Depois de um intervalo de 
tempo variável, os indivíduos vivendo 
com HIV passam a desenvolver infecções 
oportunistas mais graves, neoplasias 
secundárias ou manifestações 
neurológicas, sinais que indicam o 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
desenvolvimento da AIDS. Mesmo sem 
esses indícios, o CDC americano define 
que toda pessoa soropositiva cuja 
contagem de células CD4 seja igual ou 
menor a 200 por microlitro é portador da 
AIDS. 
 
Na ausência de tratamento adequado, a 
maior parte dos pacientes infectados por HIV 
desenvolve AIDS após uma fase crônica que 
dura entre 7 a 10 anos. As exceções a essa 
regra incluem os rápidos progressores e os 
não progressores a longo prazo. No primeiro 
grupo, a fase crônica, intermediária, é 
reduzida para 2-3 anos. Os não progressores 
(menos de 5% das pessoas infectadas) são 
definidos como indivíduos infectados que 
permanecem assintomáticos por 10 anos ou 
mais com níveis estáveis de células CD4 e 
níveis baixos de viremia, ainda que a maioria 
desses pacientes desenvolva AIDS, porém 
só após um período muito prolongado de 
latência. 
IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: 
A transmissão do HIV ocorre em condições 
que facilitam a troca de sangue ou fluidos 
corporais que contêm o vírus ou células 
infectadas com o vírus. Assim, as principais 
vias de infecção pelo HIV são contato sexual, 
inoculação parenteral e passagem do vírus 
de mães infectadas para os recém-nascidos. 
 Transmissão sexual: principal via de 
infecção em todo o mundo, sendo 
responsável por 75% de todos os casos 
de transmissão do HIV. O vírus está 
presente no sêmen, tanto no meio 
extracelular quanto no interior de células 
inflamatórias mononucleares, e penetra o 
corpo através de ulcerações ou abrasões 
na mucosa. A transmissão viral pode 
ocorrer pela entrada direta do vírus ou de 
células infectadas nos vasos sanguíneos 
com solução de continuidade, em 
decorrência de trauma ou pela fagocitose 
pelas CDs das mucosas; 
 Transmissão parenteral: é bem 
documentada em três grupos distintos: 
usuários de drogas endovenosas, 
hemofílicos tratados com concentrados 
de fator VIII ou IX e pessoas que 
receberam transfusão de sangue. Entre 
os usuários de drogas endovenosas, a 
transmissão ocorre por meio de agulhas, 
seringas ou outros equipamentos 
contaminados com sangue contendo 
HIV. A transmissão do HIV pela 
transfusão de sangue ou derivados do 
sangue, como concentrados de fator VIII 
liofilizado, foi eliminada por completo 
desde 1985. Quatro medidas de saúde 
pública são responsáveis por isso: testar 
o sangue e o plasma doados para 
detectar a presença do vírus, testes para 
o antígeno p24 (detectável antes do 
desenvolvimento de anticorpos), uso de 
calor para tratar os concentrados de 
fatores de coagulação e seleção de 
doadores com base em entrevistas que 
estratifiquem o risco deste em portar HIV; 
 Transmissão da mãe para o recém-
nascido: é o principal mecanismo de 
contágio do HIV em crianças. Três vias 
de transmissão estão envolvidas: no 
útero, pela transmissão transplacentária 
(intraparto, durante o parto) e, nos 
lactentes, pela ingestão do leite materno 
contaminado pelo vírus. 
Existe um risco pequeno, mas definitivo, de 
transmissão do HIV para profissionais da 
saúde. A conversão sorológica foi 
documentada após punção acidental com 
agulha ou exposição da pele com solução de 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
continuidade ao sangue em acidentes 
laboratoriais, porém suas taxas de 
conversão são pequenas se comparadas a 
doenças como a hepatite B. 
Novas estratégias de prevenção surgem 
como ferramentas complementares no 
enfrentamento da epidemia de HIV 
ampliando a gama de opções que os 
indivíduos terão para se prevenir contra o 
vírus e oferecendo mais alternativas 
verdadeiramente eficazes em relação às 
opções existentes anteriormente, como o 
preservativo e o uso de agulhas 
descartáveis. 
Entre os novos mecanismos que evitam a 
transmissão do HIV temos o uso do 
Tratamento como prevenção (TcP ou TASP, 
em inglês), a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) 
e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). 
 TcP: o uso de medicamentos 
antirretrovirais faz com que as pessoas 
vivendo com HIV alcancem a chamada 
“carga viral indetectável”. As evidências 
científicas também mostram que pessoas 
que possuem carga viral indetectável, 
além de ganharem uma melhora 
significativa na qualidade de vida têm 
uma chance muito menor de transmitir o 
vírus à outra pessoa, sendo esse 
mecanismo uma forma bidirecional para 
a manutenção da saúde; 
 PEP: a utilização da medicação 
antirretroviral após qualquer situação em 
que exista o risco de contato com o vírus 
HIV. A medicação age impedindo que o 
vírus se estabeleça no organismo – por 
isso a importância de se iniciar esta 
profilaxia o mais rápido possível após o 
contato: em até 72 horas, sendo o 
tratamento mais eficaz se iniciado nas 
duas primeiras horas após a exposição. 
O tratamento deve ser seguido por 28 
dias; 
 PrEP: refere-se à utilização de 
medicações antirretrovirais por indivíduos 
não acometidos pelo vírus, mas que se 
encontram em elevado risco de 
contaminação. Com o medicamento já 
circulante no sangue no momento do 
contato com o vírus, o HIV não consegue 
se estabelecer no organismo. Evidências 
comprovaram que a PrEP se trata de uma 
estratégia eficaz, com mais de 90% de 
redução da transmissão e sem nenhuma 
evidência de compensação de risco. 
HEPATITE B: 
AGENTE ETIOLÓGICO: 
A hepatite B é uma doença viral causada 
pelo vírus da hepatite B (HBV), um dos cinco 
possíveis vírus para o acometimento viral da 
doença e o único que pode ser transmitido 
por via sexual. As lesões teciduais causadas 
por esse patógeno são um dos principais 
percussores do carcinoma hepático. 
 
 
MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO:O HBV é um vírus envelopado com genoma 
em forma de DNA circular com fita dupla 
parcial e fita dupla simples, que se replica 
com a ajuda de RNA intermediário. 
Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA 
A via de entrada nas pessoas suscetíveis, 
após exposição ao vírus, é a corrente 
sanguínea, por onde ele atinge o fígado, 
primeiro sítio de replicação do HBV. Não há 
nenhuma evidência de replicação na 
superfície da mucosa. A replicação viral 
ocorre no citoplasma da célula, onde o RNA 
pré-genômico se associa ao HBcAg e à 
polimerase do vírus para formar a partícula 
do nucleocapsídeo. O HBV, depois de se 
ligar no hepatócito e penetrar as células por 
intermédio da endocitose, perde seu 
envoltório e o seu DNA genômico entra no 
núcleo da célula. A cadeia pequena é 
completada pelo DNA endógeno, que sofre 
conversões sucessivas até que ocorra a 
formação de sua estrutura circular, que pode 
sofrer replicações. 
O HBV não é diretamente citopático, as 
lesões hepáticas que aparecem durante a 
infecção crônica em geral são atribuídas à 
resposta imunológica do hospedeiro, pois 
tanto os componentes celulares quanto 
humorais são necessários para a eliminação 
do vírus, principalmente a ação de linfócitos 
T citotóxicos dirigidos contra os antígenos do 
núcleo do vírus. 
MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
Podem ser realizados testes inespecíficos 
capazes de mensurar a função hepática do 
indivíduo (alterada em casos de infecção 
viral) ou testes diferenciais, que podem 
determinar a presença real de anticorpos 
para o vírus da hepatite. 
São marcadores de triagem para a hepatite 
B: HBsAg e anti-HBc. 
 HBsAg (antígeno de superfície do HBV) – 
primeiramente denominado como 
antígeno Austrália. É o primeiro marcador 
a surgir após a infecção pelo HBV, em 
torno de 30 a 45 dias, podendo 
permanecer detectável por até 120 dias. 
Está presente nas infecções agudas e 
crônicas; 
 Anti-HBc (anticorpos IgG contra o 
antígeno do núcleo do HBV) – é um 
marcador que indica contato prévio com 
o vírus. Permanece detectável por toda a 
vida nos indivíduos que tiveram a 
infecção (mesmo naqueles que não 
cronificaram, ou seja, eliminaram o vírus). 
Representa importante marcador para 
estudos epidemiológicos; 
 
 Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM 
contra o antígeno do núcleo do HBV) – é 
um marcador de infecção recente, 
portanto confirma o diagnóstico de 
hepatite B aguda. Pode persistir por até 6 
meses após o início da infecção; 
 Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno 
de superfície do HBV) – indica imunidade 
contra o HBV. É detectado geralmente 
entre 1 a 10 semanas após o 
desaparecimento do HBsAg e indica bom 
prognóstico. É encontrado isoladamente 
em pacientes vacinados; 
 HBeAg (antígeno “e” do HBV) – é 
indicativo de replicação viral e, portanto, 
de alta infectividade. Está presente na 
fase aguda, surge após o aparecimento 
do HBsAg e pode permanecer por até 10 
semanas. Na hepatite crônica pelo HBV, 
a presença do HBeAg indica replicação 
viral e atividade da doença (maior 
probabilidade de evolução para cirrose); 
 Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” 
do HBV) – marcador de bom prognóstico 
na hepatite aguda pelo HBV. A 
soroconversão HBeAg para anti-HBe 
indica alta probabilidade de resolução da 
infecção nos casos agudos (ou seja, 
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provavelmente o indivíduo não vai se 
tornar um portador crônico do vírus). Na 
hepatite crônica pelo HBV a presença do 
anti-HBe, de modo geral, indica ausência 
de replicação do vírus, ou seja, menor 
atividade da doença e, com isso, menor 
chance de desenvolvimento de cirrose. 
 
IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: 
O HBV é encontrado no sangue nos últimos 
estágios de um longo período de incubação 
(4-26 semanas) e durante episódios ativos 
de hepatite aguda e crônica. Ele também 
está presente em todos os fluidos do corpo, 
fisiológicos ou patológicos, com exceção das 
fezes. O HBV é um vírus resistente e pode 
suportar temperatura e umidade extremas. 
Assim, embora o sangue e os líquidos 
corporais sejam os principais veículos de 
transmissão, o vírus também pode ser 
disseminado por contato com secreções do 
corpo, como sêmen, saliva, suor, lágrima, 
leite materno e derrames patológicos. Nas 
regiões endêmicas, a transmissão vertical, 
da mãe para o recém-nascido durante o 
parto, constitui o principal modo de 
transmissão. Em áreas de baixa prevalência, 
a transmissão horizontal, via transfusão de 
sangue, produtos sanguíneos, diálise, 
acidentes com agulhas entre trabalhadores 
da área de saúde e compartilhamento de 
seringas para uso de drogas intravenosas e 
a transmissão sexual (homossexual ou 
heterossexual) constituem os principais 
mecanismos de infecção por HBV. 
A prevenção dessa doença se dá tanto pelo 
cumprimento do cartão vacinal, que prevê a 
imunização a partir dos 12 meses, quanto 
pelo uso de preservativos e não 
compartilhamento de materiais 
perfurocortantes. 
 
HTLV: 
AGENTE ETIOLÓGICO: 
O HTLV (vírus linfotrópico de células T 
humanas) é um retrovírus humano capaz de 
induzir o desenvolvimento de múltiplas 
doenças, incluindo neoplasias como 
leucemia e linfoma de células T. Semelhante 
ao HIV, o HTLV possui tropismo para células 
T CD4, e esse subgrupo de células T é o 
principal alvo para a transformação 
neoplásica. O genoma desse vírus codifica 
uma proteína TAX viral que transativa genes 
de citocinas e seus receptores nas células T 
infectadas. Isto estabelece circuitos de 
sinalização autócrinos e parácrinos que 
estimulam a proliferação de células T. 
 
MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: 
O HTLV apresenta mecanismo de infecção 
muito semelhante ao do HIV, afetando 
células T CD4, incorporando seu DNA junto 
ao do hospedeiro e promovendo alterações 
conformacionais nesses tipos celulares. A 
ação diferencial desse vírus é que ele não 
promove a morte linfocitária, mas sim sua 
replicação exagerada, que se desenvolve de 
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tal forma a gerar mutações causadoras de 
neoplasias. 
 
MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
Os testes de aglutinação de partículas (PA), 
que pesquisam anticorpos encontrados no 
soro de indivíduos infectados, têm sido 
utilizados em inquéritos epidemiológicos e, 
em alguns países, como testes de triagem e 
confirmatório, simultaneamente. No Japão, 
onde a infecção por HTLV é endêmica, a 
utilização da reação de PA mostra-se 
suficiente, em razão da sua alta 
sensibilidade, rapidez e facilidade de 
execução. 
Os ensaios imunoenzimáticos (ELISA) 
também são úteis para detectar anticorpos 
anti-HTLV, porém, mesmo que esse teste 
conseguisse detectar os dois subtipos do 
vírus, sua sensibilidade mostrava-se 
insatisfatória, sendo necessária a adição de 
proteínas sintéticas desses vírus para 
ampliar a capacidade de detecção. Esse 
teste apresenta interferências para pacientes 
portadores de HIV, uma vez que ambos os 
vírus apresentam estrutura semelhante. 
Para confirmar o diagnóstico são realizados 
diversos testes sorológicos como Western 
blot (WB), imunofluorescência indireta (IFI), 
radioimunopreciptação (sensível e 
específico, mas ouco usado devido a 
necessidade de isótopos radioativos), 
imunoensaio de linha, ou até mesmo por 
imunoquimioluminescência. 
O teste de IFI para pesquisa de HTLV 
baseia-se na incubação dos soros a serem 
testados com antígenos dos vírus em células 
infectadas fixadas em lâminas de vidro e 
visualizadas por leitura em microscópio de 
fluorescência. Ainda que apresente boa 
sensibilidade e especificidade, o custo 
envolvido para o processamento do exame 
(salas com elevado nível de biossegurança, 
necessidade de profissionais altamente 
treinados e maquináro específico) fazem 
com que ele não seja aplicado amplamentena rotina clínica. Ainda, em uma reação 
positiva, o resultado indica apenas a 
presença de anticorpos contra HTLV, sem 
distinguir se foram induzidos por infecção 
causada por HTLV-1 ou HTLV-2. 
O diagnóstico por WB representa a via de 
análise mais prevalente no Brasil, agindo 
como uma variação do ELISA, expondo por 
ligações entre anticorpos no soro do paciente 
e epítopos proteicos no material do exame a 
presença de HTLV 1 ou 2, diferenciados pela 
inclusão de proteínas isoladas 
identificadoras. 
A pesquisa de genomas provirais por testes 
moleculares vem se tornando a principal 
ferramenta para a detecção e a identificação 
de diversos vírus em laboratórios de todo o 
mundo. Sendo assim, como nova alternativa 
para o diagnóstico confirmatório e 
discriminatório da infecção pelos HTL V, 
ensaios moleculares de amplificação 
genômica como a reação em cadeia da 
polimerase (PCR) e a PCR em tempo real 
têm sido utilizados. Além disso, as reações 
de PCR também têm sido úteis no 
diagnóstico precoce da transmissão 
materno-infantil, pois, nesses casos, os 
resultados das provas soro lógicas sofrem 
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interferência da transferência passiva de 
anticorpos maternos. A detecção da infecção 
na fase de soroconversão após infecção 
recente também pode ser realizada com 
base nos testes moleculares. Esses 
mecanismos diagnósticos utilizam corantes 
específicos para tingir o genoma viral, de 
modo a acompanhar a amplificação deste 
durante o estudo. 
IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: 
A transmissão do HTLV ocorre da mãe 
infectada para o recém-nascido, 
principalmente pelo aleitamento materno 
(transmissão vertical), mas outras formas de 
infecção são a via sexual desprotegida com 
uma pessoa infectada e o compartilhamento 
de seringas e agulhas. Para garantir a 
prevenção contra essa doença é necessário 
usar preservativos e evitar o 
compartilhamento de materiais 
perfurocortantes. Além disso a 
amamentação é contraindicada para 
puérperas positivas para o vírus dada a 
possibilidade de transmissão do vírus, sendo 
recomendada a suplementação com 
fórmulas lácteas para o neonato e o uso, pela 
mãe, de inibidores de lactação. 
SÍFILIS: 
AGENTE ETIOLÓGICO: 
A sífilis, ou lues, é uma infecção venérea 
crônica causada pelo espiroqueta 
Treponema pallidum. Essa bactéria é um 
organismo fastidioso cujo único hospedeiro 
natural é o ser humano. 
 
 
MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: 
Uma vez no corpo, os organismos se 
disseminam rapidamente para lugares 
distantes por meio dos vasos linfáticos e do 
sangue, mesmo antes do aparecimento de 
lesões no lugar de inoculação primária. Essa 
ampla disseminação é responsável pelas 
manifestações cíclicas da doença, que 
podem ser divididas, nos adultos, em 
estágios primário, secundário e terciário. Em 
9-90 dias (21, em média) depois da infecção, 
a primeira lesão, denominada cancro, 
aparece no ponto de entrada da bactéria. A 
disseminação sistêmica dos organismos 
continua durante esse período, enquanto o 
hospedeiro monta uma resposta imune. Dois 
tipos de anticorpos são formados: anticorpos 
que estabelecem uma reação cruzada com 
os constituintes do hospedeiro (anticorpos 
não treponêmicos) e anticorpos para 
antígenos treponêmicos específicos. Essa 
resposta humoral, contudo, falha na 
erradicação dos organismos. 
Na sífilis primária, uma lesão indolor se 
desenvolve na genitália externa e ocorre o 
aumento dos linfonodos regionais. A sífilis 
secundária se manifesta com linfadenopatia 
generalizada e lesões mucocutâneas que 
podem ser maculopapulares ou assumir a 
forma de lesões planas elevadas, chamadas 
condiloma plano (condylomata lata). A sífilis 
terciária pode causar aortite proximal e 
insuficiência aórtica; pode afetar o cérebro, 
as meninges e a medula espinhal ou causar 
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lesões granulomatosas focais, chamadas 
gomas, em múltiplos órgãos. 
A sífilis congênita é causada pela 
transmissão materna de espiroquetas, 
principalmente durante os estágios primário 
e secundário da doença na mãe. Ela pode 
levar ao parto de um bebê natimorto ou 
causar danos generalizados ao tecido do 
fígado, do baço, do pulmão, dos ossos e do 
pâncreas. 
MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
Embora o teste baseado na reação em 
cadeia da polimerase (RCP) tenha sido 
desenvolvido para a sífilis, a sorologia 
continua sendo o esteio do diagnóstico. Os 
testes sorológicos para a sífilis incluem os 
testes para anticorpos não treponêmicos e 
antitreponêmicos. Os testes não 
treponêmicos medem os anticorpos para a 
cardiolipina, um antígeno que está presente 
tanto nos tecidos do hospedeiro quanto na 
parede das células treponêmicas. Esses 
anticorpos são detectados pelos testes de 
reagina plasmática rápida (RPR) e o 
Venereal Disease Research Laboratory 
(VDRL). Os testes para anticorpos não 
treponêmicos geralmente são positivos 
depois de 4-6 semanas da infecção e 
fortemente positivos na fase secundária dela. 
Entretanto, os resultados do teste para 
anticorpos não treponêmicos podem reverter 
para negativos durante a fase terciária ou, ao 
contrário, às vezes, ser persistentemente 
positivos em alguns pacientes depois do 
tratamento bem-sucedido. 
Os testes para anticorpos treponêmicos 
também se tornam positivos entre 4-6 
semanas depois da infecção, mas, 
diferentemente dos testes para anticorpos 
não treponêmicos, geralmente permanecem 
positivos indefinidamente, mesmo depois de 
tratamento bem-sucedido. Esses testes dão 
resultados fortemente positivos em quase 
todos os casos de sífilis secundária. No 
entanto, não são recomendados como testes 
de triagem porque os resultados 
permanecem positivos depois do tratamento 
e porque apresentam alta taxa de falso-
positivos (cerca de 2%) na população em 
geral. 
Os testes imunoenzimáticos (ELISA) são 
processados com extratos antigênicos de T. 
pallidum fixados sobre suportes, como 
microesferas ou cavidades de placas 
plásticas. Sobre estes, incubam-se, 
sucessivamente, diluições do soro 
absorvente, de conjugado enzimático anti-
IgG humanas, e, por fim, a mistura 
cromógena, todas estas incubações 
intercaladas por lavagens da placa, lendo-se, 
então, em espectrofotômetro a coloração 
resultante. Uma intensidade limiar de 
coloração, predeterminada segundo as 
colorações obtidas para soros de não 
sifilíticos, torna possível identificar os soros 
reagentes, que originam absorbâncias acima 
desse valor. 
A resposta sorológica pode ser tardia, 
exagerada (resultados falso-positivos) ou 
ausente em pacientes com sífilis e HIV 
coexistentes. Na maioria dos casos, contudo, 
esses testes continuam sendo úteis no 
diagnóstico e no manejo da sífilis nos 
pacientes com AIDS. 
IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: 
A fonte usual da infecção pela sífilis é o 
contato com lesão cutânea ou de mucosa de 
parceiro sexual com a doença (primária ou 
secundária) em estágio inicial, porém essa 
transmissão pode se dar de forma vertical 
durante a gestação ou no parto. 
A prevenção contra essa doença 
potencialmente fatal é realizada por meio do 
uso de preservativos e pelo 
acompanhamento de gestantes durante o 
pré-natal, controlando assim a sífilis 
congênita.

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