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Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO DAS DOENÇAS INFECCIOSAS: INTERAÇÃO ENTRE ANTÍGENO E ANTICORPO: Antígenos são quaisquer moléculas ou microrganismos capazes de ligarem-se a linfócitos T ou a um anticorpo, podendo ou não induzir respostas imunes (nem todo antígeno é um imunógeno). Os anticorpos, por sua vez, são glicoproteínas (imunoglobulinas) produzidas por célula B e atuantes como seus receptores BCR. A maneira mais simples de proteção exercida por anticorpos é a neutralização, processo no qual a imunoglobulina se liga ao patógeno de forma a bloquear seu acesso às células-alvo para infecção ou destruição, processo que culmina na fagocitose da ameaça. Cada isotipo de glicoproteína tem suas características especiais, sendo produzidos de forma específica para o antígeno que induziu a resposta. Na molécula de imunoglobulina existem duas grandes regiões, a Fab, extremamente variável, responsável pela junção ao epítopo antigênico, e a Fc, que determina a classe do anticorpo conforme seus conectores de superfície. A interação entre antígeno e anticorpo pode ter avidez variável, aumentando conforme a capacidade das porções variáveis em detectar múltiplos epítopos de um mesmo patógeno. O linfócito B é capaz de reconhecer o antígeno diretamente pela ligação com receptores em sua superfície, como IgM monomérica e IgD. Após o reconhecimento, há uma seleção de imunoglobulinas: o epítopo ligado à IgM forma um complexo, que é então fagocitado pelo linfócito. Este complexo dentro da célula vai até ao núcleo e ativa genes específicos para produzir endonucleases, que são enzimas que vão deletar genes de diversas imunoglobulinas e deixar somente um isotipo específico. Esse isotipo, como por exemplo a IgG, é produzido pelo gene e lhe são acrescentadas as características que a tornam específicas contra o antígeno. Após isso, as imunoglobulinas específicas são liberadas. DINÂMICA DA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS (IGG E IGM): A titulação sorológica de IgM e IgG é utilizada tradicionalmente para diagnosticar patologias em suas fases iniciais, de forma a permitir uma indicação terapêutica direcionada, aumentando as chances de sucesso do tratamento e reduzindo os sintomas manifestados. Em novas infecções, os primeiros anticorpos produzidos são as IgM, que decaem em número à medida que a ameaça é controlada, momento no qual as IgG, imunoglobulinas de memória, têm sua produção intensificada, criando um registro vitalício para reconhecimento antigênico. As interações entre essas duas glicoproteínas podem ser utilizadas para verificar o estado de proteção do paciente Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA em relação ao antígeno em análise, podendo apresentar os seguintes resultados: IgG negativo e IgM negativo: o indivíduo nunca entrou em contato com o patógeno (nunca teve a doença e nunca tomou a vacina), estando susceptível àquela doença; IgG negativo e IgM positivo: a infecção está em seu estágio agudo, num período de dias a semanas desde o início do quadro; IgG positivo e IgM positivo: a infecção é recente, havendo se passado semanas a meses do início das manifestações clínicas; IgG positivo e IgM negativo: infecção antiga, após meses ou anos do início do quadro ou sucesso vacinal. Representa a imunização do indivíduo conta a doença. SENSIBILIDADE E ESPE CIFICIDADE: Os conceitos de sensibilidade e especificidade referem-se à performance dos testes diagnósticos, sendo avaliados junto a outras três características, valor preditivo (positivo e negativo), acurácia e razão de verossimilhança (positiva ou negativa). A sensibilidade diz respeito à probabilidade de que sejam encontrados resultados positivos nos doentes (verdadeiro positivo), reagindo a dosagens sutis do antígeno analisado. Esse dado pode ser calculado pela razão entre o número de doentes com resultado positivo pelo total de indivíduos afetados. A especificidade é a probabilidade de que haja resultados negativos nos não-doentes (verdadeiro negativo), reagindo somente a um tipo definido de antígeno. Pode ser calculada pelo número de indivíduos com resultado negativo dividido pelo total de não- doentes. Sensibilidade e especificidade descrevem a proporção do resultado positivo ou negativo em quem, sabidamente está, ou não, acometido pelo patógeno. Por este motivo é necessário outro exame, considerado como padrão-ouro, na diferenciação entre doente e não-doente. Ainda que não apresentem relevância clínica como método principal de diagnóstico, esses critérios se fazem de fundamental importância para a definição de novos testes. AIDS: A AIDS é uma doença retroviral causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Ela é caracterizada por infecção e depleção dos linfócitos T CD4+ e imunossupressão acentuada, causando infecções oportunistas, neoplasias secundárias e manifestações neurológicas. Apesar de a maior parte das pessoas infectadas estarem na África, os aumentos mais rápidos na incidência da infecção na última década ocorreram nos países do Sudeste Asiático, incluindo Tailândia, Índia e Indonésia. VÍRUS HIV: O HIV é um retrovírus humano pertencente à família lentivírus, que também inclui o vírus da imunodeficiência felina, o vírus da imunodeficiência símia, o vírus visna caprino e o vírus da anemia infecciosa equina. Duas formas diferentes sob o aspecto genético, mas antigenicamente relacionadas do HIV, Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA chamadas de HIV-1 e HIV-2, foram isoladas de pacientes com AIDS. O HIV-1 é o tipo mais comum associado à AIDS nos Estados Unidos, Europa e África Central, enquanto o HIV-2 causa doença semelhante, sobretudo na África Ocidental. De forma semelhante a outros retrovírus, o HIV apresenta vírion esférico com núcleo cônico e eletrodenso cercado por um envelope lipídico derivado da membrana plasmática da célula hospedeira. O núcleo do vírus contém: p24, a proteína principal do capsídeo (geralmente colocada como alvo para anticorpos nos mecanismos diagnósticos para essa doença), p7/p9, a proteína do capsídeo nuclear, duas cópias do RNA do genoma e três enzimas virais (protease, transcriptase reversa e integrase). O núcleo viral é cercado por uma matriz proteica, denominada p17, localizada abaixo do envelope do vírion. O envelope viral é pontuado por duas glicoproteínas virais (gp120 e gp41), decisivas para que o HIV infecte as células. O genoma proviral HIV-1 contém os genes gag, pol e env, que codificam as diversas proteínas virais. Os produtos dos genes gag e pol são inicialmente traduzidos a proteínas precursoras grandes que devem ser clivadas pela protease viraI para produzir as proteínas maduras. Além desses três genes-padrão, o HIV contém outros genes, nomeados por 3 letras, que agem na regulação da síntese e montagem das partículas virais. Os produtos de gene tat (transativador) são decisivos para a replicação viral, aumentando 1.000 vezes a transcrição dos genes virais. A proteína nef estimula a atividade de quinase intracelular (afetando a ativação da célula T, replicação e infectividade virais) e reduz a expressão de CD4 e moléculas MHC na superfície das células infectadas, ao passo que a progressão da infecção pelo HIV in vivo depende do gene nef. A elevada taxa de variação no sequenciamento do ácido nucleico do vírus HIV se deve à fidelidade relativamente baixa da polimerase viral, com estimativas de um erro para cada 105 nucleotídeos replicados. As principais variações estão agrupadas em determinadas regiões das glicoproteínas do envelope. Como a resposta imunológica contra o HIV-1 é dirigida contra o seu envelope, essa variabilidadena estrutura antigênica representa uma grande barreira para o desenvolvimento de uma vacina. Baseando-se na análise genômica, o HIV-1 divide-se em dois grupos, denominados M (major) e O (outlier), sendo o primeiro o mais frequente em todo o mundo, ordenado em categorias designadas de A a J segundo sua distribuição geográfica. Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: A entrada do HIV nas células exige a presença dos linfócitos T CD4, que age como um receptor de alta afinidade para o vírus, condição essa que explica o tropismo viral por esse tipo celular e sua capacidade de infecção. Entretanto, a ligação com o CD4 não é suficiente para que haja infecção; o gp120 do envelope do HIV também deve se ligar a outras moléculas de superfície (co- receptores) para facilitar sua entrada na célula. Dois receptores de quimiocina, CCR5 e CXCR4, desempenham esse papel. Inicialmente a gp120 se liga aos linfócitos T auxiliares, conexão que expõe na molécula um novo sítio de reconhecimento para os receptores secundários (CXCR4 em células T, CCR5 em macrófagos). O gp41 sofre uma alteração de conformação que permite sua inserção na membrana-alvo, e esse processo facilita a fusão do vírus com a célula. Após a fusão, o núcleo viral, contendo o genoma do HIV, entra no citoplasma da célula. Uma vez internalizado, ocorre a transcrição reversa do genoma viral, ocasionando a formação do DNA complementar (cDNA). Nas células T em repouso, o cDNA proviraI pode permanecer no citoplasma em forma epissômica linear. Entretanto, nas células PrT em proliferação, o cDNA entra no núcleo e se integra ao genoma da célula. Após a interação, o provírus permanece sem ser transcrito por meses ou anos e a infecção se torna latente. Por outro lado, o DNA proviral pode ser transcrito para formar partículas virais completas que são liberadas por brotamento da membrana celular. Essas infecções produtivas, associadas a extenso brotamento viral, levam à morte celular. É importante salientar que, apesar de o HIV-1 conseguir infectar células T em repouso, o início da transcrição do DNA virótico (e, consequentemente, da infecção produtiva) só ocorre quando a célula afetada é ativada pela exposição a antígenos ou citocinas. Assim, as respostas imunológicas a infecções e outros estímulos promovem a morte das células T infectadas pelo HIV. MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Na infecção inicial pelo HIV observa-se importante aumento da carga viral e de antígeno p24, posteriormente inibido pela ativação da resposta imune. Períodos de incubação, que variam de alguns dias a 3 meses, têm sido descritos, e a soroconversão ocorre entre 1 e 10 semanas após o início da doença. Anticorpos contra o HIV-1 podem ser detectados por teste de imunofluorescência em períodos de 2 a 8 dias após o início da infecção, testes de radioimunoprecipitação e Western blot podem ser reativos em períodos de 2 semanas de doença clínica, enquanto testes imunoenzimáticos tornam-se reativos Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA posteriormente, em períodos médios de 31 a 58 dias. A seguir, é estabelecida uma condição de equilíbrio entre vírus e hospedeiro, variável de pessoa a pessoa e que pode ser preditiva de um curso clínico de longa duração. Em adultos, períodos médios anteriores ao desenvolvimento da AIDS têm sido estimados em 10 anos, na ausência de terapia. Nessa fase, indivíduos infectados geralmente apresentam baixos e persistentes níveis de viremia e depleção gradual de linfócitos T CD4 que, na ausência de tratamento, pode levar a uma grave imunodeficiência e ao aparecimento de infecções oportunistas, neoplasias e morte. No estágio final da doença, são observados novamente níveis elevados da carga virai e antígeno p24. Os testes aplicados ao diagnóstico da infecção pelo HIV, pela pesquisa de anticorpos circulantes, podem apresentar diferentes abordagens metodológicas, como os métodos imunoenzimáticos (Enzyme Linked Immunosorbent Assay [ELISA]), o método quimioluminescente e outros tipos de testes, como a aglutinação, que emprega antígenos ligados a partículas de látex, gelatina ou hemácias, e de revelação direta. Os imunoenzimáticos, mais comumente utilizados, empregam antígenos adsorvidos em fases sólidas, que podem ser proteínas recombinantes obtidas por engenharia genética, peptídeos quimicamente sintetizados ou o próprio vírus inativado. Esses métodos são, preferencialmente, utilizados para rastreamento em bancos de sangue e amostras sorológicas de indivíduos com sintomatologia sugestiva ou assintomáticos e com história de situação de risco. Os testes comercializados atualmente apresentam elevada sensibilidade e especificidade, com índices de 98 a 99%, e a possibilidade de automação permite a análise de um grande número de amostras em pequeno intervalo de tempo. Um teste sorológico reativo para anti-HIV em uma primeira amostra, deverá ser repetido, com a mesma amostra, por metodologia de diferente procedência. Se for reativo novamente, deve-se considerar o resultado positivo. Os métodos de Western blot e imunofluorescência em células fixadas são amplamente utilizados como testes confirmatórios, em função de sua especificidade. O Western blot é um método com elevada sensibilidade e especificidade que permite identificar anticorpos contra os diferentes constituintes do HIV. A metodologia do teste utiliza antígenos do vírus, obtido em cultura de linhagem celular ou sinteticamente obtidos, separados em distintas regiões, por eletroforese de acordo com seu peso molecular. A transferência para uma membrana de nitrocelulose permite a reação entre os antígenos fixados na membrana e os anticorpos, presentes no soro ou plasma de indivíduos infectados. A ausência de reações específicas para os diferentes antígenos do HIV confirma a reação negativa, e padrões que não atendam ao critério de positividade estabelecido são considerados indeterminados, que podem ser observados em indivíduos com soroconversão precoce, fase avançada de infecção, por reatividade cruzada com aloanticorpos (gravidez e indivíduos politransfundidos) ou autoanticorpos (neoplasias e doenças autoimunes). Métodos moleculares também podem ser usados para identificar e quantificar a presença de RNA viral e de cDNA. A determinação qualitativa do ou DNA proviral é feita pela reação em cadeia da polimerase (PCR). Ela se aplica à confirmação de resultados de testes imunoenzimáticos reativos e Western blot indeterminados, que requerem avaliações clínicas e acompanhamento laboratorial, com a coleta de novas amostras. O método permite a amplificação exponencial de sequências do Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA ácido nucleico, com elevadas especificidade e sensibilidade. A carga viral traduz o número de partículas virais no sangue periférico e, por meio de metodologias de amplificação do ácido nucleico ou sondas marcadas, pode ser estimada pela quantificação direta do RNA viral no plasma de pacientes infectados. A avaliação da carga viral permite estabelecer o estágio da infecção viral e o risco de evolução à AIDS, indicar o início da terapia antirretroviral e monitorar a resposta à terapia, e pode, com ressalvas, ser utilizado como teste confirmador. JANELA IMUNOLÓGICA: Três fases refletem a dinâmica da infecção do corpo humano pelo HIV, a saber: Fase aguda: é o período referente à resposta imune inicial de um adulto saudável à contaminação pelo vírus, se apresentando de 3 a 6 semanas após o contato. Com caráter autolimitante, desenvolve sintomas inespecíficos como dor de garganta, mialgia, febre e erupções cutâneas, podendo tambémmanifestar casos de meningite asséptica. Essa fase é caracterizada pelo alto nível de produção viral, viremia e colonização dos tecidos linfoides periféricos, com redução das células T CD4. Uma reação imune específica contra o HIV logo é desenvolvida, evidenciada pela conversão sorológica e aumento dos CTL específicos para o vírus, tudo ocorrendo entre 3 a 17 semanas após a exposição. Por mais que o número de linfócitos T auxiliares volte ao normal e a viremia seja reduzida, isso não representa o fim da infecção, uma vez que o vírus permanece se replicando nos órgãos linfoides; Fase crônica: intermediária, representa o período de contenção relativa do vírus. O sistema imune do hospedeiro permanece intacto, mas a replicação viral permanece constante, fazendo com que essa fase seja capaz de perdurar por anos. Os pacientes podem apresentar-se assintomáticos, mas também é possível observar linfadenopatia persistente ou infecções oportunistas de menor complexidade, como candidíase e herpes-zóster. A proliferação viral se mantém constante nos tecidos linfoides, estando firmemente associada à perda de linfócitos T helper, ainda que sua redução no sangue periférico não seja tão visível. Após um tempo prolongado e variável, o número de células CD4 começa a declinar, sua proporção de linfócitos sobreviventes infectados com o HIV aumenta e as defesas do hospedeiro começam a se enfraquecer. A linfadenopatia persistente com manifestação sintomática (febre, erupção cutânea e fadiga) indica o início do estresse imunológico, deflagrando o início da fase de crise, com elevado aumento populacional do vírus; Fase de crise: momento de ruptura das defesas do organismo, com aumento acentuado da viremia e manifestações clínicas da doença. Os sinais apresentados pelos pacientes são febre por mais de um mês, fadiga, perda de peso e diarreia. A titulação de linfócitos T CD4 cai drasticamente, com menos de 500 células/µL. Depois de um intervalo de tempo variável, os indivíduos vivendo com HIV passam a desenvolver infecções oportunistas mais graves, neoplasias secundárias ou manifestações neurológicas, sinais que indicam o Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA desenvolvimento da AIDS. Mesmo sem esses indícios, o CDC americano define que toda pessoa soropositiva cuja contagem de células CD4 seja igual ou menor a 200 por microlitro é portador da AIDS. Na ausência de tratamento adequado, a maior parte dos pacientes infectados por HIV desenvolve AIDS após uma fase crônica que dura entre 7 a 10 anos. As exceções a essa regra incluem os rápidos progressores e os não progressores a longo prazo. No primeiro grupo, a fase crônica, intermediária, é reduzida para 2-3 anos. Os não progressores (menos de 5% das pessoas infectadas) são definidos como indivíduos infectados que permanecem assintomáticos por 10 anos ou mais com níveis estáveis de células CD4 e níveis baixos de viremia, ainda que a maioria desses pacientes desenvolva AIDS, porém só após um período muito prolongado de latência. IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: A transmissão do HIV ocorre em condições que facilitam a troca de sangue ou fluidos corporais que contêm o vírus ou células infectadas com o vírus. Assim, as principais vias de infecção pelo HIV são contato sexual, inoculação parenteral e passagem do vírus de mães infectadas para os recém-nascidos. Transmissão sexual: principal via de infecção em todo o mundo, sendo responsável por 75% de todos os casos de transmissão do HIV. O vírus está presente no sêmen, tanto no meio extracelular quanto no interior de células inflamatórias mononucleares, e penetra o corpo através de ulcerações ou abrasões na mucosa. A transmissão viral pode ocorrer pela entrada direta do vírus ou de células infectadas nos vasos sanguíneos com solução de continuidade, em decorrência de trauma ou pela fagocitose pelas CDs das mucosas; Transmissão parenteral: é bem documentada em três grupos distintos: usuários de drogas endovenosas, hemofílicos tratados com concentrados de fator VIII ou IX e pessoas que receberam transfusão de sangue. Entre os usuários de drogas endovenosas, a transmissão ocorre por meio de agulhas, seringas ou outros equipamentos contaminados com sangue contendo HIV. A transmissão do HIV pela transfusão de sangue ou derivados do sangue, como concentrados de fator VIII liofilizado, foi eliminada por completo desde 1985. Quatro medidas de saúde pública são responsáveis por isso: testar o sangue e o plasma doados para detectar a presença do vírus, testes para o antígeno p24 (detectável antes do desenvolvimento de anticorpos), uso de calor para tratar os concentrados de fatores de coagulação e seleção de doadores com base em entrevistas que estratifiquem o risco deste em portar HIV; Transmissão da mãe para o recém- nascido: é o principal mecanismo de contágio do HIV em crianças. Três vias de transmissão estão envolvidas: no útero, pela transmissão transplacentária (intraparto, durante o parto) e, nos lactentes, pela ingestão do leite materno contaminado pelo vírus. Existe um risco pequeno, mas definitivo, de transmissão do HIV para profissionais da saúde. A conversão sorológica foi documentada após punção acidental com agulha ou exposição da pele com solução de Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA continuidade ao sangue em acidentes laboratoriais, porém suas taxas de conversão são pequenas se comparadas a doenças como a hepatite B. Novas estratégias de prevenção surgem como ferramentas complementares no enfrentamento da epidemia de HIV ampliando a gama de opções que os indivíduos terão para se prevenir contra o vírus e oferecendo mais alternativas verdadeiramente eficazes em relação às opções existentes anteriormente, como o preservativo e o uso de agulhas descartáveis. Entre os novos mecanismos que evitam a transmissão do HIV temos o uso do Tratamento como prevenção (TcP ou TASP, em inglês), a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). TcP: o uso de medicamentos antirretrovirais faz com que as pessoas vivendo com HIV alcancem a chamada “carga viral indetectável”. As evidências científicas também mostram que pessoas que possuem carga viral indetectável, além de ganharem uma melhora significativa na qualidade de vida têm uma chance muito menor de transmitir o vírus à outra pessoa, sendo esse mecanismo uma forma bidirecional para a manutenção da saúde; PEP: a utilização da medicação antirretroviral após qualquer situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV. A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo – por isso a importância de se iniciar esta profilaxia o mais rápido possível após o contato: em até 72 horas, sendo o tratamento mais eficaz se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição. O tratamento deve ser seguido por 28 dias; PrEP: refere-se à utilização de medicações antirretrovirais por indivíduos não acometidos pelo vírus, mas que se encontram em elevado risco de contaminação. Com o medicamento já circulante no sangue no momento do contato com o vírus, o HIV não consegue se estabelecer no organismo. Evidências comprovaram que a PrEP se trata de uma estratégia eficaz, com mais de 90% de redução da transmissão e sem nenhuma evidência de compensação de risco. HEPATITE B: AGENTE ETIOLÓGICO: A hepatite B é uma doença viral causada pelo vírus da hepatite B (HBV), um dos cinco possíveis vírus para o acometimento viral da doença e o único que pode ser transmitido por via sexual. As lesões teciduais causadas por esse patógeno são um dos principais percussores do carcinoma hepático. MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO:O HBV é um vírus envelopado com genoma em forma de DNA circular com fita dupla parcial e fita dupla simples, que se replica com a ajuda de RNA intermediário. Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA A via de entrada nas pessoas suscetíveis, após exposição ao vírus, é a corrente sanguínea, por onde ele atinge o fígado, primeiro sítio de replicação do HBV. Não há nenhuma evidência de replicação na superfície da mucosa. A replicação viral ocorre no citoplasma da célula, onde o RNA pré-genômico se associa ao HBcAg e à polimerase do vírus para formar a partícula do nucleocapsídeo. O HBV, depois de se ligar no hepatócito e penetrar as células por intermédio da endocitose, perde seu envoltório e o seu DNA genômico entra no núcleo da célula. A cadeia pequena é completada pelo DNA endógeno, que sofre conversões sucessivas até que ocorra a formação de sua estrutura circular, que pode sofrer replicações. O HBV não é diretamente citopático, as lesões hepáticas que aparecem durante a infecção crônica em geral são atribuídas à resposta imunológica do hospedeiro, pois tanto os componentes celulares quanto humorais são necessários para a eliminação do vírus, principalmente a ação de linfócitos T citotóxicos dirigidos contra os antígenos do núcleo do vírus. MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Podem ser realizados testes inespecíficos capazes de mensurar a função hepática do indivíduo (alterada em casos de infecção viral) ou testes diferenciais, que podem determinar a presença real de anticorpos para o vírus da hepatite. São marcadores de triagem para a hepatite B: HBsAg e anti-HBc. HBsAg (antígeno de superfície do HBV) – primeiramente denominado como antígeno Austrália. É o primeiro marcador a surgir após a infecção pelo HBV, em torno de 30 a 45 dias, podendo permanecer detectável por até 120 dias. Está presente nas infecções agudas e crônicas; Anti-HBc (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do HBV) – é um marcador que indica contato prévio com o vírus. Permanece detectável por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção (mesmo naqueles que não cronificaram, ou seja, eliminaram o vírus). Representa importante marcador para estudos epidemiológicos; Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do HBV) – é um marcador de infecção recente, portanto confirma o diagnóstico de hepatite B aguda. Pode persistir por até 6 meses após o início da infecção; Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) – indica imunidade contra o HBV. É detectado geralmente entre 1 a 10 semanas após o desaparecimento do HBsAg e indica bom prognóstico. É encontrado isoladamente em pacientes vacinados; HBeAg (antígeno “e” do HBV) – é indicativo de replicação viral e, portanto, de alta infectividade. Está presente na fase aguda, surge após o aparecimento do HBsAg e pode permanecer por até 10 semanas. Na hepatite crônica pelo HBV, a presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença (maior probabilidade de evolução para cirrose); Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do HBV) – marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo HBV. A soroconversão HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade de resolução da infecção nos casos agudos (ou seja, Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA provavelmente o indivíduo não vai se tornar um portador crônico do vírus). Na hepatite crônica pelo HBV a presença do anti-HBe, de modo geral, indica ausência de replicação do vírus, ou seja, menor atividade da doença e, com isso, menor chance de desenvolvimento de cirrose. IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: O HBV é encontrado no sangue nos últimos estágios de um longo período de incubação (4-26 semanas) e durante episódios ativos de hepatite aguda e crônica. Ele também está presente em todos os fluidos do corpo, fisiológicos ou patológicos, com exceção das fezes. O HBV é um vírus resistente e pode suportar temperatura e umidade extremas. Assim, embora o sangue e os líquidos corporais sejam os principais veículos de transmissão, o vírus também pode ser disseminado por contato com secreções do corpo, como sêmen, saliva, suor, lágrima, leite materno e derrames patológicos. Nas regiões endêmicas, a transmissão vertical, da mãe para o recém-nascido durante o parto, constitui o principal modo de transmissão. Em áreas de baixa prevalência, a transmissão horizontal, via transfusão de sangue, produtos sanguíneos, diálise, acidentes com agulhas entre trabalhadores da área de saúde e compartilhamento de seringas para uso de drogas intravenosas e a transmissão sexual (homossexual ou heterossexual) constituem os principais mecanismos de infecção por HBV. A prevenção dessa doença se dá tanto pelo cumprimento do cartão vacinal, que prevê a imunização a partir dos 12 meses, quanto pelo uso de preservativos e não compartilhamento de materiais perfurocortantes. HTLV: AGENTE ETIOLÓGICO: O HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas) é um retrovírus humano capaz de induzir o desenvolvimento de múltiplas doenças, incluindo neoplasias como leucemia e linfoma de células T. Semelhante ao HIV, o HTLV possui tropismo para células T CD4, e esse subgrupo de células T é o principal alvo para a transformação neoplásica. O genoma desse vírus codifica uma proteína TAX viral que transativa genes de citocinas e seus receptores nas células T infectadas. Isto estabelece circuitos de sinalização autócrinos e parácrinos que estimulam a proliferação de células T. MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: O HTLV apresenta mecanismo de infecção muito semelhante ao do HIV, afetando células T CD4, incorporando seu DNA junto ao do hospedeiro e promovendo alterações conformacionais nesses tipos celulares. A ação diferencial desse vírus é que ele não promove a morte linfocitária, mas sim sua replicação exagerada, que se desenvolve de Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA tal forma a gerar mutações causadoras de neoplasias. MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Os testes de aglutinação de partículas (PA), que pesquisam anticorpos encontrados no soro de indivíduos infectados, têm sido utilizados em inquéritos epidemiológicos e, em alguns países, como testes de triagem e confirmatório, simultaneamente. No Japão, onde a infecção por HTLV é endêmica, a utilização da reação de PA mostra-se suficiente, em razão da sua alta sensibilidade, rapidez e facilidade de execução. Os ensaios imunoenzimáticos (ELISA) também são úteis para detectar anticorpos anti-HTLV, porém, mesmo que esse teste conseguisse detectar os dois subtipos do vírus, sua sensibilidade mostrava-se insatisfatória, sendo necessária a adição de proteínas sintéticas desses vírus para ampliar a capacidade de detecção. Esse teste apresenta interferências para pacientes portadores de HIV, uma vez que ambos os vírus apresentam estrutura semelhante. Para confirmar o diagnóstico são realizados diversos testes sorológicos como Western blot (WB), imunofluorescência indireta (IFI), radioimunopreciptação (sensível e específico, mas ouco usado devido a necessidade de isótopos radioativos), imunoensaio de linha, ou até mesmo por imunoquimioluminescência. O teste de IFI para pesquisa de HTLV baseia-se na incubação dos soros a serem testados com antígenos dos vírus em células infectadas fixadas em lâminas de vidro e visualizadas por leitura em microscópio de fluorescência. Ainda que apresente boa sensibilidade e especificidade, o custo envolvido para o processamento do exame (salas com elevado nível de biossegurança, necessidade de profissionais altamente treinados e maquináro específico) fazem com que ele não seja aplicado amplamentena rotina clínica. Ainda, em uma reação positiva, o resultado indica apenas a presença de anticorpos contra HTLV, sem distinguir se foram induzidos por infecção causada por HTLV-1 ou HTLV-2. O diagnóstico por WB representa a via de análise mais prevalente no Brasil, agindo como uma variação do ELISA, expondo por ligações entre anticorpos no soro do paciente e epítopos proteicos no material do exame a presença de HTLV 1 ou 2, diferenciados pela inclusão de proteínas isoladas identificadoras. A pesquisa de genomas provirais por testes moleculares vem se tornando a principal ferramenta para a detecção e a identificação de diversos vírus em laboratórios de todo o mundo. Sendo assim, como nova alternativa para o diagnóstico confirmatório e discriminatório da infecção pelos HTL V, ensaios moleculares de amplificação genômica como a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a PCR em tempo real têm sido utilizados. Além disso, as reações de PCR também têm sido úteis no diagnóstico precoce da transmissão materno-infantil, pois, nesses casos, os resultados das provas soro lógicas sofrem Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA interferência da transferência passiva de anticorpos maternos. A detecção da infecção na fase de soroconversão após infecção recente também pode ser realizada com base nos testes moleculares. Esses mecanismos diagnósticos utilizam corantes específicos para tingir o genoma viral, de modo a acompanhar a amplificação deste durante o estudo. IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: A transmissão do HTLV ocorre da mãe infectada para o recém-nascido, principalmente pelo aleitamento materno (transmissão vertical), mas outras formas de infecção são a via sexual desprotegida com uma pessoa infectada e o compartilhamento de seringas e agulhas. Para garantir a prevenção contra essa doença é necessário usar preservativos e evitar o compartilhamento de materiais perfurocortantes. Além disso a amamentação é contraindicada para puérperas positivas para o vírus dada a possibilidade de transmissão do vírus, sendo recomendada a suplementação com fórmulas lácteas para o neonato e o uso, pela mãe, de inibidores de lactação. SÍFILIS: AGENTE ETIOLÓGICO: A sífilis, ou lues, é uma infecção venérea crônica causada pelo espiroqueta Treponema pallidum. Essa bactéria é um organismo fastidioso cujo único hospedeiro natural é o ser humano. MORFOLOGIA E MECANISMO DE INFECÇÃO: Uma vez no corpo, os organismos se disseminam rapidamente para lugares distantes por meio dos vasos linfáticos e do sangue, mesmo antes do aparecimento de lesões no lugar de inoculação primária. Essa ampla disseminação é responsável pelas manifestações cíclicas da doença, que podem ser divididas, nos adultos, em estágios primário, secundário e terciário. Em 9-90 dias (21, em média) depois da infecção, a primeira lesão, denominada cancro, aparece no ponto de entrada da bactéria. A disseminação sistêmica dos organismos continua durante esse período, enquanto o hospedeiro monta uma resposta imune. Dois tipos de anticorpos são formados: anticorpos que estabelecem uma reação cruzada com os constituintes do hospedeiro (anticorpos não treponêmicos) e anticorpos para antígenos treponêmicos específicos. Essa resposta humoral, contudo, falha na erradicação dos organismos. Na sífilis primária, uma lesão indolor se desenvolve na genitália externa e ocorre o aumento dos linfonodos regionais. A sífilis secundária se manifesta com linfadenopatia generalizada e lesões mucocutâneas que podem ser maculopapulares ou assumir a forma de lesões planas elevadas, chamadas condiloma plano (condylomata lata). A sífilis terciária pode causar aortite proximal e insuficiência aórtica; pode afetar o cérebro, as meninges e a medula espinhal ou causar Júlia Figueirêdo – LPI MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA lesões granulomatosas focais, chamadas gomas, em múltiplos órgãos. A sífilis congênita é causada pela transmissão materna de espiroquetas, principalmente durante os estágios primário e secundário da doença na mãe. Ela pode levar ao parto de um bebê natimorto ou causar danos generalizados ao tecido do fígado, do baço, do pulmão, dos ossos e do pâncreas. MECANISMOS DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Embora o teste baseado na reação em cadeia da polimerase (RCP) tenha sido desenvolvido para a sífilis, a sorologia continua sendo o esteio do diagnóstico. Os testes sorológicos para a sífilis incluem os testes para anticorpos não treponêmicos e antitreponêmicos. Os testes não treponêmicos medem os anticorpos para a cardiolipina, um antígeno que está presente tanto nos tecidos do hospedeiro quanto na parede das células treponêmicas. Esses anticorpos são detectados pelos testes de reagina plasmática rápida (RPR) e o Venereal Disease Research Laboratory (VDRL). Os testes para anticorpos não treponêmicos geralmente são positivos depois de 4-6 semanas da infecção e fortemente positivos na fase secundária dela. Entretanto, os resultados do teste para anticorpos não treponêmicos podem reverter para negativos durante a fase terciária ou, ao contrário, às vezes, ser persistentemente positivos em alguns pacientes depois do tratamento bem-sucedido. Os testes para anticorpos treponêmicos também se tornam positivos entre 4-6 semanas depois da infecção, mas, diferentemente dos testes para anticorpos não treponêmicos, geralmente permanecem positivos indefinidamente, mesmo depois de tratamento bem-sucedido. Esses testes dão resultados fortemente positivos em quase todos os casos de sífilis secundária. No entanto, não são recomendados como testes de triagem porque os resultados permanecem positivos depois do tratamento e porque apresentam alta taxa de falso- positivos (cerca de 2%) na população em geral. Os testes imunoenzimáticos (ELISA) são processados com extratos antigênicos de T. pallidum fixados sobre suportes, como microesferas ou cavidades de placas plásticas. Sobre estes, incubam-se, sucessivamente, diluições do soro absorvente, de conjugado enzimático anti- IgG humanas, e, por fim, a mistura cromógena, todas estas incubações intercaladas por lavagens da placa, lendo-se, então, em espectrofotômetro a coloração resultante. Uma intensidade limiar de coloração, predeterminada segundo as colorações obtidas para soros de não sifilíticos, torna possível identificar os soros reagentes, que originam absorbâncias acima desse valor. A resposta sorológica pode ser tardia, exagerada (resultados falso-positivos) ou ausente em pacientes com sífilis e HIV coexistentes. Na maioria dos casos, contudo, esses testes continuam sendo úteis no diagnóstico e no manejo da sífilis nos pacientes com AIDS. IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: A fonte usual da infecção pela sífilis é o contato com lesão cutânea ou de mucosa de parceiro sexual com a doença (primária ou secundária) em estágio inicial, porém essa transmissão pode se dar de forma vertical durante a gestação ou no parto. A prevenção contra essa doença potencialmente fatal é realizada por meio do uso de preservativos e pelo acompanhamento de gestantes durante o pré-natal, controlando assim a sífilis congênita.
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