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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Administração Estratégica Aula 1 Prof. Cláudio Aurélio Hernandes Prof.ª Vanessa Estela Kotovicz Rolon CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Seja bem-vindo a mais um importante ciclo de aprendizagem! Talvez o termo estratégia tenha sido o mais comum no campo da Administração nas últimas décadas. Especialmente, após o início da década de 1980, pesquisadores e gestores têm se preocupado em entender como as estratégias são criadas, como elas funcionam e como podemos, efetivamente, fazer com que nossas empresas consigam atingir metas. A nossa proposta com o conteúdo apresentado para a disciplina Estratégia, core competence e mudança é auxilia-los a dominar a terminologia da estratégia competitiva: termos, conceitos, ferramentas e o processo relacionado a ela. Além disso, queremos proporcionar o conhecimento dos aspectos envolvidos pela estratégia competitiva, identificar suas etapas da, integrar seus elementos envolventes com os aspectos relacionados à atratividade do mercado, diferenciação, custos e foco, identificando o contexto aplicado à estratégia competitiva. Enfim, vamos entender o que é e como funciona a estratégia competitiva de Porter. Contextualizando O termo estratégia é utilizado sem critério e retratado como aspecto de várias faces e várias dimensões, o que gera interpretações e visões imprecisas e descuidadas por alguns autores e praticantes. Diante de sua exposição excessiva, apresentamos a seguir apontamentos, relatos, discussões e reflexões direcionadas à estratégia competitiva, com propósito de auxiliá-lo na demonstração desse conceito bem difundido na prática empresarial. Podemos perceber: em busca de crescimento e diferenciação, muitas empresas procuram realizar eficientemente o conjunto de atividades necessárias para obter um custo menor do que os concorrentes ou organizar essas atividades de modo único, capaz de gerar valor diferenciado para os compradores. Esse fenômeno é chamado, no âmbito da Administração, de vantagem competitiva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 (Porter, 1986, 1992; Machado, 2015). De modo sintético, podemos traduzir esse termo como uma posição única, valiosa, defensável e protegida da concorrência, classificada, de acordo com Porter (1986), como: liderança no custo total; diferenciação; foco. As estratégias competitivas surgem nesse contexto para examinar como uma empresa pode competir com maior eficácia para fortalecer sua posição no mercado. Tema 1: Estratégia competitiva de Porter O impacto de Porter, iniciado há mais de 20 anos, ainda não chegou ao fim de seu curso. Certamente, é o mais influente dos autores do temo e seu uso fez-se não só em cursos de formação, mas tornou-se peça importante no universo da educação continuada para executivos e instrumento de trabalho para o interior das empresas. Pode-se dizer que o impacto de Porter foi profundo a ponto de ser paralisante, ou seja, para a maioria, o modelo é simplesmente sinônimo de gestão estratégica, bloqueando a percepção e a introdução de novos modelos e perspectivas, bem como dificultando que se faça uma abordagem mais crítica (Bertero; Binder; Vasconcelos, 2005). O parâmetro (referência) para criarmos a posição defensável (estável) para a nossa empresa e para criarmos a estratégia competitiva genérica decorre das cinco forças competitivas de Porter (1986): a. ameaça de produtos substitutos; b. novos entrantes; c. poder de negociação dos clientes; d. poder de negociação dos fornecedores; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 e. rivalidade entre empresas existentes. Figura 1.1 – Forças competitivas de Porter Fonte: Adaptado de Porter, 1986. A ameaça de produtos substitutos provém do: desempenho do preço relativo, dos custos de mudança e da propensão do comprador a substituir. As barreiras de novos entrantes são constituídas por: economias de escala já atingidas pelos atuais empresários em face da curva de aprendizagem e da reduzida rentabilidade inicial de possíveis novos concorrentes; diferenças entre produtos patenteados já estabelecidos; identidade de marcas; custos de mudança por deixar de atuar em um setor e iniciar em outro; exigências de capital; acesso à rede de distribuição; acesso a insumos; política governamental; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 retaliação esperada. O poder de negociação do comprador é dado por: concentração de compradores versus concentração de empresas; volume de compras do comprador; possibilidade de integração para trás; produtos substitutos; pull ou “efeito puxar”, no qual os compradores solicitam os produtos e a identidade da marca; impacto sobre qualidade/desempenho; incentivos dos tomadores de decisão – no caso de compras industriais. O poder de negociação dos fornecedores depende de: diferenciação dos insumos necessários às fabricações específicas; presença de insumos substitutos; concentração de fornecedores; importância de volume para o fornecedor; custo relativo a compras totais no setor; impacto dos insumos sobre custo ou diferenciação; ameaça de integração para frente em relação à ameaça de integração para trás pelas empresas no setor. A rivalidade entre os concorrentes é consequência dos seguintes fatores: o crescimento da indústria ou setor, em decorrência da expectativa de rentabilidade, acaba por atrair mais empresas, o que tende a diminuir a área de mercado de cada uma das organizações firmadas; a existência de custos fixos distintos, diferenciando os níveis de rentabilidade; diferença entre produtos existentes; identidade de marcas que determinam preferências, diferenciando os níveis de vendas entre as empresas; diversidade de concorrentes; barreiras de saída ou as dificuldades encontradas pelos empresários para abandonar esse setor, como o montante de investimentos já realizados e talvez de difícil recuperação, em caso de saída. As cinco forças, desafios e oportunidades Podemos perceber que o vigor dessas forças competitivas determina a taxa de retorno sobre o investimento da empresa. A estrutura influencia a rivalidade da indústria e sua rentabilidade, pois alteram preços, custos e investimentos. A metodologia das cinco forças nos permite visualizar que a empresa perceba a complexidade e aponte os fatores críticos para a concorrência em sua CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 indústria, bem como identificar inovações estratégicas que melhoraram a rentabilidade. Posicionando-nos como gestores de uma empresa, precisamos ter a noção que, ao fazer uma escolha estratégica, devemos considerar as consequências a longo prazo para a estrutura industrial. Outro aprendizado decorrente das cinco forças que merece atenção é a posição relativa dentro da indústria. O posicionamento determina a rentabilidade e mostra se uma empresa está abaixo ou acima da média. E, para falar um pouco mais sobre o posicionamento, percebemos que a base fundamental do desempenho acima da média a longo prazo é a vantagem competitiva sustentável. Embora possa ter inúmeros pontos fortes e pontos fracos em comparação com seus concorrentes, existem dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode ter: baixo custo e diferenciação. A vantagem de custo e a diferenciação, originam-se da estrutura industrial. Elas resultam da habilidade de lidar com as cinco forças melhor do que seus rivais. Os dois tipos básicos de vantagem competitiva, combinados com o escopo de atividades para quais uma empresa procura obtê-los, levam a três estratégias genéricas para alcançar o desempenho acima da média em uma indústria: liderança de custo, diferenciação e foco. A estratégia do foco tem duas variantes: no custo e na diferenciação.Essas estratégias buscam a vantagem competitiva em um limite amplo de segmentos industriais, enquanto a estratégia do foco visa à vantagem de custo (foco no custo) ou uma diferenciação (foco na diferenciação) em um segmento estreito. Para que você possa optar pela utilização de umas delas no local onde trabalha, você deve ter atenção para o seguinte aspecto: as ações específicas necessárias à implementação de cada estratégia variam muito de indústria para indústria, da mesma forma que as estratégias genéricas são viáveis em uma indústria particular. Se onde você trabalha se engaja em cada estratégia genérica, mas não alcança nenhuma delas, ela está no “meio-termo”, ou seja, não tem qualquer vantagem competitiva. Essa posição estratégica geralmente é uma receita para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 desempenho abaixo da média. Se está no meio-termo, ela irá competir em desvantagem, porque o líder no custo, diferenciadores ou enfocadores estarão bem mais posicionados para competir em qualquer segmento. Cada estratégia genérica é um método fundamentalmente diferente para a criação e a sustentação de uma vantagem competitiva, combinando o tipo de vantagem que uma empresa busca com o escopo de seu alvo estratégico. Preste atenção para você não cair na cilada de que é necessário mexer na diferenciação para pode adotar a redução de custos. Esta nem sempre envolve um sacrifício na diferenciação. Muitas empresas descobriram formas de reduzir os custos, não só sem ferir sua diferenciação, mas na verdade os elevando, fazendo uso de práticas que são mais eficientes e efetivas ou empregando uma tecnologia diferente. Existem três condições sob as quais uma empresa pode conseguir simultaneamente liderança no custo e na diferenciação: concorrentes estão no meio-termo; o custo é intensamente afetado pela parcela ou inter-relações; uma empresa é pioneira em importante inovação. Outra dica importante para usar uma estratégia genérica: ela não leva a um desempenho acima da média, a menos que seja sustentável diante dos concorrentes. A vantagem competitiva de uma empresa deve resistir à erosão pelo comportamento da concorrência ou pela evolução da indústria. A sustentabilidade de uma estratégia genérica exige que existam barreiras que dificultem a imitação dela. A empresa deve oferecer um alvo móvel como investimentos para melhorar continuamente de posição. Cada estratégia genérica é vulnerável a diferentes tipos de ataques, como nos exemplos a seguir. Riscos da liderança no custo: Liderança no custo não é sustentada CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Possibilidade de diferenciação é perdida Riscos da diferenciação: Diferenciação não é sustentada Possibilidade de baixo custo é perdida Riscos do foco: A estratégia do foco é imitada O segmento alvo torna-se sem atrativos em termos estruturais Concorrentes com alvos amplos dominam o segmento Portanto, com base no que foi apresentado até agora, perceba que as estratégias genéricas fornecem caminhos alternativos para um desempenho superior. Mudanças na estrutura industrial podem afetar as bases sobre as quais as estratégias genéricas são constituídas e alterar o equilíbrio entre elas. Tema 2: Liderança de custo Conforme abordado no tema anterior, a liderança em custos é a mais clara das três estratégias genéricas e tornou-se bastante comum nos anos 1970 devido à popularização do conceito da curva de experiência. Nela, uma empresa torna-se o produtor de baixo custo em sua indústria. Ela tem escopo amplo e atende a muitos segmentos industriais e pode operar em indústrias correlatas (a amplitude da empresa normalmente é importante para sua vantagem de custo). A estratégia de liderança em custos é um conjunto integrado de ações tomadas para produzir bens e serviços com características aceitáveis pelos clientes ao menor custo em comparação com os concorrentes (Hitt; Ireland; Hoskisson, 2008). Ao buscar uma compreensão mais detalhada do que vem a ser a estratégia de liderança em custos, você precisa compreender dois importantes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 aspectos: preço e diferenciação. Se uma empresa pode alcançar e sustentar a liderança no custo total, então, ela será um competidor acima da média no âmbito industrial em que está inserido, desde que possa comandar os preços perto ou na média da indústria. Com preços equivalentes ou mais baixos do que seus rivais, a posição de baixo custo de um líder no custo traduz-se em retornos mais altos. Outro aspecto: um líder em custo não pode, contudo, ignorar as bases da diferenciação. Se o produto não é considerado comparável ou aceitável pelos compradores, um líder de custo será forçado a reduzir os preços abaixo de sua posição de custo favorável. De acordo com Fernandes e Berton (2005), a estratégia da liderança de custo consiste em atingir a liderança por meio de um conjunto de políticas funcionais orientadas para a redução dos custos de operação. Esses autores alertam: a escolha dessa estratégia pelas empresas é para constantemente reduzir custos em atividades que não agregam valor, otimizar a capacidade produtiva, trabalhar a curva de experiência e utilizar mais racionalmente possível os fatores de produção. Nessa estratégia, minimiza-se a estrutura de custos para buscar a liderança por meio da redução de preços. São exemplos de empresas que adotam estratégias de liderança em custos: Gol, no setor de transportes aéreos; Fogões Atlas e Wentex (Grupo Coteminas), na área têxtil. As empresas que utilizam a estratégia de liderança em custos vendem bens e serviços padronizados e sem luxo (porém, com níveis competitivos de diferenciação) para os clientes mais habituais do setor industrial. Ressaltando, os bens e serviços dos líderes em custos prescindem ter níveis competitivos de diferenciação em termos de características que criem valor para os clientes. Na verdade, perceba no que já foi tratado aqui: enfatizar as reduções de custos e ignorar os níveis competitivos de diferenciação é ineficaz. Por outro lado, concentrar-se somente na redução de custos poderia fazer com a que a firma produzisse produtos que nenhum cliente quisesse comprar (Hitt; Ireland; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Hoskisson, 2008). De acordo com o que já mencionamos no tema anterior, Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) comentam: a estratégia de liderança em custos não é isenta de riscos, pois os processos utilizados pelo líder em custos para produzir e distribuir bens e serviços podem tornar-se obsoletos devido às inovações dos concorrentes. Eles podem fazer com que os rivais produzam a custos mais baixos do que os do líder em custos original ou proporcionar características de diferenciação adicionais sem aumentar o preço do produto para o cliente. Outro risco é o fato de o líder em custos concentrar-se demais em reduzi-los. Isso pode ocorrer em detrimento da tentativa de entender as percepções dos clientes quanto ao “nível competitivo de diferenciação”. O último risco à percepção da estratégia de liderança em custos diz respeito à imitação. Utilizando as próprias competências essenciais, os concorrentes às vezes aprendem como imitar a estratégia do líder em custos com êxito. Quando isso ocorre, ele tem de aumentar o valor que o bem ou serviço oferece aos clientes. Normalmente, o valor é aumentado ao vender o produto a um preço ainda menor ou manter o preço e acrescer características diferenciadas que os clientes valorizem. Porter (1986) nos indica que, para a empresa atingir uma posição de custo total baixo, quase sempre se exige uma alta parcela de mercado relativa ou outras posições vantajosas, como acesso favorável às matérias-primas. Pode-se exigir também o projeto de produtos parasimplificar a fabricação, a manutenção de uma vasta linha de produtos relacionados, para diluir custos e atender aos principais grupos de clientes para expandir o volume. A colocação em prática da estratégia de baixo custo pode exigir investimento de capital em equipamento moderno, fixação de preço agressiva e prejuízos iniciais para consolidar a parcela de mercado. Ter grande parcela de mercado permitirá economias nas compras, o que reduz os custos ainda mais. Uma vez atingida, a posição de baixo custo proporciona margens altas, que podem ser reinvestidas em novo equipamento e instalações mais modernas para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 manter a liderança de custo. Esse reinvestimento pode ser requisito para sustentar uma posição de custo baixo. Portanto, o líder de custo deve ser um produtor de baixo custo, que usa as economias de escala, tecnologias e acessos preferenciais a matérias-primas. Ele deve explorar todas as fontes de vantagem de custos, mas não pode ignorar as bases da diferenciação. Seu produto deve ser aceitável ou comparável a dos concorrentes pelos compradores (Gonçalves; Gonçalves Filho; Reis Neto, 2006). Tema 3: Diferenciação O terceiro tema apresenta a estratégia genérica de diferenciação. Nesse tipo de estratégia, uma empresa procura ser única em sua indústria ao longo de algumas dimensões amplamente valorizadas pelos compradores. Ela seleciona um ou mais atributos que muitos compradores em uma indústria consideram importantes, posicionando-se singularmente para satisfazer as necessidades. Ela é recompensada pela sua singularidade com um preço-prêmio. Observe que os meios para a diferenciação são peculiares a cada indústria. A diferenciação pode ser baseada no próprio produto, no sistema de entrega pelo qual ele é vendido, no método de marketing e em uma grande variedade de outros fatores. A lógica da estratégia da diferenciação exige que uma empresa escolha atributos dos quais sejam diferentes dos de seus rivais. A estratégia de diferenciação é um conjunto integrado de ações tomadas para produzir bens e serviços (a um custo aceitável) que os clientes percebam como diferentes, de maneira que sejam importantes para eles. Para começar a esclarecer melhor para você o que é uma estratégia de diferenciação, vamos exemplificar. Seja você um consultor contratado para intervir em uma empresa Alpha ou simplesmente o colaborador dela e tem o poder de decisão sobre assuntos estratégicos, uma das principais equações a serem resolvidas é a questão de atendimentos das necessidades dos clientes a um preço no qual eles estejam dispostos a pagar. É preciso que a empresa seja capaz de produzir produtos diferenciados a custos competitivos para reduzir a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 crescente pressão sobre o preço que os clientes pagam por eles. Quando as características diferenciadas de um produto são criadas com custos não competitivos, o preço pode ultrapassar aquele que os clientes-alvo estão dispostos a pagar. Quando a empresa tem um entendimento completo do que seus clientes-alvo valorizam, da importância relativa dada à satisfação de diferentes necessidades e o que estão dispostos a pagar por um preço com ágio, então você pode estar ciente: a estratégia de diferenciação pode ser utilizada com êxito. De acordo com Fernandes e Berton (2005), a estratégia de diferenciação consiste em diferenciar o produto ou serviço oferecido pela empresa, criando algo considerado único no âmbito de toda a indústria. Essa estratégia envolve a criação e comercialização de produtos exclusivos para o mercado de massa. Você pode estar se questionando de que maneira podemos conseguir a diferenciação. Então, perceba: a diferenciação pode ser conseguida por intermédio do posicionamento de marca, de fatores tecnológicos, de dispositivos únicos ou por meio dos serviços aos clientes, cujo objetivo é conseguir a vantagem competitiva para ser rapidamente percebida pelos consumidores. Essa estratégia proporciona um rápido crescimento nas receitas obtidas pela empresa, mas essa posição não se mantém, pois, constantemente, as diferenciações são imitadas pelos concorrentes e, na maioria dos casos, podem acrescentar aumentos nos custos. Agora, pode surgir um novo questionamento para você a respeito de empresas ou casos que tratam sobre a estratégia de diferenciação. Vamos lá então! A indústria de confecção, marcas como Fórum ou Giorgio Armani, automóveis como Audi ou Volvo, computadores e equipamentos da HP, marcas de vinhos franceses da região de Bordeaux, hotéis sofisticados, entre outros, são exemplos de empresas que trabalham com estratégia de diferenciação. Vamos expor mais alguns exemplos para que você possa ampliar ainda mais a compreensão sobre o tema. Por meio da estratégia de diferenciação, a empresa fabrica produtos não padronizados para clientes que valorizam CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 características distintas, diferentemente do baixo custo. Por exemplo, a confiabilidade e durabilidade superiores de um produto e sistemas de som de alto desempenho estão entre as características diferenciadas dos produtos Lexus e Toyota. O slogan da Lexus “nos dedicamos à perfeição para que você possa se dedicar a viver” sugere de um sólido compromisso com a qualidade geral como fonte de diferenciação. A Lexus oferece veículos aos clientes a um preço de compra competitivo. Atributos exclusivos, e não o preço de compra, proporcionam um valor pelo qual os clientes estão dispostos a pagar (Hitt; Ireland; Hoskisson, 2008). O sucesso contínuo com a estratégia de diferenciação, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), ocorre quando a empresa moderniza constantemente as características diferenciadas que os clientes valorizam, sem aumentos significativos nos custos. Como um produto diferenciado atende às necessidades exclusivas dos clientes, as empresas seguidoras da estratégia de diferenciação conseguem cobrar preços com ágio. No entanto, para os clientes estarem dispostos a pagar, a empresa tem de ser realmente única ou ser percebida como diferente em algo. A capacidade de vender um bem ou serviço a um preço consideravelmente maior do que o custo de criar suas características diferenciadas permite que a empresa supere rivais e obtenha retornos acima da média. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) comentam: a estratégia de diferenciação não é isenta de riscos. Podemos constatar que um dos riscos é a possibilidade de os clientes decidirem sobre o diferencial de preço entre o produto do diferenciador e o produto do líder em termos de custo é grande demais. Nesse caso, uma empresa pode oferecer características que ultrapassam as necessidades dos clientes-alvo. A empresa então fica vulnerável aos concorrentes que conseguem oferecer aos clientes uma combinação de características e preço mais coerente com as necessidades. Outro risco da estratégia de diferenciação: os meios de uma empresa podem deixar de proporcionar um valor pelo qual os clientes estejam dispostos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 a pagar. Um produto diferenciado torna-se menos valioso se a imitação feita pelos rivais faz com que os clientes acreditem que os concorrentes ofereçam basicamente o mesmo bem ou serviço, mas a um preço mais baixo. Um terceiro risco da estratégia de diferenciação é que a experiência pode estreitar a percepção dos clientes do valor das características diferenciadas do produto. A falsificação é o quarto risco da estratégia de diferenciação. Aqueles que produzem bens falsificados – produtos que tentam transmitir as características diferenciadas de uma empresa a preços consideravelmente mais baixos – são uma preocupação para muitas empresas que utilizam essa estratégia. Porter (1986) indicaque para atingir a diferenciação pode, às vezes, tornar impossível a obtenção de uma alta parcela de mercado. Em geral, requer um sentimento de exclusividade que é incompatível com a alta parcela de mercado. Mais comumente, entretanto, atingir a diferenciação implicará um trade-off com a posição de custo se as atividades necessárias para criá-la são inerentemente dispendiosas, como pesquisa extensiva, projeto do produto, materiais de alta qualidade ou apoio intenso ao consumidor. Mesmo que os reconheçam a superioridade da empresa no âmbito industrial, nem todos os clientes estarão dispostos ou terão condições de pagar os altos preços requeridos (embora a maioria esteja em indústrias como a de equipamentos de terraplanagem, na qual, apesar dos altos preços, a Caterpillar tem a parcela dominante de mercado). Em outros negócios, a diferenciação pode não ser incompatível com custos relativamente baixos e com preços comparáveis aos da concorrência. Portanto, entre as diversas lições aprendidas com este tema, você pode constatar que uma empresa cuja estratégia de diferenciação é utilizada não pode ignorar sua posição de custo. A empresa deve ter paridade ou proximidade de custos com seus concorrentes, reduzindo-o em todas as áreas que não afetam a diferenciação. A lógica da estratégia de diferenciação consiste na escolha pela empresa de atributos de diferenciação diferentes dos rivais. A empresa deve ser única e esperar um preço-prêmio. Ao contrário da liderança de custo, pode existir CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 mais de uma estratégia de diferenciação de sucesso em uma indústria (Gonçalves; Gonçalves Filho; Reis Neto, 2006). Tema 4: Foco1 O quarto tema apresenta a estratégia genérica de foco. Esta estratégia é bem diferente das outras, porque está baseada na escolha de um ambiente competitivo estreito dentro de uma indústria. A estratégia de foco tem duas variantes. No foco em custo, uma empresa procura uma vantagem de custo em segmento-alvo, enquanto no foco em diferenciação uma empresa busca a diferenciação em seu segmento-alvo. Ambas variantes da estratégia de foco baseiam-se em diferenças entre os segmentos-alvo de um enfocador e outros segmentos na indústria. Esses segmentos devem ter compradores com necessidades incomuns ou sistema de produção e entrega que atenda da melhor forma; o segmento alvo deve diferir de outros segmentos da indústria. O foco de custo explora diferenças no comportamento dos custos em alguns segmentos, enquanto o foco de diferenciação explora as necessidades especiais dos compradores em certos segmentos. O enfocador pode obter vantagem competitiva ao dedicar-se apenas aos segmentos. A estratégia de foco é utilizada quando as empresas planejam usar suas competências essenciais para atender às necessidades de um determinado segmento ou nicho da indústria em detrimento de outros. Perceba, embora a amplitude de um alvo seja claramente uma questão de grau, a essência da estratégia de foco é a exploração das diferenças de um alvo restrito do equilíbrio do setor industrial. As empresas que utilizam a 1 Os termos “foco” e “enfoque” são sinônimos e, embora o termo “enfoque” seja utilizado em muitas traduções do modelo de Porter, preferimos usar o termo “foco”, por considerar mais adequado e de melhor entendimento para o leitor. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 estratégia de foco visam atender um determinado segmento de uma indústria mais eficazmente do que os concorrentes que abrangem todo o setor. É importante você notar que as empresas são bem-sucedidas quando atendem eficazmente um segmento cujas necessidades exclusivas são tão especializadas que os concorrentes com base ampla optam por não atender esse segmento ou quando atendem a necessidades de um segmento que está sendo mal servido pelos concorrentes De acordo com Fernandes e Berton (2005), a lógica dessa estratégia é que, se uma empresa segmentar o mercado, poderá atendê-lo com maior objetividade e qualidade, proporcionando uma diferenciação que poderá ser sentida pelos consumidores finais de forma significativa. O foco pode ser feito em mercados geograficamente distintos, em faixas de renda ou em faixas etárias também distintas. As empresas que usam essa estratégia normalmente têm pouca participação no mercado global, mas são líderes naquela faixa de mercado determinado. Você, ao deparar-se com algumas leituras, ouvir relatos de especialistas e pesquisar mais sobre a estratégia de foco, entenderá que ela se faz presente em pequenas e em médias empresas que se especializam em atender a um determinado mercado geográfico local, como uma padaria, um pequeno mercado ou um restaurante em uma rua de escritórios (e, nesses negócios, a análise do ponto é fundamental). Mas você pode constatar que a estratégia de foco pode ser adotada por grandes empresas que visam determinado nicho de mercado, como a Caterpillar na área de equipamentos agrícolas, ou uma empresa produtora de grandes tubulações para oleodutos e postes ou consultorias especializadas em setores, como a The Yankee Group no setor de telecomunicações, ou especialização funcional, como a Hay na área de remuneração (Fernandes; Berton, 2005). Conforme mencionamos no início deste tema, as empresas podem criar valor para os clientes de segmentos de mercado específicos e exclusivos utilizando a estratégia de foco em liderança de custos ou a estratégia de foco CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 em diferenciação. Para entender melhor sobre esses dois tipos de estratégias, nada melhor do que demonstrá-los por meio de dois exemplos apresentados por Hitt, Ireland e Hoskisson (2008). Conforme você verificou nos temas anteriores, com as estratégias de liderança em custos e estratégia de diferenciação na aula anterior, Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) comentam que as estratégias de foco apresentam três riscos. Primeiramente, um concorrente pode concentrar-se em um segmento competitivo estritamente definido e dar mais atenção do que a empresa que está focalizando. Em segundo lugar, à empresa que compete em todo o setor industrial pode decidir que o segmento de mercado atendido pela empresa que utiliza a estratégia de foco é atraente e que vale apena ser disputado competitivamente. O terceiro risco inerente à estratégia de foco é que as necessidades dos clientes de um segmento competitivo estreito podem se tornar mais semelhantes às dos clientes da indústria. Portanto, esperamos que você tenha como uma das lições aprendidas com este tema é que uma empresa que busca o foco seleciona um segmento ou grupo de segmentos em uma indústria e busca atendê-los, excluindo os outros. Você pode perceber também que no foco de custo, uma empresa procura ter uma vantagem de custo em seu segmento-alvo, enquanto outra busca a diferenciação em seu segmento-alvo no foco de diferenciação. O foco de custo explora a existência de custos diferentes por segmento, e a diferenciação, a existência de necessidades especiais de compradores em certos segmentos (Gonçalves; Gonçalves Filho; Reis Neto, 2006). Tema 5: Decisões estratégicas O quinto tema que trazemos para você examina cada tipo de decisão estratégica que ocorre em uma indústria: a. integração vertical; b. grande expansão da capacidade; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 c. entrada. Cada tipo de decisão reforça as ideias apresentadas nas aulas anteriores e apresentam a ideia do modo como concorrentes, clientes, fornecedores e entrantes potenciais poderiam solucionar as decisões estratégicas. A integração vertical é a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de umamesma empresa. Você pode perguntar o que isto representa e como uma empresa pode utilizar esse tipo de decisão. Isso representa, portanto, uma decisão da empresa para utilizar transações internas ou administrativas em vez da utilização de transações de mercado para atingir propósitos econômicos. Por exemplo, uma empresa com a própria equipe de vendas poderia ter contratado por meio do mercado uma organização de vendas independente, que lhe prestasse os serviços de vendas requeridos. Teoricamente, todas as funções esperadas de serem desempenhadas por uma organização poderiam ser executadas por um consórcio de entidades econômicas independentes, cada uma das quais contratada por um coordenador central que não passa de uma mesa e um único gerente. De fato, os segmentos das indústrias fonográfica e de edição de livros adotam aproximadamente essa forma. Muitos editores contratam serviços editoriais, layout, gravura, impressão, distribuição e vendas, conservando para si pouco mais do que decisões sobre quais livros devem ser publicados, finanças e marketing. Algumas companhias fonográficas contratam, similarmente, os serviços de artistas independentes, produtores, estúdios de gravação, instalações de prensagem de discos e organizações de marketing e distribuição para criar, produzir e vender cada disco. A expansão da capacidade é uma das decisões estratégicas mais significativas enfrentadas pelas empresas, seja medida em termos do montante de capital envolvido, seja em termos da complexidade do problema de tomada de decisão. É o aspecto central da estratégia em negócios do tipo mercadoria de uso generalizado, visto que os acréscimos de capacidade podem envolver CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 tempos de espera medidos em anos e a capacidade frequentemente é de longa duração, as decisões sobre capacidade exigem que a empresa comprometa recursos com base nas expectativas quanto às condições em um futuro distante. É útil modelar a decisão sobre capacidade com a mais alta precisão possível. Note que as etapas devem ser analisadas de forma interativa. O primeiro passo é determinar as opções realísticas à disposição da empresa para a adição de capacidade. Normalmente, o tamanho das adições pode variar e o grau de integração vertical da nova capacidade também pode ser variável. Tendo desenvolvidos as opções, a empresa deve, então, fazer previsões sobre a demanda, os custos dos insumos e a tecnologia futuros. Repare que a tecnologia futura é importante porque ela é necessária para prever as possibilidades de as adições atuais de capacidade virem tornar-se obsoletas ou de as mudanças no projeto permitirem acréscimos efetivos de capacidade nas instalações existentes. Uma importante lição que você deve aprender: a empesa deve prever como e quando todos e cada um de seus concorrentes irá acrescentar capacidade. Os movimentos dos concorrentes em relação a ela irão ser determinados pelas expectativas deles em relação à demanda, aos custos e à tecnologia futura. O próximo passo na análise é somar os comportamentos da empresa e dos concorrentes para obter a capacidade agregada da indústria e as parcelas individuais de mercado, as quais podem ser comparadas à demanda esperada. Esse passo permitirá que a empresa estime os preços da indústria e, os fluxos de caixa esperados do investimento. Fechando o terceiro tipo de decisão estratégica, você poderá compreender melhor a abrangência das decisões sob a ótica da estratégia competitiva. A decisão estratégica de entrar em um novo negócio adota o ponto de vista da empresa entrante, para a qual a aquisição representa uma estratégia semelhante à entrada por meio de desenvolvimento interno. Uma análise apropriada de uma decisão de entrada levará em consideração os custos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 e benefícios. Podemos concluir: a decisão estratégica de entrar em um novo negócio é por meio de exemplificações, significados e consequências para uma empresa. Muitos planejamentos de orçamento de capital para a decisão de entrada desprezam um ou mais desses fatores. Por exemplo, é muito comum as análises financeiras suporem os preços e os custos prevalecentes na indústria antes da entrada e avaliarem somente os investimentos claramente visíveis necessários aos negócios, tais como a construção das instalações de fabricação e a montagem de uma equipe de vendas. São ignorados os custos mais sutis da superação das barreiras de entrada estruturais, tais como franquias de marcas estabelecidas, canais de distribuição já comprometidos com concorrentes, acesso dos concorrentes às fontes de matérias-primas mais favoráveis ou a necessidade de desenvolver tecnologia patenteada. A nova entrada pode, também, elevar os preços de suprimentos, equipamentos ou mão de obra escassos, isso significa que a empresa entrante terá de enfrentar custos mais altos. Síntese Conforme verificado nas aulas, muitas empresas buscam q capacidade de realizar eficientemente o conjunto de atividades necessárias para obter um custo mais baixo que o dos concorrentes ou de organizar atividades de forma única, capaz de gerar um valor diferenciado para os compradores. Esse fenômeno é chamado de vantagem competitiva (Porter, 1986, 1992; Machado, 2015). No primeiro tema, foram abordados os assuntos envolventes das estratégias competitivas. Estas surgem no cenário da busca da vantagem como um exame do modo como uma empresa pode competir com maior eficácia para fortalecer sua posição no mercado. De modo sintético, pode-se traduzir a estratégia competitiva como uma posição única, valiosa, defensável e protegida da concorrência, classificada como: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 a. liderança no custo total; b. diferenciação; c. foco. Porter (1986) apresenta que, para uma empresa ter retornos superiores à média de seu setor, convém que ela adote um perfil estratégico de liderança em custos, diferenciação ou foco. O segundo tema tratou da estratégia de liderança em custos. Essa estratégia consiste em atingir a liderança por meio de um conjunto de políticas funcionais orientadas para a redução dos custos de operação. As empresas que a seguem constantemente buscam reduzir custos em atividades que não agregam valor, otimizar a capacidade produtiva, trabalhar a curva de experiência da empresa e utilizar mais racionalmente os fatores de produção. Nessa estratégia, a empresa minimiza a estrutura de custos para buscar a liderança por meio da redução de preços. Em seguida, abordou-se a estratégia de diferenciação. Ela pode ser conseguida por intermédio do posicionamento de marca, de fatores tecnológicos, de dispositivos únicos ou, até mesmo, por meio dos serviços aos clientes. Visa conseguir a vantagem competitiva que seja rapidamente percebida pelos consumidores. Além disso, proporciona um rápido crescimento nas receitas, mas essa posição não se mantém, pois, constantemente, as diferenciações são imitadas pelos concorrentes e, na maioria dos casos, podem acrescentar aumentos nos custos. A estratégia de foco foi o centro das atenções do quarto tema. A estratégia de foco tem duas variantes. No foco no custo, a empresa procura vantagens de custo no segmento-alvo, enquanto no foco na diferenciação uma empresa busca a diferenciação no segmento-alvo. A lógica dessa estratégia é que, se uma empresa segmentar o mercado, poderá atendê-lo com maior objetividade e qualidade, proporcionando uma diferenciação que poderá ser sentida pelos consumidores finais de forma significativa. O foco pode ser feito CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 em mercados geograficamente distintos, em faixas de renda ou em faixas etárias distintas. As empresas que usam dessa estratégia normalmente têm pouca participaçãono mercado global, mas são líderes naquela faixa de mercado determinada. O quinto tema desta aula apresentou as decisões estratégicas, de acordo com a perspectiva de Porter (1986). Foi examinado cada tipo de decisão estratégica da indústria: a. integração vertical; b. grande expansão da capacidade; c. entrada. Cada tipo de decisão reforça as ideias apresentadas nas aulas anteriores e apresentam a ideia do modo como concorrentes, clientes, fornecedores e entrantes potenciais poderiam solucionar as decisões estratégicas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Referências BERTERO, C. O.; BINDER, M. P.; VASCONCELOS, F. C. Estratégia empresarial: a produção científica brasileira entre 1991 e 2002. In: BERTERO, C. O.; CALDAS, M. P.; WOOD JR., T. Produção científica em Administração no Brasil. São Paulo: Atlas, 2005. BINDER, M. P. Discussão da cadeia de valor e estratégias genéricas de Michael Porter a partir do caso gol transportes aéreos. Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, 26, 2002. Anais... São Paulo: Anpad, 2002. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2002/ESO/20 02_ESO665.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016. FERNANDES, B. H. R; BERTON, L. H. Administração estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2005. GONÇALVES, C. A.; GONÇALVES FILHO, C.; REIS NETO, M. T. Estratégia empresarial: o desafio das organizações. São Paulo: Saraiva, 2006. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. MACHADO, A. C. M. Relações interorganizacionais, competências e resultados de inovação em organizações industriais. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Positivo, Curitiba, 2015. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1986. ______. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Administração Estratégica Aula 2 Prof. Cláudio Aurélio Hernandes Prof.ª Vanessa Estela Kotovicz Rolon CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Agora, vamos falar de estratégias corporativas. Corporação é uma grande empresa que explora diversos negócios ao mesmo tempo. Elas estão espalhadas por diversos países e, muitas vezes, adotam diferentes estratégias de acordo com o tipo de negócio ou com o país em que atua. As estratégias corporativas mais comuns são as estratégias de diversificação, de integração, de internacionalização e de alianças estratégicas. Uma organização poderá adotar uma estratégia de baixa diversificação, com poucos produtos em seu portfólio, ou de alta diversificação, com muitos produtos. Poderá também adorar uma estratégia de integração vertical para frente, aproximando-se do cliente ou para trás, aproximando-se de recursos ou insumos. Poderá também integrar horizontalmente adquirindo empresas concorrentes do mesmo negócio. Se a empresa está disposta atuar em outros países, poderá estabelecer uma estratégia de internacionalização. Eventualmente, investirá esforços em alianças estratégicas na aquisição ou na fusão com outras empresas. Estratégia corporativa Diversificação Baixa Alta Integração Vertical Horizontal Internacionalização Alianças estratégicas Fusões Aquisições CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Grandes corporações têm um nível de complexidade maior que os pequenos negócios ou empresas que atuam em apenas um mercado específico. Normalmente, essas corporações operam em diversos setores, em diversos níveis entre a matéria prima usada para fabricar seus produtos e os clientes finais. Assim, a primeira estratégia corporativa está associada à quantidade de níveis que a corporação controla. Quanto mais níveis, mais integrada. Por exemplo, a Ford, quando foi criada, controlava desde a extração do minério de ferro até a venda de carros aos consumidores finais. Esse é um caso de 100% de integração. Do ponto de vista da diversificação, podemos ver empresas pouco diversificadas, como a Ferrari, que fabrica poucos modelos de veículos, e a Mitsubishi, que atua no setor automobilístico, químico, eletrônico, de geração de energia, entre outros. Outra característica das corporações é a expansão de mercados para outros países: muitas atuam globalmente. Embora uma corporação possa atuar apenas no país de origem, atualmente, as próprias pressões do mercado fazem com que adotem estratégias de internacionalização. Algumas vezes, essas corporações fazem alianças, parcerias ou mesmo fusões com outras organizações concorrentes. Essas alianças podem ser temporárias (e em uma região específica) ou de longo prazo, envolvendo as organizações mais amplamente. Um exemplo de aliança foi a união da empresa japonesa de bens eletrônicos Sony Corporation e a empresa sueca do ramo de telecomunicações Ericsson, que deu origem à marca Sony Ericsson. Tema 1: Estratégia corporativa Uma corporação representa a união de muitas pessoas ligadas pelos mesmos valores ou mesmos objetivos. Esse termo é usualmente associado à grandes empresas. Diferentemente das pequenas, nas corporações há o trabalho de muitas pessoas, por isso, a coordenação torna-se complexa. As grandes organizações sempre existiram em nossa sociedade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Podemos dizer que a igreja, por exemplo, é uma grande organização, talvez uma das mais antigas. Foram necessárias grandes organizações para erguer as pirâmides do Egito ou para formar os exércitos que se enfrentavam em batalhas na Idade Média. A diferença entre as antigas e as modernas é basicamente o foco. Na maior parte, as corporações modernas estão interessadas em mercados. Nessa aula, vamos tratar sobre elas. As corporações costumam atuar em diversos tipos de negócios e em regiões bem abrangentes. Elas expandiram-se em meados do século XIX, durante e após a Revolução Industrial. A necessidade de coordenação e controle delas coincidiu em muitos momentos com o próprio desenvolvimento da ciência da Administração. À medida que as organizações tornaram-se mais e mais complexas, foi necessário estabelecer padrões melhores de coordenação e de controle, bem como soluções para os problemas que surgiam. O processo de decisão é, da mesma forma, muito mais complexo que em uma pequena empresa administrada por apenas uma pessoa. Além disso, uma corporação costuma ser dividida em setores funcionais, como marketing, produção, RH etc. Fazer com que todos os setores e todas as pessoas trabalhem focados no mesmo objetivo organizacional é o resultado de uma estratégia corporativa bem desenhada e bem implantada. A estratégia é formulada pela administração de topo para supervisionar os interesses e as operações de uma corporação com várias unidades de negócios. Assim, deve ser a primeira estratégia a ser formulada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Figura 1.1 – Estratégias Fonte: Adaptado de Stoner; Freeman,1996. Considerando uma escala de hierarquia, a estratégia corporativa é a primeira a ser definida, uma vez que ela estabelece as diretrizes para que se desenvolvam estratégias de unidades, de negócios e funcionais (aquelas ligadas aos setores de marketing, produção, finanças etc.). Estratégia corporativa: estratégia formulada pela administração de topo para supervisionar os interesses e as operações de uma corporação com várias unidades de negócios. Para Stoner e Freeman (1996), as principais questões a serem ponderadas nesse nível são: quais são os objetivos e expectativaspara cada negócio? Como devem ser alocadas os recursos para alcançar esses objetivos? Os autores afirmam, ecoando Peter Drucker, que as corporações precisam decidir seu posicionamento diante das seguintes áreas: Mercado existente Atuar em mercados que já existem ou criar novos? Inovação Estratégia de Nível Funcional Estratégia de Unidade de Negócio Estratégia de Nível Corporativo Corporação Unidade Estratégica de Negocio A Unidade Estratégica de Negocio A Produção Marketing Vendas Finanças Unidade Estratégica de Negocio A CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Investir em inovação ou focar em produtos consagrados? Produtividade Produzir mais ou focar na customização? Recursos físicos e financeiros Usar recursos próprios ou de terceiros? Lucratividade Qual é a taxa de lucratividade aceitável? Desempenho e desenvolvimento da administração Como medir o desempenho? Como desenvolver competências? Desempenho e atitudes dos trabalhadores Como desenvolver pessoas? Responsabilidade pública. Qual é o grau de preocupação com o retorno social? Infelizmente, não há como atingir um desempenho ótimo em todas as áreas, por isso, estrategistas corporativos tendem a usar conhecimentos e insights para optar por uma ou outra direção na hora de estabelecer estratégias. Por exemplo, a respeito da questão da produtividade, podemos comparar duas indústrias de automóveis: a Volkswagen e a Ferrari. Na sua opinião, qual delas optou por produzir em grande escala? É obvio que a Volkswagen investe na produção em alta escala, enquanto a Ferrari, em uma produção quase exclusiva de seus carros. Como podemos ver, não há decisão errada nesse caso. Há apenas opções. Seja qual for ela enquanto estrategista, suas ações deverão ser coerentes com o foco dessa estratégia. Adiante, falaremos um pouco sobre quatro estratégias corporativas conhecidas no mundo dos negócios: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 diversificação; integração; internacionalização; fusões e aquisições. Grandes administradores são aqueles capazes de compreender toda a complexidade das próprias organizações e as diversas variáveis ambientais que fazem parte do entorno delas. Stoner e Freeman (1996) sintetizam: administradores precisam ter “visão”. Esta, é a capacidade de analisar a complexidade interna e contabilizar isso com as variáveis do ambiente externo. A visão do administrador não é simples imaginação, é antecipar fatos por meio da razão, utilizando a lógica e as ferramentas de gestão. Contudo, muitos administradores admitem fazer uso de insights ou feeling. Se você nunca ouviu essas palavras é uma boa hora para você fazer uma pesquisa. Ambas representam aqueles momentos que tomamos decisões baseados em um sentimento ou em outra sensação que nos faz acreditar estarmos no caminho certo. Mas cuidado! Embora alguns administradores admitam ter tomado decisões não racionais, em geral, eles currículos com muitos anos de experiência e, certamente, isso fez parte do processo mental de resolução. Decisões não baseadas na lógica ou em ferramentas têm tendência a ser muito arriscadas. Um bom administrador deve ser capaz reconhecer, usar, analisar ou criar ferramentas que apoiem ações nas organizações. Quando nos referimos ao nível corporativo, estamos diante de situações que exigem elevado grau de habilidades para trabalhar com ideias e conceitos abstratos. Portanto, as habilidades conceituais são essenciais nesse nível organizacional. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Tema 2: Diversificação Diversificar significa atuar em vários segmentos de negócios simultaneamente ou em vários mercados simultaneamente. Essa estratégia corporativa é comum à maioria das grandes empresas. Barney e Hesterly (2011) apontam que as 500 maiores são diversificadas. Uma empresa adota uma estratégia corporativa de diversificação quando opera em múltiplos setores ou mercados. Quando esta opera em múltiplos setores simultaneamente, diz-se que está adotando uma estratégia de diversificação de produto. Quando opera em múltiplos mercados, diz-se que está adotando uma estratégia de diversificação de mercado. Figura 2.1 – Estratégias de diversificação As empresas variam a forma de diversificar seus negócios, mas, em geral, ela não ocorre de uma só vez. Em vez disso, intensifica-se à medida que os gestores veem oportunidades a serem exploradas. Conforme Barney e Hesterly (2011), podemos ter a diversificação corporativa limitada, a diversificação corporativa relacionada e a diversificação corporativa não relacionada. Estratégia Corporativa Diversificação de produtos Produto A Produto B Produto C Diversificação de mercados Mercado A Mercado B Mercado C CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Diversificação corporativa limitada: ocorre quando todas ou a maior parte das atividades de negócios enquadram-se em um único setor ou mercado geográfico. Nesse tipo, há dois perfis de empresas: empresas de negócios únicos e empresas de negócios dominantes. Nestas, um negócio ou produto representa de 70% a 95% da receita. Naquelas, a receita da empresa é de 95% ou mais e está relacionada a um único produto ou negócio. À medida que uma empresa começa a atuar em mais de um mercado ou com mais de um produto, passa de negócio único ou dominante para uma empresa com um maior grau de diversificação. Quando menos de 70% da receita vem de um único negócio ou produto, essa empresa já é considerada de diversificação corporativa relacionada. Em uma empresa de diversificação relacionada, na qual há um grande compartilhamento de insumos, tecnologia de produção, canais de distribuição e clientes semelhantes, essa estratégia de diversificação corporativa é chamada de relacionada restrita. Ela é considerada assim porque os gerentes corporativos buscam oportunidades de negócios em novos mercados ou setores somente se tais eles tiverem inúmeros requisitos de recurso e capacidade em comum com o negócio atual. Pode-se citar como exemplo a Coca-Cola, que, embora atue em diversos mercados ao redor do mundo, foca seus negócios em bebidas, como sucos e refrigerantes. Ela não está preocupada em produzir alimentos ou bebidas alcoólicas. Mas tem adquiridos concorrentes, menores produtores de sucos e chás. Recentemente, houve notícias da aquisição de uma empresa de bebidas lácteas pela gigante do refrigerante (Jornal de Lavras, 2015). Uma empresa tem uma estratégia corporativa de diversificação relacionada vinculada quando os produtos ou negócios compartilham uma tecnologia comum ou um consumidor semelhante. As que adotam uma estratégia de diversificação corporativa relacionada apresentam algum tipo de vínculo entre a maioria dos diferentes negócios que operam, mas é possível que uma empresa opere diversos negócios sem nenhum CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 vínculo entre elas. Quando a maior parte dos produtos ou negócios têm poucos atributos em comum, diz-se que essa empresa adota uma estratégia de diversificação corporativa não relacionada. Na maioria das vezes, quando falamos de estratégia de diversificação, as pessoas associam a esse tipo de empresa. A General Eletric (GE) é um exemplo de empresa diversificada com diversificação não relacionada. Ela tem um mix de negócios que incluem aviação, produtos relacionados à energia, serviços financeiros em energia, produtos de consumo industrial, de petróleo e gás, transporte, soluções de capital, imóveis, saúde, soluções empresariais etc. Figura 2.2 – Diversificação corporativa Fonte: Adaptado de Barney e Hesterly, 2011. Existem vários motivos para adotar-se estratégias de diversificação, incluindo: exploração de economias de escopo operacionais,exploração de economias de escopo financeiras, exploração de economias de escopo anticompetitivas e incentivos aos empregados para a diversificação. Exceto esta última, todas têm potencial para gerar valo econômico para a empresa. A habilidade de uma estratégia de diversificação para criar vantagem competitiva sustentável depende não só do valor dessa estratégia, mas de sua raridade e imitabilidade. Quanto mais imitável é uma estratégia, menos potencial de vantagem competitiva ela terá. Da mesma forma, estratégias comuns ou ordinárias tendem a não proporcionar grandes vantagens diante das demais D iv er si fi ca çã o c o rp o ra ti va Limitada Negócio único Negócio dominante Relacionada Restrita Vinculada Não relacionada CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 organizações que competem por um mesmo mercado. Tema 3: Integração vertical e horizontal Integração vertical diz respeito ao processo de combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa. Isso representa, portanto, uma decisão no sentido de utilizar transações internas ou administrativas em vez da utilização de transações de mercado para atingir propósitos econômicos (Porter, 2004). A integração horizontal refere-se ao processo ampliação de um negócio pela aquisição de um outro do mesmo ramo. Por exemplo, uma empresa de refrigerantes quando adquire uma outra empresa de sucos. A integração vertical pode ser avaliada pelo número de estágios na cadeia de valor de um setor que a empresa incorporou. A integração para frente caracteriza-se por aproximar a empresa do consumidor final e a integração para trás aproxima a empresa das fontes de matéria-prima. Ao tomar decisões de integração vertical para determinada atividade de negócio, as empresas podem optar por uma integração vertical parcial, total ou não integrar. A integração vertical pode criar valor de três maneiras: Reduzindo ameaças oportunistas dos compradores e fornecedores de uma empresa em qualquer investimento em transação especifica que ela possa fazer. Um investimento em transação especifica é aquele que tem mais valor em uma troca em particular do que em trocas alternativas A integração vertical pode criar valor permitindo que uma empresa explore recursos e capacidades valiosos, raros e difíceis de imitar. As empresas devem integrar-se verticalmente em atividades nas quais desfrutam de tais vantagens. A integração vertical normalmente só cria valor sob condições de baixa incerteza. Sob alta incerteza, a integração vertical pode comprometer uma empresa gravemente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Essas três abordagens diferentes de integração vertical geram conclusões semelhantes, no entanto, mesmo quando sugerem estratégias de integração vertical diferentes, podem ser úteis aos administradores. Figura 3.1 – Integração vertical para trás Fonte: http://image.slidesharecdn.com/apresentaomcdonalds-profjosmauro-120623092325- phpapp01/95/apresentao-mc-donalds-prof-jos-mauro-9-728.jpg?cb=1340443817 A habilidade de estratégias de integração para gerar vantagem competitiva sustentável depende de quão raras e custosas de imitar essas estratégias são. As de integração vertical podem ser raras de duas maneiras: Quando uma empresa não está verticalmente integrada e a maioria dos concorrentes está; Quando uma empresa está verticalmente integrada e a maioria dos concorrentes não está. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Essas estratégias raras de integração vertical são possíveis quando as empresas variam à medida que as estratégias perseguidas requerem investimentos em transação específica, quando variam nos recursos e nas capacidades que controlam ou no nível de incerteza que enfrentam. A habilidade de duplicar diretamente as estratégias de integração de uma empresa depende de quão custosa é essa ação. As alianças estratégicas são formas substitutas e trataremos desse tema logo adiante nessa disciplina. Para adotar a estratégia de integração vertical, a organização depende da estrutura organizacional de uma empresa, de seus controles gerencias e de suas políticas de remuneração. A estrutura organizacional mais comumente usada para adoção da integração vertical é a organização funcional. Em uma organização integrada verticalmente, o administrador de topo deve estar atento não apenas para decidir quais funções integrar, mas também como solucionar conflitos que inevitavelmente surgem na empresa. Dois controles de gerenciais podem ser usados para ajudar na implantação da integração vertical: o processo de orçamento e os comitês gerenciais de supervisão. Tema 4: Internacionalização A internacionalização de empresas diz respeito ao processo de ampliação de mercados além das fronteiras do país de origem da organização. Esse processo era visto, até meados da década de 1960, em termos de fluxo de trocas ocorrendo entre os países. Após essa década, as organizações começaram a ser notadas nesses fluxos. Ainda que o campo teórico seja fragmentado e que nenhuma teoria consiga explicar completamente o fenômeno da internacionalização, todas as teorias trouxeram importantes contribuições. Atualmente, duas correntes destacam-se: a abordagem econômica e a abordagem comportamental. A abordagem econômica concentra os argumentos nas variáveis econômicas. Ou seja, diz que as empresas optam pela internacionalização para ganhar mais dinheiro e fazem isso sempre que veem vantagens nas exportações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 ou no investimento direto no exterior. A abordagem comportamental considera que pode haver motivos não financeiros para o comportamento orientado para a internacionalização. De acordo com os pesquisadores dessa vertente, a internacionalização ocorre por estágios que vão desde envolvimento eventual com exportações até o de alto envolvimento e comprometimento com o mercado internacional. Nesse caso, a principal característica dessa perspectiva é encarar a internacionalização como processo gradual pelo qual as empresas adquirem experiência e conhecimento em mercados externos com base no comprometimento de recursos em estágios sucessivos. Fatores não econômicos, como crenças, valores e experiência de vida dos gestores que decidem pela organização podem influenciar no processo de internacionalização. Não importa o motivo que leva uma empresa a procurar mercados internacionais, ela precisará dar atenção à estas questões: Aspectos legais. Aspectos culturais, Marketing internacional. Logística internacional. Atuar em países estrangeiros requer que tenhamos conhecimentos sólidos das leis que regem o processo de exportação (tanto no pais de origem quanto no de destino dos produtos). Também, precisamos conhecer a base cultural desse país, para não cometer equívocos. Pode-se ter problemas sérios com crenças, valores e costumes diferentes daqueles com os quais estamos acostumados. Um estudo cuidadoso de marketing poderá ser essencial, pois além de apontar o perfil do consumidor estrangeiro, poderá criar uma marca sólida e com potencial de crescimento no país estrangeiro. Enfim, com tudo isso equalizado, resta colocar o produto na mão do cliente e essa responsabilidade é da logística. De nada adiantará todo o resto se não for possível fazer o produto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 chegar ao cliente final em um prazo coerente, em perfeitas condições e por um preço razoável. Tema 5: Alianças estratégicas: fusões e aquisições Quando duas ou mais organizações colaboram entre si com o intuito de gerar valor mútuo ocorrem as parcerias. Muitos exemplos podem ser analisados, pois as parcerias mostram-seúteis para todas as partes envolvidas. As parcerias como opção estratégica representam, em certa medida, mudança de paradigma, uma vez que a lógica de competição é invertida. O modelo colaborativo é bastante utilizado por organizações que têm ambientes muito instáveis e complexos. As parcerias são interessantes sempre que duas organizações podem completar-se em um processo. Por exemplo, quando cada uma delas tem uma tecnologia disponível e a outra conhece um mercado potencial. Essa união pode trazer benefícios mútuos e pode ser momentânea ou duradoura, a depender das circunstancias nas quais se formam. Em ambientes muito competitivos, podem se estabelecer alianças temporárias entre concorrentes que desejam resolver um problema comum. O efeito desse tipo de estratégia pode, algumas vezes, resultar na formação de cartéis que representam o lado negro das parcerias. Entretanto, para efeitos de estratégia é uma ferramenta que atende os objetivos a que se propõe em curto prazo, ainda que a longo prazo possa trazer comprometimento à imagem organizacional, entre outros danos à organização. Sendo momentâneas as parcerias, elas podem ser informais, traduzindo um ajustamento mútuo a uma determinada contingência que exija rapidez e flexibilidade. As parcerias formais são planejadas e atendem ao médio e longo prazo. Esse tipo de aliança pode resultar até mesmo em uma fusão. Fusões União de duas ou mais organizações que formam uma única empresa, geralmente sob controle administrativo da maior ou mais prospera (Rossetti, 2001). As fusões são o resultado da união de organizações distintas que formam CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 uma terceira, diferente das originais. Figura 4.1 – Fusões Entretanto, na prática, muitas vezes as fusões mantêm as características como marca ou identidade visual de uma das organizações ou ocorre internamente, assim, para o mercado as duas organizações continuam sendo separadas. Esse foi o caso da união entre as Lojas Americanas e o Submarino. A união das duas empresas de vendas on-line movimentou bilhões de reais em 2006. Ambas continuam atuando no segmento dez anos depois dessa união. As fusões, em geral, são acompanhadas de perto pelos governos, pois envolve quantias expressivas de capital e podem trazer profundas mudanças nos mercados econômicos nacionais. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulam esses negócios. Aquisições Literalmente é a integração de uma organização por outra. Cada aquisição tem uma estratégia implícita ou explícita. Assim, uma organização pode não estar interessada na aquisição daquela determinada empresa, mas de uma filial que se encontra em um mercado desejado. Assim, as estratégias não são sempre claras. Independentemente das estratégias por trás das aquisições, ocorrem os problemas decorrentes de choques culturais e identitários. Enquanto em uma fusão há a construção de uma realidade em conjunto, a aquisição implica na imposição de uma nova realidade à organização adquirida. Isso pode significar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 mudança de processos, rotinas, valores e identidades. A resistência à mudança é um fenômeno conhecido em Administração e é sabido que a resistência tanto é maior quanto é a imposição para tal. Houve nas últimas décadas no Brasil uma onda de aquisições desencadeada pela abertura de mercado e, posteriormente, pela política de privatizações de empresas estatais. Muitas organizações viram nisso uma oportunidade para atuar em nosso mercado. Grandes corporações podem adotar a estratégia de aquisição de concorrentes menores com a intenção de ampliação de mercado ou apenas para evitar que um concorrente sem grande poder cresça e ofereça alguma ameaça. Também, ao adquirir uma empresa menor, pode-se estar de olho em alguma tecnologia, processo, consumidores ou produto que essa empresa possui. De certa forma, para empresas pequenas pode ser difícil resistir ao assédio das grandes corporações. A figura a seguir apresenta as maiores fusões e aquisições de 2015 envolvendo empresas brasileiras. Figura 4.2 – Maiores fusões e aquisições no ano de 2015 envolvendo empresas brasileiras, em R$ bilhões CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Fonte: Fusões e aquisições, 2016. Segundo Martelanc, Pasin e Cavalcante (2005) algumas tarefas desafiam os gestores que lideram os processos de fusões e aquisições. Entre eles, podemos citar: Manter a continuidade normal dos negócios e das atividades. Integrar culturas organizacionais diferentes. Conseguir adesão dos funcionários e dos executivos nos novos programas e processos e reter executivos mais importantes. Manter a concentração dos funcionários em suas responsabilidades e não na F&A. Manter os funcionários informados sobre as mudanças que ocorrerão. Integrar os benefícios e as políticas de remuneração. Grande parte desses desafios relacionam-se com a forma como as pessoas vão encarar o processo de mudança. Isso está diretamente ligado à cultura organizacional e à identidade organizacional. Síntese Nessa aula, tratamos de estratégias corporativas. Elas geram impactos em toda corporação e são elaboradas e implantadas pela alta cúpula organizacional. Entre as estratégias corporativas estão a estratégia de diversificação, a estratégia de integração vertical e horizontal, a estratégia de internacionalização e a estratégia de fusão ou aquisição. Na estratégia de diversificação, as organizações ampliam seu escopo de produtos e/ou negócios. Nas estratégias de integração vertical, a empresa internaliza níveis do negócio aproximando-se do consumidor final ou das fontes de matéria—primas (integração para frente ou para trás). Uma alternativa à integração pode ser o estabelecimento de alianças estratégicas que, juntamente com as estratégias de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 fusões e aquisições, fizeram parte do Tema 5. Finalmente, discutimos sobre a estratégia de internacionalização, principalmente nas razoes pelas quais as empresas optam por processos de internacionalização. Também, vimos que há motivos econômicos e comportamentais que direcionam as organizações para mercados estrangeiros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 2011. CHIAVENATO, I. Teoria geral da Administração: abordagens prescritivas e normativas. 7. ed. Barueri: Manole, 2014. v. 1. COCA-COLA compra o laticínio lavrense Verde Campo. Jornal de Lavras, 3 dez. 2015. Disponível em: <http://www.jornaldelavras.com.br/index.php?p=10&tc=4&c=12449>. Acesso em: 10 ago. 2016. DALLA COSTA, A. J.; SANTOS, E. R. S. Estratégias e negócios das empresas diante da internacionalização. Curitiba: Editora IBPEX, 2011. FUSÕES E AQUISIÇÕES. Top 10 Brasil: as 10 maiores fusões e aquisições em 2015. Disponível em: <http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br/2016/01/top-10- brasil-as-10-maiores-fusoes-e.html>. Acesso em: 15 ago. 2016. MARTELANC, R.; PASIN, R. CAVALCANTE, F. Avaliação de Empresas: um guia para fusões & aquisições e gestão de valor. São Paulo. Prentice-Hall do Brasil, 2005. MINTZBERG, Henry; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 12. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. STONER, J. A. F; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Prentice-Hall do Brasil, 1996. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Administração Estratégica Aula 3 Prof. Cláudio Aurélio Hernandes CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico2 Conversa inicial Continuando nossos estudos sobre estratégia, vamos tratar a respeito de mapas estratégicos e suas diferentes perspectivas. Anteriormente, vimos que estratégias corporativas definem as demais estratégias organizacionais. Agora, vamos aprender como podemos analisar graficamente o conjunto de estratégias adotadas na organização. Visualizar a organização em suas diferentes perspectivas nos possibilita uma avaliação melhor das causas e consequências das ações organizacionais. Ao desenhar o mapa estratégico, estamos fazendo como um jardineiro que olha o jardim de cima e consegue visualizar os pontos de maior crescimento das plantas e aqueles que precisam de mais atenção, mais adubo, mais água. Para esse profissional, basta olhar, mas para nós administradores, precisamos desenhar, fazer gráficos, medir, avaliar etc. Além disso, precisaremos criar parâmetros que nos permitam medir o desenrolar das estratégias. Fazemos isso por meio dos índices, mas isso será tema da nossa próxima aula. Por enquanto, vamos nos ater ao mapa estratégico e suas perspectivas. Contextualizando O processo estratégico em uma organização pode ser muito complexo. Isso faz que, muitas vezes, as estratégias corporativas definidas pelos administradores de topo não tenham efeito nas bases da organização. Nesses casos, quase sempre as estratégias não alcançam as metas estabelecidas. Mas, quais seriam as causas disso? Para Kaplan e Norton (1997), as estratégias precisam do envolvimento de todos os setores importantes na organização e de forma objetiva, ou seja, devem ser claras e mensuráveis. Dito de outra forma: as estratégias devem ser visualizadas para que façam sentido aos envolvidos e devem ser traduzidas em objetivos, medidas, metas e iniciativas individuais ou de equipes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Tema 1: Mapa estratégico Provavelmente, quando você iniciar suas pesquisas sobre mapas estratégicos, verá que eles estão relacionados ao Balance Scorecard (BSC). A diferença é que o BSC está mais ligado aos índices e à mensuração. Trataremos disso na próxima aula. Mapas são representações gráficas que nos auxiliam na compreensão de coisas complexas e nos situam em uma determinada posição. Um mapa rodoviário, por exemplo, nos ajuda a compreender como as diversas rodovias se intercomunicam e como podemos otimizar nosso percurso para chegar mais rápido ao destino. Todavia, podemos também pensar em economizar combustível, tornar a viagem mais prazerosa ou mesmo saber exatamente em que ponto do trajeto estamos. Mapas estratégicos funcionam exatamente da mesma forma. Eles nos guiam para que possamos saber como as estratégias criadas por nós acontecem nas diferentes áreas da organização e que resultados provocam. Antes de operacionalizar a estratégia, devemos ter realizado a definição da visão, da missão e dos valores da organização. Diferentes organizações possuem diferentes objetivos e é muito importante que eles estejam bem claros aos gestores. Kaplan e Norton (1997) criaram uma forma de transformarmos estratégias complexas em ações objetivas. Todo esse processo pode ser visto em um único documento sob a forma de um mapa como este: Figura 1.1 – Perspectiva financeira CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Fonte: Kaplan; Norton, 1997. Nesse mapa, podemos ver que há quatro perspectivas: a financeira; a do cliente; a dos processos internos; a de aprendizado e crescimento. Perspectivas são áreas que precisamos dar atenção na elaboração, análise e controle das ações estratégicas. Ao dizer que temos perspectivas, devemos fazer as seguintes perguntas: Se formos bem-sucedidos, como cuidaremos dos nossos acionistas? Para realizar a visão, como devo cuidar dos clientes? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Para satisfazer os clientes, em quais processos devo ser excelente? Para realizar a visão, como a organização aprender a melhorar? A perspectiva financeira envolve crescimento e produtividade, tendo em vista a criação de valor para os acionistas. A proposição de valor para os clientes enfatiza a importância da moda, a adequação do produto ao cliente e a questão da experiência do cliente. Na perspectiva interna enfatiza-se a questão da estrutura de apoio ao atendimento ao cliente visando aspectos de produtividade que impactam significativamente na perspectiva financeira. Do ponto de vista da perspectiva de aprendizado e crescimento, vemos que são focados aspectos ligados às pessoas, como competências, conhecimento e sistemas tecnológicas de apoio. Kaplan e Norton (2004) enfatizam que os mapas estratégicos ajudam os administradores a analisar estratégias de forma integrada. Depois do desenho inicial, o passo seguinte é traçar indicadores que permitam o acompanhamento dos efeitos das ações organizacionais sobre o desenvolvimento da meta estratégica. Esses indicadores serão melhor detalhados adiante, mas, por ora, podemos dizer que eles fazem da estratégia algo objetivo. Além disso, nos permitem medir muitos aspectos. Antigamente, o único que tinha atenção na hora de se medir avanços e resultados era o financeiro. Outro ponto importante é o fato de que, com um mapa estratégico, podemos visualizar (e fazer as pessoas enxergarem) que a estratégia é um processo integrado à organização. O processo da estratégia não é isolado nem pontual. É sistêmico e deve ser contínuo. Por isso, é fundamental a importância da perspectiva da aprendizagem e do conhecimento, pois envolve as pessoas que são as grandes responsáveis pela internalização da cultura estratégica da organização. Afinal, os planos estratégicos podem até ser fruto da experiência e conhecimento de administradores de topo, mas se eles não fizerem sentido para as pessoas dos níveis abaixo, será pouco provável que chegue a bons termos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Tema 2: A perspectiva financeira Toda organização focada no mercado tem, como principal objetivo, o lucro financeiro. Contudo, nem sempre uma operação gera lucro ou ganhos imediatos. A perspectiva financeira costuma ser a maior preocupação de organizações orientadas para o mercado. Empresas precisam gerar lucro para pagar acionistas, sócios, funcionários e fornecedores etc. Por isso tudo, os resultados financeiros são tradicionalmente o ponto central do controle nas empresas. Contudo, muitas empresas ainda vão à falência por falta desse controle. Segundo o Sebrae (UOL Notícias, 2012), os principais motivos de falências de empresas por descontrole financeiro são seis: falta de planejamento; copiar modelos existentes; não acompanhar a rotina da empresa; descontrole do fluxo de caixa; falta de divulgação da marca; não se adaptar às necessidades do mercado. Mesmo aquelas organizações não orientadas para o mercado necessitam destacar grande parte da atenção às questões financeiras. Elas também precisam pagar contas, gerenciar doações, comprar insumos de trabalho, pagar funcionários, gerar renda para as pessoas envolvidas etc. Nesse momento, vamos enfatizar naquelas empresas que visam mercados, mas muito do que será discutido se aplica às organizações em geral. De acordo com a fase em que se encontram, as empresas podem ter uma relação diferente com os objetivos financeiros. Em seus primeiros estágios, por exemplo, o objetivo pode ser de consolidação do negócio sem grandes preocupações com o lucro. Não dar prejuízo nos primeiros anos é lucro, em muitos casos. Kaplan e Norton (1997) sugerem três fases: crescimento, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 sustentação e colheita. A primeira corresponde aos primeiros anos de vida da empresa. Nessa fase ocorrem os maiores investimentos e desembolsos. Passada a primeira
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