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ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E PROFISSIONAL - SUESP CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL AGUINALDO CAMPOS NETTO - CEPAC CATALÃO/GO 2009 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 2ª PARTE CURSO TÉCNICO DE OPERAÇÕES ADMINISTRATIVAS Docente: Marluce Aparecida de Souza Coordenação: Roberval Rodrigues Barioni CEPAC - 1/2009 SUMÁRIO II - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL..........................................................................49 2.1 – Estrutura Organizacional........................................................................................49 2.1.2 - Estrutura Formal e Estrutura Informal..................................................................49 2.1.3 - Elaboração de Estrutura Organizacional...............................................................49 2.2 - Tipos de Estrutura Organizacional.........................................................................50 2.2.1 - Desenvolvimento, Implantação e Avaliação de Estrutura Organizacional...........56 2.3 - Componentes da Estrutura Organizacional...........................................................56 2.3.1 - Sistema de responsabilidade, autoridade, comunicações e decisões....................56 2.4 - Condicionantes da Estrutura Organizacional........................................................58 2.4.1 - Fator humano, ambiente externo, sistema de objetivos e estratégias...................58 2.5 - Níveis de Influência da Estrutura Organizacional................................................59 2.5.1 - Nível estratégico, tático e operacional de influencia............................................59 2.6 - Níveis de Abrangência da Estrutura Organizacional...........................................60 2.6.1 - Nível de abrangência da empresa, da unidade estratégica de negócio e da corporação.......................................................................................................................60 2.7 - Plano de Implantação da estrutura Organizacional............................................61 2.7.1 - Avaliação da estrutura organizacional.................................................................61 III - AS ORGANIZAÇÕES E SEU AMBIENTE.............................................................62 3.1 - Organizações – conceitos e desafios.......................................................................62 3.1.1 - Do que são formadas as organizações..................................................................62 3.1.2 - Tipos de organizações..........................................................................................69 3.1.3 - Negócio da Organização......................................................................................71 3.1.4 - Tamanho e ciclo de vida das organizações..........................................................72 3.2 - Organizações como Sistemas.................................................................................73 3.2.1 - Organizações como sistema abertos...................................................................73 3.2.2 - Subsistemas organizacionais...............................................................................74 3.2.3 - Organizações como sistemas sociais...................................................................75 3.3 - Ambiente Organizacional.......................................................................................79 3.3.1 - O ambiente geral das organizações.....................................................................79 3.3.2 - O ambiente das tarefas........................................................................................81 3.3.3 - O ambiente interno: a organização......................................................................81 3.3.4 - O ambiente global das organizações...................................................................82 3.3.5 - A reação das organizações ao ambiente..............................................................83 3.4 - Ética e responsabilidade social corporativa.........................................................84 3.4.1 - Ética administrativa............................................................................................84 3.4.2 - Responsabilidade social corporativa...................................................................85 3.5 - Atribuições das unidades organizacionais............................................................86 3.5.1 - Manual de organização........................................................................................86 3.5.2 - Questionário de levantamento da estrutura organizacional.................................88 3.6 - Metodologia de Levantamento, análise, desenvolvimento e implementação de métodos administrativos..................................................................................................91 3.6.1 - Fases do desenvolvimento do projeto de sistema................................................91 3.6.2 - Técnicas de representação gráfica: harmonograma, fluxograma, formulários, layout...............................................................................................................................92 IV – ANÁLISE ESTRUTURADA DE SISTEMAS.........................................................94 4.1 - Características da técnica de análise estruturada de sistemas............................94 4.1.1 - Fatores externos....................................................................................................94 4.1.2 - Fluxos de informações..........................................................................................95 4.1.3 - Processos...............................................................................................................97 4.2 - Como fazer a pesquisa de mercado........................................................................98 4.2.1 - Análise do ambiente interno e externo.................................................................98 4.2.2 - Segmentação do mercado....................................................................................99 4.3 - Tipos de pesquisa de mercado...............................................................................103 4.3.1 - Fontes de Dados em Pesquisa de Mercado........................................................104 4.3.2 - Tipos de Dados...................................................................................................105 4.3.3 - Meios Básicos de Coleta de Dados....................................................................106 V –.AS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS..................................................................126 5.1 - Conceito de Desenvolvimento Organizacional (DO)...........................................126 5.1.1 - Aplicações do DO...............................................................................................127 5.1.2 - Características básicas e estágios do DO............................................................127 5.1.3 - O Processo e o modelo do DO............................................................................128 5.1.4 - Diagnóstico do DO..............................................................................................128 5.1.5 - Forças Causadora da Mudança............................................................................129 5.1.6 - Cultura e Clima Organizacionais.........................................................................131 5.2 - A Administração por Objetivos (APO).................................................................133 5.2.1 - Conceito e características do APO......................................................................134 5.2.2 - O processo da APO.............................................................................................134 5.2.3 - Vantagens da APO e requisitos desucesso..........................................................135 5.3 - A Qualidade e a Excelência Organizacional.........................................................135 5.3.1 - Conceito e aspectos da Qualidade......................................................................135 5.3.2 - A Excelência Organizacional..............................................................................136 5.4 - Os Sistemas de Informações Gerenciais................................................................136 5.4.1 - Dados, informações e sistemas de informações..................................................136 5.4.2 - Tipos de Sistema de informações........................................................................137 5.4.3 - Sistema de Informação Gerencial (SIG).............................................................138 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................139 49 II - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 2.1 – Estrutura Organizacional Deve ser delineado de acordo com os objetivos e estratégias estabelecidos pela empresa. É uma ferramenta básica para alcançar as situações almejadas pela empresa. O termo “Organização” freqüentemente tem sido empregado como sinônimo de arrumação, ordenação, eficiência, porém, em nosso objetivo ORGANIZAÇÃO deve ser entendida não apenas como o quadro estrutural de cargos definidos por: • respectivos títulos; • atribuições básicas; • responsabilidades; • relações formais; • nível de autoridade; e • aspectos culturais Nestes termos, podemos definir como função básica de ORGANIZAÇÃO, o estudo cuidadoso da estrutura organizacional da empresa para que esta seja bem definida e possa atender as necessidades reais e os objetivos estabelecidos de forma integrada com a organização informal e as estratégias estabelecidas na empresa. Benefícios de uma estrutura adequada. √ Identificação das tarefas necessárias; √ Organização das funções e responsabilidades; √ Informações, recursos, e feedback aos empregados; √ Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos; √ Condições motivadoras. Estrutura: Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e informal. 2.1.1 A Estrutura Formal É aquele oficialmente definida na empresa com todas as formalidades e padrões vigentes quanto á forma de preparação e divulgação de normas a respeito. Será encontrada: • em simples comunicados; • instruções; • Manuais de Procedimentos ou Organização • Forma Gráfica: ORGANOGRAMA • Forma Descritiva: DESCRIÇÃO DE CARGOS Organização da Empresa é definida como a ordenação e agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance dos objetivos e resultados estabelecidos. Djalma,( 2002, p. 84). Estrutura organizacional: Forma pela qual as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas. Stoner,( 1992, p.230). 50 Embora necessária e tantas vezes desejada, a estrutura formal poderá não ser adequada em determinadas empresas, e mesmo sendo adequada terá que conviver com a Estrutura Informal 2.1.2 - Estrutura Informal Os funcionários das empresas pertencem automaticamente e inevitavelmente à vida informal das mesmas. Deste relacionamento do cotidiano, surgem • entendimentos extra-estruturais; • conceitos alheios às normas; • desentendimentos; • eventuais conflitos; • lideranças naturais; e • amizades e ações benéficas ou prejudiciais à empresa Na maioria dos casos, é dada liberdade total para a organização informal, mas isto é perigoso e não tem razão de ser, porque é administrável e direcionável positivamente. Exemplo de Sucesso: “Empresas que estão praticando com critérios claros e de comum acordo, a participação de funcionários na gestão e nos lucros” Nestes casos ocorre: • transparência; • lealdade; • sentido colaboracionista 2.1.3 - Elaboração da estrutura organizacional 2.2 - Tipos de Estrutura Organizacional Departamentalização: É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estrutura organizacional da empresa. Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondente recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades organizacionais. Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações decidem sobre a configuração organizacional que será usada para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se Departamentalização. Formas de Departamentalizar: 1- Função 2- Produto ou serviço 3- Território 4- Cliente 5- Processo 6- Projeto 7- Matricial 8- Mista É o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma empresa. 51 Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usam uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na cúpula e outras nos níveis mais baixos. Departamentalização por Funções: A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional. Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes ficam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim por diante. A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula. Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional são: • Mantém o poder e o prestígio das funções principais • Cria eficiência através dos princípios da especialização. • Centraliza a perícia da organização. • Permite maior rigor no controle das funções pela alta administração. • Segurança na execução de tarefas e relacionamento de colegas. • Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de produtos Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abordagem funcional. Entre elas podemos dizer: A responsabilidade pelo desempenho total está somente na cúpula. Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é limitado. A coordenação entre as funções se torna complexa e mais difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. Muita especialização do trabalho. Departamentalização de Produto: É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da empresa. 52 Exemplos de Departamentalização de produto: 1- Lojas de departamentos 2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury e Lincoln Continental. 3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização de produtos são: T Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos ou serviços. T A coordenação de funções ao nível da divisão de produto torna-se melhor. T Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. T Facilita a coordenação de resultados. T Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo de produto. T Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade. Desvantagens: T Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí resultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. T Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de atividade nos vários grupos de produtos. T Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da empresa. Departamentalização Territorial: Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geográfica. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares onde estão localizadas asoperações. Uma empresa de grande porte pode agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como a região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as filiais de bancos são estabelecidas desta maneira. As vantagens e desvantagens da Departamentalização territorial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de produto. Tal grupamento permite a uma divisão 53 focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e controle da administração de cúpula em cada região. Departamentalização por Cliente: A Departamentalização de cliente consiste em agrupar as atividades de tal modo que elas focalizem um determinado uso do produto ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada principalmente no grupamento de atividade de vendas ou serviços. A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a adaptabilidade uma determinada clientela. As desvantagens são: T Dificuldade de coordenação. T Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes. Departamentalização por Processo ou Equipamento: É o agrupamento de atividades que se centralizam nos processos de produção ou equipamento. É encontrada com mais freqüência em produção. As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento, cada qual em seu departamento. Você perceberá uma modificação deste agrupamento organizacional quando comprar um hamburguer em um restaurante de serviço rápido. Note que algumas pessoas estão assando a carne, outras estão fritando as batatas, e outras preparando a bebida. Usualmente há um anotador de pedidos que também recebe o pagamento e compõe o pedido. Vantagens: T Maior especialização de recursos alocados. T Possibilidade de comunicação mais rápida de informações técnicas. Desvantagens: T Possibilidade de perda da visão global do andamento do processo. T Flexibilidade restrita para ajustes no processo 54 Departamentalização por Projeto: Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez que o projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as pessoas são deslocadas para outras atividades. Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio (como administrador de projeto), um contador sênior, e três contadores juniores para uma auditoria que está sendo feita para um cliente. Uma empresa manufatureira, um especialista em produção, um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados para, sob a chefia de um administrador de projeto, completar o projeto de controle de poluição. Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria designado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus membros para a atividade específica do projeto. Departamentalização de Matriz: A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal. No caso da Departamentalização de matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos funcionais, dando a impressão de uma matriz. A organização de matriz proporciona uma hierarquia que responde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipicamente encontrada em organização de orientação técnica, como a Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, engenheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos ou programas sofisticados. Também é usada por empresas com projetos de construção complexos. Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de atividades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a organização a responder rapidamente à mudança. São abordagens orientadas para a tecnologia. Desvantagens: Pode haver choques resultantes das prioridades. 55 A melhor forma de departamentalizar: Para evitar problemas na hora de decidir como departamentalizar, pode-se seguir certos princípios: T Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de uma atividade, deve tê-la sob sua jurisdição. T Principio do maior interesse – o departamento que tem maior interesse pela atividade deve supervisiona-la. T Principio da separação e do controle – As atividades do controle devem estar separadas das atividades controladas. T Principio da supressão da concorrência – Eliminar a concorrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no mesmo departamento. Outro critério básico para departamentalização está baseado na diferenciação e na integração, os princípios são: T Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades diferentes devem ficar em departamentos separados. A diferenciação ocorre quando: T O fator humano é diferente, T A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, T Os ambientes externos são diferentes, T Os objetivos e as estratégias são diferentes. A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, maior razão para ficarem no mesmo departamento. Fatores de integração são: T Necessidade de coordenação. Departamentalização Mista: É o tipo mais freqüente, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade organizacional. 56 2.2.1 - Desenvolvimento, Implantação e Avaliação de Estrutura Organizacional. 2.3 - Componentes da Estrutura Organizacional ⇒ Sistema de responsabilidade( obrigação que uma pessoa tem de fazer alguma coisa para outrem), é constituído por: - Departamentalização: é o agrupamento, de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondentes recursos (Humanos, Materiais e Tecnológicos) em unidades organizacionais. - Linha e assessoria: DE LINHA, são as unidades organizacionais que têm ação de comando, enquanto que as unidades organizacionais DE ASSESSORIA não têm ação de comando, cabendo-lhes o aconselhamento às unidades de linha no desempenho de suas atividades - Especialização do trabalho: A especialização está diretamente ligada à DIVISÃO DO TRABALHO, baseando-se no maior conhecimento dos diversos e diferentes aspectos necessários à realização de determinado trabalho. O equilíbrio da especialização do trabalho na estrutura organizacional, evita problemas de falta de motivação dos funcionários devido a realização de trabalhos repetitivos e de pouca criatividade. 57 O sistema de responsabilidade refere-se à alocação das atividades inerentes a esta obrigação, Vasconcelos. Portanto, quando um subordinado assume determinada obrigação, deve prestar contas à pessoa que lhe atribuiu a responsabilidade. A quantidade de responsabilidade pela qual o subordinado terá de prestar contas determina a quantidade de autoridade delegada. Outro aspecto é que permanece na responsabilidade a obrigação do indivíduo a quem ela foi atribuída, ou seja, a responsabilidade não se delega. ⇒ Sistema de autoridade (nada mais é que a distribuição de poder) constituído por: - Amplitude administrativa ou de controle: A amplitude de controle, também é denominada Amplitude Administrativa, ou ainda Amplitude de Supervisão e refere-se à quantidade de subordinados que um superior pode supervisionar pessoalmente, de forma eficiente e eficaz - Níveis hierárquicos: Observa-se que, ao se descer do nível hierárquico mais alto para o nível hierárquico mais baixo, a amplitude de autoridade vai diminuindo até chegar ao limite mínimo. - Delegação: é a transferência de determinado nível de autoridade de um chefe para seu subordinado, criando a correspondente responsabilidade pela execução da tarefa delegada. - Centralização/descentralização: CENTRALIZAÇÃO é a maior concentração de poder decisório na alta direção de uma empresa. DESCENTRALIZAÇÃO é a menor concentração do poder decisório na Alta Administração da empresa, sendo, portanto, mais distribuído pelos seus diversosníveis hierárquico. ⇒ Sistema de comunicações (Resultado da interação das unidades organizacionais), constituída por: - O que, - Como, - Quando, - De quem, - Para quem. Para Drucker pode-se considerar mais um sistema da estrutura organizacional. O sistema de decisão – o resultado da ação sobre as informações. Segundo Drucker são necessários três análises para determinar a estrutura organizacional necessária: 1. Análise das atividades. 2. Análise das decisões e 3. Análise das relações. Uma estrutura organizacional se resume, simplesmente, em um organograma, que é um desenho gráfico onde mostra cada integrante de uma empresa se delegando a uma área especifíca. Podemos identificar num organograma simples de uma pequena empresa por exemplo, composta por: Presidência; Diretoria Administrativa; Diretoria Financeira e seus respectivos subordinados. A estrutura é a representação de um pequeno organograma, mostrando a formalidade existente dentro de uma certa empresa. “Organograma é a representação gráfica de determinados aspectos da estrutura organizacional.” 58 2.4 - Condicionantes da Estrutura Organizacional. São Quatro: Fator sistema de objetivos e estratégias Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros, é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de cada um. O fator sistema de objetivos e estratégias tem influência na estrutura organizacional à medida que, quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros, é mais fácil organizar, pois se sabe o que esperar de cada membro do grupo que compõe a empresa. Fator Ambiente externo Análise do processo de relacionamento entre a empresa e seu ambiente. (Avaliação das mudanças e suas influências). Fator tecnologia Conhecimentos Equipamentos Vasconcellos (1972:7) considera o fator tecnológico como o conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades na empresa para que seus objetivos possam ser alcançados. Fator humano. A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende da qualidade intrínseca e do valor e da integração dos homens que ela organiza. Ao desenvolver uma estrutura organizacional deve-se levar em consideração o comportamento e o conhecimento das pessoas que irão desempenhar funções. Não podemos esquecer da MOTIVAÇÃO. Objetivo é o alvo ou situação que se pretende atingir. Estratégia é a definição do caminho mais adequado para alcançar o objetivo. 59 2.5 - Níveis de Influência da Estrutura Organizacional São três: Nível estratégico O planejamento estratégico pode ser conceituado como um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa com vistas a obter um nível de otimização na relação da empresa com seu ambiente. O nível estratégico de influência considera a estrutura organizacional de toda a empresa e a melhor interação desta com o ambiente. Exemplo: necessidade de criação de uma nova divisão da empresa para melhor adequação de um produto ao seu mercado. Nível tático O planejamento tático tem por finalidade otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Exemplo: divisão de uma área industrial em duas áreas (produção e técnica) para ter melhor administração dos recursos da empresa. Nível operacional. O planejamento operacional pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implementação estabelecidas. O planejamento operacional cria condições para a adequada realização dos trabalhos diários da empresa. 2.6 - Níveis de Abrangência da Estrutura Organizacional Três níveis podem ser considerados quando do desenvolvimento e implantação da estrutura organizacional: Nível da empresa, Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio Nível da Corporação. Considerações básicas dos componentes da estrutura organizacional. Sistema de responsabilidade: Está relacionado a prestação de contas a quem atribuiu responsabilidade. √ Os aspectos básicos do sistema de responsabilidade são: Departamentalização, linha e assessoria, atribuições das unidades Sistema de autoridade: Obrigação que uma pessoa tem de fazer alguma coisa Direito de fazer, tomar decisões, dar ordens, dirigir 60 São dois os tipos de autoridade: Hierárquica: Segue as linhas de comando estabelecidas pela estrutura hierárquica da empresa. Funcional: Correspondente à autoridade estabelecida pela função exercida pelas unidades organizacionais. 61 2.7 - Plano de Implantação da estrutura Organizacional Três aspectos devem ser considerados: 1. a mudança na estrutura organizacional: ter necessidade de mudança; a importância do fator humano; a importância do planejamento da mudança; antes de efetivar a amudança, identificar e analisar o problema, bem como o que será mudado e quais as variáveis a serem consideradas. 2. o processo de implantação: análise e aprovação pela diretoria da empresa; implantação efetiva; acompanhamento e avaliação do processo. 3. as resistências que podem ocorrer: a qualidade intrínseca da estrutura; o conhecimento que os executantes possuem sobre ela; a aptidão e motivação dos executantes. Avaliação da estrutura organizacional Etapas da Avaliação da Estrutura Organizacional 1) Levantamento identificação dos problemas evidenciados pelos usuários entrevista com os elementos-chave da empresa 2) Análise • análise dos dados levantados anteriormente • interligação dos dados levantados, verificando sua veracidade e considerando os vários subsistemas da empresa • estabelecimento dos padrões e critérios de avaliação • identificação do efeito de cada um dos dados levantados na situação atual da estrutura organizacional da empresa 3) Avaliação • estabelecimento da situação dos quatro componentes da estrutura organizacional na empresa • verificação do envolvimento de cada um dos quatr condicionantes sobre a estrutura organizacional • verificação do nível de influência de cada nível da empresa - estratégico, tático e operacional - para o delineamento da estrutura organizacional. Para uma adequada avaliação da estrutura organizacional é necessário que se estabeleça, anteriormente, um conjunto de políticas que devem servir de sustentação para todo o processo decisório. Políticas inerentes à estrutura organizacional que uma empresa pode julgar válido adotar podem visar uma estrutura organizacional o adequada aos mercados existentes o adequada às novas tecnologias o descentralizada no processo decisório e centralizada no sistema de controle o voltada para resultados o racionalizada com operacionalização descentralizada dos sistemas administrativos Sistema de Comunicações Deve-se verificar até que ponto a forma estrutural atende às necessidades de comunicação da empresa. O sistema de comunicação é a rede por meio da qual as informações que permitem o funcionamento da estrutura de forma integrada e eficaz. Deve ser considerado: O que deve ser comunicado? Como deve ser comunicado? Quando? 62 De quem deve vir a comunicação? Para quem deve ir a comunicação? Por que deve ser comunicado? Quando deve ser comunicado? III – AS ORGANIZAÇÕES E SEU AMBIENTE A teoria da organização e a teoria da administração são conceitos proximamente relacionados. Um administrador deve entender os trabalhos de uma organização para ser eficaz em seus papéis administrativos. Assim, o entendimento da teoria da organização serve como base para o estudo da administração. Os conceitos que servem de base para a teoria da organização se desenvolveram par a par com os conceitos de administração, e seu entendimento depende da combinação da abordagem de estratégias e da abordagem de sistemas. 3.1 - Organizações — conceitos e desafios As organizações são entidades dinâmicas e altamente complexas,que podem ser con- ceituadas de diversas maneiras. A conceituação mais comum é: "Uma organização é definida como duas ou mais pessoas com desejo e disposição de cooperar para o alcance de um objetivo comum".1 Nessa definição estão implícitos os quatro aspectos discutidos a seguir. Primeiro, as organizações são feitas de pessoas. Ainda que isso pareça óbvio e simplista para o entendimento e a apreciação do componente humano, é importante por causa da complexidade dos relacionamentos sociais e da variabilidade ou diversidade dos seres humanos. O componente humano faz das organizações um dos sistemas mais complexos e apresenta aos pesquisadores organizacionais e de administração o seu mais crítico desafio. 3.1.1 - Do que são formadas as organizações As organizações são formadas por três diferentes ambientes: o primeiro está ligado ao próprio organograma, isto é, as inter-relações entre as diferentes unidades de trabalho como diretorias, gerências, divisões, departamentos, setores, seções etc.; o segundo está relacionado a estrutura de recursos humanos, isto é, as relações entre pessoas das diferentes unidades de trabalho e, o terceiro e último, é composto pela estrutura informacional, ou seja, geração de dados, informação e conhecimento pelos dois ambientes anteriores. A partir do reconhecimento desses três ambientes (Figura), pode-se mapear os fluxos informais de informação existentes na organização, assim como pode-se estabelecer fluxos formais de informação para consumo da própria organização. De: GERENTE DE GERAL Para: GERENTE DE DIVISÃO Na sexta-feira, às 17 horas aproximadamente, o cometa de Halley estará visível nesta área. Trata0se de um evento que ocorre somente a cada 76 anos. Assim, por favor, reúna os funcionários no pátio da fábrica, todos usando capacetes de segurança, e explicarei a eles o fenômeno, Se estiver chovendo não poderemos ver nada. Neste caso, reuna os funcionários no refeitório e mostrarei a eles sobre o cometa 63 Uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Além de pessoas, as organizações utilizam outros recursos, como máquinas e equipamentos, dinheiro, tempo, espaço e conhecimentos (Figura 1. 1). Por meio de uma organização, é possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório de análises ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações. As organizações têm características importantes que as diferenciam de outros grupos sociais, como a família, as multidões, os passageiros de um veiculo coletivo e a massa de consumidores de determinado produto. As principais são: • propósito; • divisão do trabalho; e • coordenação. √ Propósito As organizações são deliberadamente orientadas para a realização de objetivos que podem ser classificados em duas categorias principais: produtos e serviços. 64 Uma organização em particular pode produzir diferentes produtos e ao mesmo tempo prestar diferentes serviços, ou dedicar-se a apenas uma missão. Uma empresa montadora de ônibus e caminhões produz e comercializa ônibus, caminhões, peças e componentes, e presta serviços como assistência técnica e treinamento do pessoal de seus concessionários. As organizações dedicam-se a essas missões em troca de alguma espécie de remuneração, que pode ser: • O preço que o consumidor ou usuário paga por seus produtos e serviços; • Os impostos e as taxas que o cidadão paga ao governo para que este os transforme em serviços destinados a seu próprio beneficio; • As contribuições ou taxas que os associados de certas instituições, como clubes e associações, pagam para sua manutenção. Em função do tipo de relação de troca, de produtos e serviços por um preço, por impostos ou uma contribuição, as organizações podem ser classificadas em lucrativas e não- lucrativas. Sendo deliberadamente orientadas para realizar objetivos, as organizações distinguem se de outros agrupamentos de pessoas, em especial dos chamados grupos primários, como a família, a vizinhança e os grupos de amizade. Estes grupos ou não têm objetivos explícitos, ou os explicitam apenas ocasionalmente, para finalidades especificas, como um mutirão para construir um centro comunitário, um projeto familiar de construção de uma casa ou uma excursão que um grupo de amigos resolve fazer. Outros grupos sociais, como as multidões nos estádios e as massas de consumidores, são meramente agregados de objetivos individuais coincidentes. As organizações, ao contrário, são grupos de pessoas que perseguem propósitos coletivos, não importa se impostos ou aceitos voluntariamente. √ Divisão do trabalho A segunda característica importante das organizações é a divisão do trabalho. Numa organização, cada pessoa e cada grupo de pessoas têm um papel especifico que converge para a realização da missão. Assim como as organizações são especializadas em determinadas missões, as pessoas e os grupos que nelas trabalham também são especializadas em determinadas tarefas. E a divisão do trabalho que permite superar as limitações individuais. Quando se juntam as pequenas contribuições de cada um, realizam-se produtos e serviços que ninguém conseguiria fazer sozinho. √ Coordenação As pessoas que estão numa praia, ou num teatro, têm todas o mesmo objetivo, mas isso não faz delas uma organização. Nestes dois casos, como em muitos outros semelhantes, não há qualquer divisão do trabalho ou coordenação de diferentes esforços especializados para tentar atingir um objetivo único. Numa organização, ao contrário, as diversas tarefas especializadas precisam combinar-se e integrar-se porque elas são interdependentes - para realizar uma, é preciso realizar outra, ou nada acontece. Interdependência e convergência são as palavras-chave no processo de coordenação, a atividade que procura fazer as peças especializadas se encaixarem umas nas outras, de modo que o conjunto consiga cumprir sua finalidade. A coordenação funciona por meio de três mecanismos principais: hierarquia, comunicação e planejamento. √ Coordenação por meio de Hierarquia Em qualquer organização, há uma pessoa ou grupo de pessoas cujo trabalho consiste em desempenhar a tarefa da administração - são os dirigentes. Por meio da autoridade formal 65 ou da liderança, que estudaremos mais adiante, essas pessoas ou grupos conseguem influenciar o comportamento das demais pessoas para que elas executem suas tarefas de maneira coordenada. Os dirigentes fazem assim o papel de “pinos de ligação” entre as diferentes partes da organização, com a finalidade de integrar as diferentes tarefas especializadas e fazê-las convergir para a realização do objetivo. √ Coordenação por meio de Comunicação A comunicação entre as pessoas e os grupos de pessoas é o meio pelo qual se transferem e recebem informações e se tomam decisões. E por meio da comunicação que as partes da organização se interligam e articulam suas atividades para funcionar como um conjunto. Em toda organização, existem inúmeros sistemas e processos formais e informais de comunicação e decisão, desde as reuniões de diretoria até os bilhetes nos quadros de avisos, desde o correio eletrônico até as conversas de corredor. Sem informação e comunicação, seja entre os dirigentes ou entre os grupos de trabalho, nenhuma organização consegue funcionar, tomar decisões e muito menos fazer suas partes trabalhar de maneira coordenada. √ Coordenação por meio de Planejamento Planejamento é a atividade de tomar decisões antecipadamente, ou de preparar a tomada de decisões. Se decisões relativas à execução de uma tarefa são planejadas, em vez de improvisadas, e envolvem os responsáveis pelas diferentes partes especializadas em que a tarefa se divide, as partes conseguirão trabalhar coordenadamente para chegar aonde devem. A coordenação pormeio do planejamento é uma arte que se apóia em técnicas altamente desenvolvidas. Não usar essas técnicas é deixar de levar em conta a coordenação que muitas tarefas interdependentes exigem. Após estudar os ingredientes das organizações, passemos a analisar sua natureza burocrática. As Organizações como Burocracias Pense agora em sua participação numa organização qualquer, como a empresa na qual você trabalha, a escola que freqüenta, a Prefeitura de sua cidade ou o governo para o qual paga impostos. Você está registrado num catálogo de funcionários, alunos ou contribuintes, recebe um salário ou notas, e tem um papel especifico. Não é apenas João ou Maria, mas um funcionário com uma ocupação definida ou um aluno de uma série particular de um curso e um cidadão cheio de números e documentos: cédula de identidade titulo de eleitor, cadastro de contribuintes, carteira de habilitação, carteira funcional, carteira de estudante. E isso que faz a diferença entre o time de futebol que você forma com seus amigos para jogar sem compromisso nos fins de semana e o time de futebol profissional que participa de campeonatos: ambos têm os três ingredientes — propósito, divisão de trabalho e coordenação - mas o segundo é uma organização formal, enquanto o primeiro é um grupo primário ou informal. O tipo ideal de burocracia Todas as organizações formais são burocracias. O que quer dizer isto? A palavra burocracia costuma ter conotação negativa. Nós a empregamos para dizer que algo é complicado, que há excesso de regulamentos, que há gente demais para fazer pouca coisa, ou que há muitas tramitações a serem percorridas num processo. É tão grande este problema que no Brasil até já houve um Ministério da Desburocratização, que não conseguiu desburocratizar muita coisa e foi extinto. No entanto, esta conotação negativa tem 66 suas razões de ser: ela é conseqüência do mau funcionamento das organizações formais, porque, em seu sentido original, a palavra burocracia identifica apenas um modo de regulamentação da vida em coletividades. Para compreender melhor o que é burocracia, vamos recorrer a Max Weber, que criou o conceito de tipo ideal de burocracia. Este ideal não significa desejável, mas designa um modelo explicativo que abstrai as principais características das organizações que existem no mundo real. O tipo ideal é uma espécie de fórmula média onde estão presentes os elementos que constituem qualquer burocracia: formalidade, impessoalidade e profissionalismo. √ Formalidade Nas organizações formais, a capacidade de influenciar o comportamento alheio baseia- se em normas e regulamentos que estipulam qual é o comportamento esperado, e quais são os direitos e deveres dos participantes. Para fazer uma comparação, considere uma organização pré-burocrática, como um feudo medieval ou uma fazenda de café durante a época da escravidão. Havia um senhor e seus vassalos ou escravos, que não eram simplesmente empregados do feudo ou da fazenda, mas propriedade pessoal do primeiro, que sobre eles tinha o poder de vida e morte. O comportamento dos servos ou escravos era determinado não por uma legislação racional, mas pela vontade do senhor e pela tradição no exercício dessa mesma vontade. Numa burocracia, ao contrário, o comportamento esperado de cada indivíduo está subordinado a normas racionais, que definem as sanções negativas e positivas associadas à observância ou não desse mesmo comportamento: autoridade, na burocracia, é sinônimo de lei e não de vontade pessoal. A ligação entre o indivíduo e a burocracia oficial é esta registrada em documentos, como um contrato de trabalho ou ficha de matrícula. Na burocracia, o indivíduo não é servo pessoal de alguém, mas um funcionário vinculado institucionalmente a uma organização juridicamente ordenada. Ele é cidadão de um Estado, funcionário de uma empresa ou aluno de uma escola. Por causa dessa natureza legal, regimental, o primeiro elemento que define as burocracias é a formalidade. √ Impessoalidade Como conseqüência da formalidade, as relações entre os integrantes das organizações burocráticas são governadas pelos cargos que eles ocupam. As relações processam-se antes entre ocupantes de cargos (ou papéis) que entre pessoas. O indivíduo investido em determinado cargo gerencial (ou cargo investido de autoridade) é um superior, que ocupa uma jurisdição, a qual define os limites de seus poderes, dentro dos quais as ordens podem ser dadas e devem ser obedecidas. As relações não se processam entre servo e senhor, ou entre amigos, mas entre ocupantes de cargos oficialmente definidos. A obediência não é devida a alguém pessoalmente, mas ao cargo ocupado pelo superior. Como nas organizações burocráticas as relações são determinadas pelos papéis que os cargos estabelecem para seus ocupantes, elas são impessoais. A formalidade e a impessoalidade conferem permanência à burocracia, de tal sorte que... “... mesmo no caso de revolução ou ocupação por um inimigo, a máquina burocrática continua funcionando normalmente, da mesma forma como o fazia no governo legal anterior”. √ Profissionalismo Na grande maioria das organizações formais e para a grande maioria das pessoas, os cargos são ocupados em regime de dedicação exclusiva, oferecendo a seus ocupantes uma carreira profissional. O membro de uma burocracia é um funcionário que faz do cargo um 67 meio de vida mediante o recebimento de um salário regular em troca de seus serviços. A escolha para ocupar o cargo, em geral, deve-se a suas qualificações, que são aprimoradas por meio de treinamento especializado. Em função deste caráter ocupacional que tem a participação das pessoas, o terceiro elemento que define a natureza das burocracias é o profissionalismo, o que significa que elas são sistemas de trabalho que fornecem a seus integrantes um meio de subsistência. √ Burocracia até que ponto? Max Weber encarava a burocracia como um estágio na evolução das organizações, e seu tipo ideal procurava evidenciar as características desse estágio como ele as viu em sua forma pura. O próprio Weber reconhecia não existirem “burocracias integralmente burocráticas”, havendo em cada organização formal doses maiores ou menores de carisma e tradição. A prefeitura de uma cidade é uma máquina burocrática, mas, desde que o prefeito tenha sido eleito, o ponto mais alto da hierarquia tem um elemento que é, em essência, carismático. O tipo ideal, portanto, serve para avaliar até que ponto uma organização real é mais ou menos burocratizada. A respeito desse modelo, escreveu Gouldner: “ ... é um tipo ideal no qual certas tendências de estruturas concretas são postas em evidência pelo fato de terem sido enfatizadas. Nem toda associação formal possuirá o conjunto de características incorporadas no tipo ideal de burocracia. O tipo ideal pode ser usado como uma medida que nos possibilita determinar em que aspecto particular uma organização é burocratizada. O tipo ideal de burocracia pode ser usado como o é uma régua de doze polegadas. Não se pode esperar, por exemplo, que todos os objetos medidos pela régua tenham exatamente doze polegadas - alguns terão mais e outros menos.” Tendo analisado as organizações como burocracias, passemos em seguida a estudá-las do ponto de vista do uso do conhecimento. Tecnologia Quando focalizamos a atenção no uso da tecnologia, o interesse é compreender de que maneira a organização adquire e produz conhecimentos e os transforma em produtos e serviços. A tecnologia pode ser definida como a forma especifica segundo a qual os recursos são combinados, tendo em vista alguma utilidade prática. A tecnologia depende de as pessoas saberem fazer essas combinações de recursos. Pode-se portanto defini-la também como a aplicação de conhecimentos à produção de bens e à prestação de serviços, que é a conceituação mais difundida. Eis outras definições de tecnologia: 1. “Embora o termo tecnologia inclua especificamenteequipamento mecânico, não está limitado a esse sentido, porém também inclui procedimentos e métodos para organizar a atividade humana, e meios de manipular ou estruturar o comportamento humano.” 2. ‘Tecnologia é o repertório social de conhecimentos que dizem respeito às artes industriais. Ela é feita de conhecimentos usados pela indústria, agricultura, governo e pelas profissões interessadas nos fenômenos físicos e sociais, conhecimentos relacionados com a aplicação de princípios e teorias básicas para trabalhar nesses campos, e conhecimentos empíricos de artesãos e praticantes. 3. “A tecnologia transforma os recursos nas coisas que os homens desejam. A tecnologia inclui, entretanto, não apenas instrumentos, máquinas e outros implementos, mas também os conhecimentos e a habilidade acumulados necessários a utilização de quaisquer instrumentos disponíveis.” Em seu sentido mais amplo, a tecnologia compreende os meios com os quais o homem supera suas limitações - a tecnologia vai desde o arco-e-flecha até as naves espaciais e os 68 computadores, passando por todos os meios utilizados para aumentar os padrões de conforto da vida humana por meio do domínio sobre o ambiente. A tecnologia compreende não apenas a capacidade de a organização entender, explicar, manipular e fabricar artefatos, mas também de utilizar seus próprios conceitos e artefatos, bem como aqueles produzidos por outros. √ Tipos de tecnologia Cada organização emprega tecnologias próprias de seu ramo de atividades e específicas de seus produtos e serviços. Nas empresas industriais, é mais fácil “ver” a tecnologia, que está incorporada nos produtos, nas matérias-primas que são usadas para fabricar esses produtos e nos equipamentos e processos utilizados para trabalhar essas matérias-primas (Figura 1.2). O produto em si incorpora os conhecimentos relacionados ao projeto do produto. que dizem respeito à configuração, definição de utilidade, materiais necessários e modo de fazê- lo. A tecnologia do processo, por outro lado, compreende os conhecimentos sobre como transformar os materiais para obter o produto. A tecnologia do processo envolve principalmente a definição das máquinas e dos equipamentos e seu arranjo dentro de uma instalação industrial. Nas empresas de serviços, as tecnologias também estão presentes, embora mais difíceis de visualizar. Podemos “vê-las” igualmente, não apenas nos equipamentos que essas empresas usam para prestar o serviço, mas também no próprio serviço em si e na capacitação das pessoas que o executam. Por exemplo, o auto-serviço dos supermercados é um conceito de venda que podemos contrastar com a venda pessoal de algumas lojas, onde o atendimento pessoal é muito mais importante ao passo que no supermercado a disponibilidade e disposição das mercadorias é o que conta. Leitoras de códigos de barras, máquinas que preenchem cheques e máquinas registradoras que são terminais de computadores são exemplos de equipamentos de conteúdo tecnológico que aceleram a velocidade do serviço e que podem ser aplicados tanto no caso do atendimento pessoal quanto do auto-serviço. √ Para que serve a tecnologia? Sendo a tecnologia resultante do volume de conhecimentos, que é cada vez maior, é natural que as empresas e a sociedade estejam constantemente solicitando e produzindo inovações tecnológicas: há, portanto, uma oferta constante de conhecimentos que se transformam em produtos e serviços cada vez mais aprimorados - cada vez mais capazes de atender às necessidades de comunicação, transporte, alimentação, saúde, diversão, educação e muitas outras que constituem os inúmeros mercados de produtos e serviços em que as organizações atuam. 69 Não apenas as necessidades humanas e as necessidades das organizações exigem continuamente novos serviços, produtos e processos, como também o avanço do conhecimento, por si só, tende a gerar inovações tecnológicas. Desse modo, a capacidade de obter ou produzir novos conhecimentos, e com eles gerar inovações tecnológicas torna-se um fator de competitividade —um meio pelo qual as organizações podem atender a essas necessidades. Quanto mais capaz de gerar e utilizar a tecnologia, mais a organização se mantém atualizada e competitiva. Além disso, a tecnologia resolve problemas — que muitas vezes ela própria criou. √ Meios de obtenção de tecnologia Os conhecimentos que a organização utiliza para transformar em tecnologia podem ter várias origens. As principais são as seguintes: • Contratação de especialistas. A maneira mais fácil de adquirir tecnologia é contratar as pessoas que possuem os conhecimentos correspondentes. • Aquisição dos direitos de utilização da propriedade intelectual alheia. A patente é um registro formal que protege uma propriedade intelectual ou industrial – um conhecimento ou conceito (idéia, produto ou informação) que pertence legalmente a uma empresa ou pessoa, tal como a fórmula de um medicamento, um programa de computador ou um sistema de frear veículos. Estas coisas podem ser patenteadas, mediante seu registro em agências como o Instituto Nacional de Propriedade Industrial no Brasil ou o Patent Office nos Estados Unidos. Para utilizar uma idéia, processo ou produto que esteja patenteado, é preciso pagar os direitos correspondentes ao proprietário da patente. • Reprodução de um produto ou processo alheio. Há produtos, idéias e conceitos que não foram ou não podem ser patenteados e portanto podem ser livremente copiados. O exemplo mais conhecido é o dos computadores. Se você souber projetálos, basta comprar os componentes e montá-los. Esta reprodução é legal e não se confunde com a falsificação, na qual se copiam e são vendidos produtos com a marca alheia, como se fossem verdadeiros. • Contrato de desenvolvimento. Para resolver problemas pontuais, isto é, que ocorrem apenas uma vez ou outra, e que requerem conhecimentos técnicos para ser solucionados, pode-se recorrer a organizações especializadas, como os institutos de pesquisa e as universidades e contratar um projeto. O projeto pode ter como objetivo o desenvolvimento de um novo produto, a identificação de uma substância desconhecida que está contaminando um produto na linha de fabricação ou a identificação da fórmula e das propriedades de um produto que está no mercado, ou qualquer outra finalidade semelhante. • Intercâmbio técnico. Uma forma pouco dispendiosa e comum de obter e renovar conhecimentos são promover contatos pessoais que possibilitem a troca de experiências. Os congressos técnicos e as feiras industriais são excelentes oportunidades para este intercâmbio entre especialistas, dirigentes e empresários, motivo pelo qual é importante participar desses eventos. • Pesquisa e desenvolvimento. Algumas empresas preferem criar um núcleo interno de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que tem como objetivo pesquisar novos conhecimentos, resolver problemas que se repetem (como o processamento de um tipo especial de matéria- prima) ou desenvolver novos produtos ou processos. Esta é uma solução de alcance mais longo que as anteriores, uma vez que cria urna capacitação interna permanente. 3.1.2 - Tipos de Organizações Segundo Blau e Scott: Para Blau e Scott, as organizações devem ser agrupadas de acordo com o beneficiário principal da organização. 70 Quatro categoria de participantes podem beneficiar-se com a existência da organização: Os próprios membros da organização, os proprietários ou dirigentes, clientes, sociedade em geral. Membros da organização Certas organizações são criadas para criar algum tipo de serviço para seus próprios membros e não algum tipo de cliente externo. Exemplos: Cooperativas, Sindicatos, Consórcios e Clubes. Os associados e administração são seus próprios clientes. Proprietários ou dirigentes As organizações que tem interesses comerciais e finalidade lucrativa. As empresas privadas são também criadas para beneficiar seus criadores. Ao contrário da categoriaanterior, não é prestar algum tipo de serviço, mas proporcionar um meio de vida ou acumulação de capital. Clientes da organização Para Blau e Scott, há organizações que beneficiam tipos específicos de clientes. Exemplos: Hospitais, universidades, escolas, organizações religiosas. Público em geral Finalmente, há organizações que são criadas por iniciativa do estado para oferecer algum tipo de beneficio para a sociedade. Exemplos: Forças Armadas, Poder Judiciário, Policia, etc... (MAXIMIANO, 2000, p.99). Classificação: • associações de benefícios mútuos ( Ex.: cooperativas, sindicatos, consórcios, associações profissionais) • organizações de interesses comerciais � os principais beneficiários são os proprietários ou acionistas ( Ex.: empresas privadas) • organizações de serviços � o grupo de clientes e a sociedade são os principais beneficiários ( Ex.: escolas, hospitais, agências sociais) • organizações de Estado � onde os cidadãos representam os principais beneficários ( Ex. : serviços públicos, organizações militares) Usualmente é chamado de Terceiro Setor ou ONGs (Organizações não Governamentais), o conjunto das pessoas jurídicas sem fins lucrativos. Alguns teóricos classificam como: PRIMEIRO SETOR o Estado, entendendo este como o ente com personalidade jurídica de direito público, encarregado de funções públicas essenciais e indelegáveis ao particular (justiça, segurança, fiscalização, políticas públicas, etc.). O SEGUNDO SETOR é compreendido como as organizações do mercado: pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, encarregadas da produção e comercialização de bens e serviços, tendo como escopo o lucro e o enriquecimento do empreendedor. E TERCEIRO SETOR é aquele que congrega as organizações que, embora prestem serviços públicos, produzam e comercializem bens e serviços, não são estatais, nem visam lucro financeiro com os empreendimentos efetivados, estando incluídas aqui, portanto, as associações, sociedades sem fins lucrativos e fundações. Apesar de o sentido ser o mesmo para os termos Terceiro Setor ou ONGs, a última denominação tem sido mais vinculada às organizações que tenham suas finalidades 71 direcionados a questões que atingem mais genericamente à coletividade (meio ambiente, doenças infecto-contagiosas, etc.). Já INSTITUTO quando referido para identificar entidades, embora muitos o tenham como uma espécie de pessoa, jurídica sabemos que tal não é verdadeiro, pois, o termo instituto, quando empregado nesse sentido, significa, também uma entidade, entretanto, pode ser aqui tanto governamental quanto privada, tanto lucrativa, quanto não lucrativa. Instituto, então, pode ser compreendido como a denominação que se dá a determinadas entidades, ou ao gênero, onde se encontram determinadas espécies de pessoas jurídicas. Assim, tanto uma sociedade, como uma associação ou uma fundação, podem ser denominadas de instituto. Usualmente o termo tem sido mais utilizado para identificar algumas sociedades civis sem fins lucrativos, donde, provavelmente surge a confusão terminológica. 3.1.3 - Negócio da Organização O primeiro passo é a definição do negócio da organização. Três questões são essenciais: Qual é o negócio da orrganização? Quem é o seu cliente? O que é de valor para o cliente? Sabe-se que o desenho organizacional precisa ser compatível com o negócio da organização. Por menor que seja, toda organização tem o seu formato organizacional e a sua estrutura de interligações e de relacionamentos internos e externos. Tamanho e ciclo de vida das organizações As organizações são entidades de natureza dinâmica e não estáticas ou estagnadas. Elas crescem, encolhem e mudam ao longo do tempo. A perspectiva de ciclo de vida sobre a mudança organizacional significa que as organizações mudam sequencialmente ao longo do tempo, como função do seu crescimento em tamanho, condições de mudança e maturidade. Categorias de diversidades da força de trabalho: Diversidades Primárias: * Idade * Raça * Etnia * Género * Habilidades físicas e qualidades * Orientação sexual e afetiva Diversidades Secundárias * Educação * Experiência * Salário * Estado civil * Crenças religiosas * Localização geográfica * Estado paterno *Estilo de comportamento, Outros Efeitos sobre o comportamento organizacional. 72 3.1.4 - Tamanho das organizações Talvez um dos aspectos mais evidentes que os observadores casuais reconhecem seja o tamanho da organização. Essa atenção ao tamanho organizacional é acompanhada pelo número de publicações de negócios que listam as maiores empresas, e de mais rápido crescimento, nas diferentes categorias. O tamanho das empresas não é a única coisa em que o público está interessado ou com o que está preocupado. Com o crescimento de tamanho, vem a complexidade, pois, conforme uma organização cresce, suas operações e estrutura se tornam mais difíceis de administrar. Um desafio gerencial, então, é a tarefa de balancear as vantagens do tamanho com as ocorrências da complexidade. As organizações crescem por diversas razões. Algumas delas são: Metas organizacionais: o crescimento é uma meta de quase todas as empresas, porque podem produzir mais e gerar mais lucros. O crescimento permite à organização prover uma mais completa linha de produtos ou serviços. Progresso dos executivos: o crescimento é necessário para atrair e manter administradores de qualidade, porque organizações crescentes são lugares excitantes para se trabalhar, por causa dos desafios e das oportunidades de progresso com a expansão organizacional. Saúde económica: muitos executivos têm descoberto que as empresas devem cresce para permanecerem saudáveis economicamente. Parar de crescer é sufocar; ser estável ou relaxar significa que clientes podem não ter suas demandas completamente atendido ou que os concorrentes vão atender às necessidades dos consumidores e aumentar sua participação no mercado à custa de sua empresa. As organizações sentem-se compelidas a crescer, mas quanto e até quando são questões complexas. O ponto a considerar é a competitividade no ambiente globalizado. Grandes organizações diferem das pequenas nos aspectos indicados: O tamanho das organizações também está relacionado à estrutura ou ao projeto organi- zacional. Uma organização, quando se desenvolve e cresce, pode ou não se tornar mais buro- cratizada. Muitos estudos indicam que grandes organizações são diferentes das pequenas em diversas dimensões da estrutura burocrática, incluindo formalização, centralização e complexidade. A formalização refere-se a regras, procedimentos e documentos escritos, tais como manuais de políticas e descrições de cargos. A centralização refere-se ao nível de hierarquia com autoridade para tomar decisões, que tendem a permanecer no topo da administração. A complexidade refere-se tanto ao número de níveis na hierarquia (complexidade vertical) como ao número de departamentos ou cargos (complexidade horizontal). Grandes organizações mostram um padrão definido de grandes complexidades. Existe uma relação direta entre tamanho e complexidade organizacional. Grandes Pequenas - Economia de escala - Alcance global - Hierarquia vertical - Mecanísticas e complexas - Mercado estável - Homens de organização - Responsabilidade e flexibilidade - Alcance regional - Estrutura plana - Orgânicas e simples - Pesquisa de nichos - Empreendedores 73 3.2 - Organizações como Sistemas As Organizações como Sistemas Cada uma das análises feitas no capítulo anterior teve um foco especifico, orientado para o estudo de determinado aspecto interno das organizações: objetivos, divisão do trabalho, coordenação, natureza burocrática, tecnologia e comportamento humano. Ampliemos agora esse foco para analisar uma imagem integrada: a preocupação será enxergar a floresta toda e não somente as árvores uma a uma. Usaremos agora o enfoquesistêmico para interpretar as organizações como conjuntas de elementos ou componentes inter-relacionados, que procuram manter um estado de equilíbrio entre si e com seu ambiente, e que controlam seu próprio desempenho visando à realização de objetivos. Podemos aplicar o enfoque sistêmico não apenas à organização total como também a cada uma de suas partes. Assim, um departamento especifico é por sua vez uma organização, e seu ambiente consiste nos demais departamentos e no meio externo que cerca a organização total. É essa a idéia desenvolvida neste capítulo, que esta organizado nos seguintes tópicos: • A organização como um sistema técnico e social; • A idéia de sistema; • Aplicando o enfoque sistêmico; • Eficácia do sistema; • Eficiência do sistema; • Eficácia depende de eficiência. 3.2.1 - A Idéia de Sistema Todo sistema é cercado por um ambiente. É do ambiente que se originam os recursos que o sistema utiliza e é para o ambiente que se destinam os resultados que o sistema produz, para realizar alguma espécie de objetivo. Partindo desse princípio, pode-se representar qualquer sistema como um conjunto de elementos interdependentes, como se vê na Figura 2.2, que se organizam em três partes: entradas, processo e saída. Entradas Os elementos de entrada (input) são os recursos que o sistema aproveita do ambiente. Matéria-prima, mão-de-obra, informações e capital são alguns deles. Além dos recursos, outros elementos do ambiente agem sobre qualquer organização: são outras organizações e grupos com os quais há relação direta ou indireta e os eventos, situações ou ações que influenciam a organização de alguma forma. Consumidores, sindicatos, concorrentes, fornecedores, situação política, econômica e social, apreciação da organização por parte da comunidade e tendências tecnológicas exemplificam estes fatores. 74 Processo No núcleo do sistema, há processos que transformam as entradas em saídas. Cada tipo de sistema tem um processo ou dinâmica própria, que define seus resultados e sua natureza. Todas as organizações usam pessoas, dinheiro, materiais e informação, mas um banco é diferente de um exército e os dois de uma escola e estes três de um hospital por causa das diferenças nos processos internos e nos resultados de cada um. São diferentes a tecnologia, as normas e os regulamentos, a cultura e os produtos e serviços que cada um destina ao ambiente. Atividades de transformação e interação Recursos Resultado ENTRADAS PROCESSO SAÍDAS Saídas Os resultados ou saídas (output) que o sistema produz compreendem os produtos e serviços que a organização destina a seus clientes ou usuários, os salários e impostos que paga, o lucro de seus acionistas, o aumento das qualificações de sua mão-de-obra e quaisquer outras conseqüências de seu funcionamento ou efeitos que exerce sobre o ambiente. Feedback Os sistemas trocam energia com o ambiente, dos quais retiram e aos quais devolvem recursos e informações. Essa relação entre saídas e entradas é um ciclo de realimentação (feedback). O feedback é o mecanismo por meio do qual o sistema (1) faz a troca de energia com o ambiente e (2) mantém-se informado sobre seu próprio desempenho. A imagem positiva ou negativa de que desfruta na comunidade, por exemplo, é ao mesmo tempo um resultado e um elemento de entrada — uma informação que o sistema deve aproveitar para manter-se em equilíbrio com o ambiente. A Figura 2.3 procura fazer a representação de um sistema com o ciclo do feedback. 3.2.2 - Subsistemas organizacionais Qualquer que seja o tipo ou a classificação das organizações, a transformação ou con- versão de entradas em saídas é um aspecto comum de todas elas. Dentro da organização (sistema) como um todo, cada uma das diferentes atividades de transformação ou conversão pode ser vista como um subsistema separado, com seus próprios processos de entradas-saídas, inter-relacionados e interagindo com outros subsistemas. A análise de uma organização poderia, talvez, ser baseada na estrutura departamental como subsistemas. Diversos subsistemas podem ser determinados na organização, tais como os setores de produção, de manutenção, de administração etc. 75 Um ponto importante é o inter-relacionamento e a coordenação dos subsistemas em termos de eficácia da organização como um todo integrado. 3.2.3 - A Organização como um Sistema Técnico e Social Sob as lentes do enfoque sistêmico, a organização mostra-se como dois sistemas que se influenciam mutuamente, conforme procura mostrar a Figura 2.1. Um dos sistemas é o sistema técnico, do qual fazem parte os componentes não humanos e que, em certa medida, independem das pessoas: propósito, divisão do trabalho, coordenação, tecnologia e burocracia. O outro sistema é o sistema social, do qual fazem parte todas as manifestações do comportamento dos indivíduos e dos grupos. Esses sistemas não são independentes um do outro. Ao contrário, qualquer alteração num deles provocará alterações nos demais. Esse é um resultado importante do uso do enfoque sistêmico: aprendemos que há uma cadeia de causas e efeitos dentro da qual as ocorrências ou eventos numa parte de um sistema provocam efeitos e conseqüências nas outras. Assim, o comportamento e o desempenho do sistema sempre resultam da interação de todos seus elementos. Aplicando o Enfoque Sistêmico O enfoque sistêmico é uma forma de pensar e de enxergar a realidade, que tem inúmeras aplicações. Quando aplicada às organizações, essa maneira de pensar tem dois pontos principais: a compreensão da totalidade e a compreensão dos resultados. Compreensão da totalidade Em primeiro lugar, aplicar ou utilizar o enfoque sistêmico significa enxergar as organizações como conjuntos complexos de elementos interdependentes, que se influenciam mutuamente para produzir diferentes resultados, alguns deles imprevistos e até mesmo indesejados. Muitos serviços são planejados e operados sem levar em conta esta complexidade. Os transportes públicos oferecem um bom exemplo. Os ônibus urbanos parecem ter sido projetados para transportar apenas jovens altos e saudáveis. Crianças e idosos encontram dificuldades para entrar, manter-se em pé e descer desses veículos, evidenciando que foram planejados apenas do ponto de vista da tecnologia, sem levar em conta o usuário. Por contraste, a qualidade dos serviços prestados pelo Metrô de São Paulo é o produto da interação de três elementos principais: o usuário, a tecnologia e o funcionário. Dentro de uma perspectiva sistêmica, o usuário precede os outros elementos. Porém, a satisfação do usuário depende do desempenho do sistema: pontualidade, freqüência e limpeza dos trens e estações, facilidade de acesso aos trens e estações, informações e segurança, por exemplo. Estas coisas dependem da tecnologia. 76 A manutenção, por isso, foi planejada para funcionar dentro dos níveis mais elevados de exigência, para que o sistema virtualmente não falhe. Porém, o serviço prestado ao usuário e a qualidade da tecnologia dependem dos funcionários e de sua satisfação. E, assim, com a busca de padrões elevados de administração de pessoal. fecha-se o círculo dentro do qual estão os três elementos importantes do sistema.1 Compreensão dos resultados Simultaneamente, o enfoque sistêmico concentra a atenção nas saídas ou nos resultados esperados do sistema. Tão importante quanto enxergar a totalidade de conjuntos complexos de elementos interdependentes é compreender o objetivo final do sistema, a partir da especificação de sua utilidade ou propósito. Segundo o enfoque sistêmico, um automóvel não é simplesmente um conjunto de rodas, motor, carroceria e bancos, mas um sistema de transportar passageiros. Quando o descrevemos desta maneira, estamos definindo sua finalidade ou utilidade; quando o descrevemos daquela, estamos simplesmente relacionando seus componentes ou elementos de entrada. Cada “ator” ou participante do sistemaenxerga-o de maneira não sistêmica. O usuário está interessado apenas em ser transportado e não presta atenção à tecnologia. Aqueles que cuidam da tecnologia foram treinados para pensar nos aspectos técnicos do sistema e nem sempre levam em conta o passageiro. Os acionistas avaliam o desempenho do sistema do ponto de vista de sua lucratividade. A sociedade como um todo usa critérios como o impacto sobre o meio ambiente e a qualidade de vida. Em outras palavras, os resultados esperados são específicos para cada um dos elementos do sistema. Harmonizar todos estes critérios para que o sistema opere satisfatoriamente é a essência do enfoque sistêmico. Eficácia do Sistema A compreensão dos resultados é a base da idéia de eficácia ou sucesso do sistema. Segundo o enfoque sistêmico, sucesso ou eficácia significa a capacidade de realizar um objetivo ou resolver um problema. Quanto maior o acerto na realização do objetivo ou resolução do problema, mais elevado é o grau de sucesso ou eficácia da organização. A eficácia, portanto, é avaliada comparando-se os objetivos que se pretendia alcançar com os resultados alcançados. Ou seja: Para identificar o grau de eficácia de um sistema, é necessário saber quais são os objetivos e quais os resultados alcançados. É preciso, porém, esclarecer também a quem pertencem os objetivos. Ou, para colocar este ponto como uma questão: De qual participante são os objetivos segundo os quais o sistema está sendo avaliado? A eficácia é específica Há várias empresas que querem vender seus automóveis, sabonetes e computadores no mercado, e a mais bem-sucedida é aquela que consegue transformar um grande número de pessoas em seus clientes, e mais: obter lucro e sobreviver com isso. Portanto, receita de 77 vendas, participação no mercado, lucro e sobrevivência são algumas medidas possíveis de sucesso que se pode utilizar para um tipo de organização - as empresas, quando se consideram os critérios com os quais os acionistas e administradores costumam avaliar as empresas. Neste caso, os objetivos pertencem aos acionistas e administradores. O cliente, com certeza, está interessado apenas no desempenho dos produtos ou serviços da empresa. Seus critérios de avaliação são diferentes. As empresas têm uma natureza competitiva - elas concorrem entre si, disputando a preferência dos mesmos clientes e consumidores. O sucesso de uma pode significar o fracasso de outra. Muitas organizações, no entanto, competem unicamente com seu próprio objetivo e seu sucesso é medido exclusivamente pela capacidade de resolver o problema para o qual foram criadas. Uma organização desse tipo, que tem uma missão muito específica, é o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde: “Na última semana, os paulistanos cumpriram uma maratona à qual já estão acostumados: levar seus filhos para vacinar, desta vez contra a meningite meningocócica do tipo B. Em meio ao choro da criançada, os pais não poderiam imaginar como se monta uma campanha de vacinação de tal porte. Trata-se de uma tarefa muito bem feita, tanto que as campanhas de vacinação em massa realizadas no Estado de São Paulo servem de modelo para outras regiões do país e recebem elogios de especialistas estrangeiros. Organizar uma campanha de vacinação como a da pólio é um desafio que poucos Estados conseguem cumprir com a eficiência necessária. Somente São Paulo, Paraná e Santa Catarina conseguem vacinar mais de 90% de suas crianças”. Da mesma forma, um governo é bem-sucedido quando a população de seu país desfruta de boas condições de vida - quando não há doenças, analfabetismo, má distribuição de renda ou uso inadequado dos recursos naturais. Assim, também pode-se pensar que a qualidade de vida de uma população é uma, ou a principal, medida de sucesso que podemos utilizar para um outro tipo de organização: o governo. Portanto, genericamente, o sucesso ou a eficácia é uma condição definida pela solução de um problema, atendimento de uma necessidade ou realização de um objetivo qualquer. Em termos específicos, a eficácia é função do atendimento da necessidade ou problema que a organização se propõe resolver para cada um de seus participantes. Equilíbrio com o ambiente A eficácia varia com o tempo, porque os ambientes não são estáticos. A empresa que é capaz de fabricar um produto competitivo ou resolver um problema no presente poderá não ter a mesma capacidade no futuro. Ser eficaz no presente e preparar-se para ser eficaz no futuro são coisas diferentes. Para ser eficaz, um sistema deve alcançar e manter um estado de equilíbrio dinâmico, que é a capacidade de antecipar-se e ajustarse às mudanças do ambiente. Por meio do equilíbrio dinâmico, a organização eleva sua probabilidade de sobrevivência a longo prazo. A sobrevivência de uma organização é uma medida de eficácia quando se consideram longos períodos, significando que suas missões encontram receptividade no ambiente ao longo do tempo. Assim, uma organização é eficaz quando consegue cumprir seus objetivos no presente, e também está preparada para cumpri-los no futuro. Eficiência do Sistema A eficácia é afetada pelo modo como o sistema usa seus recursos, e não apenas por sua competência em acompanhar as mudanças no ambiente. Ao enfocar o uso dos recursos, a atenção desloca-se da eficácia para a eficiência do sistema. Um sistema eficiente é aquele que utiliza racionalmente seus recursos. Quanto mais racional for o uso dos recursos, mais produtivo e eficiente será o sistema. A produtividade é uma relação entre recursos 78 empregados e resultados obtidos: é medida contando-se quantas unidades de produtos ou serviços são realizadas por uma unidade de recurso numa unidade de tempo - quantas peças, por exemplo, são produzidas por uma máquina ou pessoa num dia, ou quantos clientes são visitados por um vendedor numa semana. De forma geral, a eficiência é avaliada ou medida comparando-se os resultados alcançados com os recursos utilizados. Ou seja: Isso significa que. quanto maior a qualidade e a quantidade de resultados obtidos com o emprego dos recursos disponíveis, mais produtiva ou eficiente será a organização. As comparações que se fazem entre organizações, visando determinar sua eficiência, têm como ponto central os resultados alcançados com o mesmo tipo de recursos. Por exemplo: − A Prefeitura da cidade X atende um a número maior de habitantes com menor número de funcionários que a Prefeitura da cidade Y. − Enquanto as companhias internacionais produziram em média, durante o ano de 1992, 130 barris/dia de petróleo e gás por funcionário, e as companhias latino-americanas produziram em média 98 barris/dia, a Petrobrás produziu 33 barris/dia. Em faturamento anual por empregado, a Petrobrás fica em antepenúltimo lugar no mundo, com 260.000 dólares por empregado, enquanto cada empregado da americana Exxon produz 1.090.000 de dólares por ano. Na japonesa Idemitsu Kosan, o faturamento por empregado é de 3.130.000 dólares anuais. − O banco Z, com menor número de funcionários, administra maior volume de depósitos que o banco W. Portanto, eficiência também é sinônimo de sucesso, quando se mede o sucesso pela forma como a organização emprega seus recursos. Eficácia depende de Eficiência De forma geral, a eficácia é função da eficiência: quanto mais eficientemente forem utilizados os recursos, maior a probabilidade de que um grau elevado de eficácia seja alcançado (ponto A na Figura 2.6). No entanto, um elevado nível de eficiência nem sempre resulta em eficácia e, do mesmo modo, a eficácia nem sempre é alcançada com eficiência. Uma organização pode ser eficaz momentaneamente, utilizando mal seus recursos: isto está consagrado na história como “vitória de Pirro” - o general que venceu uma batalha, mas sacrificando tantos recursos, que terminou perdendo a guerra (ponto B na Figura 2.6). Também é possível que se utilizem bem os recursos,
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