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REGGIO EMILIA HISTORIA

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1 
 
Disciplina: A cultura da infância em Reggio Emilia 
Autora: Esp. Vanessa de Melo Calgarotto 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Vanessa de Melo Calgarotto 
 
 
 
 
 
A cultura da infância em Reggio Emilia 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chantagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
CALGAROTTO, Vanessa de Melo. 
A cultura da infância em Reggio Emilia / Vanessa de Melo Calgarotto. – 
Curitiba: Editora São Braz, 2019. 
47 p. 
ISBN: 978-85-5475-398-6 
1. Aprendiz. 2. Investigadora. 3. Protagonista. 
Material didático da disciplina de A cultura da infância em Reggio Emilia – 
Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 06 
Aula 1 – A criança na abordagem Reggio Emilia ........................................ 07 
Apresentação da aula da 1 ......................................................................... 07 
1.1 Loris Malaguzzi e Reggio Emilia ............................................... 07 
1.2 Abordagem ............................................................................... 07 
1.3 A criança como protagonista, investigadora e comunicadora - 
um ser em estado inaugural ....................................................................... 
12 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 16 
Aula 2 – O professor e o ambiente .............................................................. 17 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 17 
2.1 Professor e ateliarista ............................................................... 17 
2.2 O professor como aprendiz, pesquisador, guia e parceiro ........ 18 
2.3 O ambiente ............................................................................... 21 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 26 
Aula 3 – Arte ............................................................................................... 27 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 27 
3.1 Arte em Reggio Emilia .............................................................. 27 
3.2 Arte como linguagem expressiva .............................................. 28 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 35 
Aula 4 – Pais parceiros no processo de ensino-aprendizagem e 
cooperação como base do sistema educacional ........................................ 
36 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 36 
4.1 Participação .............................................................................. 36 
4.2 Pais parceiros no processo de ensino-aprendizagem ............... 36 
4.3 Cooperação como base do sistema educacional ...................... 40 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 43 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 44 
Índice Remissivo ........................................................................................ 46 
Referências ............................................................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
 Nesta disciplina serão apresentadas temáticas que caracterizam a 
cultura da infância em Reggio Emilia. 
Reggio Emilia é uma cidade localizada ao norte da Itália. No final da 
Segunda Guerra Mundial, encontrou-se destruída, mas reagiu, a população se 
movimentou regenerando o local até reconstruí-lo. Para impulsionar a cidade e 
atender as novas demandas das famílias que ali viviam, as escolas recém-
criadas precisaram manter-se por meio da autogestão. Foi nesse contexto que 
o jovem Loris Malaguzzi principiou uma nova experiência educativa voltada à 
idealização de um lugar onde as crianças pudessem aprender a seu tempo e 
modo, uma escola de todos, colaborativa e com participação ativa das famílias. 
Considerada uma inovadora proposta educativa, Reggio Emilia tem 
vínculo com as teorias de Piaget, Vygotsky e Dewey e, ainda, com estudos da 
psicologia e neurociências. 
Iniciaremos esta disciplina elucidando a abordagem reggiana, em que a 
criança é protagonista, um ser em estado inaugural, disparadora das ações 
pedagógicas da escola. Seguiremos clareando papeis, primeiramente do 
professor como um constante aprendiz, seguido do ambiente que na presente 
proposta tem importante função educativa, dissociada da ideia de sofisticação, 
convergente às relações. 
Na sequência, buscar-se-á esclarecer a arte como linguagem expressiva. 
Na proposta reggiana, a arte é essencial, visto que por meio dela as crianças 
comunicam como percebem o mundo e o representam. Como forma de 
conclusão deste estudo, conheceremos como as famílias exercem parceria com 
a escola no processo de ensino-aprendizagem e também o elemento 
cooperação, como base do sistema educacional reggiano. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – A criança na abordagem Reggio Emilia 
 
Apresentação da aula da 1 
 
Iniciaremos esta aula elucidando a abordagem reggiana e brevemente 
seu idealizador. Verificaremos a importância de conceber, respeitar e observar 
a criança como protagonista, investigadora e comunicadora, pois na abordagem 
Reggio ela é um ser em estado inaugural. 
 
1.1 Loris Malaguzzi e Reggio Emilia 
 
Identificaremos a seguir que a proposta de Loris Malaguzzi apresenta 
como um de seus eixos essenciais a valorização do processo de pesquisa 
protagonizado pela criança. Ele que foi professor primário, psicólogo, dedicou-
se à educação de crianças carentes e ajudou a formar o primeiro jardim de 
infância no norte daItália para crianças de três a seis anos, até que em 1970 
inaugurou o primeiro jardim de infância em Reggio Emilia, voltado ao desejo de 
mães trabalhadoras ao final da Segunda Guerra Mundial. Desse momento em 
diante expande sua proposta educativa: promove seminário, torna-se secretário 
de educação de Reggio Emilia e vive o reconhecimento mundial de sua proposta; 
faleceu em 1994, ano em que foi fundada a Reggio Children. 
Saiba Mais 
Reggio Children é uma instituição que deu continuidade aos 
estudos e projeto de Loris Malaguzzi. Em 2006, foi 
inaugurado o Centro Internacional Loris Malaguzzi, que 
fomenta e reúne grupos de estudo e formações e ainda 
recebe crianças e suas famílias. 
 
1.2 Abordagem 
 
Loris Malagguzi concebe o jardim de infância de Reggio Emilia com 
grande energia, entusiasmo e inquietação, assim como vários colegas em toda 
Itália. 
 
 
8 
 
Saiba Mais 
Os debates iniciados por Ciari ativaram as pessoas, que, por 
sua vez, ajudaram-no a formular muitas de suas ideias 
fundamentais. Loris Malaguzzi participou desses intensos 
debates; por meio deles, veio a conhecer Ciari. 
Profundamente inspirado por ele, Malaguzzi considera-o um 
amigo fabuloso e “a inteligência mais lúcida, apaixonada e 
aguçada na área da educação infantil”. O grupo em torno de 
Ciari acreditava que a educação deveria liberar a energia e 
as capacidades infantis e promover o desenvolvimento 
harmonioso da criança como um todo, em todas as áreas 
(comunicativa, social, afetiva) e também em relação ao 
pensamento crítico e científico. Ciari incitava os educadores 
para que desenvolvessem relacionamentos com as famílias 
e encorajassem comitês participativos de professores, pais e 
cidadãos. (EDWARDS, 2016) 
 
Em seus estudos, Malaguzzi buscou o que há de melhor nas pesquisas e 
registros de Piaget, trouxe para compor a abordagem Reggio Emilia o fato de 
Piaget levar as crianças a sério. A análise peculiar do desenvolvimento também 
compõe e enriquece a proposta, assim como o fato de a teoria creditar à criança 
a demonstração do princípio de lógica, como pesquisadores adultos fazem. Com 
isso, tem-se a ideia de que a criança é autora, naturalmente pesquisadora, por 
portar em si curiosidade. 
Estudos de Vygotsky também fazem parte da proposta reggiana, 
lembrando como o pensamento e a linguagem funcionam juntos, como 
formadores de ideias e planejamento. Esse planejamento seguido de execução, 
acompanhamento e avaliação, por meio de conversa. E ainda, a forma como se 
lê o processo de ensino e aprendizagem, por meio da zona de 
desenvolvimento proximal, em que se busca uma situação no qual a criança 
esteja perto de perceber o que o adulto que está com ela já vê. Aqui temos a 
autonomia dada à criança, faz parte dela agir e interagir com o meio, ela é um 
ser com potentes capacidades. 
 
 
9 
 
Vocabula rio 
Zona de desenvolvimento proximal: distância entre os 
níveis de capacidades expressos pelas crianças e seus níveis 
de desenvolvimento potencial, alcançáveis com ajuda de 
adultos ou pares mais avançados. (EDWARDS, 2016 pg. 73) 
 
Ainda com atenção em Vygotsky, é possível observar que suas ideias 
sobre estética permeiam a abordagem Reggio, uma vez que a arte pode ser 
trabalhada com as crianças no sentido de valorizar a própria obra de arte e o que 
ela pode despertar nas crianças, sem a interpretação dos adultos. 
No campo das experiências reggianas é que identificamos as 
colaborações dos estudos de Dewey. É possível reconhecer isso ao verificar que 
as experiências acontecem por meio das relações que as crianças estabelecem 
com os objetos, efetivando experimentações. Isso é diferente de uma atividade, 
por conta da intenção, há um projeto além da disposição de objetos. Além disso, 
Dewey reconhece a arte como um trabalho científico de pesquisa. 
Curiosidade 
Você sabia que Loris Malaguzzi também buscou na teoria 
montessoriana elementos para compor a abordagem Reggio 
Emilia? 
 
Saiba Mais 
Loris Malaguzzi deixa-nos um legado riquíssimo, 
convergente às teorias relevantes sobre o desenvolvimento 
infantil. Acesse o link a seguir para conhecer um pouco mais 
sobre os estudos de Maria Montessori. 
 
Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/459/medica-valorizou-
aluno 
 
https://novaescola.org.br/conteudo/459/medica-valorizou-aluno
https://novaescola.org.br/conteudo/459/medica-valorizou-aluno
 
 
10 
 
É importante observar que em meio a tantas contribuições, Malaguzzi 
aponta para a calma em seus registros, afirmando que não é possível trabalhar 
na agitação, é importante não ter pressa. Em momentos de troca com 
profissionais das primeiras escolas de Reggio, ele tinha o cuidado de trazer essa 
questão da calma, do tempo que a criança precisa para experimentar e 
desenvolver-se, um tempo que é da criança, não do adulto ou do relógio que 
regula. 
Na abordagem de Reggio Emilia, dá-se significativa atenção à escuta da 
criança, por acreditar que a elaboração do pensamento ressalta a assimilação 
de conteúdos, além disso, o processo ao qual a criança passa para chegar à 
aprendizagem é essencialmente valorizado. Por tratar-se de um valor, é tida 
como um meio de observação da criança em seus gestos, em suas falas, grafos, 
movimentos e até mesmo no silêncio. Na proposta reggiana, colocar-se em 
posição de escuta é dar voz, lugar e direito, é considerar a criança como um ser 
pensante, ativo, competente, entre outros. 
A escuta de cada criança é diária, registrada pelo professor por meio da 
escrita, de fotografias, vídeos, áudios, desenhos, mapas conceituais e é 
interpretada e discutida na coletividade entre educadores. A partir desse diálogo, 
se estabelecem novas propostas, ações e intervenções, também é daí que surge 
a documentação pedagógica, que segundo Ponzio (2019) é uma atitude diante 
da aprendizagem das crianças e, principalmente da relação entre os educadores 
e as crianças que não dependem só da técnica. A documentação pedagógica 
torna claro o pensamento da criança e o que ela faz: a singulariza. 
A palavra progetazzione é bastante usual na proposta reggiana, trata-se 
da programação, da projeção, do planejamento, das invenções; é uma palavra 
de desafiadora tradução ao português, pois apresenta um conjunto de 
significados e de estratégias para que a escola aconteça verdadeiramente. 
A progetazzione permeia a ação educativa da proposta de Reggio Emilia, 
que entende que a criança é constituída de cem linguagens, portanto, não há 
disciplinas isoladas que atendam às crianças, é preciso interligar, trabalhar com 
a diversidade, com o tempo de cada criança, com ambientes estruturados, com 
materiais diversos e que compõem o cotidiano, sempre com intencionalidade. 
Cabe ressaltar que a interpretação coletiva que os professores fazem da 
escuta das crianças não se restringe à observação por meio de um referencial, 
 
 
11 
 
diferente disso, tem uma expectativa de aprendizagem, uma intenção clara, 
espera-se uma aprendizagem. Desse modo temos a progetazzione, um 
relançamento de proposta, ou um novo projeto. 
As escolas de Reggio Emilia potencializam o conhecimento, a 
aprendizagem, de maneira intercultural, ou seja, não se estabelecem ou se 
trabalha com disciplinas isoladas, as aprendizagens são conquistadas por meio 
da metodologia de projetos, particularmente organizada com inter-relações das 
áreas acadêmicas, das linguagens. 
 A metodologia de projetos garante que se trabalhará com os interesses 
das crianças, com exploração de suas ideias, abordando suas preferências; isso 
é assegurar o protagonismo da criança. No início de um projeto, os professores 
se reúnem e discutem todas as hipóteses possíveis sobre as temáticas 
levantadas para trabalho, consideram prováveis ideias das crianças e escolhas 
possivelmente feitas por elas. Com isso organizado, os professores se preparam 
individualmente para todos os estágios seguintes de execução, como porexemplo, o planejamento do ambiente educativo, materiais necessários para 
compô-lo, etc. 
 
Brincadeira no parque com ambiente estruturado pelas professoras. 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
 As temáticas originam-se da sugestão da equipe de coordenação, de 
alguma ideia de outro profissional da escola, da fala de alguma criança, de um 
evento, enfim, de algo que chame verdadeiramente a atenção do professor e lhe 
 
 
12 
 
cative, afinal, um projeto é sempre uma aventura, uma pesquisa; é preciso 
encantamento e convicção de que as crianças toparão a ideia lançada. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Quer saber mais sobre o trabalho com 
projetos? Leia a obra As cem linguagens da 
criança. O livro apresenta em muitos 
momentos perguntas e respostas sobre o 
trabalho desenvolvido por meio da 
metodologia de projetos, há descrições ricas 
em detalhes de projetos desenvolvidos em 
Reggio Emilia, bem com a origem e os 
pontos iniciais. 
 
O respeito, a responsabilidade e a participação comunitária são princípios 
que norteiam a proposta reggiana. Além disso, Loris Malaguzzi deu importante 
atenção à alegria, levantando sempre que possível a temática sobre o que é 
possível fazer, bem feito, na e com alegria. A Escola Diana, localizada em Reggio 
Emilia, apresenta um belo convite em sua entrada, remetendo justamente às 
reflexões sobre alegria de Malaguzzi, “Nada sem alegria”. 
Saiba Mais 
A Escola Diana foi reconhecida internacionalmente como a 
melhor escola de Educação Infantil, em 1991, pela revista 
Newsweek; a partir daqui, a proposta de Reggio Emilia 
ganha visibilidade mundial. 
 
1.3 A criança como protagonista, investigadora e comunicadora - um ser 
em estado inaugural 
 
Na proposta Reggio Emilia, as crianças dispõem, desde pequeninas de 
saberes e de competências. Elas elaboram hipóteses, estabelecem relações, 
têm ideias e linguagens, fazem produções, se expressam. A criança “é sujeito 
de aprendizagem e de direito”; “sujeito social e civil, com suas características e 
 
 
 
13 
 
necessidades físicas, morais e afetivas” (PONZIO, 2019). As aprendizagens das 
crianças não são conquistas automáticas, são construções e elaborações 
desenvolvidas por elas mesmas. A criança precisa de um adulto especialmente 
ativo na escuta, competente e pesquisador para lhe compreender, propor e 
repropor situações de aprendizagem. 
Malaguzzi afirma que as crianças são cidadãs desde a sua gênese. 
Ponzio (2019) declara que as crianças são competentes por serem capazes de 
pensar o mundo em que vivem, de elaborar teorias provisórias e de estabelecer 
relação e diálogo com o seu tempo e espaço. 
Do nascimento da abordagem de Reggio Emilia até hoje, a leitura dos 
adultos sobre as crianças mudou, foi se reelaborando com o passar dos anos, 
evoluiu por meio dos anos de experiência. Em (EDWARDS, 2016) encontramos 
que cada criança é única e é protagonista de seu próprio crescimento. A autora 
afirma que as crianças são incrivelmente abertas ao intercâmbio e à 
reciprocidade. Que desde pequeninas negociam com o mundo social e físico e 
com tudo o que a cultura lhes dá. 
No âmbito das relações, assim como acontece com todas as crianças, 
nem sempre há harmonia, as crianças que frequentam as escolas reggianas 
também brigam, se desentendem e choram. Muitas vezes buscam a professora, 
como se buscassem por um arbitro, essa, por sua vez, intermedeia as relações 
auxiliando as crianças a resolverem seus problemas e conflitos com autonomia. 
O adulto tem sempre o papel de encorajar as crianças a agir e a 
protagonizar suas histórias, sejam elas voltadas às aprendizagens cognitivas, 
sociais ou emocionais. Na cultura de Reggio, acredita-se que esse movimento 
causa pertencimento, atuando na baixa dos níveis de agressividade das 
crianças. 
Com suas cem linguagens disponíveis, a criança chega às escolas cuja 
abordagem é a reggiana e encontra-se com outras crianças que terão a mesma 
oportunidade de desenvolver ao máximo suas potencialidades, de viver o dia a 
dia com autonomia, de conquistar aprendizagens que levarão para a vida, sem 
o compromisso acentuado de ser alguém no futuro, mas com a dedicação diária 
de descobrir, desvendar coisas extraordinárias a partir de seus interesses e 
construir sua identidade. 
 
 
14 
 
Loris Malaguzzi escreveu poeticamente o que é a criança na cultura 
Reggio Emilia: 
A criança 
é feita de cem. 
A criança tem 
cem mãos 
cem pensamentos 
cem modos de pensar 
de jogar e de falar. 
Cem sempre cem 
modos de escutar 
as maravilhas de amar. 
Cem alegrias 
para cantar e compreender. 
Cem mundos 
para descobrir. 
Cem mundos 
para inventar. 
Cem mundos 
para sonhar. 
A criança tem 
cem linguagens 
(e depois cem cem cem) 
mas roubaram-lhe noventa e nove. 
A escola e a cultura 
lhe separam a cabeça do corpo. 
Dizem-lhe: 
de pensar sem as mãos 
de fazer sem a cabeça 
de escutar e de não falar 
de compreender sem alegrias 
de amar e maravilhar-se 
só na Páscoa e no Natal. 
Dizem-lhe: 
de descobrir o mundo que já existe 
e de cem 
roubaram-lhe noventa e nove. 
Dizem-lhe: 
que o jogo e o trabalho 
a realidade e a fantasia 
a ciência e a imaginação 
o céu e a terra 
a razão e o sonho 
são coisas 
que não estão juntas. 
Dizem-lhe: 
que as cem não existem 
A criança diz: 
ao contrário, que as cem existem. 
Fonte: adaptado pelo DI (2019). 
 
 
15 
 
Na escrita poética de Malaguzzi, é possível observar o respeito à criança, 
como um ser humano pequeno e competente. Quantos pensamentos devem 
compor a “cabecinha” de uma criança a partir de uma observação de arte, (olhos 
achatados, testa franzida, cabeça lateralizada, um leve sorriso, um bico, um 
abaixar de olhos, um suspiro, uma expiração) quantas leituras uma criança 
consegue fazer em cinco minutos! 
Quantos modos de pensar frente ao que fazer com uma mesa repleta de 
materiais, quantas coisas para se falar com outras crianças e com os adultos 
que estão por perto. Quantos modos de se ouvir todo e cada ruído ao seu redor, 
quanta destreza para escutar por meio de um ambiente educativo que sua 
professora a respeita e está ali para ajudá-la, apenas ajudá-la. 
Quanta disponibilidade para fazer tudo, absolutamente tudo com alegria, 
para cantar as alegrias e os desafios do dia e compreender que é aprendiz, 
quanta competência tem uma criança para compreender que é aprendiz. 
Descobertas a cada minuto, quantas descobertas uma criança é capaz de 
fazer em um dia? Quantas invenções uma criança é capaz de fazer em um ano? 
Em três anos, então! Quantos sonhos as crianças sonham entre elas e com o 
ambiente educativo que a cercam. 
Cem linguagens são muitas, somente grandioso respeito é capaz de 
reconhecer e ler tantas linguagens e potencializá-las. Quem diria um dia que 
uma criança teria tantas linguagens, quanta competência! 
Com Reggio Emilia, temos uma escola e uma cultura repleta de 
singularidades para nos ajudar a entender e desejar essa escola e essa cultura, 
que adicione noventa e nove linguagens buscando ao máximo não subtrair. São 
livros e mais livros, artigos, espaços, escolas, muitas coisas disponíveis para 
manter cabeças e corpos juntos. 
Que delícia é experimentar com as mãos a terra, areia, alimentos, 
texturas, água, tinta, papeis, quantas mil coisas para tatear e criar, criar cem 
coisas cada vez que seu tempo é respeitado. Todos os dias se criam cem coisas 
porque na abordagem Reggio Emilia o tempo é coisa séria também. 
Quantas coisas para falar e ouvir o que é falado. Assembleia é coisa de 
criança, coisa séria de criança. Organização diária é coisa séria, coisa de criança 
também. Trabalhos a desenvolver são coisa séria e coisa de criança. 
Compreender, aprender, é coisa séria e de criança, de criança mesmo! 
 
 
16 
 
Quanta beleza em visualizar o maravilhar-se das crianças. Maravilhar-se 
com a chuva, com a luz do sol, com a sombra, com a folha que desce da árvore 
para habitar ochão, com conversas de gente pequena sobre coisas de gente 
grande, quanta ciência envolvida, até mesmo química e física. 
Todo dia é dia de bem viver e celebrar, algumas vezes é muito delicioso, 
e aí as crianças acolhem os adultos para festejar e desfrutar de suas alegrias, 
descobertas e aprendizagens. Como é bom descobrir o que não se via! Como é 
bom descobrir cem vezes ou cem coisas que não se via! 
A cultura de Reggio Emilia considera que a criança necessita de 
atribuições de significados e conhecimentos, não cabe um plano de preparação 
à vida adulta ou demanda excessiva de cuidados e proteção, o que importa é a 
vida vivida; não há um plano de preparação para chegar a um lugar ou objetivo, 
existem projetos, que suscitarão pesquisa, investigação, experimentação e 
diálogo entre crianças e crianças, crianças e adultos, crianças e objetos. Mas a 
criança será sempre a protagonista! 
 
 
Conclusão da aula 1 
 
 
A abordagem Reggio Emilia, com toda sua história, olha para as crianças 
com lentes do construtivismo, da interação, da ecologia e da genética. 
Explicitando que a criança é um ser social que se origina de uma forma e segue 
se transformando por meio da relação com o outro, este outro que pode ser uma 
criança, um adulto e/ou ambiente. Na cultura Reggio, a criança deve sentir que 
tudo o que compõe o ambiente da escola, desde a entrada, a valoriza e respeita. 
A criança, nesta abordagem, tem pensamento original, ela é competente desde 
pequenina. 
 
 
 
 
17 
 
Atividade de Aprendizagem 
A forma que a abordagem Reggio Emilia compreende as 
crianças é incrível. Com raízes em teorias respeitadas 
mundialmente, a proposta reggiana tem o plus, por meio de 
Loris Malaguzzi, de trazer poesia a forma de pensar e conviver 
com as crianças. A partir do material de estudo desta primeira 
aula, escolha um lugar confortável e agradável a você, pode 
ser seu quarto, a sala, cozinha, varanda, ou até mesmo um 
lugar externo, um café, uma sorveteria, um parque; para 
escrever uma poesia sobre a imagem de criança que foi 
possível construir ao final desta aula. Dedique-se, pois o 
resultado desta atividade pode lhe surpreender! Vamos ver 
com quantas linguagens você caracterizará a criança que lhe 
foi apresentada. Atenção! Por tratar-se de uma poesia, sua 
produção deve conter escrita em verso e estrofe, totalizando 
no mínimo 14 e no máximo 20 estrofes. 
 
Aula 2 – O professor e o ambiente 
 
Apresentação da aula 2 
 
Esta aula é composta pela apresentação de papéis. Primeiramente do 
professor como um constante aprendiz, um pesquisador, guia e parceiro das 
crianças, equipe escolar e famílias, seguido do ambiente, que na proposta de 
Reggio Emilia tem importante função educativa e é considerado um terceiro 
professor. 
 
2.1 Professor e ateliarista 
 
O professor é um constante aprendiz. Ele quem promove a interação, 
planeja o ambiente educativo, pratica a escuta atenta e documenta com 
intencionalidade as aprendizagens. Na proposta Reggio Emilia, a incerteza, as 
hipóteses e o imprevisível têm lugar certo, e é o professor quem mediará tudo 
isso, com competência e alegria. O ateliarista, também é professor. Tem a 
missão de ampliar, problematizar e inventar desafios às propostas projetadas 
pelos professores. Geralmente é um profissional com formação em artes, por 
melhor conhecer as diversas linguagens, materiais e materialidades. Atende 
 
 
18 
 
todas as crianças da escola, em grupos pequenos, acordados juntamente com 
os professores. 
 
2.2 O professor como aprendiz, pesquisador, guia e parceiro 
 
O professor é o profissional da escola que tem a firme clareza de que a 
escola é o lugar da pergunta e do aprender e que é ele quem trabalhará 
arduamente com isso. Além disso, tem a convicção de que ele é aprendiz, um 
grandioso e eterno aprendiz. 
O papel do professor na abordagem Reggio Emilia é amplo, contudo tem 
importante foco na problematização, utilizando sempre de perguntas e da 
elaboração de um ambiente educativo provocador, que desperte curiosidade. 
Portanto, o professor não oferecerá propostas de fácil resolução, ao contrário, 
planejará formas de provocar a aprendizagem das crianças, nesta perspectiva, 
ao apresentar uma proposta às crianças o professor terá a função de perguntar 
a elas o que precisam para desenvolver suas experiências, mesmo se perceber 
que o caminho que as crianças elegeram não está correto. 
O professor é quem ajuda as crianças a perceber seus problemas e 
inquietações, para que elas apresentem o desejo de responder a si mesmas o 
que identificaram, perceber se lhe é convincente, saciar-se momentaneamente 
com o que foi aprendido e, quem sabe, indicar uma nova aprendizagem. 
O professor é parceiro das crianças, prestando apoio e ajudando no que 
é preciso. Na proposta de Reggio Emilia, o professor é aquele que encoraja as 
crianças a seguirem em frente, a superar dificuldades, a resolver conflitos por 
meio de diversas estratégias, pode ser considerado um importante estrategista. 
É aquele que sabe que as relações não acontecem apenas entre pessoas, 
mas entre pessoas acerca de algo. 
Um professor da abordagem Reggio Emilia tem expectativas grandiosas 
com relação à capacidade representativa das crianças, sejam elas de 
pensamentos ou sentimentos. Todos agem a partir do pressuposto de que as 
crianças têm o desejo de crescer, de descobrir, de conhecer as coisas que as 
cercam. O professor tem a missão de garantir isso em todas as propostas, dia a 
dia, criança a criança. 
 
 
19 
 
A maneira que o professor encaminha as descobertas e as aprendizagens 
deixa claro às crianças, desde bem pequeninas, que elas são vistas com 
seriedade, sempre. A criança é levada a sério pelo profissional que está diante 
dela, e ela sabe disso. 
Um dos grandes desafios do professor é fazer-se presente sem ser 
considerado um instrumento. Ou seja, ele encaminha e zela pela dinâmica social 
e cognitiva das crianças, mas não interfere diretamente com intervenções de 
resolução, ao contrário, como já mencionado, gera situações problemas para 
que as crianças tracem uma ou mais rotas e cheguem a uma descoberta, uma 
aprendizagem. Pois, quanto maior for o conjunto de possibilidades apresentadas 
às crianças, mais intensas serão as motivações e suas experiências. 
O movimento do professor em propor sempre ricas possibilidades às 
crianças é um meio de formação, pois o torna mais atento e consciente, 
oportunizando melhores observações e interpretações. O professor torna-se 
mais sensato ao feedback das crianças e exerce maior controle do seu próprio 
feefback. 
Saber a hora certa de interferir nas relações e produções é tarefa 
desafiadora do professor, pois é preciso uma análise continua do pensamento 
das crianças, o nível de atenção auditiva e reflexão pedagógica são altíssimos e 
de constante ajuste. O professor precisa exercitar todos os dias a arte de 
capturar os momentos certos e encontrar estratégias precisas para conectar 
seus significados e interpretações com as das crianças. Ele precisa ser capaz 
de identificar o momento exato em que a criança está pronta para dar o passo 
decisivo ruma à aprendizagem. 
Saiba Mais 
Em Reggio Emilia, o professor permanece com o mesmo 
grupo de crianças e pais por três anos, e sempre trabalha 
com uma coprofessora. 
 
É papel fundamental do professor na abordagem Reggio Emilia ativar 
indiretamente as competências de criação de significados nas crianças, para que 
 
 
20 
 
isso seja a base de toda aprendizagem. Os professores são assessorados por 
um pedagogista, que os auxilia nos projetos e em suas aprendizagens. 
Vocabula rio 
Pedagogista: coordenador pedagógico. Age como consultor, 
responsável e coordenador do currículo nas pré-escolas e nas 
creches para auxiliar no trabalho dos professores, enriquecer 
seu desenvolvimento profissional, apoiar suas relações com 
as famílias e facilitaras conexões entre professores, 
administradores e outros financiadores. 
 
Na cultura Reggio Emilia, a aprendizagem é o elemento que nutrirá o 
ensino, logo o ensinar é um recurso complementar, pois o foco está na 
aprendizagem. O ensino fortalece a aprendizagem, em estratégias de como 
aprender. O ensino está a serviço da aprendizagem, ele existe por causa dela. 
Na abordagem reggiana, os professores são pesquisadores, estão em 
constante movimento de caminhar da pesquisa para ação e da ação para 
pesquisa. 
É possível afirmar que nesta proposta a ação dos professores em estudar, 
em fazer troca de ideias com seus colegas, em elaborar e reelaborar os projetos 
de trabalho, pensar e recriar estratégias é um fator que diferencia a proposta de 
Reggio Emilia. 
Nas escolas de Reggio, não se têm currículos planejados, com planos de 
aula dia a dia. Tem-se uma organização anual de projetos, alguns longos, outros 
menores, que servem como suporte estrutural, mas é na relação com as crianças 
que os projetos ganham vida. Os professores seguem as crianças, não os 
planos, porque os planos são das crianças. Com isso, os professores avaliam o 
caminhar das crianças em um ciclo já determinado, alguns de uma semana, duas 
semanas, um mês, ou até anos. Procede-se em funcionamento espiral, contínuo. 
Contudo, o dia a dia é repleto de desafios e decisões que devem ser 
tomadas constantemente por se trabalhar com um currículo emergente, ou de 
progetazzione. Afinal, o professor tem a desafiadora tarefa de auxiliar as crianças 
a descobrirem problemas grandes e difíceis o suficiente para despertar a 
motivação à pesquisa e, consequentemente, às aprendizagens das crianças. 
 
 
21 
 
Cabe ressaltar que na cultura Reggio Emilia não se trabalha com 
improvisações ou acaso, isso pode ser questionado pelo fato de não haver um 
currículo fixo a seguir, mas a intencionalidade pedagógica é fortemente 
trabalhada com os professores, a fim de garantir que a aprendizagem da criança 
siga seu fluxo, tempo e lugar. 
Os professores atuam com projetos porque submeter-se às capacidades 
das crianças é a filosofia da cultura de Reggio Emilia. A escola e os processos 
escolares somente podem crescer e inovar se estiverem estreitamente 
relacionados às transformações continuas da vida vivida pelas crianças. Um bom 
projeto tem uma expectativa pertinente, não apenas dos adultos, mas antes das 
crianças, porque elas são quem protagonizarão as experiências e conquistarão 
aprendizagens. 
Para um professor da cultura Reggio, olhar bem de perto uma criança e 
observar atentamente suas ações é compartilhar uma bela aventura em busca 
de aprendizagem, essa era a esperança de Loris Malaguzzi. O papel do 
professor completa o da criança na escola. 
Curiosidade 
Existem no Brasil instituições que organizam viagens 
pedagógicas a países com escolas da abordagem Reggio 
Emilia. Durante a viagem é possível fazer visitas a escolas, 
participar de palestras e imergir na cultura da infância sob a 
luz de outro país. Há também escolas pioneiras da 
abordagem reggiana no nosso país, algumas, no período das 
férias de julho, promovem formação e visitas guiadas em 
seus espaços. 
 
 
2.3 O ambiente 
 
O ambiente, nomeado na proposta de Reggio Emilia como espaço 
educativo, é considerado um terceiro professor, afirmação provocante que 
elucidaremos consequentemente. Terceiro professor porque na abordagem de 
Reggio cada turma é formada por dois professores e as crianças. 
 
 
22 
 
As escolas de educação infantil de Reggio Emilia têm, como espaço 
maior, a sede, algo similar a uma grande casa. São ambientes extremamente 
envolventes, com jardins, hortas, mobiliário simples, contudo belos e 
harmônicos, a organização dos espaços conta sempre com produções das 
crianças. 
De maneira geral, são espaços confortáveis, calorosos e agradáveis. A 
cozinha, por exemplo, é um espaço importante, pois as crianças são incluídas 
em sua rotina, elas atuam com a cozinheira e seus ajudantes na preparação de 
alimentos e organização geral das mesas em que realizam-se as refeições. A 
sala de alimentação é um espaço de relação importante, todos conversam em 
torno da mesa, essa é uma prática cultural da Itália. 
Os espaços de lavabo também têm características peculiares, eles 
agregam recortes de espelhos, com a intenção de que as crianças possam se 
olhar de maneiras diferentes e brincar com os recortes de imagens de si mesmas 
e dos demais colegas, além disso, as pias estão à altura das crianças, para que 
elas possam mexer com a água, seja para lavar as mãos, rosto ou brincar. 
Em algumas escolas da cultura Reggio Emilia, o espaço de reuniões, seja 
para as crianças ou famílias, assemelha-se a uma arquibancada. Para que todos 
se movimentem com interdependência e interação. 
 
Planta baixa da Escola Diana, em Reggio Emilia – Itália. 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
 
 
23 
 
Na chamada pré-escola italiana, escolas que atendem crianças de três a 
seis anos, as salas as quais chamamos aqui no Brasil de sala de aula, são 
espaços compostos por mesas e cadeiras; armários individuais aos quais as 
crianças guardam seus pertences; tatame, almofadas ou tapete para o momento 
da roda de conversa e outras propostas; e um, dois ou três mini espaços com 
materiais disponíveis para jogo simbólico, experiências e/ou leitura. Geralmente 
essas salas são bem ventiladas e iluminadas e contam com continuas 
exposições das atividades desenvolvidas pelas crianças. De maneira geral, os 
materiais disponíveis na sala nem sempre têm em quantidade referente ao 
número de crianças, propositalmente, pois não é preciso que todas as crianças 
da turma estejam juntas na mesma atividade, ou que cada uma precise de um 
mesmo material. 
Os espaços que recebem as crianças menores, de zero a três anos, são 
arejados e bastante iluminados. Contam com berços e alguns espaços têm até 
redes para o tempo de descanso, lactário, miniespaço com livros, piso adequado 
para explorar o ambiente com segurança e mobília adequada à faixa etária. 
 
Espaço de descanso com berços e redes. 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
 
24 
 
 
Espaço de descanso com rede e ambiente educativo estruturado 
para crianças de zero a três anos. 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
O espaço das crianças pequenas está associado à proposta de Emmi 
Pikler; pediatra húngara teórica sobre desenvolvimento infantil. 
As escolas também contam com um espaço de “biblioteca”, que nem 
sempre tem este nome, grande parte das escolas de abordagem reggiana 
atribuem um nome poético ao espaço. 
O ambiente, seja ele as salas, espaço de alimentação, recepções, 
corredores, etc. devem ser flexíveis, passar por mudanças constantes, essas 
com interferências das crianças e professores, para que esteja sempre 
atualizado com o que se vive na escola, para que atenda as demandas das 
crianças e suas pesquisas, com o objetivo maior de promover o protagonismo 
das crianças. 
Para Malaguzzi, o espaço é educativo por seu potencial de organizar, de 
promover encontros agradáveis, seja entre pessoas ou pessoas e objetos, pode 
e deve ser convidativo a proporcionar mudança. Além disso, ele é promotor de 
escolhas e, sobretudo, é um lugar para todo tipo de aprendizagem, seja ela 
social, afetiva e/ou cognitiva. 
 
 
25 
 
Os espaços da escola devem dialogar com a pedagogia da escola, daí a 
relevância do ambiente para Reggio Emilia. Esse lugar chamado escola reflete 
permanentemente a identidade da proposta pedagógica, dialogando com as 
famílias e comunidade local. 
Obviamente que cada escola tem suas próprias características, suas 
experiências, cultura e estilo, portanto, na proposta de Reggio Emilia não temos 
um modelo pronto de ambiente, seja ele qual for, macro ou micro. O ambiente 
deve ser projetado para atender a comunidade local, um grupo específico, que 
abrace os valores da escola e compartilhea vida vivida ali. Ponzio (2019) 
explicita que o ambiente educativo deve recontar o que foi vivido no cotidiano. 
Importante 
 
Ao brincar, as crianças pesquisam o equilíbrio enquanto 
empilham blocos de madeira, pesquisam a luz quando utilizam 
uma fonte luminosa. O professor acompanha a pesquisa da 
criança no espaço educativo, portanto, o espaço narra a 
vivência e a registra. 
 
 
Quando os professores preparam os ambientes, o registram por meio de 
fotos, descrição escrita, vídeo ou áudio. Durante a proposta, enquanto as 
crianças estão atuando, são feitas observações e estas são registradas, 
geralmente de maneira diferente da inicial. Ao final as crianças modificam o 
ambiente por meio de suas investigações, experimentações, intervenções e 
novamente é feito um registro. Esta descrição é a clarividência da flexibilidade 
do ambiente e como ele é dinâmico. 
O ambiente educativo é ainda capaz de ensinar sobre os valores e 
significados das relações entre crianças e adultos, pois no tempo que passam 
juntos produzem conhecimentos juntos, e o espaço de toda escola reflete isso. 
Na cultura de Reggio as paredes falam do dia a dia, por meio das exposições. 
Com isso, possível perceber a intenção que a proposta reggiana tem de mostrar 
a identidade da escola aos que a visitam e frequentam. 
 
 
26 
 
Saiba Mais 
Às vezes, a história da própria escola é apresentada 
principalmente por meio das fotografias de cada dupla de 
professores (equipes que dão aulas para crianças de 3, 4 e 
5 anos) e da ateliarista, da cozinheira e dos profissionais 
auxiliares, ao lado de seus nomes e sorrisos convidativos. Na 
mesma parede, são postados cronograma de eventos: 
sessões de desenvolvimento profissional, reuniões com os 
pais de cada faixa etária, reuniões da escola inteira, reuniões 
com outras escolas, saídas de campo e comemorações. 
 
É possível afirmar que o ambiente educativo é um complexo versátil e 
vivo. Mais que apenas uma estrutura física, ele representa como o tempo decorre 
naquele lugar e como é a prática dos que compõem a vida dele. 
Além disso, é onde se educa (crianças) e também nos educamos 
(adultos). É onde valores e saberes circulam com naturalidade e ânimo; é um 
lugar cultural. 
Sem dúvidas, o professor é uma figura poética na abordagem reggiana, ele 
é pintor, roteirista, pano de fundo, diretor, staff, eletricista, a pessoa carinhosa, a 
pessoa brava, o provocador, às vezes aplaude, às vezes fica silencioso, se 
emociona, enfim, o professor é um grande porta-voz da identidade Reggio. Parte 
sempre do pressuposto do acolhimento, recebendo as crianças como elas são e 
proporcionando liberdade adequada para que cada criança seja protagonista de 
sua história. 
Ambiente e professor, professor e ambiente, substantivos inseparáveis na 
abordagem Reggio, provedores intencionais das aprendizagens de todo o 
espaço escolar. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Diretor, coordenador, professor, ateliarista, criança, aqui todos são 
aprendizes. Na proposta de Reggio Emilia, a intencionalidade pedagógica é o 
que resulta uma boa educação, apoiada sempre na existência de vínculos. 
A figura do professor está associada a uma pessoa culta, não porque é 
quem sabe mais, mas sim pelo fato de ter a cultura da pesquisa arraigada em si, 
 
 
27 
 
é naturalmente uma pessoa curiosa e que gosta de estar em grupo, portanto, 
tem em suas raízes a cultura de projetos. É certamente alguém especial na 
abordagem Reggio Emilia. 
Atividade de Aprendizagem 
Chegamos ao final desta aula, com uma rica caracterização 
do professor na cultura reggiana. Quantas atividades e 
funções atribuídas, quanta responsabilidade, quantos 
desafios. Ao mesmo tempo, quanto aprendizado e quanta 
alegria no dia a dia! O professor que atua nesta abordagem 
certamente se constrói um ser humano especial, alguém bom 
de se ter por perto. O desafio ao final desta aula é desenvolver 
uma carta-convite aberta a professores sobre uma possível 
vaga de professor em uma escola reggiana. Não vale lista, é 
preciso desenvolver uma redação em formato de carta, 
caracterizando a vaga, apresentando os requisitos que o 
profissional que se candidatar deve preencher. A carta deve 
conter no mínimo 10 e no máximo 15 linhas. Vale a pena o 
exercício! 
 
 
 
Aula 3 - Arte 
 
Apresentação da aula 3 
 
Nesta aula buscar-se-á esclarecer a arte como linguagem expressiva. 
Esta temática é fortemente estudada e é uma das características essenciais da 
abordagem Reggio Emilia. Aqui também esclareceremos o papel do ateliarista, 
mencionado na aula 2. 
 
3.1 Arte em Reggio Emilia 
 
A arte exerce forte influência na proposta de Reggio Emilia. Essa 
influência deve-se ao fato de que todos somos produtores de cultura e a arte, é 
um meio de expressão de nossa cultura. Por tratar-se de uma expressão pessoal 
 
 
28 
 
e de cultura, a arte é um importante instrumento no desenvolvimento das 
crianças. Por meio da arte, é possível registrar as memórias, sejam elas 
individuais ou coletivas. Na abordagem reggiana, o ateliarista é o profissional da 
escola que promoverá, com intensidade, a arte. Os registros são feitos por meio 
de observações, apreciações, conversas, fotografias, desenhos, vídeos, áudios, 
entre outros recursos interessantes e curiosos que verificaremos a seguir. 
 
3.2 Arte como linguagem expressiva 
 
A palavra arte tem origem no latim ars e no grego teknê, que significa 
técnica ou habilidade, e é a criação intencional de um artista. 
Já a palavra linguagem remete à expressão do pensamento, ao 
significado de algo. A aproximação das palavras arte e linguagem significa a 
expressão do pensamento por meio da habilidade artística. 
Na abordagem Reggio Emilia, a arte é um veículo de formação do 
pensamento, um desenvolvedor e comunicador de aprendizagens, já a 
linguagem visual, alocada na arte, tem lugar privilegiado, pois está relacionada 
diretamente à construção de pensamentos e sentimentos. Contudo, as demais 
linguagens, como a musical, por exemplo, são grandemente enriquecedoras no 
dia a dia das vivências propostas. 
Na abordagem Reggio, a linguagem visual está relacionada ao trabalho 
com os elementos: ponto, linha, forma, cor, volume, espaço, contraste, luz, 
texturas, entre tantos outros. Trata-se da espontaneidade, utilizando diversas 
técnicas e materiais. 
Nas propostas de observação de imagens, esculturas, obras de arte, entre 
outras, é estimulado que a criança faça uma leitura do que vê e registre. E 
também que faça uma interpretação mais detalhada, acompanhada de registro. 
O registro pode ser uma fotografia, um áudio, um desenho, uma frase, etc. É 
comum no dia a dia da abordagem Reggio deparar-se com as crianças 
analisando e comparando imagens e destacando semelhanças. O contato direto 
com obras de arte e visitas a museus também é comum, sempre acompanhado 
de registro tanto dos professores como das crianças. 
Vale ressaltar que a técnica da arte, a elaboração de uma produção 
artística, é a parte menos visada na abordagem reggiana, não quer dizer que 
 
 
29 
 
não é importante. Contudo, o processo de investigar um objeto, seja ele qual for, 
identificando detalhes e peculiaridades, trocando impressões sobre o que se 
observa, fazendo comparações, são as intenções maiores da abordagem 
Reggio. São nesses momentos que a criança se mostra autora, que faz 
pesquisa, demonstra sua capacidade investigativa e depois utiliza de uma 
linguagem para representar sua aprendizagem, a manifestação artística é o 
resultado de todo um processo de aprendizagem. 
Quanto mais intensa for a troca entre as crianças, maior riqueza de 
detalhes se encontrará nas produções. Que por sua vez atuarão no espaço 
educativo da escola, comunicando a identidade das crianças, da proposta 
pedagógica e da escola e m si. 
Na proposta Reggio Emilia, o encaminhamento da arte como linguagem 
expressiva é feito por Vea Vecchi, queatuou por mais de trinta anos como 
ateliarista na Escola Municipal da Infância Diana - atualmente ela é consultora 
da Reggio Children. 
Vecchi ressalta em suas falas registros e escritos que as conexões nos 
processos de construção do conhecimento são importantíssimas, que é preciso 
levar as crianças a conectar as informações e a fazer alianças com diferentes 
linguagens. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Vea Vecchi é autora do livro: Arte e 
criatividade em Reggio Emilia: explorando o 
papel e a potencialidade do ateliê na 
educação da primeira infância. O livro é 
composto por memórias, conversas e 
reflexões sobre o trabalho pedagógico 
voltado a arte em Reggio Emilia. 
 
A seguir, verificaremos o papel e a contribuição do ateliê e do ateliarista 
na abordagem Reggio. 
 
 
 
30 
 
Vocabula rio 
Ateliê: uma palavra de origem francesa que se refere às 
oficinas historicamente usadas por artistas. O termo foi 
escolhido por Loris Malaguzzi para referir-se à sala de artes, 
oficina ou estúdio da escola, composta por diversos recursos 
materiais e usada por todas as crianças e adultos. 
 
Segundo Vea Vecchia, o termo ateliê foi escolhido por Malaguzzi por ser 
considerado o mais adequado, relacionado à ideia de pesquisa. Seria o nome 
ideal para caracterizar o lugar onde imaginação, experimentos, criatividade e 
expressões se convergiriam. 
De maneira geral, o espaço do ateliê é grande o suficiente para receber 
várias crianças e oportunizar diversas atividades. É um espaço mais aberto, 
amplo e muito bem arejado, para que as crianças possam viver o ambiente. É 
equipado com mesas, cadeiras, computador, impressora, máquinas fotográficas, 
cavaletes para pintura, suportes para trabalhos com argila, gravador, 
microscópio, mesa de luz, retroprojetor, tintas para pintura e desenho (diversos 
tipos), argila (branca, preta e vermelha), tintas para cerâmica, arames de 
diferentes espessuras, chapas metálicas, material reciclável, entre muitos 
outros. 
 
Ateliê de uma escola de abordagem reggiana em Curitiba PR. 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
 
31 
 
 
O projeto de estudo é Cobra 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
Na imagem acima, a ateliarista está trabalhando com as crianças “a 
cobertura do corpo”, investigação indicada por uma das crianças da turma. 
É possível determinar que o ateliê tem duas grandes funções. A primeira 
é de proporcionar as crianças um ambiente onde elas são mestres de toda e 
qualquer técnica, de toda linguagem simbólica: argila, desenho, pintura, etc. A 
segunda é a de auxiliar os professores a compreender como as crianças são 
inventoras e descobridoras da liberdade expressiva. 
O ateliê tem efeito importante na proposta de Reggio, por ser um espaço 
de provocações intencionais. 
O ambiente do ateliê é um centro de cultura e possibilidade de novas 
ferramentas para o pensar. Segundo Malaguzzi, em (EDWARDS, 2016), o 
trabalho no ateliê permite ricas combinações e possibilidades criativas entre as 
diferentes linguagens. Ele pode tornar os processos de aprendizagem das 
crianças mais completos e integrados. 
É no ateliê que muitas produções acontecem, e essas produções são um 
dos meios de comunicação da escola com as famílias. As produções 
desenvolvidas pelas crianças, expostas pela escola, tem a função de comunicar 
o que as crianças fazem no dia a dia, o que descobriram, o que inventaram, suas 
aprendizagens. Também é uma forma das famílias visualizarem o dia a dia das 
 
 
32 
 
crianças na escola e assim terem a oportunidade de compreender que suas 
crianças são altamente competentes, criativas e habilidosas; mesmo sendo 
pequenas. 
Em uma entrevista registrada no livro As cem linguagens da criança – 
volume 2, Loris Malaguzzi afirma que o ateliê é um espaço rico em materiais, 
ferramentas e pessoas com competências profissionais e que é um forte 
contribuinte na documentação pedagógica. Explicita ainda que o trabalho do 
ateliê deu conta de informar a comunidade mundial o modo Reggio Emilia de ser 
com as crianças. 
 
Ele também nos obrigou, de uma maneira linda, a refinar nossos 
métodos de observação e de registro para que o processo de 
aprendizagem das crianças se tornasse a base do nosso diálogo 
com os pais. Por fim, o nosso trabalho no ateliê proporcionou-
nos os arquivos que, agora, são um tesouro contendo trabalhos 
das crianças e conhecimento e pesquisa dos professores. Ainda 
assim, deixe-me destacar que o ateliê nunca pretendeu ser um 
tipo de espaço recluso e privilegiado, como se lá apenas fosse 
possível produzir a linguagem da arte expressiva. Fala de Loris 
Malaguzzi em (EDWARDS, 2016). 
 
 
O ateliê tem quatro importantes centros de atuação na abordagem 
reggiana. O primeiro diz respeito a honrar às artes a função de estimular, 
sugerindo novos conceitos de elaboração e exploração com visões poéticas. 
Segundo, tem a capacidade de unir métodos cognitivos e imaginários do saber 
por meio da documentação pedagógica e da observação. Terceiro, se atenta aos 
processos de aprendizagem com as mídias digitais, algo quase não mencionado 
na educação infantil e que faz parte da vida das crianças. E quarto, não menos 
importante, por meio dele, do ateliê, a escola tem a oportunidade de se 
comunicar e interagir com a comunidade local. 
O ateliê não trabalha com a linguagem visual como uma disciplina, uma 
área do conhecimento isolada, pelo contrário, a cultura de Reggio Emilia focaliza 
na linguagem visual uma estratégia de questionamento e investigação do 
mundo, e ainda mais, de estabelecer relações entre diferentes experiências e 
linguagens, mantendo os processos cognitivos e expressivos em constante 
diálogo; sempre buscando a conexão e conectividade. O espaço do ateliê é 
gerador de uma cultura visual, de comunicação. 
 
 
33 
 
Cabe ressaltar que o ateliê e o ateliarista formam a identidade da 
abordagem de Reggio Emilia. Elas não são apenas diferenciais, são 
particularidades da cultura reggiana. O ambiente do ateliê remete à força e à 
alegria do inesperado, é o apoiador da mudança que surge por meio de uma 
lente poética, algo a mais e incomum no processo de aprendizagem das 
crianças. 
O ateliê é um lugar de pesquisa, e o ateliarista é o profissional que 
mediará a pesquisa, é também, quem provocará situações de descobertas e 
estimulará sempre novas pesquisas por meio de diferentes lentes e estratégias. 
Seguindo as definições de Vea Vecchi, o ateliarista é a pessoa, na escola 
de abordagem reggiana, que dá apoio às conexões. É o profissional que 
converge arte, empatia, relações intensas e relações pessoais com o ambiente. 
O ateliarista é aquele que auxilia as crianças a organizarem suas 
primeiras documentações, suas expressões, e também é aquele que auxilia os 
demais professores a conquistar uma bela documentação pedagógica, seja do 
grupo de crianças ou criança a criança. Ele é um observador-ouvinte a mais no 
ambiente escolar, aquele que pode indicar mediações criativas e descobertas 
incríveis. Além disso, tem a importante função de garantir que as ideias dos 
professores circulem, criem e recriem, com beleza e alegria. 
 Nas escolas reggianas há também espaços organizados e chamados de 
mini ateliês, são espaços extras em uma sala com materiais similares aos do 
ateliê, ou, então, materiais diferentes dos utilizados no dia a dia das crianças; 
esse espaço tem a intenção de proporcionar às crianças experimentações com 
ou sem a presença do professor. 
 O ambiente do ateliê sempre apresenta um leque de possibilidades em 
que as crianças devem atuar com autonomia. Por exemplo, se o utilitarista 
propõe uma experiência com uso de retroprojetor, ele deve permitir e garantir 
que as crianças descobriram, por si mesmas, materiais transparentes e opacos, 
coloridos e não coloridos, etc. materiais com potencial para levantar 
questionamentos, hipóteses e o desejo da descoberta. 
A presençado espaço ateliê está prevista tanto nas escolas que recebem 
crianças de zero a três anos como nas que recebem crianças de três a seis anos, 
contudo, a figura do utilitarista é apenas nas escolas de três a seis anos. Não 
quer dizer que a figura do ateliarista não seja importante para as crianças 
 
 
34 
 
menores, isso ocorre por questões de custos – em Reggio Emilia na Itália. A 
maioria das escolas particulares, com a abordagem Reggio Emilia, inclui a figura 
do ateliarista com as crianças de zero a três anos. 
O ateliê e o ateliarista trazem para a abordagem reggiana muitas e 
importantes sugestões das artes, não apenas nas produções, mas também nas 
sugestões que os artistas declaram por meio de suas obras à luz de sua 
sensibilidade. Algumas das sugestões dizem respeito à qualidade e alterações 
da luz durante o dia, à grafia e à pictografia como escrita e narrativa, à construção 
de identidade complexa por meio da compreensão de vários pontos de vista, à 
combinação de cores, à arte corporal por meio de gestos e ritmos, o uso de vídeo 
como recurso tecnológico para arte, à música como forma de compor o 
ambiente, às fotografias que revelam abstração formal e conceitual, à arte 
centrada em ideias e conceitos, entre outros. 
Essas sugestões não são elementos formais, concretizam-se em outros 
conceitos e estabelecem relações inovadoras com o mundo. Por essa razão, o 
foco do ateliê e do ateliarista está relacionado à reinterpretação dos professores 
e elaborações das crianças, como meio conector. É como se as pesquisas 
desenvolvidas pelas crianças à luz dos professores fossem revistas em um 
microscópio. 
Na abordagem Reggio Emilia, o espaço do ateliê e a atuação do ateliarista 
interferem no aprender a desaprender. Não há ideia fixa e disciplina, existem 
possibilidades, inusitadas possibilidades de se reinventar o que já se sabe, ou 
então, passar a perceber o que antes não se via. 
As escolas em Reggio Emilia e também as de abordagem Reggio 
encontram na arte um dispositivo para a formação do pensamento. A escola é 
constituída de espaços, onde as mãos e o pensamento das crianças se unem 
em alegria, criatividade e libertação. Dessa forma é possível verificar claramente 
como a criança argumenta e se expressa. 
Na abordagem Reggio, a arte e a estética são essenciais na maneira 
como a criança compreende e pensa o mundo. Há forte respeito pelas ideias das 
crianças em suas diversas demonstrações, e zelo, para que ela interiorize 
adequadamente as questões relacionadas à estética. 
A arte tradada da forma expressa nesta aula evoca que na cultura Reggio 
Emilia é significativa à tensão estética, caracterizada pela empatia, pelas 
 
 
35 
 
relações, pelas conexões, pela graça, pela ironia, por meio das provocações que 
apoiam todo o processo de escuta da criança, sendo assim, uma das 
características marcantes da cultura reggiana. 
A presença de um ateliê na escola aumenta significativamente a 
quantidade de materiais a serem explorados pelas crianças, inclusive, a 
qualidade de alguns materiais interferem positivamente no acabamento de 
algumas produções. Contudo, a relação com as coisas, as investigações, a 
pesquisa, a experimentação são os carros-chefes, o que realmente importa. 
Esses processos garantem a presença da dimensão estética na aprendizagem 
e um enorme diferencial na formação das crianças. 
 
Conclusão da aula 3 
 
O ateliê e o ateliarista são o coração da aprendizagem da escola de 
abordagem reggiana. São parceiros importantes dos professores, não são 
técnicos e não buscam transmitir competências, são articuladores de projetos. O 
ateliarista pode ser considerado um guia e também um defensor de processos 
não disciplinados, defensor de processos de aprendizagem livre e inovadores, 
sempre originários das crianças. Na cultura Reggio, o ateliarista também é 
aquele que zela pelo ambiente educativo, belo e bem cuidado, Vea Vecchi 
defende essa ideia com bastante orgulho. O ateliê é o espaço que garante 
frescor e originalidade na abordagem das coisas e na pesquisa. É um lugar 
plural. Uma grande “biblioteca” de objetos. 
Atividade de Aprendizagem 
Ateliê, ateliarista, linguagem, arte. Quatro palavras repletas de 
significados e portadoras do coração da abordagem Reggio 
Emilia. O desafio ao final desta aula é dissertar uma carta de 
recomendação a uma escola, para que ela tenha um ateliê em 
seu espaço educativo. Lembre-se de que a poesia faz-se 
presente na cultura da infância de Reggio Emilia, você não só 
pode como deve utilizar dela para convencer seu público. 
Contudo, a escrita não deve ser em formato de poesia. Sua 
carta de recomendação deve conter no mínimo 10 e no 
máximo 15 linhas. 
 
 
 
36 
 
Aula 4 – Pais parceiros no processo de ensino-aprendizagem e cooperação 
como base do sistema educacional 
 
Apresentação da aula 4 
 
Nesta aula conheceremos o papel dos pais no processo de ensino-
aprendizagem. Na abordagem reggiana, as famílias são consideradas parceiras 
importantes e devem ter participação ativa – não apenas fazer parte, mas, ser 
parte. E finalizaremos nosso estudo verificando a cooperação como uma 
importante estratégia do sistema educacional reggiano. 
 
4.1 Participação 
 
A coletividade é um elemento norteador na proposta de Reggio Emilia. Por 
esta razão, todos os espaços são interativos, comunicativos e inspiram 
cooperação e partilha. Todos os profissionais da escola são educadores, as 
famílias também o são. Neste contexto todos aprendem, não apenas as crianças. 
E todos ensinam, não apenas os adultos. A criança vai para a cozinha e pode 
limpar o piso, assim como o adulto, seja ele professor, ateliarista, cozinheira ou 
coordenadora, experimentam e brincam de faz de conta e tantas outras alegrias 
do dia a dia dos pequenos. Na cultura Reggio Emilia, a escola é aliada à família 
e à comunidade na qual está inserida. A praça da cidade pode receber uma aula 
com as crianças e as lembranças da escola. 
 
4.2 Pais parceiros no processo de ensino-aprendizagem 
 
 A família é uma organização social e histórica que se transforma 
continuamente. Logo, não há um modelo, pois há diversidade de composições 
familiares pautadas em relações. 
 Na proposta reggiana há estreito contato entre a escola e as famílias. Algo 
muito importante é o envolvimento da família no espaço educativo. Os pais são 
extremamente bem-vindos no ambiente escolar e são constantemente 
convidados a participar de ações e iniciativas. 
 
 
37 
 
Quando Loris Malaguzzi pensou a escola de Reggio Emilia, ele concebeu 
que era necessário acolher as famílias, para que entendessem e apoiassem os 
valores praticados na escola, para que atuassem como colaboradores das 
aprendizagens das crianças. Na abordagem reggiana, a família é uma unidade 
pedagógica, que não pode ser dissociada da escola. 
Importante 
No dia a dia, as famílias entram na escola para deixar suas 
crianças. Começam a participar da vida da escola ao sentirem 
o perfume dos alimentos que estão sendo preparados para o 
almoço. Vale a pena lembrar que os italianos têm uma forte 
relação com a comida. Assim sendo, essa entrada já permite o 
acesso a um valor cultural. Ponzio (2019). 
 
Ao caminhar pela escola, as famílias podem observar produções feitas 
pelas crianças. Ao adentrarem as salas, também podem observar os registros, 
brinquedos e brincadeiras, que revelam o que foi vivido. Entender e acolher as 
práticas pedagógicas que levaram as crianças a chegar aos registros expostos, 
ou brincadeiras, pode ser uma tarefa difícil aos pais. Algumas famílias podem 
questionar o porquê de as brincadeiras ocuparem grande parte do dia, o fato dos 
brinquedos não serem tão sofisticados, a presença dos livros que apresentam 
temáticas não necessariamente infantis, os restos de folhas de árvores, areia, 
terra, não apenas nas salas como nas roupas das crianças e suas unhas, entre 
outrasquestões. 
Por isso é indiscutível a presença das famílias, a participação delas no dia 
a dia da escola, para que a intenção pedagógica das produções chegue com 
clareza aos olhos dos familiares. 
Na abordagem reggiana existem indicações de algumas formas de relação 
família-escola, como, por exemplo, a família enviar materiais recicláveis e outros 
materiais para compor o ateliê ou ainda para ampliar os projetos propostos; 
participar da feira de trocas; participar de reuniões pedagógicas individuais e 
coletivas (em formato de roda de conversa) sobre assuntos diversos; participar 
de palestras com especialistas, de sessões de trabalho para melhoria do 
 
 
38 
 
ambiente educativo, de laboratórios para aprender técnicas com os professores, 
além de passeios guiados pela cidade e algumas datas comemorativas. 
 
Tambor para depósito de sucatas 
Fonte: acervo do autor (2019). 
 
De maneira harmoniosa e pedagógica, existe forte proximidade entre 
famílias e professores, a ideia é que os adultos mais próximos às crianças se 
responsabilizem e colaborem para seu pleno desenvolvimento. Existe 
alinhamento entre a forma que as famílias educam seus filhos e a proposta da 
escola. Um bom exemplo é com relação à alfabetização. As escolas reggianas 
atendem crianças de diferentes idades (da infância) e não têm intenção de 
alfabetizá-las, as famílias partilham desta prática, não cobrando da escola 
resultados relacionados a isso. Não quer dizer que uma criança não possa 
despertar para o processo de leitura e escrita, pode, mas o foco não é este. Esta 
pode ser uma grata surpresa de todo o estimulo proporcionado. 
 
 
39 
 
De maneira geral, as famílias legitimam as aprendizagens conquistadas 
pelas crianças no ambiente escolar, não se identifica competição entre as 
famílias, de fato presenciam-se relações harmônicas, de troca e de cooperação. 
Existe uma cultura interessante na Itália com relação às mães de crianças 
pequenas. Para os italianos, a mãe tem presença marcante nos primeiros anos 
de vida das crianças, o que garante a elas o direito de todos os dias levar e 
buscar seus filhos nas escolas, especialmente as mães de crianças pequenas, 
de zero a três anos. E ainda existe a cultura das famílias almoçarem juntas 
diariamente, o comércio de maneira geral fecha no período do almoço, 
garantindo um excelente funcionamento familiar às pessoas. O que também 
facilita o movimento de levar e buscar as crianças na escola. 
 Com isso, muitas vezes, as mães têm a oportunidade de bem acompanhar 
as experiências das crianças na escola e participam ativamente, contribuindo 
com diversas práticas, ecoando em casa algumas delas. Na cultura da infância 
de Reggio Emilia, as famílias atuam como complemento da escola, envolvendo-
se nos projetos, coadjuvando com as crianças em suas aprendizagens e 
apoiando as crianças em suas investigações. 
 A identidade pedagógica da cultura Reggio Emilia sai da escola e da 
relação escola-famílias e alcança a comunidade local, envolvendo a comunidade 
em atividades da escola, isso gera um pertencimento importantíssimo nas 
crianças. Além disso, todos ganham. A qualidade de vida dessas comunidades 
é especialmente boa! 
 Algo interessante a destacar é que, ao matricular uma criança na escola, 
a família tem interferências em sua organização diária. Por exemplo, será preciso 
organizar a rotina de tempo, pois será preciso levar e buscar a criança em 
horários pré-indicados, participar da escola quando solicitado e/ou sinalizado. 
Outro exemplo é que as vivências escolares impactarão no movimento (físico) 
da criança em casa. Por ser estimulada graciosamente na escola, a criança se 
portará mais investigadora e curiosa no ambiente familiar. 
 A relação da escola com a família é essencial no desenvolvimento da 
criança, é preciso haver diálogo contínuo e respeitoso, harmonia entre a 
compreensão de infância e cooperação de ambas as partes. Afinal, a criança 
sentirá e absorverá toda essa relação, sentir-se-á segura para aventurar-se nas 
propostas da escola e ainda levará para casa a cultura construída no ambiente 
 
 
40 
 
escolar. O bom relacionamento entre os adultos que cercam as crianças é 
primordial. 
 
4.3 Cooperação como base do sistema educacional 
 
A palavra cooperação remete a operar simultaneamente, a funcionar 
coletivamente, a colaborar. Podemos afirmar que o termo sistema educacional 
equivale a uma abordagem pedagógica, neste caso, em especial à Reggio 
Emilia. O sistema educacional de Reggio Emilia pode ser caracterizado como 
uma coleção de escolas para crianças pequenas. 
Durante as aulas anteriores, verificamos que a proposta reggiana é 
essencialmente conectada. Professores, pedagogistas, cozinheiras e seus 
assistentes, espaço educativo, ateliês, ateliarista e família coadjuvam às 
crianças, que protagonizam seu próprio desenvolvimento. 
A cooperação é um elemento indissociável da abordagem Reggio, está 
presente em todas as relações e sua ausência invalida a proposta de Loris 
Malaguzzi. 
Quando Loris Malaguzzi idealizou a abordagem Reggio, ele estava em 
constante colaboração, as pessoas que o auxiliavam colaboravam com ele e a 
comunidade Reggio ajudou para que se constituísse uma escola que atendesse 
sua cultura, a cultura da infância em Reggio Emilia. Atualmente o Reggio 
Children colabora com a comunidade mundial, dividindo suas experiências e 
vivências por meio de livros, formações e pesquisas constantes. A abordagem 
pedagógica Reggio Emilia nasceu da cooperação e em prol da cooperação. 
É importante sinalizarmos que o conhecimento construído coletivamente 
é superior ao construído individualmente. Além de consistência, ele abarca 
qualidade e harmonias, elementos ricos de humanismo, essenciais para a 
sociedade. Por essa razão, a abordagem reggiana ganhou destaque mundial e 
é considerada inovadora. 
 
 
41 
 
Pesquise 
Acesse o link: https://www.reggiochildren.it/ ; aqui você terá a 
oportunidade de conhecer um pouco das ações Reggio 
Children. 
 
 
Além disso, os processos de aprendizagem de toda uma comunidade são 
extraordinariamente relevantes e protagonizam um mundo, uma sociedade 
melhor. 
Como já visto na aula 1, a força da cooperação no pós-guerra foi o berço 
da abordagem reggiana. Analisemos que ao final da Segunda Guerra Mundial a 
região de Reggio Emilia estava destruída, as escolas, assim como outros lugares 
haviam sido bombardeados, a cidade encontrou-se em ruínas. Rapidamente 
algumas mulheres da região da Villa Cella, lugar perto de Reggio, se reuniram e 
resolveram construir e gerenciar uma escola para seus filhos. O terreno foi doado 
e os recursos para construção levantados dos restos da guerra. Neste contexto 
de renascimento, Loris Malaguzzi abraça a iniciativa e busca estudos que 
norteiem suas ideias. 
Reggio Emilia é uma cidade reconhecida na Itália por sua qualidade de 
vida, destaca-se também pelas excelentes relações de seus cidadãos, por sua 
união em desempenhar ações de solidariedade, reciprocidade e cooperação. 
Conceitos de democracia participativa garantem que as pessoas podem se 
expor e protagonizar a comunidade da qual fazem parte. 
O sistema educacional reggiano combina conceitos sociais e 
educacionais, crianças de qualquer situação socioeconômica podem ser 
matriculadas nas escolas, as que apresentam maior deficiência financeira têm 
prioridade. Cerca de quinze por cento da verba arrecadada na cidade é 
destinada à Educação Infantil, isso mantém aproximadamente setenta e cinco 
por cento do custo total das escolas, o restante é provido de mensalidades 
proporcionais às rendas das famílias. 
As escolas com abordagem reggiana são geridas por comitês constituídos 
por pessoas da comunidade local. Para participar do comitê não é necessário 
ser pai ou mãe de crianças matriculadas nas escolas, não é preciso nem ser pai 
 
 
42 
 
ou mãe. Basta ter disponibilidadee desejar contribuir. Os educadores reggianos 
também fazem parte do comitê. Em reuniões periódicas, esse grupo discute as 
condições da infância na cidade e elegem temáticas para investigação nas 
escolas. Daqui podem surgir temas de projetos. 
A abordagem Reggio Emilia está alicerçada na perspectiva da 
comunidade e das famílias. Atualmente a abordagem tem papel importante na 
integração de famílias de imigrantes na Itália. Por apoiar-se nos princípios da 
cooperação, é acolhedora quanto às diferenças culturais. 
O estímulo à colaboração, à identificação de necessidades e à força de 
um grupo são princípios que fundamentaram o projeto de Loris Malaguzzi e foi o 
que deu vida à proposta das escolas em Reggio Emilia. Houve uma necessidade 
das famílias da região no pós-guerra, e isso inspirou uma escola simples e 
inovadora pautada na colaboração. Desde o início da proposta, Malaguzzi deu 
espaço especial à participação, à cooperação, idealizando que assim nutre nas 
crianças o senso de colaborar. 
Importante 
 
Toda manhã, as crianças se reúnem em uma assembleia, 
partilham um alimento, conversam e tomam decisões sobre o 
trabalho do dia. Esse encontro matinal intenciona a formação 
do grupo e o sentimento de pertença. Escutar os colegas, em 
seu sentido amplo da escuta, é um ato político que dá ao outro 
um lugar, que o retira do anonimato. Ponzio, (2019). 
 
 
 
Para Malaguzzi, o modo como os adultos da escola, especialmente os 
professores, se relacionam com as crianças e as crianças entre elas influencia 
diretamente na motivação e aprendizagem. Por essa razão também se solicita a 
presença dos pais nas atividades. 
(EDWARDS, 2016) nos apresenta que em uma experiência educacional 
verdadeiramente compartilhada, as escolhas e decisões precisam ser feitas com 
o maior consenso possível e com um profundo respeito por uma pluralidade de 
ideias e perspectivas. 
 
 
43 
 
O trabalho coletivo é muito valorizado no projeto educacional Reggio 
Emilia. A partir dele, as crianças trocam interesses, conhecimentos e se abrem 
para o debate e a construção de novas ideias, ele contribui ainda para a 
formação de indivíduos ativos na sociedade. No futuro, isso refletirá em cidadãos 
mais críticos e responsáveis por seu papel social, nutrindo as raízes que 
originaram a abordagem reggiana. Mantendo Reggio Emilia como um lugar belo 
e desejoso de se viver, um lugar onde cada um tem seu lugar especial e é 
competente, sejam adultos ou crianças, para manter e inovar a cultura da 
infância em Reggio Emilia. 
 
O objetivo da proposta de Reggio Emilia é produzir uma criança 
reintegrada, capaz de construir seus próprios poderes de 
pensamento em uma síntese de todas as linguagens 
expressivas, comunicativas e cognitivas. Contudo, a criança 
reintegrada não é um investigador solitário. Ao contrário, os 
sentidos e a mente da criança precisam da ajuda de outros para 
perceberem a ordem e a mudança e descobrirem os significados 
das novas relações. A criança é um protagonista. (EDWARDS, 
2016). 
 
Conclusão da aula 4 
 
A temática desta aula referiu-se à importância da família no processo de 
aprendizagem das crianças e à cooperação como apoio ao sistema educacional. 
É interessante percebermos que a relação da família com a escola e a 
cooperação não nasceram com a abordagem Reggio Emilia, foi justamente o 
que fez com que as escolas reggianas surgissem. Tudo converge na proposta 
de Reggio Emilia, os elementos família, escola, valores, como a cooperação, por 
exemplo, se completam. 
Em geral, as abordagens pedagógicas são uma escolha, tanto para o 
espaço educativo, a escola e seus contribuintes, quanto para a família que busca 
aquele ambiente. Na abordagem Reggio, fica explicita a escolha por uma cultura 
da infância que tem a criança como protagonista de suas aprendizagens, de sua 
história, desde a mais tenra idade. 
 
 
 
44 
 
Atividade de Aprendizagem 
O sistema educacional Reggio Emilia é essencialmente 
cooperativo, nasce da cooperação, expande-se pela 
cooperação e nutre-se na cooperação. Ao final desta aula o 
desafio é que você elabore um roteiro considerando a sua 
realidade de atuação escolar, o seu trabalho. Primeiramente 
descubra qual é a história da comunidade a qual sua escola 
pertence, faça um breve registro escrito. Depois, averigue 
como se originou a escola, como ela começou, quem a 
idealizou, faça também um breve registro escrito. Com essas 
informações em mãos, inicie a escrita do roteiro de 
apresentação da cultura escolar a qual você pertence. Vale a 
pena o desafio! Com o roteiro em mãos, você terá a memória 
histórica do sistema educacional que faz parte, assim como 
estudamos o de Reggio Emilia. Dedique-se, você pode se 
surpreender e surpreender sua comunidade escolar! Seu 
roteiro deve conter no mínimo 10 e no máximo 15 linhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Conclusão da disciplina 
 
A abordagem Reggio Emilia é um conjunto de valores que definem uma 
cultura, a cultura da infância. Para Reggio Emilia, a cultura da infância tem a 
missão de tornar o ser humano mais humano. Porque as pessoas são formadas 
para depois se orientarem e fazerem escolhas que sustentarão suas relações e 
as relações com a comunidade a que pertencer. 
 É possível concluir que a abordagem de Reggio Emilia é produto de 
muitas colaborações, está diretamente relacionada às teorias e experiências da 
educação ativa, e se dá nos processos de aprendizagem das crianças, 
professores, da escola, das famílias e da comunidade. Esses elementos juntos 
concebem uma cultura peculiar, a cultura Reggio. 
Assim como Ponzio (2019, pg. 33), expresso que o conteúdo desta 
disciplina é uma interpretação da proposta de Reggio Emilia. A cultura da escola 
de Reggio é composta de múltiplas particularidades, belíssimas e 
enriquecedoras. Cabe a nós educadores brasileiros a missão de ler nossa rica e 
diversa cultura e encaminhar esta bela proposta em nossas realidades. É um 
convite, um desafio e um exercer em ser professor, é continuar a proposta de 
Loris Malaguzzi com nossas crianças, como uma progetazzione. 
Temos a oportunidade de sermos constantes aprendizes, e a grande lição 
que podemos aprender com a Cultura da infância em Reggio Emilia é que, 
quando uma comunidade forma um compromisso real com suas crianças, 
especialmente as pequenas, podemos construir um mundo melhor, mais 
colaborativo e participativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Índice Remissivo 
A criança como protagonista, investigadora e comunicadora - um ser em 
estado inaugural ........................................................................................ 
(Competências; saberes; situações de aprendizagens) 
 
12 
A criança na abordagem Reggio Emilia ...................................................... 
(Comunicadora; investigadora, protagonista) 
 
07 
Abordagem ................................................................................................ 
(Entusiasmo e inquietação; registros) 
07 
Arte ............................................................................................................ 
(Arte; ateliarista; linguagem expressiva) 
 
27 
Arte como linguagem expressiva .............................................................. 
(Expressão; habilidade artística; pensamento) 
 
28 
Arte em Reggio Emilia ............................................................................... 
(Expressão; influência; produtores) 
 
 27 
Cooperação como base do sistema educacional ....................................... 
(Colaborar; coletivamente; cooperação) 
 
40 
Loris Malaguzzi e Reggio Emilia ................................................................ 
(Processo de pesquisa; protagonizado; valorização) 
 
07 
O ambiente ................................................................................................ 
(Ambientes envolventes; espaço educativo;

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