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Psiquiatria: juízo de realidade e alterações

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O juízo de realidade e suas alterações 
 
Introdução 
 
Por meio dos juízos, o ser humano é capaz de discernir a verdade do erro. 
o Juízo de existência: assegura a existência ou não de um objeto perceptível. 
o Juízo de valor: distingue uma qualidade de outra. 
 
O erro é fruto da ignorância, do julgar apressado. Baseia-se em premissas falsas. 
 
O erro no julgar ocorre quando: 
o Tomam-se coisas parecidas ou semelhantes por iguais ou idênticas; 
o Atribui-se forte relação de causa-efeito a coincidências ocasionais; 
o Aceita-se impressões dos sentidos como verdades indiscutíveis. 
 
Os erros são passíveis de serem corrigidos pela experiência e são psicologicamente 
compreensíveis pois poderiam surgir e persistir em virtude da ignorância. Em contrapartida, o 
delírio tem como característica principal a incompreensibilidade. 
 
Os tipos mais comuns de erro no julgar são: 
o Preconceitos: é um juízo a priori, ajuizamento apressado baseado em premissas falsas. 
Os principais tipos são → racismo, sexismo, etnocentrismo, classismo e preconceito 
religioso. 
o Crenças culturalmente sancionadas: são crenças compartilhadas por um grupo cultural. 
Não devem ser confundidas com sintomas psicopatológicos. Nesse tipo de delírio, o 
indivíduo compartilha a sua crença com um grupo social. O principal exemplo são as 
superstições, que geralmente são motivadas por fatores afetivos. 
o Ideias prevalentes ou sobrevaloradas: trata-se de uma alteração patológica do juízo. 
São ideias que, devido a grande importância afetiva, adquirem predominância sobre os 
demais pensamentos. São ideias egossintônicas e são aceitas pelo indivíduo que as produz 
(diferentemente das ideias obsessivas). Pessoas que tem ideias supervaloradas 
identificam-se completamente com essas e colocam sua personalidade totalmente ao seu 
serviço. Nas ideias prevalentes, a catatimia se manifesta de forma evidente. Algumas não 
tem significado claramente patológico. 
 
Conceitos-chave de ideias sobrevaloradas: 
1. São sustentadas com forte convicção; 
2. São egossintônicas; 
3. São associadas a alto grau de emoção ou afeto; 
4. Geralmente se desenvolvem em personalidades alteradas; 
5. Geralmente são compreensíveis a partir das experiências passadas do indivíduo; 
6. Causam sofrimento ou disfunção no indivíduo ou nas pessoas com quem convive; 
7. Geralmente induzem ação; 
8. Podem progredir para um delírio verdadeiro; 
9. O paciente não busca ajuda (são aceitas pelo indivíduo); 
10. Assemelham-se a convicções religiosas ou políticas apaixonadas. 
 
Delírio 
 
O delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental, ou seja, tem base mórbida. Ideias 
delirantes são juízos patologicamente falsos. 
 
Características ou indícios externos para a identificação clínica do delírio: 
1. Trata-se de uma convicção extraordinária. O paciente apresenta certeza subjetiva 
praticamente absoluta; 
2. É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva. É irremovível; 
3. Tem conteúdo impossível; 
4. É uma produção associal (particular). 
 
Delírio primário x delírio secundário 
 
Delírio primário (ou ideias delirantes verdadeiras): é psicologicamente incompreensível e 
impenetrável. Trata-se de algo inteiramente novo. 
Delírio secundário (ou ideias deliróides): não se origina de uma alteração primária do 
pensamento, mas de alterações profundas de outras áreas da atividade mental. 
 
Dois exemplos de delírios secundários são o delírio de ruína ou delírio de culpa do indivíduo com 
depressão grave com estado de humor alterado (catatimia). 
 
Delírios compartilhados da loucura a dois: delírios que ocorrem em mais de uma pessoa. 
Nesses casos, geralmente há um sujeito realmente psicótico que apresenta delírio primário e, ao 
interagir intimamente com uma pessoa influenciável, acaba por gerar o delírio em tal pessoa. 
 
Estruturas dos delírios 
 
Os delírios podem ser: 
o Simples OU complexos: simples quando são monotemáticos ou complexos quando 
englobam vários temas ao mesmo tempo. 
o Sistematizados OU não-sistematizados: sistematizados quando são bem-organizados e 
ocorrem mais em indivíduos intelectualmente desenvolvidos e nos chamados transtornos 
delirantes. Por outro lado, os não-sistematizados são delírios sem concatenação 
consistente, variam de conteúdo frequentemente e costumam ser encontrados em 
indivíduos com baixo nível intelectual. 
 
Mecanismos constitutivos do delírio 
 
No delírio, as interações de fatores cerebrais, psicológicos, afetivos, da personalidade pré-
mórbida e socioculturais é muito complexa. Deve-se pensar no delírio como uma construção. Tal 
construção está inserida em um processo de tentativa de reorganização do funcionamento mental: 
o esforço que o aparelho psíquico do paciente empreende no sentido de lidar com a 
desorganização que a doença produz. 
 
Mecanismos formadores do delírio: 
o Interpretação - delírio interpretativo ou delirante: de forma geral, está na base 
constitutiva de todos os delírios. Caracteriza-se por uma distorção radical na interpretação 
e nas vivências. Geralmente respeita determinada lógica e produzem histórias que podem 
se passar por “verdades” 
o Intuição – delírio intuitivo: delírio repentino, resultado da captação de uma “nova 
realidade” ou um “novo sentido” nas coisas. Revelação delirante. O indivíduo não sente 
necessidade de fundamentar o delírio em possibilidades plausíveis. 
o Imaginação – delírio imaginativo: anda lado a lado com a interpretação. O indivíduo 
imagina que algo aconteceu e, através da interpretação, constrói um delírio. 
o Afetividade – delírio catatímico: ocorre em estados intensos de alteração na afetividade, 
como depressões graves e nos quadros de mania. O indivíduo passa a enxergar o mundo 
pelo estado afetivo alterado. 
o Memória – delírio mnêmico: o delírio é constituído por recordações e elementos da 
memória que adquirem dimensão delirante. 
o Alteração da consciência – delírio onírico: associados a quadros de turvação da 
consciência. Caracterizado por vivências oníricas com alucinações cênicas, ansiedade 
intensa e certa confusão do pensamento. 
o Alterações sensoperceptivas – delírio alucinatório: o delírio é construído a partir de 
uma experiência alucinatória ou pseudoalucinatória intensas (1º alucinação → 2º delírio). 
A percepção delirante é um tipo importante de delírio alucinatório. Surge de uma 
percepção normal que ganha significação delirante através da sensopercepção. A 
percepção delirante é vivenciada como uma “revelação”. 
 
Principais tipos de delírio 
 
Delírios de perseguição: 
o Delírio persecutório ou de perseguição: é o tema mais frequente dos delírios. O 
indivíduo acredita ser vítima de um complô e que está sendo perseguido. 
o Delírio de referência: o indivíduo apresenta tendência dominante a experimentar fatos 
cotidianos como referentes a sua pessoa. Diz ser alvo constante de referências 
depreciativas e caluniosas. 
 
Delírios e o mecanismo de projeção: ocorre quando o indivíduo inconscientemente projeta para 
fora de seu mundo mental, no mundo externo, ideias, conflitos temores e desejos. 
o Delírio de relação: o indivíduo delirante constrói relações significativas entre fatos 
normalmente percebidos. Essas conexões novas surgem geralmente sem motivação 
compreensível. 
o Delírio de influência ou controle: o indivíduo vivencia intensamente o fato de estar 
sendo controlado, comandado ou influenciado por força, pessoa ou entidade externa. 
o Delírio de grandeza: o indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de 
capacidades e poderes. Ocorrem tipicamente nos quadros maníacos. O delírio é dominado 
por ideias de poder e riqueza. 
o Delírio místico ou religioso: o indivíduo afirma ser ou estar em comunhão permanente 
com um novo messias, um Deus, Jesus ou até mesmo o demônio. O paciente sente que 
tem poderes místicos, que tem missão mística ou religiosa importante neste mundo.Geralmente apresentam aspecto grandioso. Podem ocorrer em todas as formas de psicose. 
o Delírio de ciúmes ou delírio de infidelidade: o indivíduo percebe ser traído pelo cônjuge 
de forma vil e cruel. Geralmente o indivíduo com delírio de ciúmes é extremamente 
ligado e emocionalmente dependente do ser amado. O ciúme patológico pode ser tanto 
um verdadeiro delírio ou apenas uma ideia prevalente com temática de ciúmes. 
o Delírio erótico: o indivíduo afirma que uma pessoa de destaque social, ou extrema 
importância para o paciente, está totalmente apaixonada por ele. É mais comum entre 
mulheres. 
 
Delírios de conteúdo depressivo: com temática de colorido marcadamente triste, como ruína ou 
miséria, culpa ou autoacusação, doenças ou o desaparecimento de partes do corpo. Estão 
intimamente relacionados a estados depressivos profundos. 
o Delírio de ruína (ou niilista): o indivíduo vive em um mundo repleto de desgraças, está 
condenado à miséria, fracasso, entre outros. 
o Delírio de culpa e auto-acusação: o indivíduo afirma, sem base para isso, ser culpado 
por tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das pessoas que o cercam. É bastante 
característico nas formas graves de depressão. 
o Delírio de negação de órgãos: o indivíduo experimenta profundas alterações corporais 
(que não tem vários órgãos, que suas veias estão secas, etc). Quando está associado ao 
delírio de imortalidade e de enormidade, é denominado síndrome ou delírio de Cottard. 
o Delírio hipocondríaco: o indivíduo crê com convicção extrema que tem uma doença, 
incurável, ou que irá morrer logo. É diferenciado da ideia hipocondríaca através da 
intensidade da crença, assim como a total ausência de crítica do paciente e seu 
envolvimento com preocupações hipocondríacas. 
 
Delírio e alucinação 
 
O fenômeno pode ser caracterizado através do caráter predominante da experiência. 
o Caráter predominantemente sensorial: alucinação. 
o Caráter predominantemente interpretativo: delírio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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