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ATOS DOS APÓSTOLOS

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ATOS DOS APÓSTOLOS
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Atos dos Apóstolos – Prof. Ms. Mauro Negro
Meu nome é Mauro Negro. Sou padre da Congregação dos 
Oblatos de São José. Fiz o mestrado em Teologia Bíblica 
na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da 
Assunção, em São Paulo. Estudei em Roma, na Pontifícia 
Universidade Gregoriana e no Pontifício Instituto Bíblico. 
Fui assessor de Ensino Religioso e professor no Colégio 
Padre João Bagozzi, em Curitiba-PR (1989–1990). Depois 
fui, novamente, assessor de ensino religioso, coordenador 
pedagógico e vice-diretor no Colégio São José em 
Apucarana-PR (1991–1993). Fui pároco na Paróquia São 
José em Apucarana (1994–1998); vigário paroquial na 
Paróquia Santuário Santa Edwiges, São Paulo-SP (1999–
2000) e vigário paroquial na Paróquia San Giseppe Aurellio, em Roma, Itália (2001–2003). 
Atualmente, sou formador dos estudantes de Teologia de minha Congregação Religiosa, 
vigário paroquial da Paróquia Santuário Santa Edwiges e da Paróquia Nossa Senhora de 
Loreto, em São Paulo-SP. Sou professor de Teologia Bíblica, Antigo e Novo Testamento, na 
Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (PUC-SP). Leciono, também, 
na Escola Bíblica da Região Episcopal Ipiranga (Arquidiocese de São Paulo) e em diversas 
Escolas Bíblias paroquiais em cidades dos estados de São Paulo e Paraná. Sou, ainda, 
assessor em Escolas Catequéticas dos regionais Sul I e Sul II (CNBB). 
e-mail: mauronegro@uol.com.br
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
ATOS DOS APÓSTOLOS
Mauro Negro
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013 
 
 226.6 N325a 
 Negro, Mauro 
 Atos dos apóstolos / Mauro Negro – Batatais, SP : Claretiano, 
 2013. 
156 p. 
 ISBN: 978-85-8377-029-9 
 1. Atos dos Apóstolos. 2. Gêneros literários. 3. Características literárias. 
 4. Missão de Jesus. 5. Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. 
 I. Atos dos apóstolos. 
 
 
 
 CDD 226.6 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 8
UnidAdE 1 – APRESENTAÇÃO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 19
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 19
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 20
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 22
5 LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS ................................................................. 22
6 PROJETO LITERÁRIO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS ......................................... 26
7 TEXTO DE ATOS DOS APÓSTOLOS ................................................................... 29
8 TEOLOGIA DOS ATOS DOS APÓSTOLOS .......................................................... 41
9 AMOSTRAS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................... 45
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 49
11 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 51
12 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 51
13 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 52
UnidAdE 2 – ATOS DOS APÓSTOLOS: PRIMEIRO RETRATO DA IGREJA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 53
2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 53
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 54
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 55
5 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ......................................................................... 55
6 O TEXTO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS ............................................................. 63
7 TEOLOGIA DOS ATOS DOS APÓSTOLOS: O TESTEMUNHO DAS ORIGENS ............ 74
8 A PNEUMATOLOGIA EM ATOS DOS APÓSTOLOS ........................................... 79
9 AMOSTRAS DE INTERPRETAÇÃO .................................................................... 81
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 88
11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 89
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 90
UnidAdE 3 – ATOS DOS APÓSTOLOS: PASSOS FUNDAMENTAIS DA IGREJA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 91
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 91
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 92
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 92
5 GÊnEROS LiTERÁRiOS ...................................................................................... 93
6 DIVERSOS "ATOS" DENTRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS ................................. 96
7 SUMÁRIOS DE ATOS ......................................................................................... 102
8 O TEXTO DE ATOS DOS APÓSTOLOS ................................................................ 103
9 TEOLOGIA DE ATOS DOS APÓSTOLOS ............................................................. 110
10 AMOSTRA DE INTERPRETAÇÃO....................................................................... 115
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 118
12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 119
13 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 121
14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 121
UnidAdE 4 – ATOS DOS APÓSTOLOS: PAULO E O TESTEMUNHO ATÉ 
ROMA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 123
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 123
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 124
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 124
5 ELEMENTOS IMPORTANTES DOS ATOS: AS VIAGENS DE PAULO .................. 125
6 TEXTO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS ................................................................. 131
7 TEOLOGIA DE ATOS DOS APÓSTOLOS ............................................................. 135
8 AMOSTRAS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................... 146
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 152
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 153
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 154
12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ..................................................................... 155
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Abordagem da obra de Lucas denominada Atos dos Apóstolos: características 
literárias, contexto histórico e objetivo teológico do autor. Vida e obra da comu-
nidade dos discípulos. Individuação dos aspectos relevantes de Atos mediante 
apreciação exegética de textos seletos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo! 
O livro dos Atos dos Apóstolos segue os quatro Evangelhos. 
Estes apresentam a Pessoa e a Missão de Jesus vistas de quatro 
maneiras distintas: conforme Mateus, Marcos, Lucas e João. O li-
vro dos Atos é uma apresentação literária que vamos chamar de 
"teológica". Isto significa que a narração nestes textos é feita em 
roupagem ou linguagem de teologia, desenvolvendo temas teoló-
gicos. Quando se conta um fato, ele é visto sempre sob este aspec-
to: teológico. O livro dos Atos dos Apóstolos é, também, da mesma 
8 © Atos dos Apóstolos
índole: conta uma história narrada com elementos teológicos que 
tem um objetivo muito específico: apresentar os acontecimentos 
posteriores àqueles que os quatro Evangelhos contaram, não de 
modo a formar uma biografia, mas demonstrando a ação de Deus 
nas pessoas, acontecimentos e no tempo. 
No livro Atos dos Apóstolos há muitos elementos redacionais 
que dão continuidade temática especialmente ao Evangelho se-
gundo Lucas. Aliás, este Evangelho e o livro dos Atos são conside-
rados como duas partes de uma única obra. A continuidade entre 
eles evidencia as intenções do autor, seu método e alguns resul-
tados que correspondem sempre ao projeto literário e teológico. 
São contadas, no livro dos Atos dos Apóstolos, a história dita 
teológica e catequética da Igreja das origens: suas tendências, difi-
culdades, erros, acertos e acontecimentos mais relevantes. O tex-
to está dividido em duas grandes partes que se interligam. Uma 
centraliza a figura de Pedro e os fatos relevantes ocorridos em Je-
rusalém e arredores. A outra centraliza a figura de Paulo e os fatos 
ocorridos especialmente no mundo pagão. 
O livro dos Atos dos Apóstolos é uma continuação narrativa e 
teológica do que antes o Evangelho segundo Lucas havia começado 
a apresentar e declarar: o Reino de Deus está presente no mundo. 
Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare-
mos a seguir, no Tópico Orientações para estudo, algumas orienta-
ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem 
que poderão facilitar o seu estudo. 
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais des-
te conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de apro-
fundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, 
9
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico ne-
cessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico 
com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício 
de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e 
responsabilidade social. 
A Escritura ou Sagrada Escritura é o livro que conhecemos 
como Bíblia. Ele é dividido, como se sabe, em duas grandes partes: 
o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Cristianismo, siste-
ma religioso (Religião) formado a partir da mensagem e identidade 
de Jesus Cristo, é herdeiro do Judaísmo. Este tem no Antigo Tes-
tamento uma de suas partes mais fundamentais e constitutivas. O 
Cristianismo herdou este Antigo Testamento como sua história e 
teologia fundamental, mas deu um passo muito importante: acei-
tou a Pessoa e a Missão de Jesus Cristo como plenitude ou gran-
de conclusão e complementação do que antes o Judaísmo seguia. 
Por isso, enquanto a Bíblia dos Judeus apresenta apenas o que se 
reconhece no Cristianismo como Antigo Testamento, a Bíblia dos 
Cristãos apresenta o Antigo Testamento e o Novo Testamento. 
Este último é centralizado na Pessoa e Missão de Jesus Cristo, mas 
apresenta também outros elementos que compõem um rico qua-
dro de conceitos, propostas, fatos, pessoas e outros elementos. 
O livro de Atos dos Apóstolos ocupa um lugar privilegiado no 
Novo Testamento. Como já falamos, ele tenta demonstrar como a 
Igreja, grupo dos Apóstolos e discípulos de Jesus Cristo começaram 
a fazer sua própria história. Esta história, também já indicamos há 
pouco, é fundamentalmente teológica, isto é, tenta demonstrar a 
ação de Deus nas pessoas, nos fatos, nos caminhos que vão sendo 
aos poucos trilhados. 
Neste ponto, o livro de Atos dos Apóstolos tem uma notável 
importância – é o testemunho escrito de um tríplice fenômeno. 
Primeiro, é a narração (sempre com o acento teológico!) dos pri-
meiros passos dos seguidores de Jesus logo depois de sua partida 
desde mundo. Segundo: é a crescente percepção de que o fim da 
10 © Atos dos Apóstolos
história humana não era algo iminente, mas que a própria história 
havia adquirido um sentido novo para os Judeus, seguidores da 
Torah ou Lei de Moisés e das palavras dos Profetas. Este sentido 
novo era a aceitação de Jesus Cristo como alguém especial e que 
redimensionava a própria história: ele era o Messias. Os Judeus 
deveriam compreender isso. Terceiro: esta nova situação não era 
para ser experimentada apenas pelos Judeus, mas por todos os 
que desejam ser fieis ao chamado de Deus. 
O leitor e estudante do livro de Atos dos Apóstolos vai desco-
brir, neste fenômeno de três vertentes, como que a percepção da 
ação de Deus na história vai crescendo. Alguns vão compreenden-
do e também crescendo; outros não conseguem compreender os 
novos caminhos e se fecham. Tanto uns como outros receberam 
o anúncio de quem revela caminhos e propõe o futuro. Mas nem 
todos aceitaram do mesmo modo. Houve até contradições e per-
seguições mútuas, o que somente pode ser entendido a partir de 
limites de visão e falta de diálogo. 
Atos dos Apóstolos é um texto muito interessante para a lei-
tura. Nele encontram-se alguns personagens decisivos na história 
do Cristianismo. Às vezes, é difícil entender no texto de Atos comoe porque houve tantas divergências entre eles. O estudo do texto 
de Atos neste caderno poderá lançar luzes sobre isso. Em Atos po-
de-se observar as tendências fundamentais do Cristianismo nas-
cente e a capacidade de assimilar, distinguir, superar desafios. Este 
estudo tenta evidenciar isso. No texto de Atos são apresentados 
os passos iniciais da experiência e proposta religiosa que vai, com 
o passar do tempo, expandir-se pelo mundo e determinar até a 
identidade de culturas e povos. 
O que mais se deseja neste estudo é que o estudante e leitor 
saiba fazer a intertextualidade do texto de Atos dos Apóstolos com 
os Evangelhos Canônicos, as Cartas do Novo Testamento e outros 
textos antigos. Depois deste passo, pode-se também fazer a leitura 
do momento presente e da história à luz das tendências já expos-
11
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
tas no texto de Atos. O que mais chama a atenção é a atualidade 
do texto e de suas propostas. 
Este caderno, dividido em quatro unidades, abordará funda-
mentalmente a teologia de Atos dos Apóstolos; elementos textuais 
e literários do livro; figuras importantes e seus papéis dentro do 
texto e do contexto histórico; momentos importantes e que deci-
diram o que se viveu depois daqueles tempos. Três assuntos serão 
amplos: os personagens Pedro e Paulo; as viagens missionárias de 
Paulo; a identidade do Cristianismo nascente. 
Glossário de Conceitos 
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhe-
cimento dos temas tratados em Atos dos Apóstolos. Veja, a seguir, a 
definição dos principais conceitos: 
1) Apóstolo/s. Seguidor de um personagem e enviado por 
este mesmo personagem. A rigor, a palavra quer dizer 
"enviado". Mas para ser enviado alguém precisa apren-
der, seguir. Vem assim a palavra discípulo, que é seguidor. 
2) Jesus Cristo. Figura histórica de notável importância por 
conta da experiência religiosa dele nascida, o que se cha-
ma de "Cristianismo". O livro de Atos dos Apóstolos é a 
tentativa de apresentar esta experiência de seguimento 
de Jesus Cristo no grupo de discípulos e apóstolos, mas 
sem a presença física, visível do mesmo Jesus Cristo. 
3) Querigma e Catequese. Dois conceitos importantes para a 
compreensão do texto de Atos dos Apóstolos e de grande 
parte da Escritura. O querigma é o anúncio; "falar em voz 
alta", propor algo importante. É uma "propaganda" rápida, 
concisa, decidida e direta. O que se anuncia no querigma é 
a Pessoa e a Missão de Jesus Cristo. A catequese é o ensino, 
o caminho de conhecimento do que antes foi anunciado. 
4) Sagrada Escritura e Bíblia. A Sagrada Escritura é o con-
junto de livros que compõem o patrimônio literário e 
de fé do Cristianismo. Ela é, em parte, herdada do Ju-
12 © Atos dos Apóstolos
daísmo. O Cristianismo a complementa com a Pessoa e 
a Missão de Jesus Cristo. A Bíblia é o livro que contém 
a Sagrada Escritura. O que antes era esparso, contado 
em partes e recordado também desta forma, foi reunido 
em um volume e assim tornou-se acessível. O livro de 
Atos dos Apóstolos é parte da Sagrada Escritura, estando 
no Novo Testamento, que corresponde às experiências a 
partir da Boa Nova (Evangelho) de Jesus Cristo. 
5) Testemunho. Talvez este seja o conceito mais importan-
te do livro de Atos dos Apóstolos. O testemunho, palavra 
que em grego é "martiria" (vem daí "martírio" e "mártir", 
que não tem necessariamente a conotação de sofrimento 
e morte, mas sim de demonstração das convicções). Em 
Atos 1,8 a palavra fundamental, que será como o projeto 
literário a ser desenvolvido no texto e projeto teológico a 
ser demonstrado no mesmo, é: " mas descerá sobre vós o 
Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemu-
nhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os 
confins do mundo." Os personagens que produzem algo 
novo, que geram história e propõem teologia, em Atos 
dos Apóstolos, têm sempre esta tônica: são testemunhas 
de algo e alguém maior do que eles, de uma novidade que 
encanta e arrebata, levando a sempre algo maior. 
6) Viagens missionárias. Paulo fez três viagens missionárias. 
Ele as fez por motivos práticos: visitas às comunidades, 
solução de problemas, interesse em difundir o Evangelho 
(querigma) e em fazer crescer quem já havia aceito a pro-
posta (catequese). Estas viagens missionárias expressam 
bem o sentido que a nova fé proposta por Jesus Cristo e 
anunciada e ensinada pelos Apóstolos e discípulos de-
nota: algo sempre a caminho, sempre no crescendo do 
conhecimento e adesão. Não é uma experiência finaliza-
da, mas em construção. Talvez seja por isso que Atos dos 
Apóstolos não apresenta um final como seria de se espe-
rar. O texto parece interrompido, no capítulo 28, com Pau-
lo anunciando (querigma) e ensinando (catequese). Não 
um produto final, mas uma etapa feita e outras, muitas 
outras ainda para iniciar e desenvolver. 
13
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais 
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um 
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você 
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o 
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o 
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas 
próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre 
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. 
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
14 © Atos dos Apóstolos
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Atos dos 
Apóstolos. 
Como você pode observar,esse Esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre 
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu 
15
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo: o conceito tes-
temunho está ligado ao conceito de Apóstolo. Este, por sua vez, 
faz referência a querigma e catequese. Os conceitos interligados e 
dependentes uns dos outros criam relações dinâmicas que levam à 
compreensão do texto de Atos dos Apóstolos como uma obra não 
apenas descritiva, mas sobretudo teológica. 
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente 
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles 
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se 
da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. 
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. 
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com os textos bíblicos, em especial com os textos de Atos 
dos Apóstolos e com dados e elementos teológicos, pode ser uma 
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se 
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, 
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos 
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. 
As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-
ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
16 © Atos dos Apóstolos
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. 
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, 
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É 
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e 
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem 
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se 
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a 
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, 
uma capacidade que nos impele à maturidade. 
Você, como aluno do Cursos de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
17
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 
Claretiano - Centro Universitário
1
EA
D
Apresentação dos 
Atos dos Apóstolos
1. OBJETIVOS
• Conhecer os elementos fundamentais que compõem o 
texto dos Atos, especialmente os projetos teológicos e li-
terários de Lucas–Atos. 
• Reconhecer a situação da Igreja nascente.
• Compreender o conceito de eleição e aliança entre Deus 
e Israel e Deus e os pagãos.
• Analisar as teofanias de Pentecostes: entre os judeus e 
entre os pagãos.
2. CONTEÚDOS
• Livro dos Atos dos Apóstolos.
• Projeto literário dos Atos dos Apóstolos.
• Texto dos Atos dos Apóstolos. 
20 © Atos dos Apóstolos
• Teologia dos Atos dos Apóstolos.
• Amostras de interpretação.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1) O livro neotestamentário de Atos dos Apóstolos não é 
biografia de Pedro ou Paulo, nem é relato jornalístico, 
muito menos um arquivo completo dos primeiros dias 
da Igreja. Atos dos Apóstolos é um livro de "teologia nar-
rativa" das testemunhas de Jesus Cristo.
2) É impossível falar dos Atos dos Apóstolos sem abordar 
também o Evangelho segundo Lucas. Por isso, chamam-
-se estes livros de Lucas–Atos ou A obra de Lucas. É im-
portante que você leia algo sobre o Evangelho segundo 
Lucas, enquanto estuda Atos. Desse modo, além das in-
troduções que se encontram em praticamente todas as 
edições da Bíblia, sugerimos que você leia: FABRIS, Ri-
naldo; MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos (II). São Paulo: 
Loyola, 1992. p. 11–23. 
3) Além disso, um contato introdutório com algumas ques-
tões literárias e teológicas pode ser feito em: VV.AA. 
Uma leitura dos Atos dos Apóstolos. São Paulo: Paulinas, 
1983, especialmente das páginas 7 a 44.
4) Iremos analisar mais profundamente os dois prólogos. 
Aqui eles aparecem apenas como parte do argumento 
do projeto literário de Lucas–Atos. Sugerimos, para uma 
informação prévia sobre o assunto, a leitura de FABRIS, 
Rinaldo. Os Atos dos Apóstolos. São Paulo: Loyola, 1991 
(Coleção Bíblica Loyola, nº 3). p. 47-50.
5) Sugerimos que os textos bíblicos sejam lidos sempre na 
própria Bíblia. Se apresentarmos aqui algum texto bíbli-
co transcrito, é importante que você o leia também na 
Bíblia. Além disso, se houver uma ou mais notas explica-
tivas no texto elas devem ser lidas e se você tiver mais 
de uma edição da Bíblia, com outra tradução, convém 
21
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
também lê-la. Vale lembrar que é conveniente que você 
leia previamente os capítulos de 1 a 10 dos Atos dos 
Apóstolos, na sequência, pois são estes capítulos que 
abordaremos nesta unidade.
6) Os autores de comentários bíblicos dividem Atos dos 
Apóstolos de modo diverso. Esta diversidade depende 
da sensibilidade de cada um e do modo de compreender 
o texto e suas tendências. Como exemplo de divisão do 
texto, sugerimos que você observe o índice do texto de 
COMBLIN, José. Atos dos Apóstolos (Vol. I: 1-12).Petró-
polis: Vozes, 1988 (Coleção Comentário Bíblico).
7) Faça uma comparação com as listas dos Apóstolos em 
outros textos do Novo Testamento. Procure encontrar 
em Mateus, Marcos, Lucas e João estas listas e veja se 
há alguma diferença entre elas. Note, também, que você 
encontra aqui muitas referências a textos bíblicos. É im-
portante que você leia estes textos aqui citados. Será um 
bom exercício que despertará o desejo de mais pesquisas.
8) Adiante um pouco o estudo dos Atos e leia 17, 16-34. 
Encontramos Paulo em Atenas, onde ele anuncia aos 
gregos a salvação de Jesus Cristo, um judeu que morreu, 
como criminoso, na cruz. Não houve êxito aparente nes-
ta ocasião, mas a semente foi lançada entre os pagãos, 
que não tinham relacionamento com o Judaísmo. Isto é 
parte da ideia de Paulo, que insiste que a salvação é para 
todos, que ultrapassa os limites do Judaísmo.
9) O texto dos Atos dos Apóstolos acompanha a Liturgia e 
é proclamado em ocasiões importantes. Veja, por exem-
plo, Atos 2,42. Este texto tem uma importância notável 
dentro do conjunto da obra e é usado como referência 
para muitas experiências eclesiais.
10) No decorrer do nosso estudo, encontraremos, confor-
me o costume nos estudos bíblicos, a letra "v." seguida 
de alguns números. Você deve compreender que se re-
fere a "versículo" ou "versículos" de um capítulo já ci-
tado anteriormente. Assim, em alguns textos aparecerá 
"(v. 1)", o que significa o versículo 1 de um capítulo já 
citado, que no caso é o 1. E assim se seguem as citações.
22 © Atos dos Apóstolos
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta primeira unidade compreenderemos a índole do livro 
dos Atos dos Apóstolos, que é parte integrante do Novo Testamen-
to. Ele sucede aos quatro Evangelhos Sinóticos e a João. 
Além disso, iremos refletir sobre o livro dos Atos dos Apóstolos 
em sua dimensão literária, geográfica e teológica. Depois, analisare-
mos os textos que retratam a Igreja nascente em Jerusalém: os pri-
meiros movimentos, as tensões e as realizações do grupo apostólico. 
É fácil constatar que o testemunho é um elemento decisivo 
em todo o texto, pois a comunidade de fé e cada um de seus ele-
mentos devem testemunhar com retidão. 
Outro ponto importante que abordaremos é o conceito de 
Aliança de Deus feita com Israel, no Antigo Testamento, e que ago-
ra é feita, em Jesus, com os pagãos. Por fim, analisaremos alguns 
textos selecionados que podem colaborar com a compreensão do 
conjunto do livro.
Bom estudo!
5. LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
O livro dos Atos dos Apóstolos é muito usado nas liturgias 
de todas as Igrejas cristãs. Muitos buscam neste livro referências e 
modelos, bem como princípios e histórias que animam, iluminam, 
ilustram e exemplificam. 
O motivo fundamental é que Atos dos Apóstolos, ou simples-
mente Atos, serve de modelo para as comunidades cristãs, pois 
expressa os primeiros passos do grupo dos discípulos de Jesus logo 
após a sua partida deste mundo. 
Evangelhos sinóticos são os três primeiros: Mateus, Marcos 
e Lucas. São chamados assim, pois podem ser colocados em colu-
nas paralelas e vistos em conjunto, em forma de "sinopse" (visão 
23
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
de conjunto). Desse modo, eles têm muita semelhança entre si. 
Já João tem um esquema diferente, com um estilo também pró-
prio. É comum, quando se fala de Evangelhos, determinar se são 
os Evangelhos sinóticos (ou simplesmente sinóticos) ou João. 
Desse modo, um texto usado com muita frequência pelas 
Igrejas é aquele chamado de primeiro "retrato" da comunidade 
primitiva, pois "Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos 
apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações" 
(Atos 2, 42). 
É assim que o autor do livro desejou apresentar às gerações futu-
ras os primeiros instantes daquela comunidade, e é assim que os gru-
pos cristãos ou Igrejas desejam ser e viver. Por isso, todos buscam lá, de 
um jeito ou de outro e em tempos diversos, ânimo e inspiração.
Assim, Atos não é apenas um texto de leitura, é, sobretudo, 
um testemunho da experiência dos primeiros cristãos logo após 
a passagem de Jesus e seu mandamento: "[…] sereis minhas tes-
temunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os 
confins da terra" (1,8).
Todas as vezes em que apresentarmos uma citação bíblica sem a 
referência ao livro, saiba que se tratará do próprio livro dos Atos 
dos Apóstolos. 
Contudo, esta experiência pode ser um pouco idealizada, 
pois há uma tendência em apresentar a história de um grupo de 
um modo ideal, nem sempre real. No entanto, não podemos en-
tender que os textos bíblicos são invenções ou imposições de al-
guns princípios morais; nem são idealizações de pessoas que aos 
poucos vão se tornando heróis.
Os textos da Bíblia, tanto do Antigo Testamento, quanto do 
Novo Testamento, não são uma ideologia, mas teologia. Desse 
modo, isso significa que mais do que apresentar a história de modo 
perfeito e as pessoas como heróis, sem defeitos e grandiosos, os 
24 © Atos dos Apóstolos
textos bíblicos apresentam a teologia dos fatos e dos personagens, 
não evitando apresentar defeitos, erros, dificuldades e pecados. 
Diante disso, podemos questionar: que país ou grupo so-
cial tem na sua história oficial heróis que negam valores, que têm 
medo, que nem sempre são o que se esperava que fossem? Que 
história nacional ou de um grupo conta e apresenta, com todas 
as cores da alegria e da tristeza, suas origens e suas quedas? A 
tendência ou a ideia (e vem daí a palavra e o conceito "ideolo-
gia") é apresentar o bom, o modelo positivo, os atos de bravura, de 
virtude ou esperteza de pessoas e grupos, e não as fraquezas, as 
quedas, os erros. A Sagrada Escritura ou Bíblia apresenta os perso-
nagens de uma forma totalmente inédita, sem "maquiá-los", mas 
evidenciando sempre a ação de Deus neles.
A Bíblia não sendo ideologia, mas "teologia", apresenta uma 
história na qual o que interessa é a ligação que tudo e todos têm 
com Deus. As pessoas são,algumas vezes, notáveis, grandes e va-
lorosas; mas outras vezes são mesquinhas, pequenas e frágeis em 
caráter. Devemos dizer que a Bíblia apresenta a história de um 
ponto de vista teológico. 
Essa ideia expressa nos faz ver que a Bíblia é um conjunto 
de textos de forma e sentido únicos. Isso não somente porque são 
inspirados por Deus (conforme a fé das Igrejas), mas porque têm 
valores, formas e sentidos que vão além de relatos míticos, supers-
ticiosos ou forçados, feitos para impressionar. 
O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta, de modo teológico, 
as histórias dos primeiros passos da Igreja. Não que as coisas se-
jam inventadas ou "arrumadas" para que tudo dê certo! Pelo con-
trário, quase nunca é como se esperava que fosse… Muitas vezes 
acontecem fatos inesperados, difíceis e que, aparentemente, em 
nada ajudam o desenvolvimento da história. O livro dos Atos dos 
Apóstolos apresenta os primeiros anos da Igreja e especialmente 
três realidades ou três situações, bem como pessoas: 
25
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
1) Em primeiro lugar, o grupo original dos apóstolos, logo 
em seguida à partida de Jesus desta terra; 
2) Em segundo lugar, a Igreja que se reúne em torno de 
Pedro, o chefe que deve dar o rumo para o grupo; 
3) Em terceiro lugar, a Igreja em torno de Paulo que apre-
senta uma nova fase do anúncio sobre Jesus.
Como podemos notar, embora ele se chame Atos dos Após-
tolos, o livro não apresenta os atos de todos os apóstolos, mas 
apenas de alguns, e ainda de modo reduzido e incompleto.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O termo "teologia narrativa" é como podemos identificar não apenas identificação 
de Atos, mas também dos Evangelhos. Significa que os Evangelhos segundo 
Mateus, Marcos, Lucas e João e o livro dos Atos dos Apóstolos têm um estilo, 
fundamentalmente, narrativo. Eles também possuem textos poéticos, genealo-
gias, listas, ditos de sabedoriae outros estilos, mas tudo é colocado em um estilo 
narrativo. Esta narração evidencia a ação de Deus nas pessoas, nos aconteci-
mentos e na história. Por isso a chamamos de "teologia narrativa".
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Sendo um livro de teologia narrativa como os Sinóticos e 
João, Atos quer valorizar alguns pontos, algumas verdades de fé e, 
para isso, escolhe e faz um caminho. Dessa maneira, muita coisa 
ou muitos caminhos possíveis são deixados de lado. É assim que 
não aparecem as ações de outros apóstolos, apesar do título do 
livro ser Atos dos Apóstolos, não de todos, mas daqueles que o 
autor quer tornar mais evidente. 
Além disso, comunidades ou Igrejas muito importantes quase 
não são lembradas, são apenas citadas ou pouco citadas ou mesmo 
são ignoradas, como, por exemplo, a Igreja de Alexandria no Egito. 
A Igreja de Antioquia na Síria e as Igrejas fundadas por Paulo pode-
riam ser mais bem descritas no texto de Atos, mas não o são! 
Mesmo as histórias dos "atos" de "alguns" apóstolos lá apre-
sentadas são limitadas. Parece que o autor valoriza alguns fatos 
menos importantes e deixa de lado outros que para nós seriam 
muito válidos de serem contados. Por isso, é preciso conhecer os 
projetos teológico e literário dos Atos dos Apóstolos.
26 © Atos dos Apóstolos
6. PROJETO LITERÁRIO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
Em relação ao projeto literário dos Atos dos Apóstolos citamos:
• Ensinamentos e instruções: o livro dos Atos dos Apóstolos 
tem um projeto literário que pode ser compreendido com 
relativa facilidade. Isso torna a leitura das partes do texto e 
de todo o livro mais fácil. Atos dos Apóstolos pode ser visto 
como uma tentativa literária de apresentar os ensinamen-
tos, as instruções, os exemplos e as ações do Espírito Santo 
na vida e na ação (nos "atos") de algumas pessoas. O que 
sobressai nos textos são estes elementos, o que identifica 
Atos como um texto de Anúncio e Catequese. 
Na terceira unidade, você terá a oportunidade de compreender 
melhor os conceitos de Anúncio e Catequese. Por ora, é impor-
tante saber que estes dois conceitos são as expressões- chaves 
da compreensão dos textos bíblicos.
• Geografia: o projeto literário dos Atos está em continua-
ção ao Evangelho segundo Lucas. Por isso, costuma-se 
identificar este projeto como Lucas–Atos. Este conjunto 
sugere que os dois livros têm afinidades, as quais são 
expressas pela geografia apresentada. Lucas apresenta 
Jesus iniciando a pregação do Evangelho na Galileia, nos 
confins da terra de Israel. Aos poucos, Jesus vai se apro-
ximando do centro da nação: passa pela Galileia, pela 
Samaria, chega à Judeia e em Jerusalém, que é o centro, 
o núcleo onde tudo ocorre:sua prisão, paixão, morte e 
ressurreição. Em Jerusalém ocorre o ápice da vida de Je-
sus, é onde começa a história da Igreja e os atos dos que 
são Apóstolos. É lá que eles testemunham Jesus deixar 
este mundo, depois recebem o Espírito Santo e come-
çam a anunciar o Evangelho. Depois de passar em Sa-
maria e em outras regiões, chegam, com Paulo, até "os 
confins da terra" (cf. Atos 1,8). O último lugar retratado 
27
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
pelos Atos é Roma, o centro do mundo daquela época. 
Assim, o autor de Atos está dizendo que o Evangelho 
está em todo mundo, pois se está no centro do mundo, 
está em todo o restante! 
O projeto literário dos Atos, que se inicia em Jerusalém com 
os Apóstolos reunidos (Atos 1, 12–14), progride e se expande até 
chegar em Roma, onde Paulo pode falar abertamente de Jesus e 
proclamar o Reino de Deus com liberdade (28, 30-31). 
Vale lembrar que quem lê Atos esperando encontrar a bio-
grafia dos Apóstolos ou a história de cada um fica certamente de-
cepcionado. Na realidade, a impressão é que a história não teve 
fim: Paulo chegou a Roma, está em prisão domiciliar, fala aber-
tamente de Jesus e… e acabou! O que aconteceu depois? Como 
Paulo deixou a prisão? Como ele encontrou o martírio? E Pedro, 
onde está? Desapareceu depois do capítulo 15! É isso mesmo: o 
projeto literário de Atos era demonstrar que o anúncio do Evan-
gelho, que foi iniciado por Jesus na Galileia, chegou ao centro, na 
cidade Santa de Jerusalém, lá se estabeleceu e de lá partiu para o 
mundo inteiro. Como Paulo está em Roma o projeto de expansão 
da boa nova tem sua conclusão do ponto de vista literário. Por isso, 
o texto pode ser concluído: o Evangelho está nos confins do mun-
do, conforme havia sido previsto em 1,8.
• Prólogos:os prólogos são expressões claras do projeto 
teológico de Lucas–Atos. Observados com atenção, eles 
demonstram o desejo do autor, sua proposta e os hori-
zontes a que se propõe. 
Prólogo de Lucas (Lc 1,1-4) ––––––––––––––––––––––––––––
1 Muitos empreenderam compor uma história
dos acontecimentos que se realizaram entre nós, 
2 como no-los transmitiram aqueles que foram
desde o princípio testemunhas oculares
e que se tornaram ministros da palavra. 
3 Também a mim me pareceu bem,
depois de haver diligentemente investigado
28 © Atos dos Apóstolos
tudo desde o princípio, escrevê-los para ti,
excelentíssimo Teófilo,
4 para que conheças a solidez daqueles
ensinamentos que tens recebido.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prólogo de Atos (At 1,1-2) –––––––––––––––––––––––––––––
Em minha primeira narração, ó Teófilo,
contei toda a seqüência das ações 
e dos ensinamentos de Jesus,
2 desde o princípio até o dia em que,
depois de ter dado pelo Espírito Santo
suas instruções aos apóstolos que escolhera,
foi arrebatado ao céu.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Analisaremos mais profundamente os dois prólogos. Aqui 
eles aparecem apenas como parte do argumento do projeto lite-
rário de Lucas–Atos.
O prólogo de Lucas
O prólogo de Lucas (1, 1–4) evidencia que o autor conhecia ou-
tros textos que já haviam sido escritos a respeito de Jesus (v. 1). Cer-
tamente Lucas já conhecia o Evangelho de Marcos, que é o primeiro 
Evangelho a ter sido escrito, depois da década de 60 do primeiro século. 
O autor de Lucas cita as "testemunhas oculares e ministros da palavra" 
(v. 2), evocando, dessa forma, uma nascente tradição (transmissão) da 
palavra a respeito de Jesus e do próprio Jesus. Ele propõe então, depois 
de uma adequada "investigação" (v. 3), apresentar os fatos em ordem. 
Por "fatos" está referindo-se aos acontecimentos com Jesus e os mais 
próximos dele. Lucas dirige seu escrito a um tal Teófilo (v. 3), o qual não 
se sabe quem foi. O que sobressai neste prólogo é a ideia da exposição 
dos fatos "de modo ordenado", após uma "acurada" investigação. 
Prólogo de Atos
Já no prólogo de Atos (1,1–2), o autor alega que já escreveu um 
livro no qual relatou fatos e ensinamentos de Jesus (v. 1), até o dia em 
29
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
que, tendo determinado caminhos (mandamentos) aos apóstolos, foi 
elevado às alturas perante os que Ele, Jesus, havia escolhido (v. 2). 
Note que o prólogo de Atos não tem uma extensão bem determinada, 
sendo que alguns o consideram até o final do capítulo 1. 
O certo é que os dois prólogos estão em acordo com o proje-
to literário de Lucas–Atos e deixam claro uma sequência narrativa 
entre um e outro. Formam uma obra em dois volumes, claramente 
centrados, cada qual em um foco: Lucas está centrado em Jesus, 
no que ele fez desde o início do anúncio do Evangelho até o dia 
de partir deste mundo. Já o livro de Atos está centrado nas con-
sequências da ação de Jesus e na sequência dos fatos depois da 
sua partida . E o projeto literário dá a conhecer também o projeto 
teológico.
7. TEXTO DE ATOS DOS APÓSTOLOS 
Para conhecer o livro dos Atos dos Apóstolos é necessário 
lê-lo. Isso pode parecer desnecessário de ser dito, mas é interes-
sante como é deixado de lado. Pode-se falar da Bíblia, explicar a 
Bíblia e muito mais, sem, contudo, ler o texto bíblico. Por isso, é 
de fundamental importância que se faça a leiturado texto bíblico 
diretamente na Bíblia. 
O livro dos Atos dos Apóstolos pode ser dividido de diversas 
maneiras. Nesta unidade, seguimos uma que nos parece ser a mais 
conveniente, mas você poderá encontrar outras divisões. Isso está 
muito ligado à tradução bíblica que é feita e à edição da Bíblia, 
considerando que cada edição tem uma divisão. Vale lembrar que 
isso ocorre não apenas com relação a Atos, mas a todos os livros 
bíblicos. 
Mais adiante apresentaremos algumas possibilidades de di-
visão dos Atos. Por enquanto, fiquemos com o modelo a seguir, o 
qual nos parece ser o mais adequado. 
30 © Atos dos Apóstolos
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O livro Atos dos Apóstolos pode ser dividido em quatro partes, depois do prólogo: 
1, 1–2 Prólogo
1, 3–26 Após a ascensão
2,1—12,25 A Igreja em torno de Pedro
13,1—28,31 A Igreja em torno de Paulo
Esta é uma divisão muito básica, elementar, para uma compreensão rápida do 
conjunto da obra. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A Igreja Mãe de Jerusalém
Vamos observar, detalhadamente, os textos que retratam o 
grupo que chamamos aqui de "Igreja mãe de Jerusalém". Aquele 
que foi o grupo original da Igreja e que lá, em Jerusalém, encontra-
mos a origem de todos os movimentos posteriores da Igreja. Para 
isso, vejamos os seguintes textos:
1) 1,3–26; 
2) 2, 42–47; 
3) 4, 1–37; 
4) 5, 12–42. 
Cada um desses textos tem uma história e um conteúdo a 
ser analisado detalhadamente. Eles vão formando, aos poucos, a 
personalidade do grupo de Jerusalém, que começa a viver a histó-
ria do seguimento do Senhor. 
A expectativa do Espírito Santo: 1,3–26
Depois do prólogo, Atos pega um "gancho" do texto de Lucas 
e apresenta Jesus junto aos apóstolos. O livro de Atos já afirma que 
Jesus permaneceu com os apóstolos quarenta dias, confirmando 
sua mensagem e com muitas provas aparecendo a eles. Em 1,1 
eles estão em uma refeição, o que dá a entender um momento 
de intimidade e franqueza. No v. 4 Jesus ordena que os apóstolos 
fiquem em Jerusalém para que se cumpra o que o Pai prometeu; 
além disso, cita João Batista, que, no ato do batismo, anunciava 
que haveria o batismo do Espírito Santo (Lucas 3,16). 
31
Claretiano - Centro Universitário
© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
João Batista –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
João Batista é uma figura importante nos Evangelhos e aqui, em Atos, é também 
lembrada. Sua importância está em ser o precursor de Jesus e dar-lhea herança 
profética. Jesus recebe de João Batista todo o ímpeto, a força e a identidade dos 
antigos profetas de Israel. O texto deAtos 1,5 liga-nos às primeiras páginas de 
Lucas, quando João Batista batizava. 
O Batismo de João era a declaração de identidade de quem se colocava no cami-
nho do Reino de Deus. Não tem qualquer coisa a ver com o Batismo cristão que 
hoje a Igreja faz. Esse é para a salvação e está fundamentado em Jesus Cristo. 
O Batismo de João era de conversão e de disposição para receber o Reino de 
Deus. A própria ideia de "ser batizado no Espírito Santo" que se encontra em 
Atos 1,5 é a referência de que será algo novo que acontecerá, fruto da ação de 
Jesus. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Depois deste anúncio do "batismo do Espírito Santo", Jesus 
ainda permanece com os apóstolos. Eles perguntam-lhe se é naque-
le tempo que ele irá restaurar o Reino de Israel (1,6), ao que Jesus 
responde, enigmaticamente: "Não vos pertence a vós saber os tem-
pos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder [...]" (1,7). Com 
isso, pode parecer que Jesus suponha um tempo em que o Reino de 
Israel, conforme nos propõe o Antigo Testamento, poderá ser resta-
belecido. Ou talvez, de um modo metafórico, o Reino de Israel será 
a harmonia dos povos. É difícil saber o que isso pode querer dizer.
Jesus, contudo, anuncia mais uma vez a descida do Espírito 
sobre seus companheiros. Desse modo, encontramos o versículo 
fundamental para a compreensão da teologia de Atos: "[...] e se-
reis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Sama-
ria e até os confins do mundo" (1,8).
Atos afirma que neste momento Jesus é elevado para o céu e 
uma nuvem o oculta (1,9). É curioso isso, pois, em Lucas 24,51, Je-
sus já havia sido elevado ao céu. Mas lá parecia que foi no mesmo 
dia. Aqui foi depois de 40 dias.
O número 40 tem recorrência nos textos bíblicos. Seria interessan-
te que você buscasse saber o porquê desta recorrência. Além dis-
so, busque também outros textos que citam algum acontecimento 
que durou quarenta dias ou anos. Isso pode ter relação também na 
vida da Igreja atualmente. Procure pesquisar a respeito.
32 © Atos dos Apóstolos
Depois de Jesus ser elevado ao céu aparecem dois homens 
vestidos de branco (1,10), os quais questionam os discípulos: "Ho-
mens da Galileia, por que ficais ai a olhar para o céu? Este Jesus 
que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo 
modo que o vistes subir para o céu" (1,11). Esta foi uma teofania, 
ou seja, uma ação de Deus no tempo dos homens. Não podemos 
entender isso senão sob o ponto de vista da fé. 
Em seguida, o grupo volta para Jerusalém. Desse modo, en-
contramos um texto de fundamental importância que aborda a 
relação do grupo original da Igreja. Eles vão para o chamado "ce-
náculo", o que quer dizer lugar onde se faz refeições, o qual re-
presenta, tradicionalmente, o local onde Jesus fez a última ceia, 
uma "sala superior". Lá estão: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, 
Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago filho de Alfeu, Simão, o Zelador, 
e Judas, irmão de Tiago (1,13). Além disso, o texto diz que estavam 
lá as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos (paren-
tes) dele. E todos eram perseverantes na oração (1,14).
O passo seguinte é, no mínimo, curioso. Trata-se da subs-
tituição de Judas, o traidor. Pedro toma a palavra pela primeira 
vez em todo o livro de Atos e assume uma posição diferente em 
relação a Lucas e aos outros Evangelhos. Ele, que era um simples 
pescador, aparece aqui como um homem instruído nas Escrituras. 
Em Atos dos Apóstolos (1, 15-22), Pedro recorda que a trai-
ção a Jesus era algo previsto, sendo que o traidor era do grupo 
original dos apóstolos (1, 15-17). Em seguida, conta a história da 
morte de Judas de um modo desconhecido até aquele momento 
(1, 18-20). Em Mateus (27, 1-10), lemos algo sobre o suicídio de 
Judas, mas pouco tem a ver com a narração feita aqui. 
Em seguida, Pedro exorta a pequena comunidade a recom-
por o número original de apóstolos, que era doze, em função do 
testemunho que eles devem agora exercer. O critério será a esco-
lha de alguém que esteve com o grupo desde o batismo de João 
até aquele dia. Desse modo, aparecem José, apelidado de Barsa-
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© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
bás, e Matias (1, 23). Interessante é recordar que nem um nem ou-
tro são citados nos Evangelhos, sequer em Lucas! Mas aparecem 
aqui como participantes do grupo original de discípulos de Jesus.
A comunidade ora e lança sorte para ver quem seria o es-
colhido (1, 24-26). Essa é uma prática estranha, mas parece que, 
sendo legitimada pela oração feita anteriormente, ela garante que 
o sorteado seja o indicado pelo Senhor.
Agora o grupo está completo e em 1,26 encontra-se a con-
clusão deste período: "[...] Matias, que foi incorporado aos onze 
apóstolos". Assim, são novamente doze, recordado os seguidores 
mais próximos de Jesus e as doze tribos de Israel. A história agora 
pode caminhar e o Espírito Santo poderá vir.
O retrato da comunidade original: 2, 42-47 
Depois da eleição de Matias para o grupo apostólico o passo 
seguinte é a vinda do Espírito Santo, que será analisada mais adiante. 
Pedro mais uma vez toma a liderança e acontecem muitas adesões 
ao grupo inicial. Esse trecho de poucos versículos é o retrato ideal da 
comunidade que chamaremos de "original", no sentido de formada 
pela pregação de Jesus e agora também pela força doEspírito. 
Em 2,42 encontra-se uma série de afirmações que servem 
de modelo ou paradigma para praticamente todas as experiências 
eclesiais (de Igreja). O texto afirma que eles (os que foram tocados 
pela força do Espírito) perseveravam:
1) na doutrina (ensinamento, transmissão de conhecimen-
tos e experiências) dos apóstolos;
2) nas reuniões em comum (momentos de encontro, de 
partilha e, sobretudo, de escuta da Palavra, isso é, do 
Antigo Testamento);
3) na fração do pão (talvez uma referência à Eucaristia ain-
da nas suas origens ou a certeza de uma presença "mís-
tica" de Jesus entre eles, ao fazer como ele fazia com o 
grupo quando estava na terra);
4) nas orações (momentos de estar juntos, cantar os sal-
mos, fazer como faziam os judeus).
34 © Atos dos Apóstolos
É fundamental compreender que eles são ainda judeus fiéis 
que se deixaram levar por uma nova experiência. Essa ideia está 
expressa em 2,47, bem no final desse passo, no qual lemos: "E 
o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, que estavam a caminho 
da salvação". Vai demorar ainda um tempo para que os discípulos 
de Jesus e os seus seguidores compreendam que estão fazendo 
um caminho diferente do Judaísmo tradicional. Será Paulo a figura 
decisiva para esta compreensão que, aos poucos, vai se estabele-
cendo até amadurecer no final do primeiro século.
Ainda em 2,43 o texto nos diz que todos tinham a adesão 
interior ao mistério de Deus que acontece por meio de prodígios 
e milagres. O texto afirma coisas que não são contadas, pois não 
houve ainda tempo para isso, ou talvez o que está sendo dito ainda 
acontecerá! É um resumo ou introdução do que se dará em breve 
que pode apresentar algumas dificuldades de compreensão, mas 
que bem expressa a situação da Comunidade de discípulos e fieis. 
Note-se que, ao que parece, está tudo bem tranquilo e calmo. Ain-
da não começaram as contradições e perseguições
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Atos apresenta uma situação de grande beleza, ou seja: 
• partilha dos bens (2,45); 
• unidade na oração e frequência ao Templo (2,46);
• refeição em comum como intimidade comunitária e como sinal fraterno e, pro-
vavelmente, eucarístico: a fração do pão.
É claro que não há, do ponto de vista histórico da narrativa, um conceito ou práti-
ca eucarística bem determinado, como o será já em meados do segundo século, 
como indica São Justino. Mas a expressão "fração do pão" não é isenta de uma 
referência implícita ao ato de Jesus, realizado na última ceia, no qual o verbo "eu-
charistéo" (em grego "dar graças" ou "fazer eucaristia") está presente e qualifica 
aquela refeição como uma identidade da sua presença no grupo que a realiza. E 
depois, em 2,47, o texto afirma que tudo isso era feito com o louvor a Deus. Isso 
torna-os simpáticos ao povo. Lembremos que ainda são um grupo de judeus que 
encontraram um motivo para estar juntos e viver momentos de ação de graças e 
proximidade. A respeito de um rito eucarístico antigo, consultar: SÃO JUSTINO 
DE ROMA. I Apologia. nº65,1–67,7. Este texto encontra-se em JUSTINO DE 
ROMA, I e II Apologias. São Paulo: Paulus, 1995, p. 81-84.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
Em Atos 2,47 encontra-se a afirmação que de o Senhor, isto 
é, Jesus, ajuntava ao grupo original da Igreja outras pessoas. Eles 
estavam a "caminho" da salvação. Mais adiante o grupo será iden-
tificado, justamente, como "caminho" (9,2). 
O primeiro testemunho: 3,1-4,37
O primeiro testemunho ou milagre que acontece vem con-
firmar o grupo que foi descrito no passo anterior. É um prodígio, 
como está afirmado em 2,43. Aconteceu por intermédio de Pedro, 
tendo João ao seu lado. 
Pedro e João iam juntos ao Templo para a oração à "hora 
nona". No caminho encontram um homem coxo, isto é, aleijado 
de nascença. Estava em um local conhecido e muito frequentado.
Em Atos dos Apóstolos3,1 indica-se a hora nona, isto é, três horas 
da tarde, o que faz uma referência, ao menos indireta, à paixão e 
morte de Jesus.
A cena é emocionante: o aleijado implora uma esmola aos 
dois apóstolos; Pedro olha em seus olhos e lhe diz: "Olha para nós" 
(3,4). Depois, diz-lhe: "Não tenho nem ouro nem prata, mas o que 
tenho, eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e 
anda!" (3,6). O homem levanta-se e, subitamente, encontra-secu-
rado. Isso cria uma grande agitação no povo que vê e não entende 
(3,10). Uma multidão se forma para ver e comentar (3,11).
A multidão serve ao propósito de Pedro: é o momento de 
anunciar! Ele então atribui a cura do homem portador de neces-
sidades especiais (físicas) não a si, mas a Jesus que é anunciado 
como Santo e Justo (3,14), rejeitado por aqueles que agora estão 
espantados pelo que veem. Pedro anuncia-lhes o arrependimento 
como antes João Batista anunciou. Contudo, agora o sentido está 
na aceitação de Jesus Cristo (3,20). 
Em seguida,o livro dos Atos apresenta Pedro argumentando 
com diversos elementos do Antigo Testamento e concluindo que o 
36 © Atos dos Apóstolos
"servo" Jesus foi ressuscitado por Deus para abençoar e ser liber-
tado da iniquidade (3,26).
Podemos então questionar: onde Pedro encontrou tantos 
argumentos para anunciar Jesus Cristo? Uma boa resposta pode 
ser: é que agora ele estava com o Espírito Santo! Mas devemos 
também considerar que as tradições em torno à figura de Pedro 
puderam acrescentar elementos que, a princípio, não podiam ser 
dele, um homem simples, embora sincero e decidido. Aos poucos 
ele vai sendo apresentado, construído pelo texto, como um líder, o 
que será determinante em passos futuros de Atos. 
Pedro e João estavam falando com o povo. Chegam os sacer-
dotes e outras autoridades do templo e do partido dos saduceus, 
questionam o que está acontecendo e os tomam como prisioneiros 
(4,3). O livro de Atos afirma, neste meio tempo, que muitos viram o 
prodígio e creram no que Pedro anunciou. O número já aumentou 
para cinco mil. As adesões são numerosas e o crescimento é notório. 
Talvez seja isso que preocupe as autoridades que decidem intervir.
Curiosamente não se lê qualquer palavra de João, companheiro 
de Pedro na ida ao Templo, neste passo de Atos, mas ele está por 
lá, como uma presença muda, embora de algum modo ativa.
Em 4,5-6 podemos encontrar as autoridades dos judeus, in-
clusive Anás, já conhecido do leitor do Evangelho segundo Lucas, 
pois foi quem levou Jesus à condenação. 
Pedro toma a palavra, segundo 5,8: "Cheio do Espírito San-
to", reconhece a liderança dos que lá estão e anuncia Jesus como 
realizador do prodígio que os levou até a presença daquelas au-
toridades (4, 10). Ao mesmo tempo as acusa da morte de Jesus e 
anuncia a salvação que nele se encontra (4, 11-12). 
O livro de Atos lembra que eles se surpreendem com a cora-
gem de Pedro e de João (que nada disse!) e que eram sem instru-
ção, mas que sabiam falar bem. Sabem que eram companheiros de 
Jesus (4,13) e resolvem retirá-los da sala para decidir o que fazer. 
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Atos não indica quem, do grupo dos líderes judeus, assume 
a palavra. Eles notam que o movimento iniciado pelos seguidores 
deste Jesus crucificado está tomando corpo e o milagre que acon-
teceu está sendo divulgado (4,16).
Decidem proibir que falem (4,17), talvez por julgar que são 
pessoas simples e que poderiam ser intimidadas facilmente. É isso 
que impõem sobre Pedro e João (4,18). Mas eles respondem com 
sabedoria: "Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus obede-
cermos a vós mais do que a Deus. Não podemos deixar de falar das 
coisas que temos visto e ouvido" (4, 19-20).
As autoridades estão em dificuldades, mas ainda subesti-
mam a decisão de Pedro e João. Mandam embora a ambos e os 
ameaçam, caso continuem a falar em nome de Jesus (4, 21). 
As autoridades não encontraram motivo para recriminá-los 
e ainda os veem como homens sem expressão, muitoembora o 
povo se admire com a cura do paralítico. Atos4,22 afirma que o 
tal paralítico tinha já 40 anos, o que faz a cura ser realmente um 
prodígio. 
Em seguida, Pedro e João retornam ao grupo dos "irmãos" 
(4,23), isto é, à comunidade original, e relatam o que ocorreu. Aqui 
o autor de Atos intervém fazendo a leitura dos fatos sob a luz da 
teologia da salvação. 
Em 4, 24-30 encontram-se palavras que são testemunhos de 
conhecimento do Antigo Testamento e sua atualização na vida dos 
discípulos de Jesus, considerando que ele próprio é identificado 
como "santo servo" (4,27) que é perseguido e rejeitado na cidade 
santa de Jerusalém. 
Os textos bíblicos são a expressão amadurecida da experiên-
cia da fé de pessoas e de comunidades. O autor de Atos quer de-
monstrar, muitos anos depois dos fatos que está narrando, que os 
protagonistas desses momentos têm conhecimentos que estão sen-
do tocados pela graça de Deus, embora não saibam o que ainda virá. 
38 © Atos dos Apóstolos
O livro de Atos evidencia que a comunidade original está cons-
ciente da repetição da história, ou seja, perseguiram, caluniaram e 
condenaram Jesus. Agora fazem o mesmo com os discípulos.
A comunidade pede, então, forças para superar este momen-
to. Certamente pressentem que serão momentos difíceis (4,30). A 
resposta vem em forma de um tremor (4,31). Todos ficaram "cheios 
do Espírito Santo e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus".
O momento de dificuldade gerou na comunidade união e 
força. Em 4,32 encontra-se a afirmação: "A multidão dos fiéis era 
um só coração e uma só alma". O texto, depois, afirma que parti-
lhavam seus bens e até vendiam o que tinham, colocando o valor 
aos pés dos apóstolos (4,35). Antes, o texto afirma algo admirável: 
não "havia entre eles nenhum necessitado [...]" (4,34).
Em 4,36-37 encontra-se a notícia que um tal José, chamado 
Barnabé, que o próprio texto interpreta como "filho da consola-
ção", um homem natural de Chipre, possuindo um campo o ven-
deu e dispôs o valor aos apóstolos. Essa informação é fundamen-
tal, pois este José Barnabé ou simplesmente Barnabé será um dos 
evangelizadores decisivos na história. 
Em 4,33 encontra-se a afirmação: "com grande coragem os 
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em 
todos eles era grande a graça". Isso é proposital da parte do au-
tor dos Atos, pois é como se fosse a conclusão da primeira etapa, 
desde a vinda do Espírito, passando pelo primeiro anúncio e cul-
minando com a primeira detenção dos apóstolos. Eles são confir-
mados no anúncio do Evangelho e do Senhor Jesus pelo sinal que 
se seguiu à oração (4,31). Agora eles devem continuar. 
Afirmação da Comunidade e novo testemunho: 5, 12-42
É importante enfatizar neste tópico que o texto de 5,1-11 
relata o cotidiano de uma comunidade que deve vivenciar a ho-
nestidade de suas ações, inspiradas pela retidão que vem como 
dom do Espírito. 
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© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
A corrupção é um sinal de morte no interno da Igreja. O tes-
temunho é a atitude fundamental para a Igreja. Em função das 
fraquezas e tendências humanas, que Atos dos Apóstolos apre-
senta em diversas páginas, a Igreja será sempre chamada a uma 
vigilância sobre sua conduta, em especial a conduta que os de fora 
podem ver. O tema é sempre o testemunho.
Em 5,12-16 é afirmado que o grupo crescia e que se reunia 
em um local importante e conhecido do Templo de Jerusalém, o 
pórtico de Salomão. Começavam a vir pessoas de outros lugares 
para ver o que estava acontecendo. A multidão aumentava (5,14) 
e Pedro adquiria uma grande importância: era buscado pelas curas 
que realizava, até com a "sombra" projetada sobre os enfermos. 
Lembremos que o livro dos Atos deseja mostrar a continua-
ção da obra de Jesus. Como ele foi cercado de multidões, motiva-
das pelas curas operadas, assim também os Apóstolos, especial-
mente Pedro, que é o líder. 
Retornam à cena o sumo sacerdote (agora não identificado) 
e seus partidários. Eles têm inveja (5,17) e mandam os apóstolos 
para a prisão. Atos não determina quem eram estes apóstolos: 
se era Pedro e João ou os outros também. Eles vão para a cadeia 
(5,18) e, à noite, vem um anjo de Deus que os liberta. Parece que 
nada pode condicionar ou segurar o grupo dos apóstolos. Pela ma-
nhã, eles estão novamente no Templo, ensinando (5,21). 
O grande conselho, que os Evangelhos identificam como o 
sinédrio, foi reunido pelo sumo-sacerdote e demais autoridades. 
Eles deveriam decidir o que fazer, mas surpreendem-se quando 
sabem que os prisioneiros não estão mais na cadeia e sim fazendo 
aquilo que foram proibidos de fazer. 
Desse modo, eles são trazidos à presença do grande conse-
lho, agora sem violência (5,26). As autoridades os questionam so-
bre a proibição que lhes fora dada de não falar em nome de Jesus 
(5,28). Segundo dizem, os apóstolos estão enchendo Jerusalém da 
doutrina deste homem e, ainda mais, fazendo cair sobre eles o seu 
sangue, isto é, culpando-os da sua morte. 
40 © Atos dos Apóstolos
Pedro responde com a frase declarada anteriormente, em 
4, 19-20. Ele insiste que é necessário obedecer a Deus e não aos 
homens (5, 29). Além disso, faz mais um anúncio solene a Jesus 
Cristo, declarando que foram eles, os sacerdotes e anciãos, quem 
levaram Jesus à morte. Mas Deus o elevou (ressuscitou) dos mor-
tos e o fez Príncipe e Salvador. 
Pedro conclui este pequeno, mas magnífico discurso, decla-
rando-se testemunha junto ao Espírito Santo: "Deste fato nós so-
mos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos 
aqueles que lhe obedecem" (5,32). Este pequeno trecho de 5,29-
32 talvez seja um dos mais expressivos de Atos e um dos mais con-
centrados anúncios de Jesus. 
A resposta das autoridades foi muito violenta. Em 5,33, le-
mos: "[...] enfureceram-se e resolveram matá-los". É neste mo-
mento que entra em cena uma figura marcante: Gamaliel, um 
doutor da lei, fariseu, respeitado pelo povo (5,34). Gamaliel pede 
que os apóstolos se retirem e se dirige aos membros do grande 
conselho chamando-os à razão. Ele cita alguns exemplos de motins 
e revoltas do passado que não deram em nada. Agora, frente a 
esses homens, ele sugere cautela; ousa, inclusive, supor que o que 
eles representam pode vir de Deus. Se assim for, seria ruim entrar 
em luta contra Deus. Mas se não for, o movimento irá acabar natu-
ralmente (5,38-39). Uma posição sábia e prudente que foi aceita. 
As autoridades, mesmo aceitando o conselho de Gamaliel, 
açoitam os apóstolos e ordenam que não anunciem o nome de 
Jesus (5,40). Desse modo, eles são soltos e sentem-se alegres por 
serem dignos de sofrer pelo nome de Jesus. O livro de Atos afirma 
que todos os dias continuavam a ensinar o Evangelho de Jesus, no 
Templo e nas casas (5,42). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nesses textos, o livro dos Atos dos Apóstolos conta a história da comunidade de 
Jerusalém, a Igreja mãe, nos seus primeiros momentos. Início e final se comple-
tam: em 2,46-47 eles "partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria 
e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia do povo"; em 
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5,42 eles estão "cheios de alegria" e em 5,43 "não cessavam de ensinar e pregar 
o Evangelho de Jesus Cristo". É uma etapa dos Atos que se conclui aqui. Novas 
situações, inclusive surpreendentes e incontroláveis, aparecerão para os Após-
tolos e seus companheiros.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Respeitando o projeto literário de Lucas–Atos, vamos perce-
bendo que o mandamento de Jesus em Atos 1,8 está acontecendo 
já no início: eles estão em Jerusalém, anunciando. Em breve acon-
tecerá uma crise e a história terá novo rumo. Serão testemunhas de 
Jesus em Jerusalém, o que já são, depois até os confins da terra.
É importante notar que as ações dos Apóstolos acontecem 
pela força do Espírito. Se Jesus era o "atorprincipal" dos Evan-
gelhos agora é o Espírito Santo que age. Além disso, veremos a 
sequência destes episódios na primeira grande crise da Igreja: a 
morte de Estêvão.
8. TEOLOGIA DOS ATOS DOS APÓSTOLOS
Observe, mais detalhadamente, a teologia dos atos dos 
apóstolos:
A eleição e a Aliança de Deus com Israel e com os pagãos
Atos dos Apóstolos é um texto no qual o que sobressai é o 
testemunho. Já no início encontra-se a afirmação diversas vezes 
recordada aqui: "[...] e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, 
em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra" (1,8). Este 
tema é recorrente em todas as páginas do livro, na medida em 
que elas descrevem a expansão do Evangelho, primeiro entre os 
judeus, depois entre os pagãos. É neste ponto que Atos apresenta 
seu acento teológico. 
Sendo um texto testemunhal, Atos aponta para algo que está 
sendo demonstrado. A Aliança é um conceito sempre presente em 
Atos dos Apóstolos, embora nem sempre apareça a palavra que a 
identifica. Mas a ideia é esta: a Aliança feita com Israel chega a sua 
42 © Atos dos Apóstolos
plenitude com Jesus, e disso a Igreja é testemunha. Essa Aliança não 
se fecha com os judeus, descendentes dos Patriarcas e povo dos Pro-
fetas, ela prossegue em direção aos pagãos. Assim, a Aliança feita com 
os Pais (os fundadores de Israel) é extensiva aos pagãos que se tor-
nam também povo de Deus. Vamos compreender melhor.
A divisão do texto 
Está muito claro em Atos, pela divisão do texto, que é uma 
divisão pragmática, que o autor deseja demonstrar o argumento 
por meio de uma estrutura específica. A primeira grande parte, 
capítulos 1-12, centrada em Pedro, destaca o anúncio do Evange-
lho e seu crescimento entre os judeus. A segunda parte, capítulos 
13-28, centrada em Paulo, destaca o anúncio aos pagãos. 
Há inserções de textos importantes para a evangelização dos 
pagãos na parte que destaca o anúncio aos judeus, certamente 
para preparar o argumento seguinte, relativo aos pagãos. 
Por conta desta espécie de "compromisso" literário de de-
monstrar o anúncio aos judeus e depois aos pagãos, alguns estu-
diosos propuseram algumas teorias: 
• Atos seria obra de dois autores, cada um expondo uma 
vertente da evangelização e aceitação. Um autor propõe 
a vertente "petrina" (relativa a Pedro); outro autor pro-
põe a vertente "paulina" (relativa a Paulo). Ambas devem 
ser harmonizadas, por isso encontram-se convergências.
• Atos seria uma obra de harmonização entre os cristãos de 
origem judaica ou mais tradicionais e os de origem pagã. 
Isso facilitaria a expansão do Evangelho entre os pagãos 
mas garantiria a origem judaica da mensagem de Jesus 
Cristo e das primeiras gerações de discípulos.
• Atos seria um texto puramente ideológico que tentou unir 
duas tendências irreconciliáveis (o Cristianismo de origem ju-
daica e o de origem pagã). Esta unidade nem sempre foi clara 
na prática e o texto expressa, do seu modo, esta dificuldade.
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© U1 - Apresentação dos Atos dos Apóstolos
Os dois Pentecostes
Outra evidência da eleição e Aliança dupla, isto é, com os 
judeus e com os pagãos, encontra-se no relato dos "dois Pentecos-
tes". O "primeiro" Pentecostes é o mais conhecido e comentado. 
Está em 2, 1-13. 
Aconteceu na manhã do dia de Pentecostes, uma festa ju-
daica que era comemorada aos cinquenta dias da Páscoa. Trata-se 
da vinda do Espírito Santo aos apóstolos e demais discípulos, com 
Maria. Segue-se a este fato muito marcante o discurso de Pedro 
à multidão, em 2, 14-36, quando ele expõe o anúncio de Jesus de 
Nazaré como plenitude da Aliança: "Que toda a casa de Israel sai-
ba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós cru-
cificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo" (2,36).
A leitura de todo o texto dosAtos dos Apóstolos é necessária, como 
temos dito e recordaremos mais vezes. Mas neste ponto é funda-
mental que você leia Atos 2,22-36.
O "segundo" Pentecostes é bem mais modesto, sem a gran-
diosidade do primeiro, mas igualmente significativo. Pedro tem 
uma visão (10, 9-16) na qual aparecem animais diversos que ele 
devia matar para comer. Sendo judeu ele tem diversas restrições 
alimentares e, por isso, responde, na visão, que não toma nada 
"impuro", dizendo com isto que o judeu toma é puro, e o que fica 
fora disto e do Judaísmo é impuro. Mas a visão insistia que Pedro 
tomasse alimento de modo normal. 
Em seguida a esta visão, chegam pessoas que pedem a Pedro 
que visite um romano chamado Cornélio, em Cesareia. Esta cidade 
costeira foi erguida por Herodes, o Grande, em homenagem a Júlio 
Cesar. Era uma cidade acentuadamente pagã. E Cornélio é um ro-
mano, um pagão. Pedro é dirigido até a casa de um pagão.
Pedro vai até lá e é muito bem recebido por Cornélio e ou-
tros que esperam alguma palavra do apóstolo. Entrando na casa 
44 © Atos dos Apóstolos
do romano, um pagão, impuro para os judeus, Pedro anuncia Jesus 
Cristo e os que lá estavam recebem também o Espírito Santo. É o 
que se lê em 10,44-46. São apenas dois versículos, mas provocam 
uma grande mudança. 
Pedro se pergunta: "Porventura se pode negar a água do ba-
tismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós? E man-
dou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo" (10,47–48). 
Começa assim a presença dos pagãos na Igreja. 
 
A palavra Pentecostes a princípio não tem nada a ver com o Es-
pírito Santo. É o nome grego de uma festa judaica que comemo-
rava o término da colheita e acontecia cinquenta dias depois da 
Páscoa. Vem daí a expressão "pentecostes": cinquenta dias. Mas 
a mesma palavra vai ser usada para identificar, como sinônimo, o 
Espírito Santo e sua ação na vida da Igreja, de modo que se pode 
falar de um "pentecostes pagão" em Atos 10,44-46: não cinquenta 
dias depois de algo no mundo pagão, mas a vinda do Espírito so-
bre os não judeus. Aos poucos, por antonomásia, a palavra Pente-
costes passou a significar "Espírito Santo".
 
Os diáconos e Estêvão
Outro momento marcante da ideia de que os pagãos tam-
bém têm acesso à eleição e à Aliança podemos encontrar no texto 
em que fala da escolha dos diáconos. 
É importante notar aqui que são sete os diáconos (6,5-6) e 
todos têm nomes gregos. Seguramente eram de origem pagã, o 
que é bem claro no caso de Nicolau, chamado "prosélito" de An-
tioquia. Os demais são "helenistas", isto é, judeus de cultura grega 
que estão agora em Jerusalém ou na Judeia. Eles são escolhidos 
para formar um grupo específico: o dos servidores das mesas, algo 
como organizadores da comunidade.
O momento decisivo para eles foi o da morte de Estêvão, an-
tecedida pela sua prisão e interrogatório (6,8–7,60). Ele não era do 
grupo dos Doze, o grupo original dos Apóstolos, mas sim do grupo 
dos diáconos, e é o primeiro mártir. Representa, portanto, todos os 
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que seguem a Jesus como discípulos sem o terem conhecido pes-
soalmente. Em sua defesa e em seu martírio, Estêvão demonstra 
grande destemor e decisão, como pode ser lido em 7,1-60. 
Atos menciona pela primeira vez, no final do martírio de Es-
têvão, a presença de Saulo ou Paulo (7,58; 8,1). Essa súbita apari-
ção e proximidade do primeiro mártir ou testemunha, Estêvão, e 
de Paulo, apóstolo dos pagãos, é significativa e aponta para a fu-
tura situação: o anúncio aos não judeus, aos pagãos. Eles também 
são escolhidos por Deus, o que Paulo irá constantemente argu-
mentar na segunda grande parte dos Atos. Por isso, a eles também 
é dirigida a Aliança.
Por dirigir-se aos não judeus, Paulo é quem mais evidencia 
a eleição também dos pagãos e a Aliança feita também com eles. 
Encontra-se em 1 Coríntios 1,22-23 a afirmação: 
Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam sabedoria; mas nós 
pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura 
para os pagãos, mas para os eleitos — quer judeus quer gregos — 
força de Deus e sabedoria de Deus.
Também na carta aos romanos, Paulo insiste muito na

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