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Preparo pré-operatório Internato de cirurgia Grupos 1 e 3 Professor: Romildo D’Angelis SOCIEDADE EDUCATIVA DO BRASIL - SOEBRAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - ICS FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE GRADUAÇÃO EM MEDICINA Pré-operatório • Visa inicialmente identificar e quantificar a gravidade de uma doença associada capaz de trazer prejuízo à cirurgia e à evolução pós-operatória de um determinado paciente. Abrange desde o atendimento no consultório, atendimento a pacientes internados, até a avaliação de um paciente no serviço de emergência; • O encontro inicial com o paciente pode ser direcionado para a confirmação história clínica e exame físico do paciente, além de solicitação de exames complementares direcionados para a queixa. • Fatores que interferem na avaliação pré-operatória Sabiston, 2014. Risco anestésico-cirúrgico **São levados em consideração o estado físico do paciente e a presença ou não de comorbidades; **Críticas: subjetividade e não ser órgão específica Escala da American Society of Anesthesiologists (ASA) Classe 1: Individuo normal (a única patologia relevante do paciente é a que necessita correção cirúrgica). Classe 2: Paciente com doença sistêmica branda (HAS controlada, idade >70 anos, obesidade). Classe 3: Paciente com doença sistêmica grave não incapacitante (Obesidade mórbida, doença respiratória sintomática). Classe 4: Paciente com doença sistêmica incapacitante que constitui ameça à vida (ICC descompensada, falência hepato-renal) Classe 5: Paciente moribundo que não se espera que sobreviva 24 horas, com ou sem operação. Classe 6: Paciente com morte cerebral candidato a transplante de órgão. Fator E: que deve ser acrescentado ao paciente de qualquer classe quando sob cirurgia de emergência. Exames pré-operatórios básicos Pacientes Exames necessários < 40 anos, sem comorbidades Não há necessidade < 50 anos, sem comorbidades hemograma 51 a 60 anos,sem comorbidades Hemograma, ECG 60 a 70 anos, sem comorbidades Hemograma, ECG,Creatinina,glicemia > 75 anos, sem comorbidades Hemograma, ECG,Creatinina,glicemia e RX de tórax Doença sistêmica compensada Exames de acordo com a doença Quadros descompensados Exames gerais para avaliação global < 40 anos, sem comorbidades Não há necessidade **Não procurar extensivamente por patologias não diagnosticadas. Não é custo- benefício. ** Nunca substituir o exame clínico por exames complementares; Exames realizados até 90-180 dias; Medicamentos • Anticoagulantes • Agentes antiplaquetários • Medicações anti-hipertensivas • Medicações para o tratamento do Diabetes Mellitus • Uso de corticosteroides • ISRS e outros antidepressivos • Estrógeno, tamoxifeno e agentes antiosteoporose Sabiston, 2014. Tricotomia • Imediatamente antes da cirurgia Preparo da pele • Primeiro tempo: degermação (polivinilpirrolidona-Iodo e clorexidina) • Segundo tempo: soluções alcoólicas Cateterismo • Aspiração gástrica: estenose pilórica, distensão por suboclusão ou oclusão intestinal e cirurgias de emergência. • Cateterismo vesical: para monitorar a perfusão tecidual, em cirurgias pélvicas ou das vias urinárias. Sabiston, 2014. Antibioticoprofilaxia Classificação das operações quanto ao potencial de infecção Classe I (limpa) Ferida operatória (FO) não infectada; Não há processo inflamatório; Tratos respiratório, digestivo, genital ou urinário não são invadidos. Ex.: Neurocirurgia, cirurgia cardíaca, plástica, ortopédica, herniorrafia, tireoidectomia. Classe II (limpa- contaminada) FO com invasão dos tratos respiratório, digestivo, genital ou urinário, em condições controladas e livres de contaminação não usual. Ex.: Cirurgia orofaríngea, esôfago, jejunoileal, biliar, cólon-reto, urológica, ginecológica (histerectomia) e cesariana. Classe III (contaminada) Feridas acidentais recentes; Quebra maior da técnica estéril; Contaminação grosseira do trato gastrointestinal; Processos inflamatórios não purulentos agudos. Ex.: Apendicite aguda inicial, colecistite aguda. Classe IV (suja/infectada) Ferida traumática antiga, com presença de tecido desvitalizado; Operações que envolvam infecções clínicas existentes ou perfuração de vísceras. Ex.: Inflamações intra-abdominais necrosadas ou supuradas (apendicite aguda supurada, colecistite aguda com empiema de vesícula ou perfuração); laparotomia no trauma abdominal com rotura prévia de alça. Aguilar-Nascimento, 2011 Indicações de antibioticoprofilaxia em cirurgia • O uso profilático do antimicrobiano fica reservado às cirurgias contaminadas (classe III), nas quais o risco de infecção é de 10%. • Nas cirurgias limpas e limpas-contaminadas (riscos de isc até 5%), há indicações da antibioticoprofilaxia nas seguintes situações: Aguilar-Nascimento, 2011 • Pacientes >70 anos; • Desnutridos; • Imunodeprimidos; • Cirurgias de urgência; • Implantes de próteses ou telas; • Cirurgias de mama; • Cirurgia cardíaca, da aorta e de grandes vasos, enxerto arterial e neurocirurgias; • Esplenectomias em pacientes esquitossomóticos; • Hernioplastia incisional; • Pacientes portadores de doença reumática, diabetes descompensado, obesidade mórbida, hérnias multirrecidivadas, radioterapia prévia, uremia, hepatopatias e pneumopatias. Aguilar-Nascimento, 2011 Pontos a serem considerados na antibioticoprofiaxia • Uso apenas quando indicados e com base nos perfis de eficácia dos patógenos que mais comumente causam infecções do sítio cirúrgico, para determinadas cirurgia (IA). • Fazer a administração por via endovenosa, de modo que se apresente em concentrações bactericidas no momento da incisão. • Manter níveis terapêuticos no sangue e nos tecidos enquanto durar a cirurgia, ou, no máximo, por mais algumas horas após o fechamento da pele (IA). • Não utilizar vancomicina como rotina para profilaxia antimicrobiana (IB). Aguilar-Nascimento, 2011 Triagem e avaliação nutricional • Todo paciente deve ser triado na internação e avaliado do ponto de vista nutricional; • A triagem e a avaliação do estado nutricional devem ser realizadas nas primeiras 24 horas após a internação e por um profissional capacitado; • Pelo Projeto ACERTO, o paciente é triado pela NRS-2002 e avaliado pela Avaliação Subjetiva global (ASG) ou Força de Preensão Palmar (FPP); • O IMC deve ser evitado pois subestima o estado nutricional. • A desnutrição predispõe a uma variedade de complicações no pós operatório quando comparados a pacientes não desnutridos. Relação com retardo na cicatrização de feridas, aumento de infecção, da morbidade e da mortalidade e mais permanência hospitalar gerando mais custos Perguntas de triagem simples 1. O IMC é < 20,5? 2. A ingestão foi reduzida durante a última semana ? 3. Houve perda de peso recente? 4. O paciente é gravemente doente? • Se a resposta for sim a uma dessas quatro perguntas a triagem formal é realizada Aguilar-Nascimento, 2011 Aguilar-Nascimento, 2011 O que fazer após triagem de risco nutricional Se sem risco- TRN< 3 • Retriar na semana seguinte Se sem risco – TRN<3,mas escalado para cirurgia de grande porte: • Prescrever imediatamente após a triagem, uma terapia nutricional preventiva pré-operatória para evitar complicações no pós operatório Se em risco-TRN>= 3 • Ser submetido á avaliação detalhada da sua condição nutricional • Prescrever imediatamente após a triagem, uma terapia nutricional preventiva pré-operatória para evitar complicações no pós operatório Aguilar-Nascimento, 2011 Avaliação subjetiva global Aguilar-Nascimento, 2011 Avaliação subjetiva global Aguilar-Nascimento, 2011 Classificação nutricional Parâmetros avaliados INTERNUTI Bem nutrido (ASG-A) Paciente sem perda de peso ou com recuperação recente daperda de peso Com melhora da ingestão alimentar Sem sintomas gastrointestinais e edema Sem perda da capacidade funcional (p. ex. deambula pelo quarto e corredor) Manter dieta VO conforme as necessidades do paciente Em risco nutricional ou desnutrido moderado (ASG-B) Esclarecer se B significa desnutrido ou em risco Perda de peso corporal Alteração da ingestão alimentar na última semana (p. ex., ingerindo 70% a 60% da dieta pastosa) Transtornos gastrintestinais (p. e, vômitos) Capacidade funcional reduzida quanto à habitual (p. ex., deambula apenas no quarto e já se sente cansado) Perda moderada de gordura subcutânea com ou sem edema Terapia nutricional precoce por VO ou enteral imunomoduladora (arginina, nucleotídeos e ômega-3), por 5 a 7 dias no pré-operatório Desnutrido grave (ASG-C) Perda de peso corporal de 10% nos últimos 4 meses Alteração da ingestão alimentar na última semana (p. ex. ingerindo 30% a 40% de dieta semilíquida) Transtornos gastrintestinal (p. ex. vômitos e diarreia) Capacidade funcional reduzida quanto à habitual (p. ex. fica a maior parte do tempo na cama, sente-se cansado) Perda grave de gordura subcutânea com a presença de edema Terapia nutricional precoce enteral imunomoduladora (arginina, nucleotídeos e ômega-3), por 7 a 14 dias no pré-operatório, continuando no pós- peratório Avaliação subjetiva global Aguilar-Nascimento, 2011 O Paciente é considerado em risco nutricional grave se apresentar pelo menos: • Perda não intencional de 10,5% a 15 % do peso corporal nos últimos 6 meses • IMC < 18,5 • ASG-C • Albumina sérica < que 3 mg/dL ( sem evidência de insuficiência renal ou hepática) Aguilar-Nascimento, 2011 Terapia de nutrição perioperatória Aguilar-Nascimento, 2011 Jejum pré-operatório Recomenda-se: • Jejum de 2h para líquidos claros; • Jejum de 6h a 8h para sólidos; • Jejum prolongado aumenta a resistência á insulina antes e depois da cirurgia ( resposta endrocrino metabólica); • Resistencia à insulina e hiperglicemia aumentam as complicações pós- operatório; • Prescrever bebida com carboidrato (maltodextrina) a 12%, 200ml 2 e 6 horas antes da operação, ou bebida com maltodextrina e proteínas 6 horas antes e novamente 2 a 3 horas antes da operação • Exceção: obesidade mórbida, refluxo gastresofágico importante, obstrução intestinal ou esvaziamento gástrico retardado Aguilar-Nascimento, 2011 Avaliação hematológica Indicações de transfusão pré-operatória • Níveis de Hb <6g\dl • Valores entre 6 e 10g\dl na presença de doença isquemica do miocárdio ou doença cerebrovascular • Valores entre 6 e 10g\dl em procedimentos cirúrgicos que se acompanha de uma perda estimada de >30% da volemia Sabiston, 2014. Preparo específico Preparo mecânico do cólon • Não há estudos que comprovem o benefício dessa medida de forma rotineira; • A carga fecal do cólon pode ser diminuída com dieta hiperproteica e hipercalórica sem fibras de 5 a 7 dias antes da cirurgia; • Cirurgias esofágicas com transposição de cólon ainda há indicação de se realizar; • Espolia o paciente, principalmente o idoso, em relação a hidratação e eletrólitos; • Eleva o volume de hidratação com líquidos cristaloides no pré e no intraoperatório; Aguilar-Nascimento, 2011 Hidratação venosa • Restringir o preparo de cólon e limitar o jejum pré-operatório maioria dos pacientes não terá necessidade de qualquer suporte hídrico endovenoso adicional no período pré-operatório; • Se jejum mais prolongado: cristaloide 2ml/kg/hora de jejum; até 30mL/kg/24h SN no PO; • Se necessidade de preparo de cólon reposição obrigatória com cristaloide e repor eletrólitos; Aguilar-Nascimento, 2011 Referências 1. TOWNSEND CD, BEUCHAMP RD, EVERS B.M., MATTOX K.L. Sabiston, Tratado de Cirurgia: A Base da Prática Cirúrgica Moderna. 18ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 2. AGUILAR-NASCIMENTO, JE de et al. Acerto pós-operatório: avaliação dos resultados da implantação de um protocolo multidisciplinar de cuidados peri-operatórios em cirurgia geral. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro , v. 33, n. 3, p. 181-188, June 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 69912006000300010&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69912006000300010. 3. AGUILAR-NASCIMENTO, JE de et al. Diretriz ACERTO de intervenções nutricionais no perioperatório em cirurgia geral eletiva. Rev. Col. Bras. Cir. [online]. 2017, vol.44, n.6 [cited 2019-02-24], pp.633-648. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 69912017000600633&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0100-6991. http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912017006003. 4. LUDWIG RB et al. Menor tempo de jejum pré-operatório e alimentação precoce no pós- operatório são seguros?. ABCD, arq. bras. cir. dig., São Paulo , v. 26, n. 1, p. 54-58, Mar. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 67202013000100012&lng=en&nrm=iso>. Access on 22 Feb. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202013000100012. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69912006000300010 http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69912006000300010 http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69912006000300010 http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912017006003 http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912017006003 http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912017006003 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202013000100012 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202013000100012 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202013000100012 Obrigada!
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