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Biotransformação e suas particularidades na espécie felina

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Biotransformação e suas particularidades na espécie felina 
 
 Biotransformação, é a fase que o fármaco sofre transformações químicas/reações 
enzimáticas ou é modificado, tendo como resultado final a inativação completa ou 
parcial do fármaco. Este processo permite a formação de metabólitos que são 
habitualmente mais polares e menos lipossolúveis do que a molécula original, o que 
favorece sua eliminação. Contudo, existem casos que o medicamento é um pró-
fármaco, (compostos que necessitam de biotransformação prévia para promover efeito 
farmacológico) e sua forma metabolizada é a forma ativa. Muitos desses pró-fármacos 
necessitam passar por uma “biotransformação antes do tempo”, conhecida como: 
efeito de primeira passagem. 
 Este efeito refere-se à passagem da substância química absorvida no sistema 
gastrintestinal pelo fígado através da veia porta (sistema porta hepático), na qual é 
biotransformada, para posteriormente poder alcançar o restante do organismo. Em 
geral, o efeito da primeira passagem é inconveniente, pois é necessária uma dose 
maior quando o medicamento é administrado por via oral, se comparado com outras 
vias, mas se tratando dos pró-fármacos, o efeito é de extrema importância. 
 O efeito de primeira passagem ocorre em todas as espécies animais; no entanto, 
considerando que os ruminantes e os equinos possuem uma grande população 
microbiana, apresentam maior capacidade de biotransformação de substâncias 
químicas, do que em onívoros ou carnívoros, visto que sua microbiota pode 
biotransformar o medicamento antes mesmo de ser absorvido pelo sistema 
gastrintestinal, contribuindo também, significativamente, com a quantidade de 
medicamento que é absorvida. O mesmo pode ser observado em aves que têm 
exuberante microbiota presente tanto no papo quanto no intestino, fazendo com que 
grande parte do medicamento sofra processos de redução e hidrólise, e, 
consequentemente, diminuindo a quantidade de medicamento inalterado que atinge a 
circulação. 
 Os animais terrestres desenvolveram mecanismos enzimáticos localizados no fígado 
responsáveis pela biotransformação de compostos lipossolúveis; estas enzimas 
metabolizadoras localizam-se celularmente no retículo endoplasmático liso. 
Toda substância química absorvida pelo sistema gastrintestinal vai obrigatoriamente 
até o fígado através da veia porta, no qual é biotransformada (efeito de primeira 
passagem), para posteriormente poder alcançar o restante do organismo. No entanto, 
o fígado não é o único local em que se dá a biotransformação de medicamentos e 
agentes tóxicos. Muitos outros órgãos e tecidos possuem enzimas que normalmente 
biotransformam substratos endógenos, podendo também biotransformar substratos 
exógenos com suficiente semelhança molecular com seus substratos endógenos 
naturais. 
 A biotransformação acontece em duas fases: fase I e fase II. Porém, antes de falar 
sobre as mesmas é necessário algum conhecimento sobre o citocromo P450, 
componente primordial para a biotransformação de substância químicas, como por 
exemplo, medicamentos. Citocromos são proteínas, geralmente ligadas a uma 
membrana, que contêm grupos heme e que efetuam o transporte de elétrons. 
O citocromo P450 recebeu este nome em 1961 por causa do pigmento (P), que, após 
estar ligado ao monóxido de carbono, absorvia luz em 450 nm do espectro luminoso. 
 
 As reações de fase I acontecem, normalmente, no sistema microssomal hepático no 
interior do retículo endoplasmático liso. Estas reações em geral convertem o 
medicamento original em metabólitos mais polares por oxidação, redução ou hidrólise. 
Os metabólitos resultantes podem ser mais ativos do que a molécula original 
(profármacos), menos ativos ou inativos. 
 Reações de fase II, denominadas também de reações sintéticas ou de conjugação, 
envolvem o acoplamento entre o medicamento ou seu metabólito a um substrato 
endógeno, como ácido glicurônico, radicais sulfatos, acetatos ou ainda aminoácidos. 
Os produtos das oxidações originados da fase I podem, na fase II, sofrer reações mais 
profundas, que, em geral, inativam os medicamentos quando estes ainda apresentam 
atividade farmacológica, levando frequentemente a um aumento na sua 
hidrossolubilidade. Algumas destas reações são catalisadas por enzimas 
citoplasmáticas e uma das mais importantes é a conjugação com ácido glicurônico. 
 Felídeos não aceitam prontamente cápsulas e comprimidos e rejeitam a medicação 
misturada à ração, devido à capacidade acentuada desses animai sem diferenciar 
sabores. Uma outra particularidade é presente na biotransformação. Como já dito, nos 
mamíferos a conjugação de medicamentos é feita com o ácido glicurônico, mas o gato 
apresenta uma deficiência relativa na conjugação com o ácido glicurônico em razão 
das concentrações extremamente baixas de algumas enzimas glicuronil transferases. 
Dessa maneira, muitos fármacos que são metabolizados por essa via apresentam uma 
meia vida prolongada em gatos. Doses muito elevadas podem levar a concentrações 
tóxicas, causando respostas farmacológicas exacerbadas ou intoxicações. Os 
compostos contendo fenóis (hexaclorofeno), ácidos aromáticos (ácido salicílico) ou 
aminas aromáticas (acetominofeno) são os principais exemplos de fármacos que têm 
eliminação prolongada em gatos.

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