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05/07/2017 1 Medicina Nuclear Princípios Físicos e Fisiológico Sílvio Leão Vieira Ribeirão Preto- SP 17/11/2003 A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que emprega fontes não seladas de radionuclídeos com O Que é Medicina Nuclear ? q p g finalidade diagnóstica e terapêutica. Habitualmente os materiais radioativos são administrados in vivo e apresenta distribuição para determinados órgãos ou tipos celulares. A administração dos radiofármacos ou traçadores é na maioria das vezes por via endovenosa, mas pode ser oral, por sondas, intracavernoso ou mesmo local. História da Medicina Nuclear A Medicina Nuclear teve origem em várias descobertas científicas que, aparentemente, não tinham uma ligação direta à Medicina, como a descoberta dos raios-X em 1895, por Röentgen e a descoberta da radioatividade em 1896 por Becquerelradioatividade em 1896, por Becquerel. A partir dos anos 60, a Medicina Nuclear desenvoleu-se a um ritmo exponencial. Nos anos 70, surgiram os estudos tomográficos (SPECT), destacando-se o cardíaco e o cerebral. Na década de 80, desenvolveram-se as aplicações clínicas da Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET). Marcos importantes no desenvolvimento da Medicina Nuclear: 1895 Descoberta dos Raios X – Röentgen (Foto à esquerda) 1896 Descoberta da radioatividade do Urânio – Becquerel (à direita) 05/07/2017 2 1898 Descoberta da radioatividade natural (Rádio) - Marie Curie 1923 Primeira utilização de radionuclídeos na exploração biológica - Hevesey (Prémio Nobel) 1927 Desenvolvimento de um detector de radiações - Geiger e Müller e pela primeira vez Hermann Blumgart e Soma Weiss injetam na veia de um braço o radioisótopo natural rádio C (radom), e mediram o intervalo de tempo que este levou para chegar ao outro braço Juliot Curie Marie Curie 1931, Construção do primeiro ciclotron por Ernest Lawrence 1934 Descoberta da radioatividade artificial - Casal Joliot-Curie 1936, John Lawrence, é considerado o pai da medicina nuclear, por ter sido o primeiro a tratar um paciente de leucemia com o isótopo radiativo do fosfato. Em 1937, Joseph Hamilton foi o primeiro a utilizar traçadores radiativos para estudar a fisiologia da circulação. 1938 Primeiros estudos sobre a fisiologia da tiróide (I-131) 1946 Construção do primeiro reator produtor de radionuclídeos 1951 Construção de um aparelho (Scanner) com cristal de Iodeto de Sódio, que permitiu realizar os primeiros estudos - Reed e Libby 1952 O termo "Medicina Atômica" é substituído pelo de "Medicina Nuclear" 1962 Surgiram os geradores de Tecnécio-99m 1963 Desenvolvimento das atuais câmaras gama Ernest Lawrence John Lawrence Princípio Fisiológico da Medicina Nuclear - Metabolismo Radionuclídeos + Fármacos = Radiofármacos 05/07/2017 3 Princípio Fisiológico – Marcação de fármacos, que apresentam biodistribuição conhecida, com isótopos radioativos – As informações obtidas estão maisAs informações obtidas estão mais relacionadas ao metabolismo e a fisiologia do que com a própria anatomia. – Para cada objetivo de avaliação funcional, utilizamos fármacos e isótopos específicos Características dos Radiofármacos * Mimetizam processos fisiológicos naturais. * Estudo de funções ao invés de anatomia. * Raios-gama ao invés de raios-x. * Para minimizar a dose no paciente: - Meia-vida curta -Raios-gama monocromáticos com energia entre 100 e 300keV. -Não ser tóxico ou estar contaminado. -Localiza-se no órgão ou tecido de interesse. * Devem ser fácies de obter e economicamente viáveis. Isótopo Forma química Uso 99Tcm Pertecnetato (Na99TcmO4) Estudos dinâmicos cardíaco e cerebral *Cérebro Imagens de: *Placenta *Tireóide 99Tcm Soro de albumina humana Estudo dinâmico cardíaco *Placenta Imagens da: *Efusão do pericárdio 99Tcm Microesferas de albumina Imagens dos Pulmões Exemplos de Radiofármacos e suas Aplicações Tc Microesferas de albumina Imagens dos Pulmões 99Tcm Colóide de enxofre *Medula Óssea Imagens de: *Fígado *Baço 99Tcm Fósforos Imagens do osso 123I Na123I Imagens da Tiróide 201TI Cloreto Imagens do miocárdio 11C 11CO2 Imagens da placenta 13N Amônia(13NH4) Detecção de enfartes cardíacos A Medicina Nuclear e suas Especialidades clínicas 05/07/2017 4 Princípios Físicos da Medicina NuclearPrincípios Físicos da Medicina Nuclear Instabilidade Instabilidade Nuclear Núcleos Atômicos com deferentes números de nêutrons são chamados de IsótoposIsótopos.. Os Núcleos atômicos se dividem em : - Estáveis e - Instáveis Os Núcleos estáveis não sofrem desintegração radioativa e são portanto não-radioativos. Os núcleos dos isótopos instáveis estão em níveis excitados e podem da origem à emissão espontânea de partículas do núcleo (alfa, beta, gama ou nêutrons). A esse fenômeno dá-se o nome de descaimentodescaimento radioativoradioativo. Os isótopos instáveis são portanto radioativos e também conhecidos por radioisótoposradioisótopos. Radiações IonizanteRadiações Ionizante PartículasPartículas AlfaAlfa Partículas alfa é de longe a maior partículaPartículasPartículas AlfaAlfa -- Partículas alfa, é de longe, a maior partícula emitida por núcleos instáveis. PartículasPartículas BetaBeta -- PartículasPartículas betabeta são,são, essencialmente,essencialmente, elétronselétrons dede altaalta energiaenergia cinéticacinética.. RaiosRaios GamaGama -- RaiosRaios gamagama sãosão fótonsfótons dede altaalta energiaenergia emitidosemitidos pelopelo núcleonúcleo dede algunsalguns átomosátomos.. RaiosRaios gamagama sãosão idênticosidênticos aosaos raiosraios--xx aa diferençadiferença estáestá nono fatofato dede queque osos raiosraios gamagama vêmvêm dodo núcleonúcleo dodo átomo,átomo, ee osos raiosraios--xx nãonão.. EmissãoEmissão NêutronNêutron -- AA emissãoemissão nêutronnêutron éé associadaassociada comcom aa fissãofissão nuclearnuclear.. Relações Envolvidas na Cadeia de descaimento do 99Mo / 99mTc As unidades usadas na manipulação de materiais radioativos: Curie ( Ci ) ⇒ 1 Ci = 3.7 x 1010 des/s Bequerel ( Bq ) ⇒ 1 Bq = 1 des/s Fontes de Radioatividade para Medicina Nuclear Gerador de Tecnécio Ciclotron 05/07/2017 5 Acúmulo e Eluições do Tecnécio no Gerador - Equilíbrio transiente - Múltiplas eluições do gerador de tecnécio. O intervalo otimizado entre eluições é de 22,9 horas. Espectro de energia detectado O fotopico (1) é o resultado da absorção compleata dos raios gama do 99mTc pelo cristal. Espalhamento Compton e raios-x secundários do chumbo ocorrem abaixo dele, na região (2). O pico soma (3) é o resultado da absorção simultânea de dois fótons, contados como um. A área pontilhada (4) mostra o intervalo de aceitação do analisador de altura de pulso (PHA) ajustado a 140 keV com largura de 20%. Meia-Vida Efetiva A dose de radiação absorvida depende de vários fatores, tais como: TipoTipo dede radiaçãoradiação(gama pura ou mista); dada energiaenergia liberadaliberada porpor cadacada umauma dasdas radiaçõesradiações ; dada interaçãointeração comcom oo tecidotecido formadorformador dodo órgãoórgão emem particularparticular. Características de alguns radionuclídeosCaracterísticas de alguns radionuclídeos Nuclídeo Fótons (keV) Modo de produção Modo de decaimento Meia-vida (T1/2) 67Ga 93.18 , 296.38 Ciclotron EC 78 horas 99mTc 140 Gerador IT 6 horas 111In 173 247 Ciclotron EC 68 horas111In 173 , 247 Ciclotron EC 68 horas 123I 159 Ciclotron EC 13 horas 125I 27, 36 Reator EC 60 dias 131I 364 Produto de fissão β 8 dias 133Xe 80 Produto de fissão β 5,3 dias 201Tl 70 , 167 Ciclotron EC 73 horas b = decaimento beta; EC = captura eletrônica; IT = transição interna 05/07/2017 6 Câmara de Cintilação ou Câmara Anger O desenvolvimento da câmara de cintilação por Hal Anger em 1952, conhecida como a câmara Anger, é a base da medicina nuclear. Gama Câmara O colimador normalmente tem 25 mm de espessura, com furos separados por 0,3 mm. Cada fura somente deixa passar raios-γ provenientes de um canal estreito. InstrumentaçãoBásica Colimadores 05/07/2017 7 Interação da Radiação γ com o Cristal Atrás do colimador, um ou mais cristais de iodeto de ódi d d tálisódio, dopados com tálio, ou CsI, absorvem cerca de 90% da radiação gama incidente, principalmente pelo efeito fotoelétrico. Cristal Novos cristais cintiladores utilizam iodeto de césio, fluoreto de césio, tungstato de cádmio, ou germanato de bismuto, que têm brilho prolongado e baixa incardecência Componentes Eletrônicos da Fotomultiplicadora As fotomultiplicadoras têm sido superadas por fotodiodos, que não precisam de fonte de alta voltagem. Esquema do Funcionamento do detector para formação da Imagem 05/07/2017 8 Dispositivo de Mapeamento (a)Sistema de varredura linear. (b) Ampliação da cabeça de varredura, ilustrando a ação do colimador e a formação da região de penumbra no plano focal. Câmaras SPCET SPECT: Single Photon Emission Computed Tomography demonstrada em 1963 por Kuhl e Edwards. SPECT calcula a concentração de radionuclídeos introduzidos no corpo do paciente. Como são detectados os raios gama no PET O sistema PET dedicado utiliza milhares de detetores do tipo BGO ( germanato de bismuto) ou LSO ( ortosilicato de lutécio) que garantem uma melhor resolução espacial e temporal ao equipamento. Câmara PET “O câncer é um processo metabólico e o PET é a técnica da imagem metabólica.” Limite de resolução de 4,25 mm, redução temporal do exame em 50% a 60 % em relação aos híbridos. 05/07/2017 9 Custo dos Equipamentos em Medicina Nuclear Sistema dedicado PET/CT US$ 3.000,000,00 Sistema híbrido PET/SPECT US$ 1.500,000,00Sistema híbrido PET/SPECT US$ 1.500,000,00 Gama câmara SPECT/CT US$ 200,000,00 Gama câmara SPECT US$ 120,000,00 Mapeador retilíneo US$ 50,000,00 Aplicações Clínicas Captação do Iodo e mapeamento da tireóide. Devido à afinidade do Iodo pela tireóide, os radioisótopos mais usados para para se estudar essa glândula são 121I e 123I na forma de iodeto de sódio. As áreas em vermelho indicam uma maior atividade do órgão. Aplicações Clínicas Aplicações Clinicas 05/07/2017 10 Aplicações Clinicas Tomografia por emissão de pósitrons ou FDG (Flúor-Desoxy-Glucose) de um sujeito normal (à esquerda) e de um paciente que têm a doença de Alzheimer (à direita) Note que existe um hipometabolismo do temporo posterior - córtex associativo parietal Aplicações Clínicas Múltiplas metástases por neoplasia de mama Aplicações Clínicas Doença de Hodgkin ( multi focal) 05/07/2017 11 Custo dos Exames na Medicina Nuclear O custo de uma imagem SPECT é da ordem de US$ 700,00 Enquanto o de uma PET é da ordem de US$ 2000,00 Cintilografia ossea gama câmara convencional US$ 100,00 Estudos de perfusão miocárdica US$ 75,00 Procedimento Radiofármaco Quantidade Administrada Dose Orgânica Crítica(Gy) Dose Gonad (mGy) Mapeamento do Cérebro 99mTc pertecnato 500 MBq (~ 15 mCi) Intestino, 0,02 4 Mapeamento do Fígado 99mTc colóide sulfúrico 150 MBq (~ 4 mCi) Fígado, 0,02 0,85 Dose de Radiação na Medicina Nuclear p g q ( ) g , , , Mapeamento dos Pulmões 99mTc macroagregado de albumina 100 MBq (~ 3 mCi) Pulmões, 0,009 0,3 Mapeamento de Ossos 99mTc pirofosfato 500 MBq (~ 15 mCi) Bexiga, 0,06 4 Renograma 131I ácido hipúrico 8 MBq (~ 200 m Ci) Bexiga, 0,02 0,2 Tireóide uptake 131I iodeto de sódio 300 kBq (~ 8 m Ci) Tireóide, 0,08 0,6 Mapeamento de Tireóide 99mTc pertecanato 150 MBq (~ 4 mCi) Tireóide, 0,01 0,8 Exame Dose Efetiva durante o Método Diagnóstico (mSv)* Medicina Nuclear Tomografia Convencional Comparativo de Doses Convencional Mapeamento Ósseo 1,4 x 10-5 3,6 * Safety Saves and Procedures of IAAE A Medicina Nuclear no Século XXI - A MN tem aglutinado esforços no sentido de permitir analisar e diagnosticar as doenças sob a perspectiva molecular. - Existem perspectivas ainda muito preliminares no sentido de a especialidade permitir mapear genes in vivo, o que, no futuro, poderia ser de extrema utilidade no sentido de auxiliar terapias genéticas. 05/07/2017 12 - Cameron, J. R. & Skofronick, J. G. – Medical Phisics. USA, Jonh Wiley $ Sons, 1978. - Traduzido e adaptado de Huda, Walter e Slone, Richard, Review of Radiologic Physics, Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 1994, págs. 111-125. - Com figuras e informações complementares extraídas de Webb, S., The Physics of Medical Imaging, Institute of Physics Pub., 1998 e de Rocha, A. F. G. e Harbert, J. C., Medicina Nuclear: bases, Guanabara Koogan, 1979. Ok E i ll Fí i Ciê i Bi ló i Bi édi B il Sã P l Fontes Bibliográficas - Okuno, Emico et all – Física para Ciências Biológicas e Biomédicas. Brasil, São Paulo, Editora Harbra, 1982. - Garcia, Eduardo A. C. – Biofísica, Brasil, São Paulo, Editora Sarvier, 2002. - Sociedade Brasileira de Biologia e Medicina Nuclear – SBBMN - Sociedade Portuguesa de Medicina Nuclear – SPMN - Associação Brasileira de Física Médica – ABFM - Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP – Incor - www.alzheimer-montpellier.org.images-spect.jpg - www. ufsc.br/fismed/canzian/review-radiologic-physics-8 Espero que tenham gostado pessoal ! FimFim FIMFIM
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